Por Miguel Martins, na revista CartaCapital:
Michel Temer ficou em silêncio sobre a prisão de Lula e de seus amigos José Yunes e Coronel Lima. Antes, não havia se manifestado sobre o julgamento do habeas corpus do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal e a respeito do debate das prisões em segunda instância. Sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, do PSOL, o emedebista até se posicionou, mas apenas para reiterar a defesa da intervenção federal no Rio de Janeiro.
Desde que anunciou o general Walter Braga Netto como interventor da Segurança Pública no estado, Temer não comenta os principais temas debatidos no País e tampouco é procurado pela mídia para discorrer sobre eles. Suas declarações públicas recentes demonstram como atualmente seu governo pouco influencia no debate nacional.
Em pronunciamento pelo Dia da Inconfidência, o presidente buscou reagir contra seu isolamento. "É fácil bater no Michel Temer! É fácil bater no governo, é fácil só criticar. Quero ver fazer".
Ele recorreu a uma exagerada comparação histórica para enaltecer sua importância para o País. "Que nesse 21 de abril, lembremos que Tiradentes foi acusado e condenado por lutar e defender um Brasil livre, forte e independente. Ao final, a história lhe deu a vitória maior."
Nesta segunda-feira, 23, Temer anunciou a sanção de uma lei que endurece as penas para roubos e furtos qualificados praticados com o uso de explosivos. A mudança cosmética foi explicada pelo presidente em um vídeo publicado em suas redes sociais, que a apresentou como uma "medida importante na área da Segurança Pública". Os usuários do Twitter não o perdoaram. "uma importante medida na área de segurança seria a decretação de sua prisão preventiva", escreveu um cidadão.
Temer já deu demonstrações de que não gosta de ser irrelevante. Antes de chegar ao Planalto, reclamava de ser coadjuvante de Dilma Rousseff. Como não se lembrar de sua carta enviada à então presidenta, em dezembro de 2015, na qual ele afirmava ter passado os quatro primeiros anos do governo como vice decorativo?
O emedebista se esforçou para ser protagonista a partir de sua chegada ao poder em 2016. Inicialmente, cumpriu à risca a agenda do "mercado", apesar da resistência da maior parte da população. Aprovou sem qualquer dificuldade o congelamento dos gastos públicos por 20 anos e a reforma trabalhista.
Tudo indicava que a reforma da Previdência, mais impopular e complexa das medidas, completaria o ciclo de mudanças profundas exigidas pelos agentes econômicos, a despeito da opinião da maior parte da população. As delações da JBS interromperam, porém, os planos. De presidente "reformista", Temer tornou-se o primeiro chefe de Estado brasileiro a ser denunciado durante seu mandato. Ao menos, ainda não havia perdido o protagonismo.
Para se livrar das duas denúncias apresentadas por Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República, o emedebista negociou sem pudor. Ao todo, liberou 10,7 bilhões de reais em emendas parlamentares, um crescimento de 48% em relação ao ano anterior. Teve sucesso em barrar as duas iniciativas na Câmara, mas pagou um preço político alto. O esforço desidratou sua capacidade de mobilizar o Congresso para votações de impacto.
Ciente de que não conseguiria oferecer ao "mercado" o prato principal do cardápio neoliberal, Temer apostou na pauta da segurança pública. Determinada por decreto, a intervenção no Rio até causou certo frisson e recebeu apoio de grande parte dos cariocas, mas não houve uma mudança na popularidade do emedebista. Em janeiro, o Datafolha aferiu que 70% da população considerava seu governo ruim ou péssimo. O índice se manteve no último levantamento, divulgado em meados de abril.
Difícil medir se a popularidade de Temer foi influenciada de alguma forma pela intervenção. Se houve algum efeito positivo sobre sua imagem, ele rapidamente desfez-se após novas denúncias atingirem o emedebista. Investigado por supostos repasses ilegais da empresa Rodrimar no âmbito do inquérito do setor portuário, o presidente viu dois de seus principais aliados e amigos serem presos pela Polícia Federal por envolvimento no esquema.
A Temer, parece restar uma última arena para se afirmar antes do fim de seu mandato: as eleições. O MDB por ora trabalha com duas possíveis candidaturas, a do atual presidente e de Henrique Meirelles, ministro da Fazenda. Na última pesquisa Datafolha, Temer surge com apenas 2% das intenções de voto, enquanto seu ministro tem 1%.
O emedebista não é apenas rechaçado pelos eleitores, mas mostra-se um dos piores cabos eleitorais do meio político. Segundo o Datafolha, 86% dos entrevistados disseram que não votariam em um candidato apoiado pelo atual presidente.
Investigado no inquérito dos portos e alvo de duas denúncias que podem prosperar quando deixar o cargo, Temer deve perder o foro privilegiado se não conseguir se eleger a um cargo público. Ele pode barganhar uma embaixada ou mesmo um cargo em algum governo aliado, mas caso não tenha sucesso, ficará na mira da primeira instância a partir de 2019.
Neste ano, tudo indica que o antigo "vice decorativo" recuperou a velha forma, mas agora no mais alto cargo da República.
Desde que anunciou o general Walter Braga Netto como interventor da Segurança Pública no estado, Temer não comenta os principais temas debatidos no País e tampouco é procurado pela mídia para discorrer sobre eles. Suas declarações públicas recentes demonstram como atualmente seu governo pouco influencia no debate nacional.
Em pronunciamento pelo Dia da Inconfidência, o presidente buscou reagir contra seu isolamento. "É fácil bater no Michel Temer! É fácil bater no governo, é fácil só criticar. Quero ver fazer".
Ele recorreu a uma exagerada comparação histórica para enaltecer sua importância para o País. "Que nesse 21 de abril, lembremos que Tiradentes foi acusado e condenado por lutar e defender um Brasil livre, forte e independente. Ao final, a história lhe deu a vitória maior."
Nesta segunda-feira, 23, Temer anunciou a sanção de uma lei que endurece as penas para roubos e furtos qualificados praticados com o uso de explosivos. A mudança cosmética foi explicada pelo presidente em um vídeo publicado em suas redes sociais, que a apresentou como uma "medida importante na área da Segurança Pública". Os usuários do Twitter não o perdoaram. "uma importante medida na área de segurança seria a decretação de sua prisão preventiva", escreveu um cidadão.
Temer já deu demonstrações de que não gosta de ser irrelevante. Antes de chegar ao Planalto, reclamava de ser coadjuvante de Dilma Rousseff. Como não se lembrar de sua carta enviada à então presidenta, em dezembro de 2015, na qual ele afirmava ter passado os quatro primeiros anos do governo como vice decorativo?
O emedebista se esforçou para ser protagonista a partir de sua chegada ao poder em 2016. Inicialmente, cumpriu à risca a agenda do "mercado", apesar da resistência da maior parte da população. Aprovou sem qualquer dificuldade o congelamento dos gastos públicos por 20 anos e a reforma trabalhista.
Tudo indicava que a reforma da Previdência, mais impopular e complexa das medidas, completaria o ciclo de mudanças profundas exigidas pelos agentes econômicos, a despeito da opinião da maior parte da população. As delações da JBS interromperam, porém, os planos. De presidente "reformista", Temer tornou-se o primeiro chefe de Estado brasileiro a ser denunciado durante seu mandato. Ao menos, ainda não havia perdido o protagonismo.
Para se livrar das duas denúncias apresentadas por Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República, o emedebista negociou sem pudor. Ao todo, liberou 10,7 bilhões de reais em emendas parlamentares, um crescimento de 48% em relação ao ano anterior. Teve sucesso em barrar as duas iniciativas na Câmara, mas pagou um preço político alto. O esforço desidratou sua capacidade de mobilizar o Congresso para votações de impacto.
Ciente de que não conseguiria oferecer ao "mercado" o prato principal do cardápio neoliberal, Temer apostou na pauta da segurança pública. Determinada por decreto, a intervenção no Rio até causou certo frisson e recebeu apoio de grande parte dos cariocas, mas não houve uma mudança na popularidade do emedebista. Em janeiro, o Datafolha aferiu que 70% da população considerava seu governo ruim ou péssimo. O índice se manteve no último levantamento, divulgado em meados de abril.
Difícil medir se a popularidade de Temer foi influenciada de alguma forma pela intervenção. Se houve algum efeito positivo sobre sua imagem, ele rapidamente desfez-se após novas denúncias atingirem o emedebista. Investigado por supostos repasses ilegais da empresa Rodrimar no âmbito do inquérito do setor portuário, o presidente viu dois de seus principais aliados e amigos serem presos pela Polícia Federal por envolvimento no esquema.
A Temer, parece restar uma última arena para se afirmar antes do fim de seu mandato: as eleições. O MDB por ora trabalha com duas possíveis candidaturas, a do atual presidente e de Henrique Meirelles, ministro da Fazenda. Na última pesquisa Datafolha, Temer surge com apenas 2% das intenções de voto, enquanto seu ministro tem 1%.
O emedebista não é apenas rechaçado pelos eleitores, mas mostra-se um dos piores cabos eleitorais do meio político. Segundo o Datafolha, 86% dos entrevistados disseram que não votariam em um candidato apoiado pelo atual presidente.
Investigado no inquérito dos portos e alvo de duas denúncias que podem prosperar quando deixar o cargo, Temer deve perder o foro privilegiado se não conseguir se eleger a um cargo público. Ele pode barganhar uma embaixada ou mesmo um cargo em algum governo aliado, mas caso não tenha sucesso, ficará na mira da primeira instância a partir de 2019.
Neste ano, tudo indica que o antigo "vice decorativo" recuperou a velha forma, mas agora no mais alto cargo da República.
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