Foto: Victor R. Caivano/AP |
A não-identificação de nenhum culpado no acidente da TAM de dez anos atrás, que vitimou mais de uma centena de pessoas, é mancha na reputação do Ministério Público Federal, particularmente do procurador Rodrigo de Grandis.
O Procurador buscou culpados individuais, operador de vôo, pilotos (que morreram no acidente), ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Levou algum tempo para entender que um acidente de tal porte não depende de um fator específico, mas de uma soma de fatores.
Aqui no Blog um leitor trouxe o fio da meada para entender o acidente, logo após sua ocorrência. Mas há uma incapacidade crônica de alguns procuradores de trabalhar fora dos autos. Ora, um acidente de tal relevância exigiria uma investigação que transcenderia a mera elaboração de laudos técnicos, seja do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da ANAC ou de quem quer que seja. Mesmo porque, esses órgãos se limitam a identificar aspectos parciais da questão, como o fato do piloto ter se enrolado no manejo dos instrumentos. Além disso, a imprensa estava empenhada em atribuir a Lula todos os males do país, e concentrou-se especificamente na questão do recapeamento da pista.
Havia um conjunto de fatores negativos:
1. Tempestade.
2. Pista recapeada.
3. Pilotos cansados.
4. Um reverso (que serve para frear) desativado
Mas o ponto central foi outro.
De um lado, um enorme descuido da manutenção da TAM, após a morte do comandante Rolim, com a empresa entrando em um programa irresponsável de corte de custos sem pesar as consequências.
Na época, por questão de ICMS, o combustível era mais barato quando adquirido em Porto Alegre. O avião saiu de Porto Alegre com o tanque cheio.
O que nosso leitor fez:
1. Foi até o site da Airbus e levantou todas as especificações do modelo de avião, o peso, a capacidade interna, o tamanho do tanque de combustíveis.
2. O avião encheu o tanque em Porto Alegre e veio para São Paulo. Gastou um percentual do combustível, devidamente calculado.
3. Veio lotado, mas tão lotado que tripulantes da TAM fora de serviço precisaram ser transportados na cabine dos pilotos.
O que o leitor fez foi somar tudo, estimando um peso médio por passageiros e por carga, somando o peso do combustível. A soma final era muito superior ao que a Airbus definia como peso máximo para o vôo.
É evidente que, enveredando por aí, daria muito mais trabalho e obrigaria o emérito procurador a invadir searas mais influentes. Teria que entrar nos sistemas de decisão interna da empresa, analisar a linha de comando, escarafunchar quem tinha conhecimento das condições extremamente adversas daquele vôo, levantar históricos de outras decisões temerárias.
Nada foi feito.
O Procurador buscou culpados individuais, operador de vôo, pilotos (que morreram no acidente), ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Levou algum tempo para entender que um acidente de tal porte não depende de um fator específico, mas de uma soma de fatores.
Aqui no Blog um leitor trouxe o fio da meada para entender o acidente, logo após sua ocorrência. Mas há uma incapacidade crônica de alguns procuradores de trabalhar fora dos autos. Ora, um acidente de tal relevância exigiria uma investigação que transcenderia a mera elaboração de laudos técnicos, seja do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da ANAC ou de quem quer que seja. Mesmo porque, esses órgãos se limitam a identificar aspectos parciais da questão, como o fato do piloto ter se enrolado no manejo dos instrumentos. Além disso, a imprensa estava empenhada em atribuir a Lula todos os males do país, e concentrou-se especificamente na questão do recapeamento da pista.
Havia um conjunto de fatores negativos:
1. Tempestade.
2. Pista recapeada.
3. Pilotos cansados.
4. Um reverso (que serve para frear) desativado
Mas o ponto central foi outro.
De um lado, um enorme descuido da manutenção da TAM, após a morte do comandante Rolim, com a empresa entrando em um programa irresponsável de corte de custos sem pesar as consequências.
Na época, por questão de ICMS, o combustível era mais barato quando adquirido em Porto Alegre. O avião saiu de Porto Alegre com o tanque cheio.
O que nosso leitor fez:
1. Foi até o site da Airbus e levantou todas as especificações do modelo de avião, o peso, a capacidade interna, o tamanho do tanque de combustíveis.
2. O avião encheu o tanque em Porto Alegre e veio para São Paulo. Gastou um percentual do combustível, devidamente calculado.
3. Veio lotado, mas tão lotado que tripulantes da TAM fora de serviço precisaram ser transportados na cabine dos pilotos.
O que o leitor fez foi somar tudo, estimando um peso médio por passageiros e por carga, somando o peso do combustível. A soma final era muito superior ao que a Airbus definia como peso máximo para o vôo.
É evidente que, enveredando por aí, daria muito mais trabalho e obrigaria o emérito procurador a invadir searas mais influentes. Teria que entrar nos sistemas de decisão interna da empresa, analisar a linha de comando, escarafunchar quem tinha conhecimento das condições extremamente adversas daquele vôo, levantar históricos de outras decisões temerárias.
Nada foi feito.
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