Por Mauro Santayana, em seu blog:
O pedido de penico da Argentina ao FMI, de 50 bilhões de dólares, uma situação impensável no governo Kirchner, que zerou o passivo do país com a instituição e diminuiu a dívida pública em dois terços, mostra o perigo de se entregar o país aos “analistas” do mercado, que só pensam em manipular investidores e promover a especulação, e em mentir descaradamente a serviço de uma mídia mendaz e hipócrita, na televisão e em outros meios de comunicação.
Quando Nestor Kirchner subiu ao poder, depois do desastroso governo austericida e conservador - na economia - de Fernando De La Rúa, as reservas internacionais argentinas eram de 14 bilhões de dólares e a relação dívida pública-PIB de 135% - uma das mais altas do mundo.
Quando sua mulher, Cristina Kirchner, que o sucedeu, saiu do poder, em 2015, a Argentina havia pago sua dívida com o FMI, as reservas eram de quase o dobro e a relação dívida-PIB quase três vezes menor, ou de 42% do PIB, mesmo com os pagamentos feitos aos fundos “abutres” que não aceitaram a renegociação da dívida nacional anterior à era Kirchner, determinados pelo juiz Griesa, de Nova Iorque.
Mas de nada adiantou esse esforço.
A relativa dignidade argentina - com todos os problemas e desafios enfrentados pelos governos Kirchner - durou menos que uma década.
Em apenas dois anos, a administração neoliberal, conservadora, entreguista, “pró-mercado” do governo Macri conseguiu aumentar a dívida pública do país em 10 pontos percentuais, para 56% do PIB, a inflação, no ano passado, foi de 25% e neste ano já passa de 15%.
Levando Buenos Aires a pedir novamente, depois de muitos anos, arrego ao Fundo Monetário Internacional.
I
Quase exatamente - lembram do efeito Orloff? - o que está começando a acontecer aqui.
Cantinho do mundo em que o governo neoliberal e entreguista atual recebeu o Brasil com uma relação dívida bruta-PIB de 63% e está correndo o risco de repassá-la ao próximo governo, no final do ano, próxima de 80%;
Com um aumento de mais de 16 pontos percentuais em pouco mais de dois anos, quando ela diminuiu, tanto no conceito bruto como no líquido - consultem os dados do Banco Mundial - nos 12 anos dos governos do PT.
Se Temer também ainda não está, como Macri, batendo às portas do Fundo Monetário Internacional, agradeça-se não ter tido ainda tempo, com as atitudes que anda tomando, de obrigar o país a tomar esse caminho.
E também aos governos nacionalistas anteriores, que pagaram em 2015 a dívida que FHC deixou com o FMI, de quarenta bilhões de dólares, e ainda multiplicaram por 10 as reservas internacionais, de 37 bilhões de dólares em 2002, para 370 bilhões de dólares em 2016.
O patamar em que se encontravam quando do desfecho da conspiração parlamentar, jurídica e midiática golpista que tirou - ao som das panelas e dos foguetes de milhares de otários - a Presidente Dilma Rousseff do poder,
A ponte para o “futuro”, do neoliberalismo abjeto e antinacional está dando certo na Argentina.
Já conseguiu levou o país do tango e das empanadas de volta para o passado e - de banho tomado, chupeta, pijaminha de seda e gumex no cabelo - de novo para o colo do Fundo Monetário Internacional.
Enquanto, por estas bandas, a parcela da mídia mais farsante e solerte continua insistindo, com asseclas próprios, além daqueles que são “convidados” e alugados, no discurso único, parcial, falacioso e calhorda de que o PT quebrou o Brasil.
Um país que já arrecadou um trilhão de reais em impostos este ano, produz quase três milhões de barris de petróleo por dia e é - ainda hoje - para a tristeza de certos vira-latas americanófilos que aqui coaxam permanentemente - o quarto maior credor individual externo dos Estados Unidos, como se pode conferir no site do tesouro dos EUA.
Mas, afinal, se o povo ficasse sabendo disso, como continuar destruindo os bancos públicos, os direitos dos trabalhadores e entregando o país aos gringos, a preço de banana, como se está fazendo permanentemente nesse governo ?
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