Por Ruben Berta, no site The Intercept-Brasil:
Num mundo cada vez mais radicalizado e polarizado das redes sociais, o excesso de opinião cansa. Concordo. Por isso, sempre penso duas vezes antes de entrar na melhor polêmica dos últimos tempos da última semana. Desta vez, achei que tinha algo importante a dizer. Resolvi arriscar.
Na última quarta (8), como todos já sabem, um vídeo com comentários RACISTAS (perdoem o clichê da caixa alta) do então apresentador do “Jornal da Globo”, William Waack, gravado no ano passado durante a cobertura da campanha eleitoral americana, foi publicado na internet. Ainda bem, as reações foram imediatamente negativas. E levaram a própria emissora a suspender o jornalista.
Em seguida, a polêmica chegou na página 2. Veio a turma do “deixa disso”:
Num mundo cada vez mais radicalizado e polarizado das redes sociais, o excesso de opinião cansa. Concordo. Por isso, sempre penso duas vezes antes de entrar na melhor polêmica dos últimos tempos da última semana. Desta vez, achei que tinha algo importante a dizer. Resolvi arriscar.
Na última quarta (8), como todos já sabem, um vídeo com comentários RACISTAS (perdoem o clichê da caixa alta) do então apresentador do “Jornal da Globo”, William Waack, gravado no ano passado durante a cobertura da campanha eleitoral americana, foi publicado na internet. Ainda bem, as reações foram imediatamente negativas. E levaram a própria emissora a suspender o jornalista.
Em seguida, a polêmica chegou na página 2. Veio a turma do “deixa disso”:
Pois bem, é aí que eu quero entrar. Os que vestiram a camisa de Waack empunham a bandeira do “brilhantismo” de um profissional consagrado por anos e anos de profissão na maior emissora de TV do país. Ponto para ele. Mas e o caráter, não conta? Ok, não o conheço pessoalmente, nunca trabalhei com ele, mas não venham me convencer de que alguém que faz comentários RACISTAS cometeu só um deslize, diante de sua vasta história de sucesso.
Não sei se Waack já praticou outros atos semelhantes ao que foi gravado. Mas o caso traz uma importante discussão para todas as profissões e, especialmente, para o jornalismo, que abracei há 18 anos. Se for competente, o resto não importa?
Desses meus 18 anos de profissão, passei 17 na redação de um grande jornal, antes de chegar a The Intercept Brasil. Convivi com uma imensa maioria de colegas que conseguem juntar a competência e o caráter. Mas, como acredito que aconteça em quase todo lugar, isso não é uma regra absoluta.
Não está gravado, mas existem sim os competentes que acham que quando uma morte acontece fora da Zona Sul do Rio ou dos Jardins em São Paulo, ela não tem assim tanto valor. Há os brilhantes que pensam que uma favela só deve ser notícia se os tiros estão chegando ao asfalto ou se “a empregada disse que a situação está difícil”. Há os fantásticos que acreditam que assediar uma colega na redação é a coisa mais normal do mundo. E por aí vai.
Portanto, caráter e excelência não são necessariamente características que precisam caminhar juntas. Veja a política. Com tudo que pesa em suas costas, Aécio não é competente por estar onde está? E Temer, o odiado, também não? Os estragos que eles fazem na nossa vida estão claros e evidentes. O mesmo vale para jornalistas, ou qualquer outra profissão.
Aos que acham que Waack está sendo vítima de uma abominável execração pública, eu só tenho a dizer que sinto muito. Quantas e quantas vezes jornalistas, com pequenos poderes nas mãos, não praticaram atos semelhantes entre as quatro paredes das redações sem que nada fosse dito? Quem trabalha num veículo de comunicação precisa saber que a tal revolução digital não é só uma mudança de mercado. Ela pode e vai causar exposições indesejáveis, que, no passado, não aconteciam com quem possuía o monopólio da informação.
Não tenho dúvidas de que os “competentes” se unirão. Afinal, sabem que, a qualquer momento, também podem cometer um “deslize” que manche suas “brilhantes carreiras”.
Não sei se Waack já praticou outros atos semelhantes ao que foi gravado. Mas o caso traz uma importante discussão para todas as profissões e, especialmente, para o jornalismo, que abracei há 18 anos. Se for competente, o resto não importa?
Desses meus 18 anos de profissão, passei 17 na redação de um grande jornal, antes de chegar a The Intercept Brasil. Convivi com uma imensa maioria de colegas que conseguem juntar a competência e o caráter. Mas, como acredito que aconteça em quase todo lugar, isso não é uma regra absoluta.
Não está gravado, mas existem sim os competentes que acham que quando uma morte acontece fora da Zona Sul do Rio ou dos Jardins em São Paulo, ela não tem assim tanto valor. Há os brilhantes que pensam que uma favela só deve ser notícia se os tiros estão chegando ao asfalto ou se “a empregada disse que a situação está difícil”. Há os fantásticos que acreditam que assediar uma colega na redação é a coisa mais normal do mundo. E por aí vai.
Portanto, caráter e excelência não são necessariamente características que precisam caminhar juntas. Veja a política. Com tudo que pesa em suas costas, Aécio não é competente por estar onde está? E Temer, o odiado, também não? Os estragos que eles fazem na nossa vida estão claros e evidentes. O mesmo vale para jornalistas, ou qualquer outra profissão.
Aos que acham que Waack está sendo vítima de uma abominável execração pública, eu só tenho a dizer que sinto muito. Quantas e quantas vezes jornalistas, com pequenos poderes nas mãos, não praticaram atos semelhantes entre as quatro paredes das redações sem que nada fosse dito? Quem trabalha num veículo de comunicação precisa saber que a tal revolução digital não é só uma mudança de mercado. Ela pode e vai causar exposições indesejáveis, que, no passado, não aconteciam com quem possuía o monopólio da informação.
Não tenho dúvidas de que os “competentes” se unirão. Afinal, sabem que, a qualquer momento, também podem cometer um “deslize” que manche suas “brilhantes carreiras”.
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