Por Luis Nassif, no Jornal GGN:
Peça 1 – a nostalgia de Lula
Como era previsível, há total incapacidade das forças que planejaram o golpe em montar qualquer projeto minimamente competitivo para 2018.
Não há uma estratégia para superar a crise econômica, mas apenas um projeto ideológico de desmonte do Estado de bem-estar.
O chamado mercado pouco está se lixando para as consequências futuras desse desmonte. Conseguiu-se uma maioria pontual para alterações na Constituição e é o que basta para despertar o espírito animal dos empresários. Demanda, desemprego, instabilidade política são detalhes irrelevantes para esses cabeças de planilha.
Têm-se, então, a seguinte anti-fórmula política dos grupos de poder:
1. Um modelo cujo caminho para o paraíso consiste na eliminação de direitos sociais, deterioração dos serviços públicos e desmonte das políticas industriais.
2. A não entrega do combinado: a recuperação da economia. Sequer a elaboração de uma utopia qualquer, capaz de dar sobrevida ao arrocho.
Por outro lado, a intensa campanha negativa da mídia logrou apagar da memória recente da opinião pública os anos de glória do segundo governo Lula. Com o aprofundamento da crise e a ampla incapacidade dos grupos de poder de recriar o sonho, já está havendo uma volta das lembranças dos anos dourados. A ofensiva contra a Lava Jato desnudará de vez a hipocrisia nacional.
O novo discurso de Lula, que estreiou no congresso da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, é matador. Relembra os tempos de glória, as políticas bem-sucedidas, a maneira como derrotou a crise de 2008, tudo isso temperado com a retórica popular de falar diretamente para o trabalhador, sobre a importância do trabalho, da estabilidade em casa etc.
Ontem, no Valor Econômico, uma consultoria política apontava como novo fenômeno a nostalgia da era Lula.
Relembrando as imagens sobre Mohamed Ali, só haveria duas maneiras de parar Lula: no tapetão ou à bala. Mas não é apenas ele que está conseguindo produzir um discurso consistente. Nem esse discurso apagará a polarização que contaminou a vida nacional.
Peça 3 – o desenho partidário
Embora seja ainda o partido de esquerda com melhor musculatura, dificilmente o PT conseguirá manter o protagonismo. Hoje em dia, provavelmente é o maior obstáculo ao entendimento.
O partido entrou em uma armadilha fatal: o poder continua ferreamente enfeixado nos quadros que se elegeram pelo sistema político atual e que dependem, para sua sobrevivência, dos instrumentos tradicionais de poder fisiológico.
No Senado, a melhor aposta de renovação – o senador Lindbergh Faria – foi deixado de lado na liderança das oposições, trocado pelo acomodamento de Humberto Costa.
Em São Paulo, um deputado estadual que ousou exigir da bancada uma tomada de posição, terminou afastado. O que ele pretendia era um exercício simples de oposição: dificultar a aprovação das contas do governador Geraldo Alckmin, para poder trocar o apoio por projetos de lei apoiados pelo partido. Os donos do partido na Assembleia não apenas deram a Alckmin o que ele pediu, como afastaram os que pressionavam o partido a praticar a oposição. Tudo isso em troca de cargos na mesa da Assembleia Legislativa no qual pudessem abrigar correligionários.
Na Executiva nacional, adiou-se para julho as próximas eleições e não há nenhum sinal de que se abrirá para uma renovação. Cada sopro de ideia nova é visto como ameaça às velhas lideranças. Não se aproximam de sindicatos, de movimentos sociais, da militância digital, da academia.
Se não se aceitam nem novos quadros do próprio partido, como esperar que tenham confiabilidade para administrar uma frente partidária?
O caminho mais racional seria uma frente de governadores progressistas, que pairasse além das paixões partidárias e do burocratismo dos partidos políticos.
A estruturação da frente será o primeiro grande desafio da oposição. E um desafio que somente conseguirá ser vencido se Lula cair de cabeça na tarefa.
Peça 4 – a era da imbecilidade
O grande desafio pela frente será o confronto entre um projeto nacional racional e a era da imbecilidade – as simplificações grosseiras que dominam os principais poderes da República, nessa era dos factoides midiáticos, e que foram agravadas pela disseminação das redes sociais.
As redes sociais criaram dois fenômenos paradoxais.
Um, a falência dos modelos tradicionais de mídia com a desorganização do mercado de informações. Outro, o aumento desmesurado do poder relativo das mídias dominantes, especialmente a concentração midiática nas mãos da Globo e da total incapacidade de contraponto pelos grupos concorrentes.
O quadro hoje em dia é o retrato acabado da mediocrização da vida pública nacional em todas suas dimensões:
1. A desorganização do mercado de informações com o aparecimento de todo tipo de fontes noticiosas, naquilo que se batizou de pós-verdade, cujo principal agente são justamente os grupos de mídia.
2. O aumento substancial da influência da informação sobre o dia-a-dia das pessoas. Antes, os jornais impactavam seus leitores uma vez por dia. Agora, as redes sociais impactam várias vezes por minuto.
Na era das redes sociais, toda disputa política tornou-se essencialmente midiática e cada vez mais pelas redes sociais. O excesso de informação acabou trazendo uma imbecilização de toda forma de pensamento. Como, por exemplo:
Imbecilidade 1 – a ideia de que as demandas das corporações são contra os direitos do cidadão.
O governador capixaba Paulo Hartung saiu-se com essa, na entrevista à Folha. Ao lutar por seus direitos, as corporações iriam contra os direitos dos cidadãos.
Há evidentes abusos em corporações públicas de ponta, como ocorre com o Judiciário e diversos Ministérios Públicos estaduais. Com esses, não se mexe. O arrocho continuado é em cima das profissões diretamente prestadores de serviços aos cidadãos, como educaçãoo, saúde e segurança.
Em nenhum país do mundo, em nenhuma empresa organizada, a precarização do emprego produziu melhora no atendimento. Só um país de botocudos para consagrar esse princípio de que cortando rendimentos e despesas se melhora o serviço público.
Imbecilidade 2 – a ideia de que a destruição de empresas nacionais promoverá um novo renascimento empresarial.
Antes, essa tese era brandida apenas por servidores de baixo nível hierárquico ou de formação intelectual precária – como os procuradores da Lava Jato, presidentes de associação de delegados e de associação de procuradores.
Soube dia desses que faz parte do ideário do Procurador Geral da República Rodrigo Janot: se destruir as empresas atuais, imediatamente florescerá uma nova economia eficiente. É o que explica a irresponsabilidade, para com o país, da destruição da Odebrecht e de outras empreiteiras investigadas pela Lava Jato.
Ou seja, o país da banana nanica tem um Procurador Geral de baixíssimo nível intelectual, sem o menor conhecimento sobre os processos de construção de conhecimento, de desenvolvimento de tecnologias, de geração de valor pelas empresas.
Imbecilidade 3 – a ideia de que será possível congelar por 20 anos o orçamento público e desse arrocho nascerá a virtude que despertará o espírito animal dos empresários.
Juristas que defendem essa excrescência, como o Ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), demonstram uma ignorância abissal sobre processos sociais e políticos.
Aliás, esta semana o jurista Lênio Streck produziu um diagnóstico arrasador sobre como a cultura do manual se apossou do Judiciário, permitindo a consagração de autores como Alexandre de Moraes (https://goo.gl/p2WYD0).
A mediocrização dos poderes, o rebaixamento intelectual não poupou nenhum poder, embora nenhum se rivalize com o baixo nível da Câmara.
No fundo, a grande disputa de 2018 será não apenas conseguir desenhar um projeto de país viável, como enfrentar o imbecil coletivo, a ditadura do senso comum, que se apossou dos principais poderes da República.
Peça 1 – a nostalgia de Lula
Como era previsível, há total incapacidade das forças que planejaram o golpe em montar qualquer projeto minimamente competitivo para 2018.
Não há uma estratégia para superar a crise econômica, mas apenas um projeto ideológico de desmonte do Estado de bem-estar.
O chamado mercado pouco está se lixando para as consequências futuras desse desmonte. Conseguiu-se uma maioria pontual para alterações na Constituição e é o que basta para despertar o espírito animal dos empresários. Demanda, desemprego, instabilidade política são detalhes irrelevantes para esses cabeças de planilha.
Têm-se, então, a seguinte anti-fórmula política dos grupos de poder:
1. Um modelo cujo caminho para o paraíso consiste na eliminação de direitos sociais, deterioração dos serviços públicos e desmonte das políticas industriais.
2. A não entrega do combinado: a recuperação da economia. Sequer a elaboração de uma utopia qualquer, capaz de dar sobrevida ao arrocho.
Por outro lado, a intensa campanha negativa da mídia logrou apagar da memória recente da opinião pública os anos de glória do segundo governo Lula. Com o aprofundamento da crise e a ampla incapacidade dos grupos de poder de recriar o sonho, já está havendo uma volta das lembranças dos anos dourados. A ofensiva contra a Lava Jato desnudará de vez a hipocrisia nacional.
O novo discurso de Lula, que estreiou no congresso da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, é matador. Relembra os tempos de glória, as políticas bem-sucedidas, a maneira como derrotou a crise de 2008, tudo isso temperado com a retórica popular de falar diretamente para o trabalhador, sobre a importância do trabalho, da estabilidade em casa etc.
Ontem, no Valor Econômico, uma consultoria política apontava como novo fenômeno a nostalgia da era Lula.
Relembrando as imagens sobre Mohamed Ali, só haveria duas maneiras de parar Lula: no tapetão ou à bala. Mas não é apenas ele que está conseguindo produzir um discurso consistente. Nem esse discurso apagará a polarização que contaminou a vida nacional.
Peça 2 – o projeto desenvolvimentista
As esquerdas, em geral, se perdem em um conjunto de indefinições sobre o papel do mercado, os limites de atuação do Estado, as formas de relacionamento com o meio empresarial, a própria postura internacional do país.
Mas, no essencial, já existe um diagnóstico claro de país, sobre o papel das políticas públicas, das políticas industriais e sociais, da diplomacia, em dois discursos quase similares: o de Lula e o de Ciro Gomes. Todas as ideias já estão aí, muitas delas aprovadas e comprovadas. O único trabalho é consolidá-las em uma proposta de campanha.
Há duas diferenças:
1. Ciro é candidato de confronto, Lula, da conciliação.
2. Ciro avança em um tema central, mas que ainda é tratado como tabu por Lula: a política monetária com o peso dos juros. Mas Lula tem o acervo de políticas bem-sucedidas e, principalmente, a grande vitória sobre a crise de 2008.
Ciro consegue produzir uma defesa articulada da política do confronto, como única saída para a democracia brasileira.
O maior argumento de Ciro reside na maneira como a mídia e o sistema se comportaram esses anos todos, afastando qualquer veleidade de pactos nacionais, bem comum e outros temas que habitam cabeças idealistas – não a fria lógica de negócios dos grupos de mídia.
A retórica só não basta, se não respeitar a correlação de forças. No entanto, os abusos da camarilha de Temer, a absoluta insensibilidade da política econômica, em breve produzirão efeitos concretos.
É fácil impingir à opinião pública a ideia da PEC 55, a lógica de dona de casa do ajuste fiscal – tão ao agrado do Ministro Luís Roberto Barroso - os argumentos sobre o déficit da Previdência e outros chavões. São questões conceituais de difícil compreensão – como era a PEC 37, que selou a parceria Globo-MPF. Ou mesmo as Dez Medidas em que apenas 10 entre cada 10 mil apoiadores têm noção mínima sobre seu significado.
A hora da verdade estreiará quando essas medidas começarem a produzir efeitos concretos, no desmonte da saúde, educação e segurança, e na ampliação da crise fiscal dos Estados.
A greve da PM do Espírito Santo é um ensaio. A ela, se seguirão greves de várias categorias em todos os estados do país, porque os gênios que comandam a política econômica não tem a menor sensibilidade sobre o nível de stress que se pode impor à economia.
A aposta de Ciro é que, nesse grau de descrédito, haveria condições de atrair setores relevantes em torno do discurso de um projeto nacional que conferisse ao presidente eleito poder suficiente para superar a frente antidemocrática composta pela parceria mídia-Ministério Público.
Mesmo porque, a Lava Jato e a perseguição implacável da mídia comprometeram enormemente um grande ativo nacional: as qualidades de Lula como pacificador.
As esquerdas, em geral, se perdem em um conjunto de indefinições sobre o papel do mercado, os limites de atuação do Estado, as formas de relacionamento com o meio empresarial, a própria postura internacional do país.
Mas, no essencial, já existe um diagnóstico claro de país, sobre o papel das políticas públicas, das políticas industriais e sociais, da diplomacia, em dois discursos quase similares: o de Lula e o de Ciro Gomes. Todas as ideias já estão aí, muitas delas aprovadas e comprovadas. O único trabalho é consolidá-las em uma proposta de campanha.
Há duas diferenças:
1. Ciro é candidato de confronto, Lula, da conciliação.
2. Ciro avança em um tema central, mas que ainda é tratado como tabu por Lula: a política monetária com o peso dos juros. Mas Lula tem o acervo de políticas bem-sucedidas e, principalmente, a grande vitória sobre a crise de 2008.
Ciro consegue produzir uma defesa articulada da política do confronto, como única saída para a democracia brasileira.
O maior argumento de Ciro reside na maneira como a mídia e o sistema se comportaram esses anos todos, afastando qualquer veleidade de pactos nacionais, bem comum e outros temas que habitam cabeças idealistas – não a fria lógica de negócios dos grupos de mídia.
A retórica só não basta, se não respeitar a correlação de forças. No entanto, os abusos da camarilha de Temer, a absoluta insensibilidade da política econômica, em breve produzirão efeitos concretos.
É fácil impingir à opinião pública a ideia da PEC 55, a lógica de dona de casa do ajuste fiscal – tão ao agrado do Ministro Luís Roberto Barroso - os argumentos sobre o déficit da Previdência e outros chavões. São questões conceituais de difícil compreensão – como era a PEC 37, que selou a parceria Globo-MPF. Ou mesmo as Dez Medidas em que apenas 10 entre cada 10 mil apoiadores têm noção mínima sobre seu significado.
A hora da verdade estreiará quando essas medidas começarem a produzir efeitos concretos, no desmonte da saúde, educação e segurança, e na ampliação da crise fiscal dos Estados.
A greve da PM do Espírito Santo é um ensaio. A ela, se seguirão greves de várias categorias em todos os estados do país, porque os gênios que comandam a política econômica não tem a menor sensibilidade sobre o nível de stress que se pode impor à economia.
A aposta de Ciro é que, nesse grau de descrédito, haveria condições de atrair setores relevantes em torno do discurso de um projeto nacional que conferisse ao presidente eleito poder suficiente para superar a frente antidemocrática composta pela parceria mídia-Ministério Público.
Mesmo porque, a Lava Jato e a perseguição implacável da mídia comprometeram enormemente um grande ativo nacional: as qualidades de Lula como pacificador.
Peça 3 – o desenho partidário
Embora seja ainda o partido de esquerda com melhor musculatura, dificilmente o PT conseguirá manter o protagonismo. Hoje em dia, provavelmente é o maior obstáculo ao entendimento.
O partido entrou em uma armadilha fatal: o poder continua ferreamente enfeixado nos quadros que se elegeram pelo sistema político atual e que dependem, para sua sobrevivência, dos instrumentos tradicionais de poder fisiológico.
No Senado, a melhor aposta de renovação – o senador Lindbergh Faria – foi deixado de lado na liderança das oposições, trocado pelo acomodamento de Humberto Costa.
Em São Paulo, um deputado estadual que ousou exigir da bancada uma tomada de posição, terminou afastado. O que ele pretendia era um exercício simples de oposição: dificultar a aprovação das contas do governador Geraldo Alckmin, para poder trocar o apoio por projetos de lei apoiados pelo partido. Os donos do partido na Assembleia não apenas deram a Alckmin o que ele pediu, como afastaram os que pressionavam o partido a praticar a oposição. Tudo isso em troca de cargos na mesa da Assembleia Legislativa no qual pudessem abrigar correligionários.
Na Executiva nacional, adiou-se para julho as próximas eleições e não há nenhum sinal de que se abrirá para uma renovação. Cada sopro de ideia nova é visto como ameaça às velhas lideranças. Não se aproximam de sindicatos, de movimentos sociais, da militância digital, da academia.
Se não se aceitam nem novos quadros do próprio partido, como esperar que tenham confiabilidade para administrar uma frente partidária?
O caminho mais racional seria uma frente de governadores progressistas, que pairasse além das paixões partidárias e do burocratismo dos partidos políticos.
A estruturação da frente será o primeiro grande desafio da oposição. E um desafio que somente conseguirá ser vencido se Lula cair de cabeça na tarefa.
Peça 4 – a era da imbecilidade
O grande desafio pela frente será o confronto entre um projeto nacional racional e a era da imbecilidade – as simplificações grosseiras que dominam os principais poderes da República, nessa era dos factoides midiáticos, e que foram agravadas pela disseminação das redes sociais.
As redes sociais criaram dois fenômenos paradoxais.
Um, a falência dos modelos tradicionais de mídia com a desorganização do mercado de informações. Outro, o aumento desmesurado do poder relativo das mídias dominantes, especialmente a concentração midiática nas mãos da Globo e da total incapacidade de contraponto pelos grupos concorrentes.
O quadro hoje em dia é o retrato acabado da mediocrização da vida pública nacional em todas suas dimensões:
1. A desorganização do mercado de informações com o aparecimento de todo tipo de fontes noticiosas, naquilo que se batizou de pós-verdade, cujo principal agente são justamente os grupos de mídia.
2. O aumento substancial da influência da informação sobre o dia-a-dia das pessoas. Antes, os jornais impactavam seus leitores uma vez por dia. Agora, as redes sociais impactam várias vezes por minuto.
Na era das redes sociais, toda disputa política tornou-se essencialmente midiática e cada vez mais pelas redes sociais. O excesso de informação acabou trazendo uma imbecilização de toda forma de pensamento. Como, por exemplo:
Imbecilidade 1 – a ideia de que as demandas das corporações são contra os direitos do cidadão.
O governador capixaba Paulo Hartung saiu-se com essa, na entrevista à Folha. Ao lutar por seus direitos, as corporações iriam contra os direitos dos cidadãos.
Há evidentes abusos em corporações públicas de ponta, como ocorre com o Judiciário e diversos Ministérios Públicos estaduais. Com esses, não se mexe. O arrocho continuado é em cima das profissões diretamente prestadores de serviços aos cidadãos, como educaçãoo, saúde e segurança.
Em nenhum país do mundo, em nenhuma empresa organizada, a precarização do emprego produziu melhora no atendimento. Só um país de botocudos para consagrar esse princípio de que cortando rendimentos e despesas se melhora o serviço público.
Imbecilidade 2 – a ideia de que a destruição de empresas nacionais promoverá um novo renascimento empresarial.
Antes, essa tese era brandida apenas por servidores de baixo nível hierárquico ou de formação intelectual precária – como os procuradores da Lava Jato, presidentes de associação de delegados e de associação de procuradores.
Soube dia desses que faz parte do ideário do Procurador Geral da República Rodrigo Janot: se destruir as empresas atuais, imediatamente florescerá uma nova economia eficiente. É o que explica a irresponsabilidade, para com o país, da destruição da Odebrecht e de outras empreiteiras investigadas pela Lava Jato.
Ou seja, o país da banana nanica tem um Procurador Geral de baixíssimo nível intelectual, sem o menor conhecimento sobre os processos de construção de conhecimento, de desenvolvimento de tecnologias, de geração de valor pelas empresas.
Imbecilidade 3 – a ideia de que será possível congelar por 20 anos o orçamento público e desse arrocho nascerá a virtude que despertará o espírito animal dos empresários.
Juristas que defendem essa excrescência, como o Ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), demonstram uma ignorância abissal sobre processos sociais e políticos.
Aliás, esta semana o jurista Lênio Streck produziu um diagnóstico arrasador sobre como a cultura do manual se apossou do Judiciário, permitindo a consagração de autores como Alexandre de Moraes (https://goo.gl/p2WYD0).
A mediocrização dos poderes, o rebaixamento intelectual não poupou nenhum poder, embora nenhum se rivalize com o baixo nível da Câmara.
No fundo, a grande disputa de 2018 será não apenas conseguir desenhar um projeto de país viável, como enfrentar o imbecil coletivo, a ditadura do senso comum, que se apossou dos principais poderes da República.
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