Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro de Mundo:
A dependência extrema das grandes corporações jornalísticas em relação à bilionária publicidade federal está na raiz do pesadelo que o país vive hoje.
Fato: as empresas de mídia simplesmente não sobrevivem sem a propaganda federal. Principalmente a Globo, mas não apenas ela.
Isso as leva a fazer o diabo pelas verbas, incluído aí dar golpes como o que derrubou Dilma.
Uma das primeiras providências de Temer ao assumir foi despejar dinheiro na mídia. Isso ao mesmo tempo em que cortava programas sociais.
É uma dependência que vem de longe. A grande diferença entre o que ocorreu na Era PT e antes foi a falta de reciprocidade da imprensa.
Funcionava assim sob FHC, por exemplo: o governo federal abria os cofres para Globo, Abril, Folha etc. Em troca, recebia uma cobertura positiva, amiga, em muitos momentos fraternal.
O maior símbolo disso foi a ausência de cobertura da escandalosa compra de votos no Congresso para a reeleição de FHC.
O PT não fez nada para mudar essa aberração. Acreditou que, mantida em altos níveis a propaganda federal na mídia, conquistaria, se não seu apoio, ao menos sua neutralidade.
Os resultados são os conhecidos. O PT acabou se tornando o primeiro partido no poder a pagar para apanhar de jornais, revistas, rádios e por aí vai.
A imprensa foi progressivamente adotando o chamado Jornalismo de Guerra, e quando Dilma pareceu enfim ter acordado era tarde demais.
Poderia ter sido diferente, se Lula logo no começo, no auge de seu prestígio e de sua força, houvesse enfrentado a mídia?
Eis uma pergunta para a qual não há uma resposta conclusiva. Só cabem especulações. Lula poderia ser bem sucedido num hipotético esforço para mitigar o poder abusivo das organizações de jornalismo? Ou o golpe viria antes?
Para que houvesse um confronto, Lula teria que ser outro Lula. Um Lula combativo, e não o grande conciliador que sempre foi. O que talvez seja sua maior força - a extraordinária capacidade de conciliar - pode ter a sido a grande fraqueza de Lula na relação com a mídia.
Fora do terreno especulativo, o que é certo é que, como 2016 deixou claro, nenhuma democracia real poderá prosperar no Brasil enquanto a imprensa tiver o poder que tem - derivado, em enorme parte, das verbas de propaganda federal.
Se há um consolo é que a Era Digital vai inevitavelmente minar as empresas tradicionais de jornalismo - a despeito do dinheiro público canalizado para elas pelos governos. Não existem remédios contra as quedas de audiência que a internet provoca com intensidade crescente na mídia.
Mas para que as mudanças sejam perceptíveis leva ainda tempo, e o Brasil tem pressa.
Fato: as empresas de mídia simplesmente não sobrevivem sem a propaganda federal. Principalmente a Globo, mas não apenas ela.
Isso as leva a fazer o diabo pelas verbas, incluído aí dar golpes como o que derrubou Dilma.
Uma das primeiras providências de Temer ao assumir foi despejar dinheiro na mídia. Isso ao mesmo tempo em que cortava programas sociais.
É uma dependência que vem de longe. A grande diferença entre o que ocorreu na Era PT e antes foi a falta de reciprocidade da imprensa.
Funcionava assim sob FHC, por exemplo: o governo federal abria os cofres para Globo, Abril, Folha etc. Em troca, recebia uma cobertura positiva, amiga, em muitos momentos fraternal.
O maior símbolo disso foi a ausência de cobertura da escandalosa compra de votos no Congresso para a reeleição de FHC.
O PT não fez nada para mudar essa aberração. Acreditou que, mantida em altos níveis a propaganda federal na mídia, conquistaria, se não seu apoio, ao menos sua neutralidade.
Os resultados são os conhecidos. O PT acabou se tornando o primeiro partido no poder a pagar para apanhar de jornais, revistas, rádios e por aí vai.
A imprensa foi progressivamente adotando o chamado Jornalismo de Guerra, e quando Dilma pareceu enfim ter acordado era tarde demais.
Poderia ter sido diferente, se Lula logo no começo, no auge de seu prestígio e de sua força, houvesse enfrentado a mídia?
Eis uma pergunta para a qual não há uma resposta conclusiva. Só cabem especulações. Lula poderia ser bem sucedido num hipotético esforço para mitigar o poder abusivo das organizações de jornalismo? Ou o golpe viria antes?
Para que houvesse um confronto, Lula teria que ser outro Lula. Um Lula combativo, e não o grande conciliador que sempre foi. O que talvez seja sua maior força - a extraordinária capacidade de conciliar - pode ter a sido a grande fraqueza de Lula na relação com a mídia.
Fora do terreno especulativo, o que é certo é que, como 2016 deixou claro, nenhuma democracia real poderá prosperar no Brasil enquanto a imprensa tiver o poder que tem - derivado, em enorme parte, das verbas de propaganda federal.
Se há um consolo é que a Era Digital vai inevitavelmente minar as empresas tradicionais de jornalismo - a despeito do dinheiro público canalizado para elas pelos governos. Não existem remédios contra as quedas de audiência que a internet provoca com intensidade crescente na mídia.
Mas para que as mudanças sejam perceptíveis leva ainda tempo, e o Brasil tem pressa.
1 comentários:
Concordo em todos os aspectos. É no mínimo estranho pra não dizer aberrante que ninguém se lembra dessa compra de votos.
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