quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Lula e a batalha da comunicação

Por Rafael Dantas

A chancela unânime do TRF-4 a decisão do juiz Moro em relação ao condenação do presidente Lula, ampliando inclusive a pena, eleva o nível da luta de resistência democrática no país e para tal a esquerda precisa se reinventar travando as batalhas que se impõem.

Uma das principais batalhas é a da comunicação.

Num passado recente foi dito que a internet era a nossa mídia. Sim, nós tínhamos um amplo domínio sobre as redes sociais. Elas contrabalanceavam o poder de fogo do PIG. Porém o tempo fez com a direita percebesse esta debilidade e investisse pesado nas redes, e claro, ela possui financiamento e estrutura empresarial, pode se valer de técnicas e tecnologias que o dinheiro pode comprar para propagandear suas ideias e influir da discussão política.

Também fica evidente, que o controle tecnológico das redes (Facebook, Twitter, etc) por parte de empresas norte-americanas pode ser um fator importante na balança de poder, pendendo para direita os algorítimos.

Pois bem, a esquerda precisa ampliar o alcance de seu discurso urgentemente. Estamos acuados e falando para nós mesmos no Facebook onde os algoritmos criam as famosas bolhas, onde falamos para os já convertidos.

De volta às mídias tradicionais?
Com o advento da internet e das novas tecnologias houve um certo desprezo pelos meios tradicionais de comunicação. Mas será que eles não são importantes?

Quantos locutores e comentaristas conservadores martelaram diuturnamente a cabeça do povão com as teses da direita?

Temos rádios comunitárias? Sim. Elas formam uma rede? Tem uma produção centralizada? Trabalham em sinergia? Podem se agruparem aos meios que já temos?

Temos uma política de ampliação, capacitação, mapeamento?

Mas as comunitárias, por mais valorosas que sejam, falam para alcances reduzidos. Necessitamos também de posições centrais, nas grandes cidades, nas principais regiões metropolitanas. Imagina São Paulo, Rio, Porto Alegre, Fortaleza com uma FM de notícias, com qualidade e alcance, contrabalanceando as mentiras do PIG? Eu sei que é complicado, que os processos de concessões são cheios de meandros, mas é impossível? Ou mesmo ter um horário comprado em alguma estação?

O crescimento de algumas vertentes evangélicas, tem muita relação com as políticas de comunicação dos mesmos, ocupar o rádio, ocupar a TV...

Lembremos que por mais os smartfones levaram para muita gente as redes sociais, os aplicativos de mensagem, há ainda muita mídia offline. Há muita gente ouvindo rádio e lavando louça, no trânsito, no serviço, etc.

No caso da teve, o debate é o mesmo.

O republicanismo acabou, é preciso travar a batalha e disputar a opinião. Hoje estamos encurralados.

Qual o papel das organizações que são dirigidas pela esquerda? Ora, colaborar para os interesses políticos da classe trabalhadora sejam defendidos. E nada melhor que publicizar estes interesses para classe trabalhadora.

São quantos sindicatos? Eles estão em quantas cidades? Eles possuem jornais? Estes jornais chegam no mínimo a casa do sindicalizado? Uma vez por semana, quinzenal, mensal? Ele tem qualidade? Ele está alinhado com uma pauta central e local??

Há parcerias entre as centrais com canais de produção de conteúdo da esquerda que amargam o que pinga do Google Adsense?

Inteligência
Temos política de inteligência? De contra-inteligência? Todo mundo tá falando no whatsapp com a promessa de que é tudo criptografado. Quase ninguém está no Telegram. No mínimo os corpos dirigentes se policiam no uso de Apps que podem estar ao alcance legal da CIA?

No que tange ao mundo digital, temos algum agrupamento voltado a segurança digital? Conhecer o inimigo é fundamental.

Em suma, é necessário elevar o grau de organização da comunicação da esquerda para poder amplificar a disseminação do discurso e fazer frente ao poderio bélico da direita, PIG, etc.

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