terça-feira, 24 de outubro de 2017

Rebelião governista assusta Temer

Por Altamiro Borges

Está prevista para se iniciar nesta quarta-feira (25) a votação no Congresso Nacional da segunda denúncia apresentada pelo ex-procurador-geral da República contra o usurpador Michel Temer por formação de quadrilha e obstrução da Justiça. O covil golpista e a mídia chapa-branca garantem que o “presidente” vencerá novamente a refrega, abortando as investigações. Nos últimos dias, o governo liberou milhões em emendas parlamentares, distribuiu cargos, cortejou a bancada ruralista com a proposta de restrição à fiscalização do trabalho escravo e ainda ameaçou retaliar os deputados da base governista que votarem pela aceitação da denúncia. Mesmo que vença, porém, Michel Temer deverá sair ainda menor desta contenda – mais enfraquecido e desmoralizado. Será um “pato manco” ou um “presidente-zumbi”, como definiu a blogueira Tereza Cruvinel.

Diante deste perigo, a mídia venal exige que o governo seja ainda mais impetuoso nas suas maldades contra os trabalhadores. Do contrário, afirma, a quadrilha de Michel Temer será descartável. O Estadão, por exemplo, quer maior pressa no programa de privatização de mais de 50 estatais. Já a Folha reclama mais firmeza na discussão da “reforma da Previdência”, que elimina a aposentadoria de milhões de pessoas. Sinalizando para os setores que orquestraram e financiaram o golpe dos corruptos, o covil golpista promete agilizar o seu projeto de desmonte do trabalho, da nação e do Estado. “Contra a tese de que se tornará um ‘pacto manco’, Temer vai defender a reforma da Previdência”, afirma a Folha nesta terça-feira (24).

A questão é se ele terá forças para cumprir as promessas. Nas últimas semanas, com a sua acelerada queda de popularidade, cresceu a rebeldia na chamada base governista – um amontoado de parlamentares fisiológicos e traíras. Segundo estimativas da própria imprensa, Michel Temer terá menos votos agora do que na votação da primeira denúncia da PGR. Na ocasião, ele sobreviveu com o apoio de 263 deputados. A previsão é de que nesta semana ele terá menos da metade dos votos na Câmara Federal. Até terça-feira, os líderes aliados contabilizavam 240 votos e faziam esforços para conter a debandada de um grupo de quase 40 parlamentares que cobram ainda mais benesses do Palácio do Planalto. PMDB, PR e PSD, que haviam fechado questão na primeira denúncia – obrigando suas bancadas a votarem contra –, agora não adotaram a mesma posição.

Para se salvar, o assustado e acuado Michel Temer, chefe da organização criminosa, precisa de 171 votos. Já para aprovar as suas maldades, como a reforma previdenciária, ele depende do aval de pelo menos 60% do Congresso Nacional. O usurpador pode até se safar da segunda denúncia, mas será um autêntico “presidente-zumbi”, cada vez mais dependente do fisiologismo mais rasteiro. Seu contínuo descrédito afastará ainda mais os deputados “governistas” e dificultará a vida dos partidos que ainda o mantêm no poder – como PMDB, PSDB, DEM, PSD, PPS e outras tranqueiras golpistas. O quadro é dramático. Não é para menos que voltam a crescer os rumores sobre o adiamento das eleições de 2018 caso o ex-presidente Lula, que tanto assombra a direita, não seja impugnado pela Lava-Jato.

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