Ilustração: Brito |
O governo perdeu de 25 a 30 dos 263 votos que teve na votação da primeira denúncia (ficando agora com cerca de 240) e corre atrás de pelo menos 100 deputados que se disponham a apenas comparecer para garantir o quórum de 342 presenças em plenário amanhã, condição para que a votação tenha início. Já tendo torrado R$ 12 bilhões em emendas, renúncias e favores para conseguir votos, o governo agora está gastando para comprar presenças e driblar a estratégia de obstrução da oposição, que pode deixar Temer sangrando com as tripas à mostra. “Marque presença e vá embora”, dizem os operadores do Planalto.
Mas ganhando, seja amanhã ou na prorrogação, daqui para a frente Temer será mais que um pato manco. Será um presidente-zumbi, sem condições para levar adiante qualquer agenda. Ganhar por menos de 257 votos é ganhar-perdendo. Estará claro que Temer não dispõe da metade mais um dos votos na Câmara, sem a qual é impossível governar de verdade. Reforma da Previdência? Melhor esquecer.
Se a oposição conseguir forçar o adiamento da votação, já terá imposto uma grande derrota ao governo mas sua estratégia enfrenta agora esta compra do mero comparecimento, ainda que o parlamentar governista se abstenha ou não participe da votação. E com a liminar da ministra Rosa Weber, suspendendo a portaria do trabalho escravo, podem ser necessárias outras compensações para a bancada ruralista. Temer recorre desta vez ao fisiologismo em seu nível mais abjeto, para ganhar sem honra, com armas sujas, sem projeto e sem objetivo, senão o de proteger-se com o escudo da Presidência até o final do ano que vem. Depois, terá de acertar contas com a Justiça mas aí já terá feito mal demais ao país.
A votação vai separar as manadas. Ficarão com Temer os herdeiros do golpe: a maioria do Centrão, uma parte do PSDB e o PMDB com algumas defecções. Estes devem agrupar-se na disputa presidencial em torno de um candidato que a centro-direita ainda não identificou. Uma boa lasca do bloco golpista vai se desprender, juntando os tucanos amargurados com a derrocada do partido por conta do abraço a Temer, os demistas que enxergam em Rodrigo Maia o condutor que nunca tiveram, os peemedebistas que mais uma vez buscarão se alinhar com quem tenha alguma perspectiva de futuro.
Se a oposição conseguir forçar o adiamento da votação, já terá imposto uma grande derrota ao governo mas sua estratégia enfrenta agora esta compra do mero comparecimento, ainda que o parlamentar governista se abstenha ou não participe da votação. E com a liminar da ministra Rosa Weber, suspendendo a portaria do trabalho escravo, podem ser necessárias outras compensações para a bancada ruralista. Temer recorre desta vez ao fisiologismo em seu nível mais abjeto, para ganhar sem honra, com armas sujas, sem projeto e sem objetivo, senão o de proteger-se com o escudo da Presidência até o final do ano que vem. Depois, terá de acertar contas com a Justiça mas aí já terá feito mal demais ao país.
A votação vai separar as manadas. Ficarão com Temer os herdeiros do golpe: a maioria do Centrão, uma parte do PSDB e o PMDB com algumas defecções. Estes devem agrupar-se na disputa presidencial em torno de um candidato que a centro-direita ainda não identificou. Uma boa lasca do bloco golpista vai se desprender, juntando os tucanos amargurados com a derrocada do partido por conta do abraço a Temer, os demistas que enxergam em Rodrigo Maia o condutor que nunca tiveram, os peemedebistas que mais uma vez buscarão se alinhar com quem tenha alguma perspectiva de futuro.
Daqui para a frente, este bloco tentará encontrar rumo próprio na sucessão, afastando-se cada vez mais de Temer e da contaminação que o zumbi causará a qualquer candidatura. Numa ponta estará a esquerda e suas divisões, com o PT recobrando a confiança popular e a candidatura de Lula em ascensão. Em outra, a extrema direita que agora empina o discurso moralista para não ter que falar de Temer, que ajudou a colocar no cargo.
E assim iremos para a sucessão. Presidido por um zumbi, o Brasil perderá um ano. Ou melhor, terão sido quase três anos perdidos, três anos de retrocessos, pilhagem e involução mental.
E assim iremos para a sucessão. Presidido por um zumbi, o Brasil perderá um ano. Ou melhor, terão sido quase três anos perdidos, três anos de retrocessos, pilhagem e involução mental.
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