Não se deixe enganar pela fotografia. Ao chegar ao aeroporto de Curitiba, o deputado e presidenciável Jair Bolsonaro foi cercado pela claque habitual, os chamados “bolsominions”, e carregado pelos corredores com uma faixa presidencial no peito. O ambiente fechado amplia o efeito da aglomeração e serve apenas à propaganda ligeira. Os seguidores do parlamentar não passavam de 250 no saguão do Afonso Pena.
Foi o auge da incursão curitibana. Melhor teria feito o candidato se embarcasse no primeiro voo de volta a Brasília. A chuva torrencial que desabou sobre a capital paranaense ao longo do dia levou pelo bueiro seus planos. O programado almoço no mercado municipal, durante o qual esperava ouvir o “clamor popular”, foi um fiasco.
No meio da tarde, não mais do que cinco e frustrados apoiadores de Bolsonaro mantinham-se firmes à espera da pregação do ídolo na praça XIX de Dezembro, a cerca de um quilômetro do ponto de concentração do comício de encerramento da caravana de Lula pelo Sul do Brasil. Em vão Enquanto isso, a multidão para ouvir o petista só aumentava. Os jornais nem mais se lembravam do deputado.
Bolsonaro viajou a Curitiba disposto a confrontar Lula em uma espécie de duelo ao pôr-do-sol, um “mano a mano” típico de faroeste. Com sua agenda beligerante capturada por Michel Temer desde a intervenção federal no Rio de Janeiro e com o aumento de competidores na corrida presidencial, o ex-militar procura desesperadamente uma brecha nos holofotes, antes que a turba encontre ou seja induzir a seguir outro missionário.
“Encarar” o petista na “República de Curitiba”, território do juiz Sergio Moro, parecia uma jogada de mestre. No fim, serviu apenas para mostrar a sua real dimensão. Mais uma “Batalha de Itararé”. Ou muito barulho por nada.
* Com informações de René Ruschel, em Curitiba.
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