Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital:
Enquanto não forem divulgadas as primeiras pesquisas feitas depois da condenação de Lula, é impossível dizer como ficaram as intenções de voto para a eleição presidencial do ano que vem. Podemos, no máximo, conjecturar.
De acordo com o que estávamos vendo nos últimos meses, o mais provável é que, no fundamental, tenham mudado pouco: quem se dizia propenso a votar no ex-presidente deve manter a opção. O que significa que o favoritismo de Lula deve permanecer.
Em breve, teremos novos levantamentos, mas os primeiros talvez não sejam definitivos. É bem possível que o cenário só volte a se estabilizar em alguns dias ou mesmo semanas. A notícia foi dada de modo a produzir agitação e muitas pessoas podem ter ficado inseguras, o que tenderia a deixá-las indecisas ou a fazer com que preferissem não externar sua opinião. Quando a poeira assentar é que conseguiremos avaliar os efeitos do ocorrido.
Não sabemos, portanto, se Lula mantém os níveis de intenção de voto que tinha até outro dia, se perdeu tamanho ou se cresceu. As três hipóteses são plausíveis, embora a de manutenção dos patamares anteriores seja a mais forte.
A razão para isso é simples: no dia 12 de julho, quando Sergio Moro formulou sua condenação, nada de realmente novo aconteceu. Ou havia alguém que supusesse que a sentença do juiz curitibano seria outra?
É possível que existam pessoas que acreditavam que Moro, nos dias que antecederam a decisão, dedicava-se a estudar com cuidado e imparcialidade as manifestações do Ministério Público e da defesa. Que tenha proferido seu voto após longa meditação, sopesando os fatos provados à luz da Lei e do Direito.
Pessoas assim, tão desavisadas, podem existir, mas são raras. Na sociedade, quem tinha opinião a respeito do assunto não duvidava de que Moro condenaria Lula ao final do processo, pois já o havia condenado há tempo. Para aqueles que se interessam por questões políticas, era uma história com final previsível, a crônica de uma condenação antecipada.
Eram quase que unicamente os antipetistas que viam a atuação de Moro como justa, aplaudindo-o porque o percebiam como um aliado e porque fazia o que queriam. Do outro lado, os eleitores de Lula sabiam que iria fazer o que sempre deixou claro que faria, desde quando começou a atuar na política nacional. Apenas os mal informados chegaram ao dia 12 sem conhecer o desfecho.
A mídia corporativa reservou à notícia o tratamento dispensado às “grandes novidades”, em especial a revista Veja e a Rede Globo, com suas “edições extraordinárias”. Tentaram apresentar a decisão de Moro como um “fato novo”, mas não conseguiram ocultar que a condenação de Lula estava pronta antes de o processo sequer começar.
Do dia 12 em diante, repetiram o script. Os “grandes jornais” publicaram editoriais e comentários que poderiam estar escritos há meses (e que talvez já estivessem de fato prontos). De novidade genuína, apenas alguns toques cômicos, como o apelo do jornal Folha de S.Paulo para que a Justiça de segunda instância confirme logo a condenação de Lula, atendendo “ao interesse de todos” (como se “todos” compartilhassem a preferência da família Frias).
No mesmo tom burlesco, houve políticos que encenaram uma reação à “novidade”. Marina Silva, por exemplo, reuniu-se com aliados para dizer-se candidata ao Planalto em razão do “grande vácuo” criado pela condenação de Lula. Aparentemente, era ela a única pessoa, no sistema político, que desconhecia as intenções de Moro e que aguardava seu pronunciamento para decidir o caminho que seguiria.
Os cidadãos comuns, que dispensam essas hipocrisias, não se surpreenderam com o veredicto. Gostando deles ou não, sabiam o que ocorria em Curitiba: que lá havia um juiz que não julgava, procuradores que atuavam ignorando sua função pública, policiais que não investigavam a todos com o mesmo empenho. Cada um, a seu modo, buscando atingir o ex-presidente.
A condenação de Lula por Moro já estava no cálculo da grande maioria da opinião pública. Quem afirmava estar inclinado a votar em seu nome não imaginava uma absolvição. Quem o rejeitava não passou a desgostar mais por causa do ato de Moro. A maioria dos indecisos, que costumam se resolver por fatores extrapolíticos, é dificilmente afetada à distância em que estamos do pleito.
Vai ser preciso mais do que uma sentença de Moro para atingir a imagem de Lula. Para destruí-lo, a aliança antipetista terá de empregar armas de calibre muito mais grosso.
Enquanto não forem divulgadas as primeiras pesquisas feitas depois da condenação de Lula, é impossível dizer como ficaram as intenções de voto para a eleição presidencial do ano que vem. Podemos, no máximo, conjecturar.
De acordo com o que estávamos vendo nos últimos meses, o mais provável é que, no fundamental, tenham mudado pouco: quem se dizia propenso a votar no ex-presidente deve manter a opção. O que significa que o favoritismo de Lula deve permanecer.
Em breve, teremos novos levantamentos, mas os primeiros talvez não sejam definitivos. É bem possível que o cenário só volte a se estabilizar em alguns dias ou mesmo semanas. A notícia foi dada de modo a produzir agitação e muitas pessoas podem ter ficado inseguras, o que tenderia a deixá-las indecisas ou a fazer com que preferissem não externar sua opinião. Quando a poeira assentar é que conseguiremos avaliar os efeitos do ocorrido.
Não sabemos, portanto, se Lula mantém os níveis de intenção de voto que tinha até outro dia, se perdeu tamanho ou se cresceu. As três hipóteses são plausíveis, embora a de manutenção dos patamares anteriores seja a mais forte.
A razão para isso é simples: no dia 12 de julho, quando Sergio Moro formulou sua condenação, nada de realmente novo aconteceu. Ou havia alguém que supusesse que a sentença do juiz curitibano seria outra?
É possível que existam pessoas que acreditavam que Moro, nos dias que antecederam a decisão, dedicava-se a estudar com cuidado e imparcialidade as manifestações do Ministério Público e da defesa. Que tenha proferido seu voto após longa meditação, sopesando os fatos provados à luz da Lei e do Direito.
Pessoas assim, tão desavisadas, podem existir, mas são raras. Na sociedade, quem tinha opinião a respeito do assunto não duvidava de que Moro condenaria Lula ao final do processo, pois já o havia condenado há tempo. Para aqueles que se interessam por questões políticas, era uma história com final previsível, a crônica de uma condenação antecipada.
Eram quase que unicamente os antipetistas que viam a atuação de Moro como justa, aplaudindo-o porque o percebiam como um aliado e porque fazia o que queriam. Do outro lado, os eleitores de Lula sabiam que iria fazer o que sempre deixou claro que faria, desde quando começou a atuar na política nacional. Apenas os mal informados chegaram ao dia 12 sem conhecer o desfecho.
A mídia corporativa reservou à notícia o tratamento dispensado às “grandes novidades”, em especial a revista Veja e a Rede Globo, com suas “edições extraordinárias”. Tentaram apresentar a decisão de Moro como um “fato novo”, mas não conseguiram ocultar que a condenação de Lula estava pronta antes de o processo sequer começar.
Do dia 12 em diante, repetiram o script. Os “grandes jornais” publicaram editoriais e comentários que poderiam estar escritos há meses (e que talvez já estivessem de fato prontos). De novidade genuína, apenas alguns toques cômicos, como o apelo do jornal Folha de S.Paulo para que a Justiça de segunda instância confirme logo a condenação de Lula, atendendo “ao interesse de todos” (como se “todos” compartilhassem a preferência da família Frias).
No mesmo tom burlesco, houve políticos que encenaram uma reação à “novidade”. Marina Silva, por exemplo, reuniu-se com aliados para dizer-se candidata ao Planalto em razão do “grande vácuo” criado pela condenação de Lula. Aparentemente, era ela a única pessoa, no sistema político, que desconhecia as intenções de Moro e que aguardava seu pronunciamento para decidir o caminho que seguiria.
Os cidadãos comuns, que dispensam essas hipocrisias, não se surpreenderam com o veredicto. Gostando deles ou não, sabiam o que ocorria em Curitiba: que lá havia um juiz que não julgava, procuradores que atuavam ignorando sua função pública, policiais que não investigavam a todos com o mesmo empenho. Cada um, a seu modo, buscando atingir o ex-presidente.
A condenação de Lula por Moro já estava no cálculo da grande maioria da opinião pública. Quem afirmava estar inclinado a votar em seu nome não imaginava uma absolvição. Quem o rejeitava não passou a desgostar mais por causa do ato de Moro. A maioria dos indecisos, que costumam se resolver por fatores extrapolíticos, é dificilmente afetada à distância em que estamos do pleito.
Vai ser preciso mais do que uma sentença de Moro para atingir a imagem de Lula. Para destruí-lo, a aliança antipetista terá de empregar armas de calibre muito mais grosso.
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