Por Chico Whitaker, no site da Fundação Maurício Grabois:
Shakespeare, se vivesse no Brasil destes últimos dois anos, teria muita matéria para escrever mais algumas boas peças sobre intrigas e conspirações palacianas. Seguramente cunharia frases mais fortes do que a do príncipe Hamlet, um dos seus mais conhecidos personagens, ao lhe serem reveladas umas tantas coisas que se passavam na corte de que fazia parte: “Há algo de podre no reino da Dinamarca”. Mas não deixaria escapar coincidências que até agora, aqui em nossas terras, não chamaram muita atenção. Como as que surgem automaticamente em nossas cabeças ao se ler artigo do jornalista Mauro Lopes, recém publicado no site Outras Palavras: “Meirelles era o presidente do JBS e não sabia de nada”.
Em seu segundo pronunciamento Temer atacou fortemente o delator que gravou uma conversa comprometedora com ele. Como se tudo não passasse de uma montagem mal intencionada de um “falastrão”. Acontece que esse personagem é o dono de uma multinacional que conseguiu contratar o ex-presidente do Banco Central no governo Lula e atual ministro da Fazenda do Brasil para ser o presidente do Conselho de Administração de sua empresa. E entre as muitas informações do artigo citado ficamos sabendo que ele ganhou, para desempenhar essa função, 40 milhões de reais por ano, e que ocupou esse cargo de 2012 a 2016, período durante o qual foi repassada por essa empresa a maior parte das propinas aos mais variados políticos.
Ora, como os montantes são de impressionar até os mais bem informados dos comuns dos mortais, o jornalista fez a pergunta óbvia: será possível que um presidente de Conselho de Administração possa não ficar sabendo de nada do que está sendo feito com os recursos da empresa que preside? Sua conclusão foi também obvia: “se ele soube, deve entrar nos processos em curso. Se ele não sabia de nada mesmo, deve ser interditado, porque deixar um néscio assim como ministro da Fazenda do Brasil é um risco sem medida”.
Esse risco nos interessa evitar, evidentemente. Mas a Shakespeare, o que interessaria seria uma sequência lógica capaz de criar mais suspense: a delação do dono da JBS pode determinar a queda do atual presidente da República. E, em seguida, uma das hipóteses mais insistentes é de que o ex-presidente do Conselho de Administração de sua empresa passe a ocupar esse posto, por meio de uma eleição indireta – já que os donos do poder no Brasil de hoje precisam garantir as famigeradas “reformas” pró-sistema financeiro arquitetadas também por ele como ministro da Fazenda.
O jornalista não aponta para a hipótese de ele ter arquitetado também um tal encadeamento. Mas sem pretendermos ter a perspicácia de Shakespeare, bem que poderíamos aconselhar o presidente Temer a procurar conspiradores nas próprias salas de seu palácio, já que ele parece considerar a possibilidade de sua existência para o que está lhe acontecendo… Afinal de contas, sua experiência de vice alçado à Presidência deve lhe ter sido instrutiva…
Shakespeare, se vivesse no Brasil destes últimos dois anos, teria muita matéria para escrever mais algumas boas peças sobre intrigas e conspirações palacianas. Seguramente cunharia frases mais fortes do que a do príncipe Hamlet, um dos seus mais conhecidos personagens, ao lhe serem reveladas umas tantas coisas que se passavam na corte de que fazia parte: “Há algo de podre no reino da Dinamarca”. Mas não deixaria escapar coincidências que até agora, aqui em nossas terras, não chamaram muita atenção. Como as que surgem automaticamente em nossas cabeças ao se ler artigo do jornalista Mauro Lopes, recém publicado no site Outras Palavras: “Meirelles era o presidente do JBS e não sabia de nada”.
Em seu segundo pronunciamento Temer atacou fortemente o delator que gravou uma conversa comprometedora com ele. Como se tudo não passasse de uma montagem mal intencionada de um “falastrão”. Acontece que esse personagem é o dono de uma multinacional que conseguiu contratar o ex-presidente do Banco Central no governo Lula e atual ministro da Fazenda do Brasil para ser o presidente do Conselho de Administração de sua empresa. E entre as muitas informações do artigo citado ficamos sabendo que ele ganhou, para desempenhar essa função, 40 milhões de reais por ano, e que ocupou esse cargo de 2012 a 2016, período durante o qual foi repassada por essa empresa a maior parte das propinas aos mais variados políticos.
Ora, como os montantes são de impressionar até os mais bem informados dos comuns dos mortais, o jornalista fez a pergunta óbvia: será possível que um presidente de Conselho de Administração possa não ficar sabendo de nada do que está sendo feito com os recursos da empresa que preside? Sua conclusão foi também obvia: “se ele soube, deve entrar nos processos em curso. Se ele não sabia de nada mesmo, deve ser interditado, porque deixar um néscio assim como ministro da Fazenda do Brasil é um risco sem medida”.
Esse risco nos interessa evitar, evidentemente. Mas a Shakespeare, o que interessaria seria uma sequência lógica capaz de criar mais suspense: a delação do dono da JBS pode determinar a queda do atual presidente da República. E, em seguida, uma das hipóteses mais insistentes é de que o ex-presidente do Conselho de Administração de sua empresa passe a ocupar esse posto, por meio de uma eleição indireta – já que os donos do poder no Brasil de hoje precisam garantir as famigeradas “reformas” pró-sistema financeiro arquitetadas também por ele como ministro da Fazenda.
O jornalista não aponta para a hipótese de ele ter arquitetado também um tal encadeamento. Mas sem pretendermos ter a perspicácia de Shakespeare, bem que poderíamos aconselhar o presidente Temer a procurar conspiradores nas próprias salas de seu palácio, já que ele parece considerar a possibilidade de sua existência para o que está lhe acontecendo… Afinal de contas, sua experiência de vice alçado à Presidência deve lhe ter sido instrutiva…
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