Editorial do site Vermelho:
Na democracia, o povo é a fonte da soberania. Ele encarna o direito do voto como caminho mais legítimo para um sistema político verdadeiramente representativo e democrático. Afrontá-lo é uma atitude incivilizada, um desprezo ao pacto que gerou a Constituição da República. Mesmo golpeada nesse período em que forças retrógadas assaltaram o poder, ela é a batuta que rege as eleições deste ano. Foi o que fez Jair Bolsonaro, em mais um de seus arroubos autoritários.
De acordo o candidato do PSL, haveria um complô para derrotá-lo, mais provavelmente no segundo turno, que estaria sendo armado para fraudar as urnas eletrônicas. “O PT descobriu o caminho para o poder: o voto eletrônico", esbravejou Bolsonaro.
Há, nessas declarações, mensagens subliminares. Com esse assaque à democracia, o candidato da extrema direita, fascista, incita seus seguidores à exasperação, apostando no limite da tensão criada por sua tática da radicalização, ao mesmo tempo em que lança uma espécie de ordem unida para a amarração dos votos que ele julga conquistáveis. Seu medo da decisão soberana do eleitorado é explícito. Afinal, não é do seu feitio manifestar apreço à democracia.
A afronta de Bolsonaro também semeia golpismo ao insinuar que ele não acatará a decisão das urnas. Suas palavras são como sementes de insubordinação às regras do jogo democrático, uma confissão de que eleições só têm serventia se for para decidir a seu favor. Soma-se a essa ameaça os vitupérios do general Hamilton Mourão, o candidato a vice-presidente de Bolsonaro, pregando que um autogolpe pode ser deflagrado em situação hipotética de “anarquia”. Nos dois casos há uma confessa intenção de não respeitar as regras eleitorais vigentes e a democracia.
Um aspecto de alta relevância nesse festival de insensatez é o uso do “petismo” como motivo para as ameaças. Bolsonaro e Mourão sabem que no jogo limpo, dentro das regras constitucionais, será muito difícil deter a grande aceitação, conquistada em apenas uma semana, da chapa Fernando Haddad-Manuela d’Ávila. Ao contrário das intenções de votos da extrema direita, impulsionadas pela exasperação radicalizada e sustentadas na retórica do terrorismo ideológico, a densidade eleitoral destas candidaturas está lastreada em um programa de governo cujos efeitos benéficos para largas camadas da população são visíveis a olho nu.
Esse recurso de afrontar a democracia tem precedente. Nas eleições de 2014 o PSDB, partido do candidato da direita Aécio Neves, sob a alegação de "desconfianças" propagadas nas redes sociais que “colocam em dúvida desde o processo de votação até a totalização" da contagem nas eleições presidenciais, pediu à Justiça Eleitoral uma auditoria no resultado do segundo turno que deu vitória à presidenta Dilma Rousseff. O tapetão não deu em nada — a não ser no reconhecimento do ex-presidente tucano Tasso Jereissati de que a iniciativa foi um erro e no atestado de lisura na apuração pela presidente do TSE Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rosa Weber.
Segundo a ministra, em 22 anos de utilização de urnas eletrônicas não há nenhum caso de fraude comprovada. “As pessoas são livres para expressar a sua opinião, mas quando essa opinião é desconectada com a realidade, nós temos que buscar os dados da realidade", opinou. Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), também criticou o devaneio de Bolsonaro, dizendo que ele "sempre foi eleito" por meio desse equipamento. “Tem gente que acredita em Saci Pererê", agulhou.
Essa ofensiva da chapa da extrema direita não pode ser subestimada. Não é algo irrelevante e meramente conjuntural. É parte da essência de uma proposta eleitoral antidemocrática, uma pregação aberta de insubordinação às urnas que levanta suspeitas infundadas, sem nenhum respaldo em evidências. Ao mesmo tempo, busca insuflar o golpismo para induzi-lo a entrar no terreno da conspiração contra a vontade do povo. Merece firme repúdio de todas as forças política e ideológicas comprometidas com a democracia.
Na democracia, o povo é a fonte da soberania. Ele encarna o direito do voto como caminho mais legítimo para um sistema político verdadeiramente representativo e democrático. Afrontá-lo é uma atitude incivilizada, um desprezo ao pacto que gerou a Constituição da República. Mesmo golpeada nesse período em que forças retrógadas assaltaram o poder, ela é a batuta que rege as eleições deste ano. Foi o que fez Jair Bolsonaro, em mais um de seus arroubos autoritários.
De acordo o candidato do PSL, haveria um complô para derrotá-lo, mais provavelmente no segundo turno, que estaria sendo armado para fraudar as urnas eletrônicas. “O PT descobriu o caminho para o poder: o voto eletrônico", esbravejou Bolsonaro.
Há, nessas declarações, mensagens subliminares. Com esse assaque à democracia, o candidato da extrema direita, fascista, incita seus seguidores à exasperação, apostando no limite da tensão criada por sua tática da radicalização, ao mesmo tempo em que lança uma espécie de ordem unida para a amarração dos votos que ele julga conquistáveis. Seu medo da decisão soberana do eleitorado é explícito. Afinal, não é do seu feitio manifestar apreço à democracia.
A afronta de Bolsonaro também semeia golpismo ao insinuar que ele não acatará a decisão das urnas. Suas palavras são como sementes de insubordinação às regras do jogo democrático, uma confissão de que eleições só têm serventia se for para decidir a seu favor. Soma-se a essa ameaça os vitupérios do general Hamilton Mourão, o candidato a vice-presidente de Bolsonaro, pregando que um autogolpe pode ser deflagrado em situação hipotética de “anarquia”. Nos dois casos há uma confessa intenção de não respeitar as regras eleitorais vigentes e a democracia.
Um aspecto de alta relevância nesse festival de insensatez é o uso do “petismo” como motivo para as ameaças. Bolsonaro e Mourão sabem que no jogo limpo, dentro das regras constitucionais, será muito difícil deter a grande aceitação, conquistada em apenas uma semana, da chapa Fernando Haddad-Manuela d’Ávila. Ao contrário das intenções de votos da extrema direita, impulsionadas pela exasperação radicalizada e sustentadas na retórica do terrorismo ideológico, a densidade eleitoral destas candidaturas está lastreada em um programa de governo cujos efeitos benéficos para largas camadas da população são visíveis a olho nu.
Esse recurso de afrontar a democracia tem precedente. Nas eleições de 2014 o PSDB, partido do candidato da direita Aécio Neves, sob a alegação de "desconfianças" propagadas nas redes sociais que “colocam em dúvida desde o processo de votação até a totalização" da contagem nas eleições presidenciais, pediu à Justiça Eleitoral uma auditoria no resultado do segundo turno que deu vitória à presidenta Dilma Rousseff. O tapetão não deu em nada — a não ser no reconhecimento do ex-presidente tucano Tasso Jereissati de que a iniciativa foi um erro e no atestado de lisura na apuração pela presidente do TSE Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rosa Weber.
Segundo a ministra, em 22 anos de utilização de urnas eletrônicas não há nenhum caso de fraude comprovada. “As pessoas são livres para expressar a sua opinião, mas quando essa opinião é desconectada com a realidade, nós temos que buscar os dados da realidade", opinou. Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), também criticou o devaneio de Bolsonaro, dizendo que ele "sempre foi eleito" por meio desse equipamento. “Tem gente que acredita em Saci Pererê", agulhou.
Essa ofensiva da chapa da extrema direita não pode ser subestimada. Não é algo irrelevante e meramente conjuntural. É parte da essência de uma proposta eleitoral antidemocrática, uma pregação aberta de insubordinação às urnas que levanta suspeitas infundadas, sem nenhum respaldo em evidências. Ao mesmo tempo, busca insuflar o golpismo para induzi-lo a entrar no terreno da conspiração contra a vontade do povo. Merece firme repúdio de todas as forças política e ideológicas comprometidas com a democracia.
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