Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
De onde vieram os votos que garantiram a liderança de Bolsonaro nas pesquisas com índices próximos a 30%?
Basta olhar para a posição do tucano Geraldo Alckmin nos mesmos levantamentos, empacado em torno de 8%, para saber o que aconteceu na campanha de 2018.
Em outras eleições, estes votos do capitão do Exército iriam naturalmente para o PSDB, principal adversário do PT nas últimas seis eleições presidenciais.
A radicalização política do país que se seguiu ao golpe de 2016 e a implosão dos partidos pela Lava Jato produziu esta anomalia chamada bolsonarismo, para se contrapor ao petismo.
Desde 1994, o segundo turno das eleições sempre foi disputado entre PT e PSDB, e não havia nenhum candidato assumido da direitona enrustida, que por falta de opção despejava seus votos nos tucanos.
Agora, Bolsonaro jogou a velha polarização entre os dois partidos para o ar, soltou a direitona do armário e se apresentou de cara como candidato da extrema-direita, tendo como sua principal arma o antipetismo ululante.
Por ironia do destino, o deputado do baixo clero e seus aliados de ocasião nos três poderes, no alto empresariado, na mídia e no mercado financeiro, não conseguiram tirar votos do PT, mas esfarelaram o PSDB, que ficou sem bandeira e sem discurso, deixando Alckmin a falar sozinho com um dígito nas pesquisas.
Uma boa pista para entender o que aconteceu é ler os comentários dos leitores do Estadão no online.
Porta-voz histórico dos tucanos e do antipetismo, o Estadão logo aderiu ao golpe para derrubar Dilma e apoiar Temer, mas viu sua freguesia pular sem escalas para os braços de Bolsonaro, com cometários cada vez mais ferozes contra qualquer colunista que critica o capitão.
“Ficamos sem um líder e com um adversário a nos ameaçar. A decisão lógica foi o Bolsonaro. Não por nossa culpa, mas dos nossos fracos líderes”, escreveu nesta quinta-feira o ex-tucano Lucelino Laranjeira, sintetizando um pensamento comum a nove entre dez dos velhos leitores do Estadão.
“Quanto mais o Alckmin bate no Bolsonaro, mais votos ele vai perder”, acrescenta Fernando Rezende.
Em consequência dessa reviravolta, o PSDB está correndo o risco de perder as eleições tanto para governador como para presidente em São Paulo (ver post anterior), o seu principal reduto, algo inédito nos últimos 25 anos de domínio absoluto do tucanato.
A 10 dias das eleições gerais, enquanto as milicias bolsonaristas já desfilam em Copocabana, sem camisa e com calças militares camufladas, como se pode ver na internet, gritando “Mito!, a velha elite paulistana se prepara para não só apoiar mas bancar Bolsonaro no segundo turno.
Até o chanceler Aloysio Nunes, último tucano no governo de Michel Temer, já saiu em defesa de Jair Bolsonaro, garantindo que uma possível vitória do capitão afastado pelo Exército aos 32 anos “não resultará em nenhum retrocesso” porque ele “joga de acordo com as regras da democracia”.
Para aumentar o vexame, Nunes disse isso e outras barbaridades em Nova York, durante entrevista à BBC News Brasil.
Neste fim de semana, além das manifestações das mulheres programadas para sábado por todo o país pelo movimento #EleNão, protestos contra a candidatura de Jair Bolsonaro estão previstas em 60 países ao redor do mundo.
Faltam agora apenas quatro programas de presidenciáveis na TV e os dois debates finais da Record e da Globo para fechar a campanha, com todas as pesquisas apontando para um segundo turno entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad.
Vida que segue.
Basta olhar para a posição do tucano Geraldo Alckmin nos mesmos levantamentos, empacado em torno de 8%, para saber o que aconteceu na campanha de 2018.
Em outras eleições, estes votos do capitão do Exército iriam naturalmente para o PSDB, principal adversário do PT nas últimas seis eleições presidenciais.
A radicalização política do país que se seguiu ao golpe de 2016 e a implosão dos partidos pela Lava Jato produziu esta anomalia chamada bolsonarismo, para se contrapor ao petismo.
Desde 1994, o segundo turno das eleições sempre foi disputado entre PT e PSDB, e não havia nenhum candidato assumido da direitona enrustida, que por falta de opção despejava seus votos nos tucanos.
Agora, Bolsonaro jogou a velha polarização entre os dois partidos para o ar, soltou a direitona do armário e se apresentou de cara como candidato da extrema-direita, tendo como sua principal arma o antipetismo ululante.
Por ironia do destino, o deputado do baixo clero e seus aliados de ocasião nos três poderes, no alto empresariado, na mídia e no mercado financeiro, não conseguiram tirar votos do PT, mas esfarelaram o PSDB, que ficou sem bandeira e sem discurso, deixando Alckmin a falar sozinho com um dígito nas pesquisas.
Uma boa pista para entender o que aconteceu é ler os comentários dos leitores do Estadão no online.
Porta-voz histórico dos tucanos e do antipetismo, o Estadão logo aderiu ao golpe para derrubar Dilma e apoiar Temer, mas viu sua freguesia pular sem escalas para os braços de Bolsonaro, com cometários cada vez mais ferozes contra qualquer colunista que critica o capitão.
“Ficamos sem um líder e com um adversário a nos ameaçar. A decisão lógica foi o Bolsonaro. Não por nossa culpa, mas dos nossos fracos líderes”, escreveu nesta quinta-feira o ex-tucano Lucelino Laranjeira, sintetizando um pensamento comum a nove entre dez dos velhos leitores do Estadão.
“Quanto mais o Alckmin bate no Bolsonaro, mais votos ele vai perder”, acrescenta Fernando Rezende.
Em consequência dessa reviravolta, o PSDB está correndo o risco de perder as eleições tanto para governador como para presidente em São Paulo (ver post anterior), o seu principal reduto, algo inédito nos últimos 25 anos de domínio absoluto do tucanato.
A 10 dias das eleições gerais, enquanto as milicias bolsonaristas já desfilam em Copocabana, sem camisa e com calças militares camufladas, como se pode ver na internet, gritando “Mito!, a velha elite paulistana se prepara para não só apoiar mas bancar Bolsonaro no segundo turno.
Até o chanceler Aloysio Nunes, último tucano no governo de Michel Temer, já saiu em defesa de Jair Bolsonaro, garantindo que uma possível vitória do capitão afastado pelo Exército aos 32 anos “não resultará em nenhum retrocesso” porque ele “joga de acordo com as regras da democracia”.
Para aumentar o vexame, Nunes disse isso e outras barbaridades em Nova York, durante entrevista à BBC News Brasil.
Neste fim de semana, além das manifestações das mulheres programadas para sábado por todo o país pelo movimento #EleNão, protestos contra a candidatura de Jair Bolsonaro estão previstas em 60 países ao redor do mundo.
Faltam agora apenas quatro programas de presidenciáveis na TV e os dois debates finais da Record e da Globo para fechar a campanha, com todas as pesquisas apontando para um segundo turno entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad.
Vida que segue.
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