Por Bepe Damasco, em seu blog:
Tudo leva a crer que as instituições da República, corrompidas até a medula pelo ativismo político de direita, estão apostando suas fichas na reação popular de baixa intensidade à prisão de Lula. Afinal de contas, se o golpe de estado, a regressão social jamais vista, a pilhagem do patrimônio público e a entrega das riquezas do país não provocaram a comoção das ruas, por que o encarceramento do ex-presidente teria o condão de fazer o povo se revoltar?
Abro parênteses: não é correto dizer que a ruptura da ordem constitucional e o corte brutal de direitos não despertaram reações. Mobilizações em defesa da democracia e em repúdio ao retrocesso atraíram muita gente país afora. Mas os atos quase sempre se restringiram às vanguardas sociais e políticas. Faltaram o povão e a classe trabalhadora. Fecho parênteses.
É forçoso reconhecer a letargia e a pasmaceira que tomaram conta da sociedade desde que uma quadrilha de políticos corruptos tomou de assalto o governo. As pessoas rejeitam fortemente Temer e suas contrarreformas, a ponto de conferir ao vampiro o título de político mais odiado do Brasil, assistem a tudo estarrecidas, mas não se dispõem a se mobilizar até que o golpe seja derrotado. Desnecessário entrar em detalhes sobre o papel deletério da mídia monopolista e mafiosa neste anestesiamento generalizado.
O problema para o sistema de justiça que protagoniza em nome da burguesia a caçada ao maior líder de massas da história é que a política não pode ser vista de forma linear e absolutamente previsível como se fosse ciência exata. Não raro o imponderável dá o ar da graça, tirando a tampa da panela de pressão e entornando o caldo.
Recuemos cinco anos no tempo. Em 2013, depois que uma despretensiosa manifestação convocada pelo Movimento Passe Livre, reunindo não mais do que mil pessoas em São Paulo, foi duramente reprimida pela PM de Alckmin, deixando um saldo de dezenas de feridos, incluindo jornalistas, os protestos de rua tomaram um impulso extraordinário e alcançaram todos os estados. O movimento, que não custou a ser apropriado pelo fascismo, acabaria servindo de plataforma de lançamento do projeto golpista. Mas isso é outra história.
No Brasil e no mundo, ao longo dos tempos, vários acontecimentos inesperados lograram mudar rumos políticos traçados e aparentemente consolidados. Na eleição presidencial brasileira de 1945, uma frase infeliz e preconceituosa (real ou inventada) do brigadeiro Eduardo Gomes, então candidato da UDN, foi usada à exaustão pela campanha do general Dutra, do PSD, provocando estragos consideráveis no projeto do brigadeiro, que teria dito em um comício não precisar dos votos dos marmiteiros.
Ao subestimarem as consequências da prisão de Lula, os coveiros da democracia fingem desconhecer que Lula é Lula, e nada que vale como parâmetro de análise para a totalidade do mundo político pode ser transportado mecanicamente quando o assunto o envolve. Que outro político, aqui e lá fora, não teria virado pó ante a perseguição sem precedentes sofrida por Lula? Como se trata de um fenômeno cuja complexidade há de ser estudada no futuro, ele resiste, segue liderando as pesquisas e está cada vez mais incrustado no coração do povo.
Quem garante que a prisão de Lula não cause uma sensação de desesperança visceral, a ponto de jogar o Brasil numa convulsão social? Se o Judiciário e a mídia estão mesmo decididos a brincar com fogo, que se preparem para o tamanho das labaredas.
Tudo leva a crer que as instituições da República, corrompidas até a medula pelo ativismo político de direita, estão apostando suas fichas na reação popular de baixa intensidade à prisão de Lula. Afinal de contas, se o golpe de estado, a regressão social jamais vista, a pilhagem do patrimônio público e a entrega das riquezas do país não provocaram a comoção das ruas, por que o encarceramento do ex-presidente teria o condão de fazer o povo se revoltar?
Abro parênteses: não é correto dizer que a ruptura da ordem constitucional e o corte brutal de direitos não despertaram reações. Mobilizações em defesa da democracia e em repúdio ao retrocesso atraíram muita gente país afora. Mas os atos quase sempre se restringiram às vanguardas sociais e políticas. Faltaram o povão e a classe trabalhadora. Fecho parênteses.
É forçoso reconhecer a letargia e a pasmaceira que tomaram conta da sociedade desde que uma quadrilha de políticos corruptos tomou de assalto o governo. As pessoas rejeitam fortemente Temer e suas contrarreformas, a ponto de conferir ao vampiro o título de político mais odiado do Brasil, assistem a tudo estarrecidas, mas não se dispõem a se mobilizar até que o golpe seja derrotado. Desnecessário entrar em detalhes sobre o papel deletério da mídia monopolista e mafiosa neste anestesiamento generalizado.
O problema para o sistema de justiça que protagoniza em nome da burguesia a caçada ao maior líder de massas da história é que a política não pode ser vista de forma linear e absolutamente previsível como se fosse ciência exata. Não raro o imponderável dá o ar da graça, tirando a tampa da panela de pressão e entornando o caldo.
Recuemos cinco anos no tempo. Em 2013, depois que uma despretensiosa manifestação convocada pelo Movimento Passe Livre, reunindo não mais do que mil pessoas em São Paulo, foi duramente reprimida pela PM de Alckmin, deixando um saldo de dezenas de feridos, incluindo jornalistas, os protestos de rua tomaram um impulso extraordinário e alcançaram todos os estados. O movimento, que não custou a ser apropriado pelo fascismo, acabaria servindo de plataforma de lançamento do projeto golpista. Mas isso é outra história.
No Brasil e no mundo, ao longo dos tempos, vários acontecimentos inesperados lograram mudar rumos políticos traçados e aparentemente consolidados. Na eleição presidencial brasileira de 1945, uma frase infeliz e preconceituosa (real ou inventada) do brigadeiro Eduardo Gomes, então candidato da UDN, foi usada à exaustão pela campanha do general Dutra, do PSD, provocando estragos consideráveis no projeto do brigadeiro, que teria dito em um comício não precisar dos votos dos marmiteiros.
Ao subestimarem as consequências da prisão de Lula, os coveiros da democracia fingem desconhecer que Lula é Lula, e nada que vale como parâmetro de análise para a totalidade do mundo político pode ser transportado mecanicamente quando o assunto o envolve. Que outro político, aqui e lá fora, não teria virado pó ante a perseguição sem precedentes sofrida por Lula? Como se trata de um fenômeno cuja complexidade há de ser estudada no futuro, ele resiste, segue liderando as pesquisas e está cada vez mais incrustado no coração do povo.
Quem garante que a prisão de Lula não cause uma sensação de desesperança visceral, a ponto de jogar o Brasil numa convulsão social? Se o Judiciário e a mídia estão mesmo decididos a brincar com fogo, que se preparem para o tamanho das labaredas.
2 comentários:
A prisao de Lula ou o seu impedimento de ser candidato a Presidente da Republica, pode ser a gota dagua que falta para entornar o caldeirão da paciência e resignação do povo brasileiro. Ninguem pode fazer esta aposta.O povo eh sábio. Se não se manifesta maciçamente contra o Golpe, contra as leis entreguistas das riquezas nacionais, de escamoteação dos dos seus direitos inalienáveis(trabalhistas,previdenciários,de saúde, educação e segurança), eh porque estah esperando pacientemente as eleições de outubro para dar a sua resposta. Se frustrarem esta esperança e o impedirem de manifestar suprimindo os seus canais, a resposta pode ser dura, muito dura. Eu já disse, neste espaço,citando Marx, que a sociedade nunca se propõe aquilo que não pode realizar. E acrescentaria, mas ela se propõe com determinacao, aquilo que a impede de realizar o que pode.
Lamentavelmente, Lula será preso e nada acontecerá. Triste. Do que se chama povo, só espero passividade. A esquerda só mobiliza os abnegados de sempre. Incompetência? Vale a análise.
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