Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:
Com as revelações da Lava Jato sobre os vícios comuns a todos os partidos, inclusive aos três maiores, PT, PMDB e PSDB, e a consequente descrença da população na política, decretou-se amiúde, nos últimos tempos, a falência do quadro partidário brasileiro. E também que a eleição deste ano, em tais circunstâncias, favoreceria os outsiders, os estreantes e os partidos novos.
Olhando menos para a eleição presidencial e mais para a disputa nos estados, arrisco-me a dizer que as máquinas partidárias e as velhas armas ainda serão determinantes. É muito provável, por exemplo, que PT e PMDB, não necessariamente nesta ordem, elejam novamente as maiores bancadas da Câmara.
Na eleição presidencial o desempenho de Jair Bolsonaro nas pesquisas é uma confirmação parcial da crise sistêmica, pois, apesar de seu discurso “contra tudo e todos”, ele é um político profissional, deputado há 7 mandatos, filiado a seu nono partido. Fora ele, são todos do ramo. De Lula, que lidera mas deve ser impedido, à turma dos 2%. Exceção talvez seja João Amoedo, do Partido Novo, um executivo estreante na política.
Já nas disputas pelos governos estaduais, não se enxerga cavalo de fora na corrida. Na maioria dos estados ainda há grandes indefinições, por conta do atrelamento das alianças à disputa nacional, mas os candidatos melhor posicionados são todos representantes do velho sistema, numa indicação de que os instrumentos tradicionais, como força e capilaridade da máquina partidária, duração do horário eleitoral e nível de conhecimento dos candidatos devem ser determinantes.
O Rio é um caso atípico, em que a Lava Jato moeu quase todos no partido antes hegemônico, o MDB, e as outras siglas são anêmicas. Até agora não há favoritos nem alianças fechadas. Mas em São Paulo é o tucano Dória que está na frente, com a força da máquina. Em Minas deve se repetir o velho confronto entre o PT (governador Pimentel) e o PSDB (senador Anastasia).
Passemos ao Norte-Nordeste, onde o PT pode colher boas vitórias estaduais. Tem grandes chances de reeleger o governador da Bahia, Rui Costa, o do Piauí, Wellington Dias, e o do Ceará, Camilo Santana. E ainda pode eleger Fátima Bezerra no Rio Grande do Norte. No Maranhão, apoiará a reeleição de Flávio Dino, do PC do B, contra a emedebista Roseana Sarney. O MDB deve reeleger Renan Filho em Alagoas, e reconquistar o Pará com Helder Barbalho. Duas oligarquias em que o poder passa de pai para filho. Na Paraíba a disputa será entre o senador emedebista José Maranhão e João Azevedo, do PSB, apoiado pelo bem avaliado governador Ricardo Coutinho. A política pernambucana, que nunca foi para amadores, está embaralhadíssima. Se o PT apoiar o governador Paulo Câmara, do PSB, sua reeleição ganha impulso. Mas o PSB está namorando Ciro Gomes, e o PT teria que sacrificar a pré-candidata Marília Arraes. Dê no que der, a disputa será dentro do velho sistema partidário.
Nos estados do Sul também faltam favoritos, mas os pré-candidatos com chance são todos dos partidos tradicionais, não se avista possível “azarão”, o mesmo acontecendo no Centro-Oeste e estados não mencionados. De modo que, apesar do desgaste dos partidos e dos políticos, as velhas armas falarão mais alto, e isso significa que não haverá a tão projetada renovação, inclusive na Câmara. Além do PT e do MDB, os partidos do Centrão também devem se sair bem, pois não tendo candidatos a presidente, aplicarão toda a verba do fundo eleitoral nas campanhas de deputado e senador. Para quem vive de vender apoio, bancada é o que interessa.
Se estes prognósticos se confirmarem, será uma frustração para os desígnios da Lava Jato, de remover a elite política corrupta para que venha outra, mais pura. Aí está o procurador Dallagnol pregando o voto só em candidatos ficha-limpa, numa clara incompreensão de que os vícios da política são frutos do sistema, e em muito menor escala, do caráter dos indivíduos.
Com as revelações da Lava Jato sobre os vícios comuns a todos os partidos, inclusive aos três maiores, PT, PMDB e PSDB, e a consequente descrença da população na política, decretou-se amiúde, nos últimos tempos, a falência do quadro partidário brasileiro. E também que a eleição deste ano, em tais circunstâncias, favoreceria os outsiders, os estreantes e os partidos novos.
Olhando menos para a eleição presidencial e mais para a disputa nos estados, arrisco-me a dizer que as máquinas partidárias e as velhas armas ainda serão determinantes. É muito provável, por exemplo, que PT e PMDB, não necessariamente nesta ordem, elejam novamente as maiores bancadas da Câmara.
Na eleição presidencial o desempenho de Jair Bolsonaro nas pesquisas é uma confirmação parcial da crise sistêmica, pois, apesar de seu discurso “contra tudo e todos”, ele é um político profissional, deputado há 7 mandatos, filiado a seu nono partido. Fora ele, são todos do ramo. De Lula, que lidera mas deve ser impedido, à turma dos 2%. Exceção talvez seja João Amoedo, do Partido Novo, um executivo estreante na política.
Já nas disputas pelos governos estaduais, não se enxerga cavalo de fora na corrida. Na maioria dos estados ainda há grandes indefinições, por conta do atrelamento das alianças à disputa nacional, mas os candidatos melhor posicionados são todos representantes do velho sistema, numa indicação de que os instrumentos tradicionais, como força e capilaridade da máquina partidária, duração do horário eleitoral e nível de conhecimento dos candidatos devem ser determinantes.
O Rio é um caso atípico, em que a Lava Jato moeu quase todos no partido antes hegemônico, o MDB, e as outras siglas são anêmicas. Até agora não há favoritos nem alianças fechadas. Mas em São Paulo é o tucano Dória que está na frente, com a força da máquina. Em Minas deve se repetir o velho confronto entre o PT (governador Pimentel) e o PSDB (senador Anastasia).
Passemos ao Norte-Nordeste, onde o PT pode colher boas vitórias estaduais. Tem grandes chances de reeleger o governador da Bahia, Rui Costa, o do Piauí, Wellington Dias, e o do Ceará, Camilo Santana. E ainda pode eleger Fátima Bezerra no Rio Grande do Norte. No Maranhão, apoiará a reeleição de Flávio Dino, do PC do B, contra a emedebista Roseana Sarney. O MDB deve reeleger Renan Filho em Alagoas, e reconquistar o Pará com Helder Barbalho. Duas oligarquias em que o poder passa de pai para filho. Na Paraíba a disputa será entre o senador emedebista José Maranhão e João Azevedo, do PSB, apoiado pelo bem avaliado governador Ricardo Coutinho. A política pernambucana, que nunca foi para amadores, está embaralhadíssima. Se o PT apoiar o governador Paulo Câmara, do PSB, sua reeleição ganha impulso. Mas o PSB está namorando Ciro Gomes, e o PT teria que sacrificar a pré-candidata Marília Arraes. Dê no que der, a disputa será dentro do velho sistema partidário.
Nos estados do Sul também faltam favoritos, mas os pré-candidatos com chance são todos dos partidos tradicionais, não se avista possível “azarão”, o mesmo acontecendo no Centro-Oeste e estados não mencionados. De modo que, apesar do desgaste dos partidos e dos políticos, as velhas armas falarão mais alto, e isso significa que não haverá a tão projetada renovação, inclusive na Câmara. Além do PT e do MDB, os partidos do Centrão também devem se sair bem, pois não tendo candidatos a presidente, aplicarão toda a verba do fundo eleitoral nas campanhas de deputado e senador. Para quem vive de vender apoio, bancada é o que interessa.
Se estes prognósticos se confirmarem, será uma frustração para os desígnios da Lava Jato, de remover a elite política corrupta para que venha outra, mais pura. Aí está o procurador Dallagnol pregando o voto só em candidatos ficha-limpa, numa clara incompreensão de que os vícios da política são frutos do sistema, e em muito menor escala, do caráter dos indivíduos.
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