Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
“Após ouvir relator e revisor, anulei qualquer dúvida sobre o caso”.
Quando o terceiro desembargador da 8ª Turma do TRF-4, Vitor Laus, começou a dar o seu voto, o placar já estava definido: 3 a 0 pela condenação de Lula em segunda instância.
A Bolsa subiu, o dólar caiu e, às quatro da tarde desta quarta-feira, os militantes que foram a Porto Alegre para apoiar o ex-presidente começaram a levantar acampamento.
Na avenida Paulista, os manifestantes contra Lula começaram a gritar, buzinar e soltar rojões.
Correu tudo como previsto. Na Justiça da Lava Jato, não há surpresas: cumpre-se apenas um ritual pré-estabelecido há muito tempo.
As alegações preliminares e alegações finais da defesa do ex-presidente foram solenemente ignoradas e rejeitadas.
O revisor Laus repetiu os argumentos do relator, João Pedro Gebran, que, por sua vez, baseou seu voto na sentença do juiz Sergio Moro, apenas aumentando a pena de Lula de nove para 12 anos, todos eles assinando embaixo da denúncia feita pelo Ministério Público.
Nenhuma novidade para quem, como eu, assistiu ao primeiro interrogatório de Lula em Curitiba, no ano passado. Naquele dia, as câmeras de televisão ficaram fixadas em Lula e não dava para saber se quem estava falando com ele era o juiz Sergio Moro ou alguém do time de procuradores do power-point.
Por aí deu para ter uma ideia do que viria pela frente: todos procuravam encurralar Lula com as mesmas interpelações.
Nos tribunais comuns, pelo que a gente vê nos filmes, o promotor acusa, o advogado defende e o juiz, depois de ouvir os dois lados, decide de acordo com o que está nos autos.
Na Lava Jato, promotores e juízes jogam juntos, fazem tabelinha, um elogia o trabalho do outro e, todos juntos, decidem que o réu é culpado - dependendo, é claro, do nome do réu.
Se o réu se chama Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente da República que é o candidato favorito para voltar ao cargo nas eleições deste ano, ninguém tem dúvidas, não é nem preciso ouvir os votos.
Quando os juízes começam a falar, em poucas palavras, já dá para saber como eles vão votar.
Como o julgamento estava sendo transmitido ao vivo pela televisão, o desembargador Vitor Laus fez uma longa introdução. Olhando diretamente para as câmeras, deu uma aula magna de Direito, tentando traduzir o juridiquês do Código Penal para os leigos.
“Estou sendo informal para que as pessoas entendam”, explicou. Não sei se todos entenderam, mas nem precisava explicar nada porque todo mundo já sabia como iria concluir seu voto.
Gastou-se muito latim para acusar Lula de ter comandado o esquema de corrupção na Petrobras para ganhar em troca um triplex meia boca no Guarujá, pelo qual foi condenado a 12 anos de prisão em regime fechado.
Durante todo o dia, o julgamento foi o assunto mais comentado no twitter, dominado desde cedo pelos movimentos contra Lula.
Na internet, até as 16h22, a campeã era a hashtag #LulaNaCadeia, com 82 mil publicações, seguida de #MoluscoNaCadeia, que apareceu 78 mil vezes. A seguir, aparecia a #hashtag CadêaProva?, dos apoiadores de Lula, que ficaram sem resposta.
No momento em que termino de escrever este texto, seis e meia da tarde, não há notícia de nenhum confronto entre os guerreiros das hashtags nas ruas.
E o roteiro pré-estabelecido pela Lava Jato foi cumprido sem maiores intercorrências até agora.
Vida que segue.
1 comentários:
https://www.google.com.br/amp/agenciabrasil.ebc.com.br/amphtml/politica/noticia/2018-01/pgr-pede-arquivamento-de-inquerito-sobre-senador-jose-serra
O Temer está certo. As instituições estão funcionando normalmente.
PSDB rouba, a justiça encoberta e a mídia silencia.
As instituições estão funcionando normalmente.
Nem disfarçam, como sempre. No mesmo dia da condenação do Lula.
Está tudo dominado.
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