Foto: Guilherme Santos/Sul21 |
O golpe destampou a cloaca que armazena os mais íntimos sentimentos racistas, misóginos e fascistas da elite brasileira.
O golpe abriu a tampa da cloaca por onde saiu a vanguarda do atraso com suas manifestações mais tenebrosas.
A imagem de um latifundiário facínora açoitando um simpatizante da caravana do Lula com um relho – chicote de cabo de madeira com um laço na ponta, usado para tocar animais [Dicionário Houaiss] – só encontra paralelo no suplício que era imposto aos escravos pela oligarquia proprietária de terras e de escravos do século 19.
O açoite é um castigo dantesco e bárbaro que, imaginava-se, pertenceria ao mundo selvagem do passado remoto registrado nos livros de história; jamais poderia se imaginar sua prática em pleno século 21, no terceiro milênio da história da humanidade – menos ainda em disputas políticas e ideológicas.
A violência de extermínio contra o povo está liberada e incentivada pelo regime de exceção. Esta violência nem de longe alcança a elite, porque é direcionada exclusivamente contra os negros, as mulheres, as pessoas LGBTSQI+, os pobres, os sem-terra, os sem-teto, a esquerda, os democratas e a democracia.
O assassinato da Marielle Franco é, por enquanto, o atentado mais grave perpetrado desde o início do golpe. A desgraça é que a execução dela, todavia, talvez ainda não signifique o ápice – ou o fim – da espiral da violência.
O fascismo e o banditismo político encontraram no golpe e no regime de exceção o ambiente propício para se espraiar. A vanguarda do atraso jogou o Brasil no precipício, e deverá, no futuro, pagar o preço pelos crimes cometidos no presente.
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