Por Altamiro Borges
Henrique Meirelles, o czar da economia do Judas Michel Temer, deve estar preocupado. O seu amigo Alfonso Prat-Gay acaba de levar um pé no traseiro do presidente argentino Mauricio Macri. O descartado ministro da Fazenda e das Finanças da nação vizinha também era exibido pela mídia rentista como “o salvador da pátria”, o homem de confiança do “deus-mercado” e o “gestor moderno” que superaria o populismo “bolivariano” da presidenta Cristina Kirchner. O Grupo Clarín – tão mafioso como o Grupo Globo – garantiu que Alfonso Prat-Gay reergueria o país, que sairia rapidamente do inferno para ingressar no paraíso, com mais investimentos, empregos e renda. Tudo mentira!
Desde a posse do neoliberal Mauricio Macri, em dezembro do ano passado, a economia da Argentina só piorou. As medidas de austeridade fiscal adotadas penalizaram os mais pobres, com cortes em programas sociais e brutal arrocho, e beneficiaram os “abutres financeiros”. O consumo das famílias despencou e a recessão agravou o desemprego no país. O efeito foi a queda de popularidade do presidente falastrão, que agora exonera seu czar da economia para tentar escapar da degola. “O presidente pediu a demissão por divergências políticas. Mas não se trata de uma dissidência dentro do governo”, informou o chefe do gabinete presidencial, Marcos Peña, nesta segunda-feira (26).
O ministro defenestrado até tem procurado esconder a forte divisão no interior do governo. Em entrevista coletiva, o arrogante afirmou que “estou deixando o carro consertado e a estrada pavimentada para que, a partir do ano que vem, o país volte a crescer e a gerar emprego... Para uma camada da população foi muito duro o aumento repentino dos preços [com o fim dos subsídios e as altas das tarifas públicas] e a queda da atividade econômica. Mas agradeço a confiança dos que entenderam que esse era um passo que tinha de ser dado”. Esta conversa fiada, porém, não esconde as divergências existentes no governo de Mauricio Macri, que já é uma decepção para a maioria dos argentinos.
A queda de Alfonso Prat-Gay não deve alterar os rumos da destrutiva política neoliberal aplicada no país. É só uma mudança na aparência. O defecado será substituído no ministério da Fazenda por outro rentista convicto, Nicolás Dujovne – que já atuou em vários bancos privados, como o Citibank e o Galícia, e hoje possui sua própria consultoria financeira, a Dujovne & Associados. O novo ministro também é uma figura midiática, sendo apresentador de um programa de televisão, “Odisea Argentina”, exibido no canal TN, do Grupo Clarín, e colunista no jornal “La Nación". Os dois veículos foram decisivos na vitória eleitoral de Mauricio Macri e agora ganham ainda mais poder no governo.
O medo do “efeito Orloff”
A queda do czar da economia da Argentina serve de alerta para o seu congênere no Brasil. As promessas do paraíso, difundidas pela mídia, não se realizam e os ministros são guilhotinados. Até o jornalista Clóvis Rossi, que nunca escondeu a sua aversão aos governos “populistas” de Cristina Kirchner e de Dilma Rousseff, já sentiu o impacto da demissão no país vizinho. “Houve uma época, no início dos anos 80, em que se cunhou a expressão efeito Orloff, com base em propaganda da vodka dessa marca. A propaganda dizia algo como ‘eu sou você amanhã’ ... É inevitável – e tentador – imaginar que quase 40 anos depois o ‘efeito Orloff’ possa ressuscitar, agora que o ministro Alfonso Prat-Gay foi demitido. Demissão que ocorre em uma época em que se falava, antes do Natal, em fritura de Henrique Meirelles”.
No artigo publicado na Folha, Clóvis Rossi registra: “As semelhanças assustam (os que querem bem a Meirelles) ou entusiasmam (os que querem vê-lo pelas costas). A elas: Prat-Gay era o Meirelles de Mauricio Macri. Ou seja, o homem que ele exibia a investidores estrangeiros e argentinos como a garantia de que seria revista a heterodoxia do governo Cristina Kirchner, responsabilizada pela anemia econômica do país (tal como aconteceu no Brasil com Dilma Rousseff e sua turma). Foi Prat-Gay o ministro que Macri levou a Davos, no início de janeiro, pouco depois de assumir, para falar à nata dos executivos-chefes do planeta, papel que exerceu com competência (e seu inglês perfeito)”.
“O problema é que Prat-Gay não conseguiu entregar o crescimento que Macri havia prometido ao assumir. Podia não haver um número cravado, mas o presidente insinuou que, no segundo semestre, as coisas começariam a entrar nos eixos. Não entraram: o mais recente dado do Indec, o IBGE argentino, indica uma queda do PIB de 3,8% no terceiro trimestre, no acumulado ano a ano. No Brasil, a queda, para o ano de 2016, será parecida. Mas Prat-Gay deixa o cargo com um número imensamente mais dramático do que o que Meirelles pode exibir: a inflação fechará o ano acima de 40%, quando a meta oficial, no início do ano, era de já inaceitáveis 25%. A paciência de Macri, vê-se agora, durou um ano. Meirelles já está no cargo há sete meses. Se o ‘efeito Orloff’ ressuscitar de fato não tem tanto tempo assim pela frente”.
Henrique Meirelles, o czar da economia do Judas Michel Temer, deve estar preocupado. O seu amigo Alfonso Prat-Gay acaba de levar um pé no traseiro do presidente argentino Mauricio Macri. O descartado ministro da Fazenda e das Finanças da nação vizinha também era exibido pela mídia rentista como “o salvador da pátria”, o homem de confiança do “deus-mercado” e o “gestor moderno” que superaria o populismo “bolivariano” da presidenta Cristina Kirchner. O Grupo Clarín – tão mafioso como o Grupo Globo – garantiu que Alfonso Prat-Gay reergueria o país, que sairia rapidamente do inferno para ingressar no paraíso, com mais investimentos, empregos e renda. Tudo mentira!
Desde a posse do neoliberal Mauricio Macri, em dezembro do ano passado, a economia da Argentina só piorou. As medidas de austeridade fiscal adotadas penalizaram os mais pobres, com cortes em programas sociais e brutal arrocho, e beneficiaram os “abutres financeiros”. O consumo das famílias despencou e a recessão agravou o desemprego no país. O efeito foi a queda de popularidade do presidente falastrão, que agora exonera seu czar da economia para tentar escapar da degola. “O presidente pediu a demissão por divergências políticas. Mas não se trata de uma dissidência dentro do governo”, informou o chefe do gabinete presidencial, Marcos Peña, nesta segunda-feira (26).
O ministro defenestrado até tem procurado esconder a forte divisão no interior do governo. Em entrevista coletiva, o arrogante afirmou que “estou deixando o carro consertado e a estrada pavimentada para que, a partir do ano que vem, o país volte a crescer e a gerar emprego... Para uma camada da população foi muito duro o aumento repentino dos preços [com o fim dos subsídios e as altas das tarifas públicas] e a queda da atividade econômica. Mas agradeço a confiança dos que entenderam que esse era um passo que tinha de ser dado”. Esta conversa fiada, porém, não esconde as divergências existentes no governo de Mauricio Macri, que já é uma decepção para a maioria dos argentinos.
A queda de Alfonso Prat-Gay não deve alterar os rumos da destrutiva política neoliberal aplicada no país. É só uma mudança na aparência. O defecado será substituído no ministério da Fazenda por outro rentista convicto, Nicolás Dujovne – que já atuou em vários bancos privados, como o Citibank e o Galícia, e hoje possui sua própria consultoria financeira, a Dujovne & Associados. O novo ministro também é uma figura midiática, sendo apresentador de um programa de televisão, “Odisea Argentina”, exibido no canal TN, do Grupo Clarín, e colunista no jornal “La Nación". Os dois veículos foram decisivos na vitória eleitoral de Mauricio Macri e agora ganham ainda mais poder no governo.
O medo do “efeito Orloff”
A queda do czar da economia da Argentina serve de alerta para o seu congênere no Brasil. As promessas do paraíso, difundidas pela mídia, não se realizam e os ministros são guilhotinados. Até o jornalista Clóvis Rossi, que nunca escondeu a sua aversão aos governos “populistas” de Cristina Kirchner e de Dilma Rousseff, já sentiu o impacto da demissão no país vizinho. “Houve uma época, no início dos anos 80, em que se cunhou a expressão efeito Orloff, com base em propaganda da vodka dessa marca. A propaganda dizia algo como ‘eu sou você amanhã’ ... É inevitável – e tentador – imaginar que quase 40 anos depois o ‘efeito Orloff’ possa ressuscitar, agora que o ministro Alfonso Prat-Gay foi demitido. Demissão que ocorre em uma época em que se falava, antes do Natal, em fritura de Henrique Meirelles”.
No artigo publicado na Folha, Clóvis Rossi registra: “As semelhanças assustam (os que querem bem a Meirelles) ou entusiasmam (os que querem vê-lo pelas costas). A elas: Prat-Gay era o Meirelles de Mauricio Macri. Ou seja, o homem que ele exibia a investidores estrangeiros e argentinos como a garantia de que seria revista a heterodoxia do governo Cristina Kirchner, responsabilizada pela anemia econômica do país (tal como aconteceu no Brasil com Dilma Rousseff e sua turma). Foi Prat-Gay o ministro que Macri levou a Davos, no início de janeiro, pouco depois de assumir, para falar à nata dos executivos-chefes do planeta, papel que exerceu com competência (e seu inglês perfeito)”.
“O problema é que Prat-Gay não conseguiu entregar o crescimento que Macri havia prometido ao assumir. Podia não haver um número cravado, mas o presidente insinuou que, no segundo semestre, as coisas começariam a entrar nos eixos. Não entraram: o mais recente dado do Indec, o IBGE argentino, indica uma queda do PIB de 3,8% no terceiro trimestre, no acumulado ano a ano. No Brasil, a queda, para o ano de 2016, será parecida. Mas Prat-Gay deixa o cargo com um número imensamente mais dramático do que o que Meirelles pode exibir: a inflação fechará o ano acima de 40%, quando a meta oficial, no início do ano, era de já inaceitáveis 25%. A paciência de Macri, vê-se agora, durou um ano. Meirelles já está no cargo há sete meses. Se o ‘efeito Orloff’ ressuscitar de fato não tem tanto tempo assim pela frente”.
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