Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:
“O papel dos bancos mudou. Adam Smith pensava que os bancos existiam para servir as pessoas, mas agora é o oposto. Hoje em dia, as pessoas trabalham para servir aos bancos. Por causa de suas dívidas. Isso vai produzir raiva e as pessoas vão se dar conta de que vivem na ditadura dos bancos centrais do mundo. Talvez seja melhor viver sob a ditadura do proletariado.”.
Professor emérito da antropologia da Universidade da Cidade de Nova York, ele passou pelo Brasil para lançar “A Loucura da Razão Econômica, Marx e o Capital no Século 21”, seu mais recente livro editado pela Boitempo.
A entrevista ao Tutaméia foi realizada em inglês (acompanhe no vídeo). A economista Leda Paulani participou do encontro, junto conosco.
Na transmissão ao vivo pelo Facebook, legendas foram sendo feitas em tempo real pelos tradutores Gustavo Filippi, Re Gabrielle e Leda Beck (acompanhe em https://www.facebook.com/TutameiaTV/videos/517993935314114/).
Neoliberalismo gera onda autoritária no mundo
Começamos tratando dos 200 anos do nascimento de Karl Marx, completados há pouco. Por que o filósofo segue atual?
“Ele fez uma análise muito convincente e precisa de como funciona o capital, e isso não mudou muito. Não digo que tudo que ele falou está correto. Mas, como base, é impossível imaginar algo melhor do que o que Marx elaborou”, declara Harvey, autor de vários livros decifrando o clássico “O Capital”. Nos anos 1982, ele escreveu “Os Limites do Capital”, antevendo mudanças cruciais no sistema capitalista, que caminhava para o predomínio das finanças.
Harvey fala do crash de 2008, que está completando exatos dez anos. Observa a sucessão de crises –no Sudeste asiático, na Rússia, na Turquia, nos EUA, na Europa. Diz ele:
“A crise vem se movendo. Um dos maiores impactos da crise foi que o neoliberalismo perdeu sua legitimidade. O único jeito de conservar sua legitimidade é se tornar mais autoritário. Há uma linha direta entre a crise de 2008 e a volta dos regimes autoritários, nacionalistas. Ficou claro que o livre mercado não resolve todos os problemas. A única maneira de o neoliberalismo se manter é de forma cada vez mais autoritária, não só nos EUA, mas também na América do Sul, na Europa, na Turquia, na Índia. Há uma retórica populista e autoritária”, analisa.
Crise na China
É fato que a concentração de renda aumentou no mundo após a quebra do Lehman Brothers e de todo o turbilhão que se seguiu e que segue. Há outra crise na esquina?
Harvey responde: “A crise tem objetivo de disciplinar a população para algum tipo de regime de austeridade. O dinheiro grande gosta de crise. No mundo todo, durante crises, os ricos ficam mais ricos”.
Para o marxista, “a crise vai continuar se movendo. Existe uma crise financeira prestes a acontecer na China. Uma crise imobiliária seguida de uma crise financeira, que vai diminuir o apetite da China por matérias primas. Vocês já passaram por isso no Brasil. Em 2008, o impacto não foi tão grande para o Brasil justamente por causa da China. Quando a China começou a desacelerar, os BRICS sofreram com queda no comércio”.
Loucura financeira
Harvey, 82, condena a atuação do mercado financeiro global. “Dados recentes dizem que os maiores bancos dos EUA emprestam menos de 20% a atividades produtivas. 80% vai para atividades financeiras, especulação. É dinheiro comprando dinheiro, uma pirâmide. Bancos centrais criando dinheiro em estrutura global. Acho que isso é uma loucura que não tem como perdurar. Marx imaginou que isso poderia acontecer, e que, se acontecesse, o sistema poderia entrar em colapso”, afirma.
Atento a questões urbanas, ele fala das bolhas imobiliárias e declara: “As cidades não são construídas para as pessoas morarem, mas sim como investimentos”.
Tratamos dos movimentos sociais. Diz ele:
“A esquerda via por exemplo as redes sociais como mecanismos de liberação, mas elas são, na verdade, instrumentos de vigilância em muitos casos”. Na sua visão o Black Lives Matter “é muito político e reflete a longa história dessa luta nos EUA, com Martin Luther King, Malcom X etc”.
Para além do incensado Me Too (contra o assédio), Harvey diz que “há um tipo de movimento muito mais abrangente que é sobre a participação política feminina: salário igual para função igual etc. Tem mais gente se candidatando hoje do que nunca antes e isso já é muito importante”.
Ele pondera que “o movimento feminista não é claramente anticapitalista, e elas até podem ter algumas vantagens por conta do neoliberalismo”.
Grande capital adora Trump
Perguntamos sobre o futuro de Donald Trump. Harvey:
“Ele tem base, o grande capital o adora; ele desregulou muita coisa. Ele pode ser meio burro, mas fez tudo o que o mercado queria que ele fizesse. A questão sobre a possibilidade de impeachment depende das eleições para o Congresso. Eu não acho que passaria no Senado. Nós queremos nos livrar de Trump, mas também não queremos a volta da política dos Clinton”.
E acrescenta, com risos: “Eu sempre fui anti OTAN; ele também é. Tenho que admitir certa simpatia pela briga dele com a imprensa. Eu, como esquerdista, nunca me entendi bem com a imprensa americana também.
Choque na América do Sul
Antes entusiasta da onda progressista na América do Sul nos anos 2000, David Harvey está agora frustrado:
“Fiquei chocado com algumas das coisas que aconteceram recentemente na América Latina. A saída do Correa no Equador me chocou. Ele deveria ter criado uma base política, mas confiou demais no próprio carisma. Minha primeira impressão era de que a esquerda teria força o suficiente para retornar. A direita que assumiu o poder de direita agiu rápido para destruir o aparato construído pela esquerda.
Para ele, “a esquerda precisa pensar em se organizar numa linha mais sólida, antineoliberal no mínimo, se não anticapitalista”.
E continua: “O problema é que a esquerda não sabe o que fazer quando chega ao poder. Agora, várias cidades espanholas estão com governos de esquerda, mas, muitas vezes, esses governos não sabem o que fazer. Nós, da esquerda, não fizemos um bom trabalho nesse sentido.
Desenvolvimento autônomo
Harvey ressalta que “os recursos internos disponÍveis na América Latina permitem algum nível de desenvolvimento autônomo. Houve algum sucesso na industrialização apoiada pelo Estado no Brasil. Acho que talvez seja hora de fazer isso de novo, de forma coordenada, com as outras grandes economias da região.
Ele elogia a iniciativa do banco dos BRICS e avalia que “uma maior integração das economias latino-americanas seria muito bom.”
O geógrafo lembra que “hoje em dia, o Estado é demonizado. Mas parte dele precisa ser consolidado. Se você quer lidar com problemas como o de moradia, você precisa de muita ação pública.”
Soberania alimentar e MST
Ele trata novamente do Equador. Lá, diz, “se poderia ter uma política de soberania alimentar. Acho que a questão de soberania alimentar deve ser perseguida. É importante, porque em quase todo mundo todo o modo de vida agrário foi destruído. Reconstruir uma economia rural é muito importante hoje em dia. Isso é importante do ponto de vista da economia tradicional e também do ponto de vista revolucionário, como forma de romper com o sistema capitalista internacional”.
Lembramos que o MST persegue essas ideias e Harvey emenda: “Uma lição que aprendemos é que o MST pode fazer muito mais. E isso foi uma das minhas decepções com o Lula. Lula não apoiou de verdade o MST. A reforma agrária não avançou tanto no Lula. Acho que o Estado deve apoiar as linhas propostas pelo MST.
Lula livre
Apesar das críticas ao PT, Harvey defende a liberdade de Lula:
“Até onde sei, as provas contra Lula são muito fracas. Aparentemente, ele não fez nada que qualquer político não faria. Eu apoio o Lula Livre porque eu acho que essa é uma situação maluca. O maior acusador dele está na cadeia e o presidente atual também é acusado de corrupção. Corrupção é uma coisa complicada. É possível acusar pessoas de corrupção com alguma facilidade. Al Capone foi preso por sonegação fiscal, e não por homicídios, por exemplo. Corrupção é um conceito capcioso”.
E acrescenta: “Eu acredito que há uma conspiração da direita e, por esse motivo, eu apoio a libertação de Lula. O que foi feito com ele é ultrajante, vingativo e inaceitável do ponto de vista democrático”.
A luta continua!
Harvey fala do novo livro:
“A economia convencional não lida bem com contradições. O resultado é que surgem políticas econômicas que aumentam a desigualdade, por exemplo, e que propõem soluções que pioram o problema. Como, por exemplo, acreditar que o livre mercado é capaz de oferecer moradia acessível. Nós já vimos que isso não acontece”.
E mais: “O capitalismo, que teoricamente definiria a liberdade, na verdade, significa dívida, escravidão ao dinheiro. Se você está interessado em liberdade, agora terá que ver como nos libertaremos desse sistema”.
Algum comentário final, perguntamos?
Harvey: “A luta continua! É difícil, porque o mundo está completamente louco! O capitalismo fez algumas coisas inovadoras, fantásticas, historicamente, mas agora precisamos caminhar para outra coisa.”
“O papel dos bancos mudou. Adam Smith pensava que os bancos existiam para servir as pessoas, mas agora é o oposto. Hoje em dia, as pessoas trabalham para servir aos bancos. Por causa de suas dívidas. Isso vai produzir raiva e as pessoas vão se dar conta de que vivem na ditadura dos bancos centrais do mundo. Talvez seja melhor viver sob a ditadura do proletariado.”.
Palavras de David Harvey ao Tutaméia na noite de quinta-feira, 23.08. Em nosso estúdio caseiro, o geógrafo britânico marxista falou das crises do capitalismo, da ascensão conservadora na América Latina, do avanço do autoritarismo após o crash de 2008, de seu apoio à campanha pela libertação de Lula:
“Eu acredito que há uma conspiração da direita e, por esse motivo, eu apoio a libertação de Lula. O que foi feito com ele é ultrajante, vingativo e inaceitável do ponto de vista democrático”, declarou.
Donald Trump, Black Lives Matter, Me Too, MST, Marx, Equador, mídia. Harvey transitou por múltiplos temas. Previu uma crise na China e propôs uma dose de desenvolvimento autônomo na América Latina e advertiu: “A esquerda precisa pensar em se organizar numa linha mais sólida, antineoliberal no mínimo, se não anticapitalista”.
Donald Trump, Black Lives Matter, Me Too, MST, Marx, Equador, mídia. Harvey transitou por múltiplos temas. Previu uma crise na China e propôs uma dose de desenvolvimento autônomo na América Latina e advertiu: “A esquerda precisa pensar em se organizar numa linha mais sólida, antineoliberal no mínimo, se não anticapitalista”.
Professor emérito da antropologia da Universidade da Cidade de Nova York, ele passou pelo Brasil para lançar “A Loucura da Razão Econômica, Marx e o Capital no Século 21”, seu mais recente livro editado pela Boitempo.
A entrevista ao Tutaméia foi realizada em inglês (acompanhe no vídeo). A economista Leda Paulani participou do encontro, junto conosco.
Na transmissão ao vivo pelo Facebook, legendas foram sendo feitas em tempo real pelos tradutores Gustavo Filippi, Re Gabrielle e Leda Beck (acompanhe em https://www.facebook.com/TutameiaTV/videos/517993935314114/).
Neoliberalismo gera onda autoritária no mundo
Começamos tratando dos 200 anos do nascimento de Karl Marx, completados há pouco. Por que o filósofo segue atual?
“Ele fez uma análise muito convincente e precisa de como funciona o capital, e isso não mudou muito. Não digo que tudo que ele falou está correto. Mas, como base, é impossível imaginar algo melhor do que o que Marx elaborou”, declara Harvey, autor de vários livros decifrando o clássico “O Capital”. Nos anos 1982, ele escreveu “Os Limites do Capital”, antevendo mudanças cruciais no sistema capitalista, que caminhava para o predomínio das finanças.
Harvey fala do crash de 2008, que está completando exatos dez anos. Observa a sucessão de crises –no Sudeste asiático, na Rússia, na Turquia, nos EUA, na Europa. Diz ele:
“A crise vem se movendo. Um dos maiores impactos da crise foi que o neoliberalismo perdeu sua legitimidade. O único jeito de conservar sua legitimidade é se tornar mais autoritário. Há uma linha direta entre a crise de 2008 e a volta dos regimes autoritários, nacionalistas. Ficou claro que o livre mercado não resolve todos os problemas. A única maneira de o neoliberalismo se manter é de forma cada vez mais autoritária, não só nos EUA, mas também na América do Sul, na Europa, na Turquia, na Índia. Há uma retórica populista e autoritária”, analisa.
Crise na China
É fato que a concentração de renda aumentou no mundo após a quebra do Lehman Brothers e de todo o turbilhão que se seguiu e que segue. Há outra crise na esquina?
Harvey responde: “A crise tem objetivo de disciplinar a população para algum tipo de regime de austeridade. O dinheiro grande gosta de crise. No mundo todo, durante crises, os ricos ficam mais ricos”.
Para o marxista, “a crise vai continuar se movendo. Existe uma crise financeira prestes a acontecer na China. Uma crise imobiliária seguida de uma crise financeira, que vai diminuir o apetite da China por matérias primas. Vocês já passaram por isso no Brasil. Em 2008, o impacto não foi tão grande para o Brasil justamente por causa da China. Quando a China começou a desacelerar, os BRICS sofreram com queda no comércio”.
Loucura financeira
Harvey, 82, condena a atuação do mercado financeiro global. “Dados recentes dizem que os maiores bancos dos EUA emprestam menos de 20% a atividades produtivas. 80% vai para atividades financeiras, especulação. É dinheiro comprando dinheiro, uma pirâmide. Bancos centrais criando dinheiro em estrutura global. Acho que isso é uma loucura que não tem como perdurar. Marx imaginou que isso poderia acontecer, e que, se acontecesse, o sistema poderia entrar em colapso”, afirma.
Atento a questões urbanas, ele fala das bolhas imobiliárias e declara: “As cidades não são construídas para as pessoas morarem, mas sim como investimentos”.
Tratamos dos movimentos sociais. Diz ele:
“A esquerda via por exemplo as redes sociais como mecanismos de liberação, mas elas são, na verdade, instrumentos de vigilância em muitos casos”. Na sua visão o Black Lives Matter “é muito político e reflete a longa história dessa luta nos EUA, com Martin Luther King, Malcom X etc”.
Para além do incensado Me Too (contra o assédio), Harvey diz que “há um tipo de movimento muito mais abrangente que é sobre a participação política feminina: salário igual para função igual etc. Tem mais gente se candidatando hoje do que nunca antes e isso já é muito importante”.
Ele pondera que “o movimento feminista não é claramente anticapitalista, e elas até podem ter algumas vantagens por conta do neoliberalismo”.
Grande capital adora Trump
Perguntamos sobre o futuro de Donald Trump. Harvey:
“Ele tem base, o grande capital o adora; ele desregulou muita coisa. Ele pode ser meio burro, mas fez tudo o que o mercado queria que ele fizesse. A questão sobre a possibilidade de impeachment depende das eleições para o Congresso. Eu não acho que passaria no Senado. Nós queremos nos livrar de Trump, mas também não queremos a volta da política dos Clinton”.
E acrescenta, com risos: “Eu sempre fui anti OTAN; ele também é. Tenho que admitir certa simpatia pela briga dele com a imprensa. Eu, como esquerdista, nunca me entendi bem com a imprensa americana também.
Choque na América do Sul
Antes entusiasta da onda progressista na América do Sul nos anos 2000, David Harvey está agora frustrado:
“Fiquei chocado com algumas das coisas que aconteceram recentemente na América Latina. A saída do Correa no Equador me chocou. Ele deveria ter criado uma base política, mas confiou demais no próprio carisma. Minha primeira impressão era de que a esquerda teria força o suficiente para retornar. A direita que assumiu o poder de direita agiu rápido para destruir o aparato construído pela esquerda.
Para ele, “a esquerda precisa pensar em se organizar numa linha mais sólida, antineoliberal no mínimo, se não anticapitalista”.
E continua: “O problema é que a esquerda não sabe o que fazer quando chega ao poder. Agora, várias cidades espanholas estão com governos de esquerda, mas, muitas vezes, esses governos não sabem o que fazer. Nós, da esquerda, não fizemos um bom trabalho nesse sentido.
Desenvolvimento autônomo
Harvey ressalta que “os recursos internos disponÍveis na América Latina permitem algum nível de desenvolvimento autônomo. Houve algum sucesso na industrialização apoiada pelo Estado no Brasil. Acho que talvez seja hora de fazer isso de novo, de forma coordenada, com as outras grandes economias da região.
Ele elogia a iniciativa do banco dos BRICS e avalia que “uma maior integração das economias latino-americanas seria muito bom.”
O geógrafo lembra que “hoje em dia, o Estado é demonizado. Mas parte dele precisa ser consolidado. Se você quer lidar com problemas como o de moradia, você precisa de muita ação pública.”
Soberania alimentar e MST
Ele trata novamente do Equador. Lá, diz, “se poderia ter uma política de soberania alimentar. Acho que a questão de soberania alimentar deve ser perseguida. É importante, porque em quase todo mundo todo o modo de vida agrário foi destruído. Reconstruir uma economia rural é muito importante hoje em dia. Isso é importante do ponto de vista da economia tradicional e também do ponto de vista revolucionário, como forma de romper com o sistema capitalista internacional”.
Lembramos que o MST persegue essas ideias e Harvey emenda: “Uma lição que aprendemos é que o MST pode fazer muito mais. E isso foi uma das minhas decepções com o Lula. Lula não apoiou de verdade o MST. A reforma agrária não avançou tanto no Lula. Acho que o Estado deve apoiar as linhas propostas pelo MST.
Lula livre
Apesar das críticas ao PT, Harvey defende a liberdade de Lula:
“Até onde sei, as provas contra Lula são muito fracas. Aparentemente, ele não fez nada que qualquer político não faria. Eu apoio o Lula Livre porque eu acho que essa é uma situação maluca. O maior acusador dele está na cadeia e o presidente atual também é acusado de corrupção. Corrupção é uma coisa complicada. É possível acusar pessoas de corrupção com alguma facilidade. Al Capone foi preso por sonegação fiscal, e não por homicídios, por exemplo. Corrupção é um conceito capcioso”.
E acrescenta: “Eu acredito que há uma conspiração da direita e, por esse motivo, eu apoio a libertação de Lula. O que foi feito com ele é ultrajante, vingativo e inaceitável do ponto de vista democrático”.
A luta continua!
Harvey fala do novo livro:
“A economia convencional não lida bem com contradições. O resultado é que surgem políticas econômicas que aumentam a desigualdade, por exemplo, e que propõem soluções que pioram o problema. Como, por exemplo, acreditar que o livre mercado é capaz de oferecer moradia acessível. Nós já vimos que isso não acontece”.
E mais: “O capitalismo, que teoricamente definiria a liberdade, na verdade, significa dívida, escravidão ao dinheiro. Se você está interessado em liberdade, agora terá que ver como nos libertaremos desse sistema”.
Algum comentário final, perguntamos?
Harvey: “A luta continua! É difícil, porque o mundo está completamente louco! O capitalismo fez algumas coisas inovadoras, fantásticas, historicamente, mas agora precisamos caminhar para outra coisa.”
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