Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
Um gigantesco e milionário esquema de fraudes e crimes eleitorais praticados na eleição pela campanha de Jair Bolsonaro foi revelado nesta quarta-feira pela repórter Patrícia Campos Mello, na Folha.
“Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp” é o título da matéria na página A4, que informa:
“Empresas estão comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp e preparam uma grande operação na semana anterior ao segundo turno”.
“A prática é ilegal, pois se trata de doação de campanha por empresas, vedada pela legislação eleitoral e não declarada. A Folha apurou que cada contrato chega a R$12 milhões e, entre as empresas compradoras, está a Havan. Os contratos são para disparos de centenas de milhões de mensagens”.
Está explicado o “Fenômeno Bolsonaro” nas pesquisas, que de fenômeno não tem nada.
É o resultado de uma operação de guerra que começou a ser montada pelo capitão reformado ainda em 2015 e foi sendo multiplicada em progressão geométrica durante a campanha eleitoral, com a utilização de recursos tecnológicos e financeiros fornecidos por empresas que se uniram ao candidato militar para derrotar o PT.
A matéria explica como funciona o esquema:
“As empresas apoiando o candidato Jair Bolsonaro (PSL) compram um serviço chamado “disparo em massa”, usando a base de usuários do próprio candidato ou bases vendidas por agências de estratégia digital. Isso também é ilegal, pois a legislação eleitoral proíbe compra de base de terceiros, só permitindo o uso de listas de apoiadores do próprio candidato (números fornecidos de forma voluntária)”.
A denúncia da Folha é gravíssima, mas até o momento em que comecei a escrever ainda não tinha visto nenhuma reação da Justiça Eleitoral.
Vocês devem se lembrar que, em junho último, quando era presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Luiz Fux, aquele do topetão de asas de graúna, cansou de aparecer no Jornal Nacional para anunciar medidas com o objetivo de impedir o uso criminoso das redes sociais na eleição.
No dia 6 de junho, o repórter Renan Ramalho, escreveu no G1, do Grupo Globo:
“O presidente do Superior Tribunal Eleitoral (TSE), Luiz Fux, afirmou nesta quinta-feira que a Justiça Eleitoral poderá eventualmente anular o resultado de uma eleição se esse resultado for decorrência da difusão massiva de fake news, as notícias falsas.”
Para dar maior pompa à sua declaração, Fux falou em evento promovido pelo TSE com a União Européia, para discutir formas de combate à disseminação de conteúdo falso na internet que possa afetar a disputa eleitoral.
Devem estar discutindo até agora, mas tomar providências e punir os infratores, que é bom, nada.
Embora invasão de fake news não seja uma novidade para quem frequenta as redes sociais neste período eleitoral, foi preciso que uma jornalista, por conta própria, fosse investigar o funcionamento do sistema criminoso, que está definindo os rumos desta campanha, e pode levar à anulação da eleição, como ameaçou o valente Fux, apenas cinco meses atrás.
Ficamos sabendo também como se formou a “onda conservadora” no final do primeiro turno, em que Bolsonaro não parava mais subir nas pesquisas, enquanto aumentava a rejeição ao adversário do PT, muito acima da média do partido.
Não foi por nenhum milagre de multiplicação espontânea de votos que a bancada do nanico partido de aluguel PSL, em que Bolsonaro se hospedou, passou de 8 para 52 deputados formando a segunda maior bancada da Câmara Federal, logo abaixo do PT.
Cacarecos variados, militares, policiais, pistoleiros da internet, musas do impeachment e outros bichos surfaram nesta onda também chamada de “renovação na política”.
Agora que a repórter levantou o véu diáfano da fantasia eleitoral, quem sabe a Justiça Eleitoral, a Procuradoria Geral da República, a Polícia Federal e outros órgãos de controle do Estado, que já fizeram mil reuniões, saiam da letargia e investiguem a fundo de onde vêm os recursos e de onde é gerada essa usina de fake news que assolou a campanha eleitoral no Brasil.
Ontem mesmo, em Brasília, enquanto a repórter Patrícia Campos Mello apurava sua matéria, a atual presidente do TSE, Rosa Weber, fazia mais uma reunião com representantes das campanhas de Bolsonaro e Haddad para “discutir medidas de combate a notícias falsas”.
Que beleza! Agora? A apenas 10 dias da eleição, eles ainda estão discutindo medidas de prevenção de incêndio numa casa que está pegando fogo…
Rosa Weber tinha a seu lado, a propósito, o sempre diáfano ministro Luiz Roberto Barroso, ligeiríssimo para tirar Lula da campanha eleitoral, como relator no TSE, mas agora, ao que parece, sem muita pressa para esclarecer os crimes desta bandidagem cibernética.
Foi desta forma que mentindo, manipulando imagens, publicando as maiores atrocidades contra adversários, que a tropa de Bolsonaro nas redes sociais transformou as belíssimas manifestações das mulheres no protesto do #EleNão em “passeata das vadias com os seios de fora” a ameaçar a tradicional família brasileira.
E assim se “normalizou” a campanha fake de um candidato fake, que se esconde num bunker na Barra da Tijuca, foge dos debates e ataca o adversário com tiros de WhatsApp, reproduzidos nos grandes telejornais.
Nossos comentaristas e analistas políticos não precisam mais quebrar a cabeça para tentar entender e explicar o “Fenômeno Bolsonaro”, que surfou na onda do antipetismo, não por acaso formada pela Operação Lava Jato, na mesma época em que o capitão afastado do Exército iniciava sua caminhada rumo à presidência da República.
Basta ler a reportagem. Estão ali todas as pistas para quem estiver interessado em desvendar o “grande mistério” do favoritismo de um obscuro deputado do baixo clero na eleição presidencial.
Resta saber agora quem está por trás, quem montou e quem financiou esta arapuca nas redes sociais, e prender os responsáveis _ se possível, antes das eleições, é claro.
Se estiver mesmo interessado em combater notícias falsas, ainda que tarde, como prometeram Fux e Weber, bem que o TSE poderia tirar do ar o WhatsApp até apurar o que aconteceu.
Vida que segue.
“Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp” é o título da matéria na página A4, que informa:
“Empresas estão comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp e preparam uma grande operação na semana anterior ao segundo turno”.
“A prática é ilegal, pois se trata de doação de campanha por empresas, vedada pela legislação eleitoral e não declarada. A Folha apurou que cada contrato chega a R$12 milhões e, entre as empresas compradoras, está a Havan. Os contratos são para disparos de centenas de milhões de mensagens”.
Está explicado o “Fenômeno Bolsonaro” nas pesquisas, que de fenômeno não tem nada.
É o resultado de uma operação de guerra que começou a ser montada pelo capitão reformado ainda em 2015 e foi sendo multiplicada em progressão geométrica durante a campanha eleitoral, com a utilização de recursos tecnológicos e financeiros fornecidos por empresas que se uniram ao candidato militar para derrotar o PT.
A matéria explica como funciona o esquema:
“As empresas apoiando o candidato Jair Bolsonaro (PSL) compram um serviço chamado “disparo em massa”, usando a base de usuários do próprio candidato ou bases vendidas por agências de estratégia digital. Isso também é ilegal, pois a legislação eleitoral proíbe compra de base de terceiros, só permitindo o uso de listas de apoiadores do próprio candidato (números fornecidos de forma voluntária)”.
A denúncia da Folha é gravíssima, mas até o momento em que comecei a escrever ainda não tinha visto nenhuma reação da Justiça Eleitoral.
Vocês devem se lembrar que, em junho último, quando era presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Luiz Fux, aquele do topetão de asas de graúna, cansou de aparecer no Jornal Nacional para anunciar medidas com o objetivo de impedir o uso criminoso das redes sociais na eleição.
No dia 6 de junho, o repórter Renan Ramalho, escreveu no G1, do Grupo Globo:
“O presidente do Superior Tribunal Eleitoral (TSE), Luiz Fux, afirmou nesta quinta-feira que a Justiça Eleitoral poderá eventualmente anular o resultado de uma eleição se esse resultado for decorrência da difusão massiva de fake news, as notícias falsas.”
Para dar maior pompa à sua declaração, Fux falou em evento promovido pelo TSE com a União Européia, para discutir formas de combate à disseminação de conteúdo falso na internet que possa afetar a disputa eleitoral.
Devem estar discutindo até agora, mas tomar providências e punir os infratores, que é bom, nada.
Embora invasão de fake news não seja uma novidade para quem frequenta as redes sociais neste período eleitoral, foi preciso que uma jornalista, por conta própria, fosse investigar o funcionamento do sistema criminoso, que está definindo os rumos desta campanha, e pode levar à anulação da eleição, como ameaçou o valente Fux, apenas cinco meses atrás.
Ficamos sabendo também como se formou a “onda conservadora” no final do primeiro turno, em que Bolsonaro não parava mais subir nas pesquisas, enquanto aumentava a rejeição ao adversário do PT, muito acima da média do partido.
Não foi por nenhum milagre de multiplicação espontânea de votos que a bancada do nanico partido de aluguel PSL, em que Bolsonaro se hospedou, passou de 8 para 52 deputados formando a segunda maior bancada da Câmara Federal, logo abaixo do PT.
Cacarecos variados, militares, policiais, pistoleiros da internet, musas do impeachment e outros bichos surfaram nesta onda também chamada de “renovação na política”.
Agora que a repórter levantou o véu diáfano da fantasia eleitoral, quem sabe a Justiça Eleitoral, a Procuradoria Geral da República, a Polícia Federal e outros órgãos de controle do Estado, que já fizeram mil reuniões, saiam da letargia e investiguem a fundo de onde vêm os recursos e de onde é gerada essa usina de fake news que assolou a campanha eleitoral no Brasil.
Ontem mesmo, em Brasília, enquanto a repórter Patrícia Campos Mello apurava sua matéria, a atual presidente do TSE, Rosa Weber, fazia mais uma reunião com representantes das campanhas de Bolsonaro e Haddad para “discutir medidas de combate a notícias falsas”.
Que beleza! Agora? A apenas 10 dias da eleição, eles ainda estão discutindo medidas de prevenção de incêndio numa casa que está pegando fogo…
Rosa Weber tinha a seu lado, a propósito, o sempre diáfano ministro Luiz Roberto Barroso, ligeiríssimo para tirar Lula da campanha eleitoral, como relator no TSE, mas agora, ao que parece, sem muita pressa para esclarecer os crimes desta bandidagem cibernética.
Foi desta forma que mentindo, manipulando imagens, publicando as maiores atrocidades contra adversários, que a tropa de Bolsonaro nas redes sociais transformou as belíssimas manifestações das mulheres no protesto do #EleNão em “passeata das vadias com os seios de fora” a ameaçar a tradicional família brasileira.
E assim se “normalizou” a campanha fake de um candidato fake, que se esconde num bunker na Barra da Tijuca, foge dos debates e ataca o adversário com tiros de WhatsApp, reproduzidos nos grandes telejornais.
Nossos comentaristas e analistas políticos não precisam mais quebrar a cabeça para tentar entender e explicar o “Fenômeno Bolsonaro”, que surfou na onda do antipetismo, não por acaso formada pela Operação Lava Jato, na mesma época em que o capitão afastado do Exército iniciava sua caminhada rumo à presidência da República.
Basta ler a reportagem. Estão ali todas as pistas para quem estiver interessado em desvendar o “grande mistério” do favoritismo de um obscuro deputado do baixo clero na eleição presidencial.
Resta saber agora quem está por trás, quem montou e quem financiou esta arapuca nas redes sociais, e prender os responsáveis _ se possível, antes das eleições, é claro.
Se estiver mesmo interessado em combater notícias falsas, ainda que tarde, como prometeram Fux e Weber, bem que o TSE poderia tirar do ar o WhatsApp até apurar o que aconteceu.
Vida que segue.
0 comentários:
Postar um comentário