Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Não costumo dar muita atenção – e não darei a ele, pessoalmente – a este personagem Jair Bolsonaro, que anda lá por Belo Horizonte propondo levar mar para Minas, dar licença para matar para policiais e reduzir a maioridade penal para 14 anos (possivelmente a idade emocional de muitos dos seus seguidores barbados).
Sociopatas deste tipo sempre existiram, aqui e por toda parte do mundo; não chega a ser novidade.
O que interessa para o raciocínio é porque esta sociopatia, que normalmente permanece enquistada em grupelhos relativamente inofensivos, espalhou-se por cada canto deste país.
Os processos são muitos.
Brotou por toda parte, em situações onde a mídia e histeria os alimentaram.
Por exemplo: uns bandidecos traficantes do Flamengo acorrentam um rapaz negro num poste e arranjam uma moça bem-posta ma TV para “explicar” seu crime com o suposto crime alheio: “leva ele pra casa”, não é?
Perde-se o pudor de dar ao “justiceiro” o apoio social que, com bons – ou nem tão bons – modos começam a promover o “fim da roubalheira”.
Mas isso se sofistica.
De um lado, uma legião de energúmenos, com caras que dariam razão a Lombroso, tamanha a idiotia que expressam. Como são úteis ao projeto golpista, que depois da derrota de 2014 passou a ser a porta de reconquista do poder absoluto para os sistemas de dominação excludente que marcam a história do Brasil.
E tome de aparecerem figuras esdrúxulas, alçadas à TV, às revistas, ao jornais, que ninguém sabe de onde vieram, com o que ganham a vida (comércio de canecas?) e comanda(vam) séquitos de babacas na internet, que afinal os trocaram por aquele com cujas asneiras iniciei o post.
De outro, autoridades de ternos e expressões bem alinhavadas, com teses jurídicas que “amarram no poste” da execração pública os personagens selecionados na política e no empresariado.
Como não há muitos santos em nenhum dos dois campos, a confissões arrancadas, alguma coisa acabam por mostrar e deu-lhes munição para avançarem, sob o estrondoso fogo de artilharia da mídia. Na sua infantaria, as “subcelebridades”, todas com os “projetos sociais” e louvor ao “sucesso pessoal” das suas vidas cheias de brilho e vazio, onde sacodem iates, champagnes e rolex, como os chefões da traficância chacoalham seus cordões de ouro.
Não importa, ainda há o lugar de santo a ocuparem em seus altares.
Entram aí os subjuristas do interior, quase todos praticantes verbais da boa fé religiosa, alçados à fama nacional, exibem em escala continental a empáfia, a “importância” e a onipotência própria das pequenas comarcas, onde os salões do coronelato lhes tão sempre abertos para que desfilem, contidamente, a sua vaidade, braços dados com suas “senhoras”.
A crise, o desespero, a angústia de uma população sofrida, que não entende como se foram os dias de bom tempo e caiu uma chuva quente e abafada, a sufocar-lhes, produzindo esta brotação de cogumelos, faz com que parte dela, justo pela desesperança, não perceba como, embora vistosos, são venenosos, tóxicos, mortais para a vida e para as liberdades.
Mesmo diante deste quatro dantesco, que a cada dia vem ganhando pinceladas de horror – fecham-se exposições, recolhem-se quadros, santificam-se surras de fio elétrico e tosa à força de cabelos de meninas que perderam a virgindade – há esperanças.
Porque a esta gente, à qual não falta pretensão e poder para dizer quem serve e quem não serve, o que podemos ver, ouvir e escrever, falta algo essencial para que sobreviva: um país e um povo, porque este não lhes pertence, ainda que o dominem, porque não o tem dentro de si.
Cogumelos que são, não tem raízes profundas. Apenas pequenos liames, os micélios, que os ligam à matéria orgânica em decomposição. Bastam alguns dias de sol para que murchem, deixando apenas seus esporos, para que brotem quando algo em podridão lhes servir de alimento.
Não costumo dar muita atenção – e não darei a ele, pessoalmente – a este personagem Jair Bolsonaro, que anda lá por Belo Horizonte propondo levar mar para Minas, dar licença para matar para policiais e reduzir a maioridade penal para 14 anos (possivelmente a idade emocional de muitos dos seus seguidores barbados).
Sociopatas deste tipo sempre existiram, aqui e por toda parte do mundo; não chega a ser novidade.
O que interessa para o raciocínio é porque esta sociopatia, que normalmente permanece enquistada em grupelhos relativamente inofensivos, espalhou-se por cada canto deste país.
Os processos são muitos.
Brotou por toda parte, em situações onde a mídia e histeria os alimentaram.
Por exemplo: uns bandidecos traficantes do Flamengo acorrentam um rapaz negro num poste e arranjam uma moça bem-posta ma TV para “explicar” seu crime com o suposto crime alheio: “leva ele pra casa”, não é?
Perde-se o pudor de dar ao “justiceiro” o apoio social que, com bons – ou nem tão bons – modos começam a promover o “fim da roubalheira”.
Mas isso se sofistica.
De um lado, uma legião de energúmenos, com caras que dariam razão a Lombroso, tamanha a idiotia que expressam. Como são úteis ao projeto golpista, que depois da derrota de 2014 passou a ser a porta de reconquista do poder absoluto para os sistemas de dominação excludente que marcam a história do Brasil.
E tome de aparecerem figuras esdrúxulas, alçadas à TV, às revistas, ao jornais, que ninguém sabe de onde vieram, com o que ganham a vida (comércio de canecas?) e comanda(vam) séquitos de babacas na internet, que afinal os trocaram por aquele com cujas asneiras iniciei o post.
De outro, autoridades de ternos e expressões bem alinhavadas, com teses jurídicas que “amarram no poste” da execração pública os personagens selecionados na política e no empresariado.
Como não há muitos santos em nenhum dos dois campos, a confissões arrancadas, alguma coisa acabam por mostrar e deu-lhes munição para avançarem, sob o estrondoso fogo de artilharia da mídia. Na sua infantaria, as “subcelebridades”, todas com os “projetos sociais” e louvor ao “sucesso pessoal” das suas vidas cheias de brilho e vazio, onde sacodem iates, champagnes e rolex, como os chefões da traficância chacoalham seus cordões de ouro.
Não importa, ainda há o lugar de santo a ocuparem em seus altares.
Entram aí os subjuristas do interior, quase todos praticantes verbais da boa fé religiosa, alçados à fama nacional, exibem em escala continental a empáfia, a “importância” e a onipotência própria das pequenas comarcas, onde os salões do coronelato lhes tão sempre abertos para que desfilem, contidamente, a sua vaidade, braços dados com suas “senhoras”.
A crise, o desespero, a angústia de uma população sofrida, que não entende como se foram os dias de bom tempo e caiu uma chuva quente e abafada, a sufocar-lhes, produzindo esta brotação de cogumelos, faz com que parte dela, justo pela desesperança, não perceba como, embora vistosos, são venenosos, tóxicos, mortais para a vida e para as liberdades.
Mesmo diante deste quatro dantesco, que a cada dia vem ganhando pinceladas de horror – fecham-se exposições, recolhem-se quadros, santificam-se surras de fio elétrico e tosa à força de cabelos de meninas que perderam a virgindade – há esperanças.
Porque a esta gente, à qual não falta pretensão e poder para dizer quem serve e quem não serve, o que podemos ver, ouvir e escrever, falta algo essencial para que sobreviva: um país e um povo, porque este não lhes pertence, ainda que o dominem, porque não o tem dentro de si.
Cogumelos que são, não tem raízes profundas. Apenas pequenos liames, os micélios, que os ligam à matéria orgânica em decomposição. Bastam alguns dias de sol para que murchem, deixando apenas seus esporos, para que brotem quando algo em podridão lhes servir de alimento.
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