Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:
A pesquisa CNT/MDA foi realizada sob um quadro eleitoral mais depurado, com a variável Joaquim Barbosa já descartada e mais de um mês após a prisão do ex-presidente Lula. Ainda assim, e com metade dos eleitores considerando que ele não será candidato, Lula é o único que bate Jair Bolsonaro em todos os cenários e o derrotaria em todas as hipóteses de segundo turno. Sem Lula, Bolsonaro ganharia de todos os competidores no segundo turno, exceto de Marina Silva (empate exato de 27,2%) e de Ciro Gomes, que com boa vontade pode ser colocado em empate técnico com ele (28,2% a 24,2%). Partidos indefinidos, como o PSB, podem acelerar a composição com um destes candidatos agora mais nitidamente colocados como os que têm mais chances de derrotar o candidato ultradireitista.
Marina e Ciro se destacam mas o desempenho de Lula dá discurso ao PT para manter a estratégia de levar sua candidatura ao limite, inibindo a possibilidade de uma convergência em direção a Ciro, pois com a ex-petista da Rede a possibilidade de acordo é remota. Mais de um mês depois de ter sido preso, Lula tem 32,4% de preferência, o dobro de Bolsonaro, em segundo lugar com 16,7%. Seu índice é quatro vezes maior que o de Marina, terceira colocada nessa simulação (7,6%). Tanta resiliência reforçará a aposta petista na transferência de votos.
A pesquisa permite também ao PT dizer que um contingente expressivo de eleitores rejeita uma eleição sem Lula: quando ele é excluído da lista de candidatos, 45% declaram-se indecisos ou dispostos a votar em branco ou nulo. Embora esta inclinação tenda a se alterar com a proximidade do pleito, ela nutre também o discurso das correntes de esquerda do PT, que flertam com o boicote ao pleito na linha “ou Lula ou nada”.
Se o PT ficará no mesmo lugar, outros movimentos podem acontecer em direção a Marina ou Ciro, agora melhor posicionados na contraposição a Bolsonaro que, apesar das previsões de que sua candidatura murcharia com o avanço do tempo e do jogo, segue firme como favorito na ausência de Lula. Na pesquisa CNT/MDA, Marina tem índice melhores que os de Ciro mas sua candidatura tem pontos francos que dificultam as alianças: escasso tempo de televisão (que seria ampliado com uma coligação), limitação de recursos logísticos e financeiros e a perda de aliados que ela conquistou nas campanhas anteriores, no empresariado e no chamado centro. A brisa neste momento sopra é a favor de Ciro. Alternativa natural da esquerda, ele faz acenos para o outro lado e desperta o interesse de setores da centro-direita.
Aí estão os partidos do Centrão, numa articulação para embarcarem numa mesma candidatura, caso a de Rodrigo Maia (DEM) não deslanche até junho. Na pesquisa CNT/MDA Maia se manteve no pelotão dos nanicos, com 0,4%, ao lado de candidatos como Flávio Rocha (PRB) e Henrique Meirelles (MDB). A pesquisa é desanimadora par a o tucano Gerado Alckmin, que passa de 4% para 5,3% quando Lula é excluído, movendo-se do quinto para o quarto lugar. O Centrão não rasga dinheiro nem aposta em cavalo pela cor. Vai esperar mais para fazer seu lance. Tal como o MDB com a candidatura de Meirelles, seu negócio é eleger grandes bancadas para barganhar apoio com o futuro presidente. Se já o apoiar na eleição, dando-lhe tempo de TV, melhor ainda. E assim teremos mais do mesmo, em matéria de governabilidade.
Estes achados poderão ser comparados, ainda esta semana, com os de pesquisa CUT/Vox Populi, realizada quase ao mesmo tempo.
Justiça em baixa
Apesar da Lava Jato e do ativismo judiciário, a Justiça sai-se muito mal na pesquisa CNT/MDA. Para 90,3%, ela não é igual para todos. É pouco confiável para 55,7% e nada confiável para 36,5%. Mas o fundo do poço é do Congresso e dos partidos, instituições menos confiáveis numa lista de oito, num ano de eleições gerais.
A pesquisa CNT/MDA foi realizada sob um quadro eleitoral mais depurado, com a variável Joaquim Barbosa já descartada e mais de um mês após a prisão do ex-presidente Lula. Ainda assim, e com metade dos eleitores considerando que ele não será candidato, Lula é o único que bate Jair Bolsonaro em todos os cenários e o derrotaria em todas as hipóteses de segundo turno. Sem Lula, Bolsonaro ganharia de todos os competidores no segundo turno, exceto de Marina Silva (empate exato de 27,2%) e de Ciro Gomes, que com boa vontade pode ser colocado em empate técnico com ele (28,2% a 24,2%). Partidos indefinidos, como o PSB, podem acelerar a composição com um destes candidatos agora mais nitidamente colocados como os que têm mais chances de derrotar o candidato ultradireitista.
Marina e Ciro se destacam mas o desempenho de Lula dá discurso ao PT para manter a estratégia de levar sua candidatura ao limite, inibindo a possibilidade de uma convergência em direção a Ciro, pois com a ex-petista da Rede a possibilidade de acordo é remota. Mais de um mês depois de ter sido preso, Lula tem 32,4% de preferência, o dobro de Bolsonaro, em segundo lugar com 16,7%. Seu índice é quatro vezes maior que o de Marina, terceira colocada nessa simulação (7,6%). Tanta resiliência reforçará a aposta petista na transferência de votos.
A pesquisa permite também ao PT dizer que um contingente expressivo de eleitores rejeita uma eleição sem Lula: quando ele é excluído da lista de candidatos, 45% declaram-se indecisos ou dispostos a votar em branco ou nulo. Embora esta inclinação tenda a se alterar com a proximidade do pleito, ela nutre também o discurso das correntes de esquerda do PT, que flertam com o boicote ao pleito na linha “ou Lula ou nada”.
Se o PT ficará no mesmo lugar, outros movimentos podem acontecer em direção a Marina ou Ciro, agora melhor posicionados na contraposição a Bolsonaro que, apesar das previsões de que sua candidatura murcharia com o avanço do tempo e do jogo, segue firme como favorito na ausência de Lula. Na pesquisa CNT/MDA, Marina tem índice melhores que os de Ciro mas sua candidatura tem pontos francos que dificultam as alianças: escasso tempo de televisão (que seria ampliado com uma coligação), limitação de recursos logísticos e financeiros e a perda de aliados que ela conquistou nas campanhas anteriores, no empresariado e no chamado centro. A brisa neste momento sopra é a favor de Ciro. Alternativa natural da esquerda, ele faz acenos para o outro lado e desperta o interesse de setores da centro-direita.
Aí estão os partidos do Centrão, numa articulação para embarcarem numa mesma candidatura, caso a de Rodrigo Maia (DEM) não deslanche até junho. Na pesquisa CNT/MDA Maia se manteve no pelotão dos nanicos, com 0,4%, ao lado de candidatos como Flávio Rocha (PRB) e Henrique Meirelles (MDB). A pesquisa é desanimadora par a o tucano Gerado Alckmin, que passa de 4% para 5,3% quando Lula é excluído, movendo-se do quinto para o quarto lugar. O Centrão não rasga dinheiro nem aposta em cavalo pela cor. Vai esperar mais para fazer seu lance. Tal como o MDB com a candidatura de Meirelles, seu negócio é eleger grandes bancadas para barganhar apoio com o futuro presidente. Se já o apoiar na eleição, dando-lhe tempo de TV, melhor ainda. E assim teremos mais do mesmo, em matéria de governabilidade.
Estes achados poderão ser comparados, ainda esta semana, com os de pesquisa CUT/Vox Populi, realizada quase ao mesmo tempo.
Justiça em baixa
Apesar da Lava Jato e do ativismo judiciário, a Justiça sai-se muito mal na pesquisa CNT/MDA. Para 90,3%, ela não é igual para todos. É pouco confiável para 55,7% e nada confiável para 36,5%. Mas o fundo do poço é do Congresso e dos partidos, instituições menos confiáveis numa lista de oito, num ano de eleições gerais.
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