sábado, 18 de junho de 2016

Temer presenteia o dono do "Helicoca"

Por Altamiro Borges

O Judas Michel Temer parece que surtou de vez. O seu "ministério de notáveis" virou pó em poucos dias - três "sinistros" já foram decapitados e outros estão na linha de tiro. Pesquisas de opinião - não as do Datafolha e do Ibope, que simplesmente sumiram - confirmam o rápido descrédito do golpista. Nesta sexta-feira (17), ele suspendeu a sua estreia em rede de rádio e tevê com medo dos panelaços. Manifestações pelo "Fora Temer" ocorrem quase diariamente em vários cantos do Brasil. E, mesmo assim, o "interino" resolveu nomear o ex-deputado Gustavo Perrella - o famoso dono do "helicoca" - para um importante cargo no Ministério dos Esportes. Será que o Judas cheirou algum alucinógeno?

Segundo matéria do site Sul-21, "o ex-deputado estadual Gustavo Perrella foi nomeado nesta sexta-feira para o cargo de Secretário Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor do Ministério do Esporte, conforme foi publicado no Diário Oficial da União. Perrella ganhou notoriedade nacional em 2013 quando a Polícia Federal apreendeu 445 kg de pasta base de cocaína em um helicóptero de sua propriedade em uma fazenda no município de Afonso Cláudio (ES)... Gustavo também é filho do senador Zezé Perrella (PTB-MG), que recentemente votou pelo afastamento da presidente Dilma".

Quando da apreensão do "helicoca", a Polícia Federal logo tratou de inocentar o herdeiro da influente e poderosa família mineira - numa atitude bastante suspeita. Já a mídia falsamente moralista abafou o episódio - até porque envolvia um clã político com íntimas relações com o cambaleante Aécio Neves. O escândalo virou pó. Nem agora, com a alucinada decisão de Michel Temer, a imprensa golpista dá destaque à sinistra nomeação. Depois, talvez, ela até chore por mais uma demissão no covil golpista, temendo pelo desgaste do governo obrado em um "golpe dos corruptos".   

Repercussão na imprensa mundial

Já a mídia internacional, que não está diretamente envolvida na conspiração nativa, tende a repercutir a insana indicação. Neste sábado, a BBC de Londres já registrou o fato em tom de deboche:

Nomeado nesta sexta-feira, o novo secretário nacional de futebol e defesa dos direitos do torcedor, Gustavo Perrella, é réu em duas ações civis por uso de dinheiro público para fins pessoais e criação de cargo fantasma para um funcionário da família, segundo informações oficiais do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e do Ministério Público mineiro. Filho do senador mineiro Zezé Perrella, Gustavo seria responsável por desvios de cerca de R$ 15 mil dos cofres públicos para abastecer o helicóptero de uma empresa da família durante seu mandato de deputado estadual, entre 2010 e 2014.

Ele também é acusado de criar um cargo fantasma para o então piloto da aeronave, cujo salário teria sido pago com dinheiro público. Trata-se do mesmo helicóptero onde quase meia tonelada de pasta-base de cocaína foi encontrada pela Polícia Federal em 2013. A secretaria assumida por Gustavo Perrella é vinculada ao Ministério dos Esportes, chefiado pelo peemedebista Leonardo Picciani (RJ), nomeado em 13 de maio pelo presidente interino Michel Temer".

Em tempo: A Folha deste final de semana também publica, sem maior destaque, uma nova denúncia contra a família Perrella. Segundo reportagem de Walter Nunes, "auditoria da Controladoria-Geral do Estado de Minas Gerais apontou que contratos firmados entre duas estatais mineiras e parentes e um funcionário do senador Zezé Perrella causaram prejuízo de R$ 18,9 milhões aos cofres públicos entre 2007 e 2011, nos governos dos tucanos Aécio Neves e Antônio Anastasia". 

"As supostas irregularidades foram encontradas no âmbito do programa Minas Sem Fome, uma ação do governo mineiro voltada a famílias de agricultores. Segundo auditores, cerca de 2.400 toneladas de sementes de arroz, feijão e milho foram pagas com dinheiro público, mas não foram entregues para os beneficiários do programa... O Ministério Público já abriu processo por improbidade em relação a esses contratos porque eles não passaram por licitação. A Justiça concedeu liminar, em 2014, bloqueando bens da família de Perrella em R$ 14 milhões".

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