Por Juliana Gonçalves, no site The Intercept-Brasil;
Purpurina, transgressão e resistência. No meio da folia carnavalesca, que já encena seus primeiros atos em 2017, a discussão política ganha espaço nos blocos de rua. Com o lema “Carnaval, folia e luta”, blocos não autorizados pela Prefeitura do Rio ocuparam as ruas do centro da cidade no primeiro domingo do ano, dia 8, em um ato festivo contra as imposições do governo, como o monopólio da cervejaria patrocinadora do evento oficial nas vendas de bebida.
O evento promovido pela Desliga do Blocos é apenas um dos exemplos da festa como espaço de protesto. Durante os dias momescos, referências políticas aparecem em letras de samba de blocos de enredo, blocos temáticos, fantasias e, até mesmo, na realização de uma prática cultural sem aceitação do poder público, como no caso dos blocos sem autorização para o desfile. Isso que se observa tanto no Rio de Janeiro quanto em outras partes do país, como em Pernambuco.
“O Carnaval sempre foi um ato político. Na Primeira República, a população negra utilizou o Carnaval para afirmar sua autonomia. Hoje, é um grande espaço de crítica política e social. No Carnaval, o humor e o sarcasmo funcionam como arma de transgressão política. A brincadeira é uma forma de manifestação”, explica Eric Brasil, autor do livro “A corte em festa: experiências negras em carnavais do Rio de Janeiro”.
O caráter transgressor do Carnaval começa na ocupação da rua pelo folião, uma vez regiões como o centro da cidade e as praias – onde tradicionalmente ocorrem os desfiles – nem sempre são acessíveis a todas as camadas da população. “A rua é um espaço de disputa e a forma que você se coloca nela é uma forma de fazer política”, diz Camila De’Carli, instrumentista do Cordão do Boi Tolo, bloco que desfila sem autorização, sem trajeto definido e sem músicos fixos, adotando essa postura independente como posicionamento político.
A festa é vista como uma válvula de escape, um espaço de alienação ao cotidiano. No entanto, pelo perfil democrático da rua, a grande circulação cultural e o encontro de diferentes pessoas, existe a construção de um discurso que ultrapassa os dias de folia. “As pessoas entendem o carnaval como uma performance pública que atinge muita gente ao mesmo tempo. É um caminho de comunicação muito eficaz. Uma linguagem mais eficiente que muito texto formal, que não é só de harmonia e expõe conflitos”, completa Brasil.
Dentro deste contexto, é possível encontrar blocos que apresentam temáticas do universo LGBT, debatem o sexismo e expõem as lutas periféricas. “O Carnaval acaba se tornando um espaço contra diferentes tipos de opressão. Ele possui a qualidade de levante popular sem violência”, explica a coordenadora de instrumento de sopros do bloco feminista Mulheres Rodadas, Flávia Soares.
“O Carnaval é um espaço político, porém não como um espaço de política partidária, mas sim como um local de mobilização popular para se discutir determinadas pautas”, diz Philippe Valentim, coordenador do Bloco APAfunk, que traz o funk para o Carnaval buscando reflexão para as questões da periferia.
Desta maneira, o Carnaval acaba ganhando um caráter de resistência através da negação da ordem do dia a dia. “É uma resistência ao cotidiano. O folião resiste socialmente, economicamente e culturalmente”, completa Valentim.
Purpurina, transgressão e resistência. No meio da folia carnavalesca, que já encena seus primeiros atos em 2017, a discussão política ganha espaço nos blocos de rua. Com o lema “Carnaval, folia e luta”, blocos não autorizados pela Prefeitura do Rio ocuparam as ruas do centro da cidade no primeiro domingo do ano, dia 8, em um ato festivo contra as imposições do governo, como o monopólio da cervejaria patrocinadora do evento oficial nas vendas de bebida.
O evento promovido pela Desliga do Blocos é apenas um dos exemplos da festa como espaço de protesto. Durante os dias momescos, referências políticas aparecem em letras de samba de blocos de enredo, blocos temáticos, fantasias e, até mesmo, na realização de uma prática cultural sem aceitação do poder público, como no caso dos blocos sem autorização para o desfile. Isso que se observa tanto no Rio de Janeiro quanto em outras partes do país, como em Pernambuco.
“O Carnaval sempre foi um ato político. Na Primeira República, a população negra utilizou o Carnaval para afirmar sua autonomia. Hoje, é um grande espaço de crítica política e social. No Carnaval, o humor e o sarcasmo funcionam como arma de transgressão política. A brincadeira é uma forma de manifestação”, explica Eric Brasil, autor do livro “A corte em festa: experiências negras em carnavais do Rio de Janeiro”.
O caráter transgressor do Carnaval começa na ocupação da rua pelo folião, uma vez regiões como o centro da cidade e as praias – onde tradicionalmente ocorrem os desfiles – nem sempre são acessíveis a todas as camadas da população. “A rua é um espaço de disputa e a forma que você se coloca nela é uma forma de fazer política”, diz Camila De’Carli, instrumentista do Cordão do Boi Tolo, bloco que desfila sem autorização, sem trajeto definido e sem músicos fixos, adotando essa postura independente como posicionamento político.
A festa é vista como uma válvula de escape, um espaço de alienação ao cotidiano. No entanto, pelo perfil democrático da rua, a grande circulação cultural e o encontro de diferentes pessoas, existe a construção de um discurso que ultrapassa os dias de folia. “As pessoas entendem o carnaval como uma performance pública que atinge muita gente ao mesmo tempo. É um caminho de comunicação muito eficaz. Uma linguagem mais eficiente que muito texto formal, que não é só de harmonia e expõe conflitos”, completa Brasil.
Dentro deste contexto, é possível encontrar blocos que apresentam temáticas do universo LGBT, debatem o sexismo e expõem as lutas periféricas. “O Carnaval acaba se tornando um espaço contra diferentes tipos de opressão. Ele possui a qualidade de levante popular sem violência”, explica a coordenadora de instrumento de sopros do bloco feminista Mulheres Rodadas, Flávia Soares.
“O Carnaval é um espaço político, porém não como um espaço de política partidária, mas sim como um local de mobilização popular para se discutir determinadas pautas”, diz Philippe Valentim, coordenador do Bloco APAfunk, que traz o funk para o Carnaval buscando reflexão para as questões da periferia.
Desta maneira, o Carnaval acaba ganhando um caráter de resistência através da negação da ordem do dia a dia. “É uma resistência ao cotidiano. O folião resiste socialmente, economicamente e culturalmente”, completa Valentim.
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