Foto: Ricardo Stuckert |
Anotações do primeiro dia…
Hoje Brizola faria 96 anos!
Um dos maiores líderes populares que o Brasil já teve, estaria orgulhoso de sua combativa Porto Alegre, que hoje lembrou alguns de seus mais belos momentos, em 1961, quando a cidade, sob liderança do então governador Leonel Brizola, foi sede de uma resistência que contaminou todo o país e derrotou o golpe.
“As coisas não aconteceram exatamente como eles esperavam. O julgamento de Lula acontece numa conjuntura complicada para o golpe. O governo Temer está mais desmoralizado do que nunca. A sentença de Sergio Moro está desmoralizada. A direita golpista não foi capaz de organizar um único debate com juristas que defendam o texto do juiz de Curitiba que condena Lula. Não se vê um jurista defendendo a sentença. Até mesmo jornalistas e juristas antipetistas, de direita, vem atacando a sentença de Sergio Moro.”
As frases acima foram ditas por Alexandre Padilha, dirigente nacional do PT, numa das dezenas de coletivas e entrevistas que aconteceram nesta segunda-feira, 22, em Porto Alegre.
Na mesma coletiva, um dirigente da CUT explicou à imprensa que os organizadores do evento conseguiram desarticular várias armadilhas montadas pela direita para estragar o evento, incluindo o uso de provocadores, que se infiltram nas marchas, para insuflar a violência da polícia.
Hoje pela amanhã houve uma marcha de movimentos sociais, com aproximadamente 3 mil pessoas, em defesa dos direitos políticos de Lula. Os poucos provocadores que apareceram foram rapidamente neutralizados.
O auditório da Fetraf, no centro da cidade, ficou absolutamente lotado, com centenas de pessoas se aglomerando do lado de fora, para assistir ao debate com intelectuais e juristas, em defesa da democracia.
Professores universitários, promotores de justiça, parlamentares, escritores, ocuparam a mesa, para fazer discursos inflamados contra o regime de exceção implementado por esse consórcio bizarro de mídia e judiciário.
Assista [aqui] uma gravação de parte o debate, feita por Bruno Falci, para o Cafezinho:
Celso Amorim foi uma das estrelas da noite. Falou no primeiro debate, com a presença de sindicalistas e políticos de diversos países, como Argentina, Espanha e Uruguai e falou também no segundo debate com juristas.
Amorim repetiu a frase de Millor Fernandes: “o fato d’eu ser paranóico não quer dizer que não esteja sendo perseguido”, para dizer que agora acredita em teorias de conspiração, pois não é possível, disse ele, que um país sofra ataques tão brutais, em todos os setores estratégicos, sem que haja uma coordenação entre elites internas e interesses internacionais.
O Cafezinho fez entrevistas com diversas personalidades, do Brasil e estrangeiras, que iremos publicar na fanpage e aqui no blog, ao longo dos próximos dias.
No debate do início da tarde, um dirigente sindical espanhol, Jesús Gallego, secretário de política internacional da UGT (a CUT da Espanha), fez declarações extremamente emocionadas em defesa do presidente Lula, cuja importância, explicou, transcende o Brasil. “A volta de Lula é importante para os trabalhadores de todo mundo. Sua perseguição é uma agressão a trabalhadores de todos os países”. O Cafezinho fez uma entrevista com ele também.
O clima do evento é de muita alegria e emoção. Não há ódio, mesmo diante da injustiça repugnante de que Lula é vítima.
Não há ódio, mas muita revolta, e o entendimento de que é o judiciário brasileiro que estará sendo julgado nesta quarta-feira.
Numa conversa com gaúchos antenados, um deles lembrou uma entrevista com o presidente do TRF4, assim que assumiu o seu cargo, quando ele declarou que pertencia à 18ª geração de juristas. Seus parentes devem ter sido advogados de Dom Sebastião, ironizou esse meu amigo. Mas essa é a mentalidade da nossa elite judicial: extremamente aristocrática.
Uma fonte do Cafezinho de dentro do TRF4 nos disse que os juízes ali dentro vivem numa bolha. Eles não sabem o que acontece no mundo real. São marias antonietas que estranham a revolta do povo por falta de pão: por que não comem brioches? Informam-se obviamente apenas pelos meios de comunicação tradicionais, ou pior: por sites de extrema-direita, como vimos ser o caso da chefe de gabinete de Thompson Flores, que fez campanha pela prisão de Lula nas redes sociais – postura que, ao ser denunciada, foi defendida pelo próprio Flores.
Evidentemente é impossível saber como a pressão popular irá influenciar a decisão do TRF4.
O que podemos constatar, daqui de Porto Alegre, é que os movimentos sociais, do Brasil e do resto do mundo, estão vivendo um período intenso de acumulação de forças. O mundo não acaba no dia 24. Ao contrário, um novo mundo começa. Uma eventual confirmação da condenação do presidente Lula não encontrará mais um movimento social ideologicamente desarmado. A articulação entre juristas, mídia alternativa, redes militantes, partidos progressistas, sindicatos e movimentos sociais está consolidando, espontaneamente, organicamente, uma frente política com muita força, com ramificações internacionais crescentes.
O MST fez um acampamento gigante de 3.500 pessoas, no Anfiteatro Pôr do Sol, onde rolaram também muitas atividades ao longo do dia. Segundo organizadores, amanhã mais gente deve ficar lá.
Nesta terça-feira, haverá muitas atividades. Dilma estará na Assembleia Legislativa, num evento com mulheres da política e da intelectualidade, para falar sobre o golpe e sobre o avanço dos arbítrios da Lava Jato.
Lula confirmou presença num grande ato amanhã, em Esquina Democrática, no centro, a partir das 18 horas. Antes disso, haverá, desde as 10 horas da manhã, no mesmo lugar, uma série de eventos. À noite haverá shows. Acompanhe pela página Cultura pela Democracia.
Acompanhe também a página Com Lula em Poa, que fez lives o dia inteiro, nesta segunda-feira, e deve fazer novamente amanhã.
A página da Frente Brasil Popular também traz alguns vídeos interessantes. Brasil de Fato e Rede Brasil Atual estão igualmente muito ativos na cobertura do evento.
Até quando o país suportará um governo de aristocratas neoliberais, antipovo, egoístas, a serviço de barões de mídia, lordes do mercado financeiro e juízes plutocráticos, sem nenhum compromisso com o bem estar da população, sem nenhum respeito sequer pela legalidade ou pela constituição.
Aqui, algumas entrevistas que fizemos hoje.
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