Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:
Apesar de suas esquisitices, a eleição deste ano é particularmente importante para as mulheres brasileiras.
Como eleitoras, serão 52% do universo de votantes, maioria que valorizará o voto feminino.
Como candidatas, disporão pela primeira vez de instrumentos que podem atenuar a nossa vergonhosa sub-representação política: nas eleições legislativas, além da cota de 30% das candidaturas para mulheres, os partidos terão que destinar a elas o mesmo percentual de tempo de televisão e de recursos do fundo eleitoral que financiará as campanhas.
Começo pelas eleitoras.
Nas pesquisas, as mulheres são maioria entre os eleitores indefinidos, desconfiados ou decepcionados que declaram não ter candidato ou admitem votar em branco ou nulo, o chamado não-voto.
Isso significa que estão sendo mais exigentes e vão decidir racionalmente, quando conhecerem melhor os candidatos e suas possibilidades.
No último Datafolha, na pesquisa espontânea, o não-voto alcançou 46%, índice composto por 54% de mulheres e 38% de homens.
A modalidade espontânea mostrou, ainda, que o candidato Jair Bolsonaro terá dificuldades para crescer entre as mulheres.
Ele obteve 12% de preferência total, mas alcançou 18% entre os homens e apenas 6% entre as mulheres. Para cada três eleitores, conta com apenas uma eleitora.
O voto em Lula é mais equilibrado: 9% entre elas e 10% entre eles.
A barreira feminina contra Bolsonaro reaparece na pesquisa estimulada.
Seu índice de 17% é composto por 23% de preferência entre homens contra apenas 11% entre mulheres.
Lula, no mesmo cenário, obtém 30% de preferência total, sendo de 31% as mulheres e 29% entre os homens. Quando Lula não aparece na cartela, o não-voto sobe de 17% para 28%, com as mulheres respondendo por 33% e os homens por 23%.
Entre os outros candidatos, elas são maioria nítida apenas entre os eleitores de Marina Silva, que cresce, entre as mulheres, de 11% para 17% quando Lula é excluído da cartela.
Em relação aos demais há empate ou prevalência do voto masculino, caso muito claro em relação a Ciro Gomes. Estes recortes sugerem que as mulheres preferem Lula e Marina, não gostam de Bolsonaro e quando as que integram o não-voto se definirem, poderão fazer diferença.
Agora vamos à busca do voto pelas mulheres que, embora sendo maioria na população e no eleitorado, ocupam apenas 11,3% das cadeiras no Congresso, o que coloca o Brasil num humilhante 152º lugar em representação política feminina no mundo.
Nas assembleias legislativas não é muito diferente.
Nas Câmaras de vereadores o quadro é um pouco melhor, com elas alcançando em média 13%.
Embora a lei das cotas partidárias seja de 1997, os 30% tornaram-se obrigatórios só a partir de 2010.
O número de candidatas aumentou, mas o de eleitas, não.
Em 2014, quando a primeira mulher, Dilma Rousseff , foi eleita presidente, 6.470 mulheres disputaram o pleito mas apenas 177 foram eleitas, segundo o TSE.
Um dos motivos para o pífio resultado das cotas foi sempre a falta de acesso ao financiamento, que era bancado por empresas.
Os homens que mandam nos partidos acertavam (hoje sabemos em que bases) as doações de empresários e distribuíam o dinheiro como queriam.
Em 2014, as mulheres ficaram com apenas 11% dos recursos. Agora, com o financiamento público e a reserva de 30% dos recursos para mulheres, haverá mais equidade na disputa. A bancada do Bolinha revoltou-se, mas seria preciso aprovar uma lei para reverter a decisão do TSE, e é tarde para isso.
Os partidos sempre burlaram a cota lançando “candidatas laranja”. As mulheres foram 85% entre os 18,5 mil candidatos que receberam menos de dez votos em 2014. Se a burla se repetir, pode neutralizar a grande chance que teremos este ano de reduzir a gritante desigualdade de gênero na política.
E combater a burla depende mais das próprias mulheres do que da lei.
Apesar de suas esquisitices, a eleição deste ano é particularmente importante para as mulheres brasileiras.
Como eleitoras, serão 52% do universo de votantes, maioria que valorizará o voto feminino.
Como candidatas, disporão pela primeira vez de instrumentos que podem atenuar a nossa vergonhosa sub-representação política: nas eleições legislativas, além da cota de 30% das candidaturas para mulheres, os partidos terão que destinar a elas o mesmo percentual de tempo de televisão e de recursos do fundo eleitoral que financiará as campanhas.
Começo pelas eleitoras.
Nas pesquisas, as mulheres são maioria entre os eleitores indefinidos, desconfiados ou decepcionados que declaram não ter candidato ou admitem votar em branco ou nulo, o chamado não-voto.
Isso significa que estão sendo mais exigentes e vão decidir racionalmente, quando conhecerem melhor os candidatos e suas possibilidades.
No último Datafolha, na pesquisa espontânea, o não-voto alcançou 46%, índice composto por 54% de mulheres e 38% de homens.
A modalidade espontânea mostrou, ainda, que o candidato Jair Bolsonaro terá dificuldades para crescer entre as mulheres.
Ele obteve 12% de preferência total, mas alcançou 18% entre os homens e apenas 6% entre as mulheres. Para cada três eleitores, conta com apenas uma eleitora.
O voto em Lula é mais equilibrado: 9% entre elas e 10% entre eles.
A barreira feminina contra Bolsonaro reaparece na pesquisa estimulada.
Seu índice de 17% é composto por 23% de preferência entre homens contra apenas 11% entre mulheres.
Lula, no mesmo cenário, obtém 30% de preferência total, sendo de 31% as mulheres e 29% entre os homens. Quando Lula não aparece na cartela, o não-voto sobe de 17% para 28%, com as mulheres respondendo por 33% e os homens por 23%.
Entre os outros candidatos, elas são maioria nítida apenas entre os eleitores de Marina Silva, que cresce, entre as mulheres, de 11% para 17% quando Lula é excluído da cartela.
Em relação aos demais há empate ou prevalência do voto masculino, caso muito claro em relação a Ciro Gomes. Estes recortes sugerem que as mulheres preferem Lula e Marina, não gostam de Bolsonaro e quando as que integram o não-voto se definirem, poderão fazer diferença.
Agora vamos à busca do voto pelas mulheres que, embora sendo maioria na população e no eleitorado, ocupam apenas 11,3% das cadeiras no Congresso, o que coloca o Brasil num humilhante 152º lugar em representação política feminina no mundo.
Nas assembleias legislativas não é muito diferente.
Nas Câmaras de vereadores o quadro é um pouco melhor, com elas alcançando em média 13%.
Embora a lei das cotas partidárias seja de 1997, os 30% tornaram-se obrigatórios só a partir de 2010.
O número de candidatas aumentou, mas o de eleitas, não.
Em 2014, quando a primeira mulher, Dilma Rousseff , foi eleita presidente, 6.470 mulheres disputaram o pleito mas apenas 177 foram eleitas, segundo o TSE.
Um dos motivos para o pífio resultado das cotas foi sempre a falta de acesso ao financiamento, que era bancado por empresas.
Os homens que mandam nos partidos acertavam (hoje sabemos em que bases) as doações de empresários e distribuíam o dinheiro como queriam.
Em 2014, as mulheres ficaram com apenas 11% dos recursos. Agora, com o financiamento público e a reserva de 30% dos recursos para mulheres, haverá mais equidade na disputa. A bancada do Bolinha revoltou-se, mas seria preciso aprovar uma lei para reverter a decisão do TSE, e é tarde para isso.
Os partidos sempre burlaram a cota lançando “candidatas laranja”. As mulheres foram 85% entre os 18,5 mil candidatos que receberam menos de dez votos em 2014. Se a burla se repetir, pode neutralizar a grande chance que teremos este ano de reduzir a gritante desigualdade de gênero na política.
E combater a burla depende mais das próprias mulheres do que da lei.
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