Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
Capas de revista, manchetes de jornais e pesquisas do mercado financeiro anunciam uma grande euforia nos últimos dias.
A que se se deve isso?
Está na manchete desta quarta-feira do site Infomoney: “Exclusivo: 63% aprovam escolhas de Bolsonaro para ministérios e decisões anunciadas, mostra XP/Ipespe”.
Segundo a pesquisa do banco de investimentos XP, um braço do Itaú, 57% dizem esperar que Bolsonaro faça um governo ótimo ou bom, enquanto 18% projetam uma gestão regular, e 20%, uma administração ruim ou péssima”.
São mais ou menos os mesmos índices que apurei na minha pesquisa pessoal do DataBalaio, no bar da esquina, frequentado por investidores, operadores do mercado financeiro, profissionais liberais e empresários do agronegócio e da indústria.
Como de costume, fiquei com a minoria dos que não acreditam que esse governo possa dar certo.
Os donos do dinheiro estão otimistas, mas o mesmo não sinto dos que ainda vivem de salários ou estão desempregados.
O XP/Ipespe informa que ouviu 1 mil eleitores de todas as regiões do país, com idade a partir de 16 anos, em entrevistas telefônicas conduzidas por operadores. A margem máxima de erro é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos.
É a primeira pesquisa do gênero feita após a vitória de Bolsonaro e do início da transição de governo, há um mês.
Não costumo brigar com pesquisas nem com números, mas não é isso que sinto nas redes sociais e nas minhas andanças pela cidade.
Nesta terça-feira, passei o dia fazendo uma reportagem no largo São Bento, por onde circulam personagens da vida real, e ali não senti euforia nenhuma.
Ao contrário, notei um clima de muita insegurança, desinformação e receio do que pode acontecer daqui para a frente.
Para falar bem a verdade, senti que ninguém sabe direito o que está acontecendo e para onde vamos.
Entre as pessoas mais bem informadas, há muito otimismo com a equipe econômica montada por Paulo Guedes, o superministro do Posto Ipiranga.
Também parece haver um grande apoio ao superministro Sergio Moro, da Justiça e Segurança, encarregado de acabar com a corrupção e a violência do crime organizado.
Fora isso, ninguém sabe quem são os outros ministros indicados, em grande parte militares, que vão cuidar das outras áreas, muito menos quais são os planos do novo governo.
No mundo da euforia, ninguém quer saber dos inacreditáveis ministros das Relações Exteriores e da Educação, nomeados pelo guru Olavo de Carvalho, que prometem combater o “marxismo cultural”, três décadas após a queda do Muro de Berlim e do fim da Guerra Fria.
Também não espanta que o presidente eleito queira indicar um general para cuidar da Comunicação e um pastor pentecostal para defender os direitos humanos e as mulheres no Ministério da Cidadania.
Generais, togados, evangélicos e economistas ultra liberais são, afinal, a grande base de sustentação do novo governo.
Eles venceram as eleições e vão mandar no país pelos próximos quatro anos, se tudo lhes der certo.
Aos que perderam, resta juntar os cacos e descobrir onde erraram, sabendo que não vão voltar ao poder tão cedo.
Em lugar de Dilma Rousseff, que foi derrubada num sopro, por um golpe parlamentar tabajara, agora são os militares que mandam no Palácio do Planalto.
Não tivemos apenas uma alternância no poder, mas de regime.
Voltamos, pelo voto, ao período pré e pós-64, com os militares dando as cartas, em parceria com o establishment civil, protagonizado pelo mercado daqui e de fora, novamente unidos em torno de seus interesses econômicos e geopolíticos.
É algo muito mais complexo do que a gente pode imaginar, nas idas e vindas da montagem do escalafobético ministério montado pelo capitão reformado, afastado do Exército aos 33 anos, até aqui um obscuro deputado do baixo clero.
Vai levar algum tempo ainda para a gente entender o que aconteceu no Brasil.
Como vivemos num país que transita sem escalas entre a euforia e a depressão, é bom esperar para ver o que irá acontecer após a posse da nova ordem em janeiro.
É bom ir com calma e ficar atento à mudança dos ventos.
Vida que segue.
A que se se deve isso?
Está na manchete desta quarta-feira do site Infomoney: “Exclusivo: 63% aprovam escolhas de Bolsonaro para ministérios e decisões anunciadas, mostra XP/Ipespe”.
Segundo a pesquisa do banco de investimentos XP, um braço do Itaú, 57% dizem esperar que Bolsonaro faça um governo ótimo ou bom, enquanto 18% projetam uma gestão regular, e 20%, uma administração ruim ou péssima”.
São mais ou menos os mesmos índices que apurei na minha pesquisa pessoal do DataBalaio, no bar da esquina, frequentado por investidores, operadores do mercado financeiro, profissionais liberais e empresários do agronegócio e da indústria.
Como de costume, fiquei com a minoria dos que não acreditam que esse governo possa dar certo.
Os donos do dinheiro estão otimistas, mas o mesmo não sinto dos que ainda vivem de salários ou estão desempregados.
O XP/Ipespe informa que ouviu 1 mil eleitores de todas as regiões do país, com idade a partir de 16 anos, em entrevistas telefônicas conduzidas por operadores. A margem máxima de erro é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos.
É a primeira pesquisa do gênero feita após a vitória de Bolsonaro e do início da transição de governo, há um mês.
Não costumo brigar com pesquisas nem com números, mas não é isso que sinto nas redes sociais e nas minhas andanças pela cidade.
Nesta terça-feira, passei o dia fazendo uma reportagem no largo São Bento, por onde circulam personagens da vida real, e ali não senti euforia nenhuma.
Ao contrário, notei um clima de muita insegurança, desinformação e receio do que pode acontecer daqui para a frente.
Para falar bem a verdade, senti que ninguém sabe direito o que está acontecendo e para onde vamos.
Entre as pessoas mais bem informadas, há muito otimismo com a equipe econômica montada por Paulo Guedes, o superministro do Posto Ipiranga.
Também parece haver um grande apoio ao superministro Sergio Moro, da Justiça e Segurança, encarregado de acabar com a corrupção e a violência do crime organizado.
Fora isso, ninguém sabe quem são os outros ministros indicados, em grande parte militares, que vão cuidar das outras áreas, muito menos quais são os planos do novo governo.
No mundo da euforia, ninguém quer saber dos inacreditáveis ministros das Relações Exteriores e da Educação, nomeados pelo guru Olavo de Carvalho, que prometem combater o “marxismo cultural”, três décadas após a queda do Muro de Berlim e do fim da Guerra Fria.
Também não espanta que o presidente eleito queira indicar um general para cuidar da Comunicação e um pastor pentecostal para defender os direitos humanos e as mulheres no Ministério da Cidadania.
Generais, togados, evangélicos e economistas ultra liberais são, afinal, a grande base de sustentação do novo governo.
Eles venceram as eleições e vão mandar no país pelos próximos quatro anos, se tudo lhes der certo.
Aos que perderam, resta juntar os cacos e descobrir onde erraram, sabendo que não vão voltar ao poder tão cedo.
Em lugar de Dilma Rousseff, que foi derrubada num sopro, por um golpe parlamentar tabajara, agora são os militares que mandam no Palácio do Planalto.
Não tivemos apenas uma alternância no poder, mas de regime.
Voltamos, pelo voto, ao período pré e pós-64, com os militares dando as cartas, em parceria com o establishment civil, protagonizado pelo mercado daqui e de fora, novamente unidos em torno de seus interesses econômicos e geopolíticos.
É algo muito mais complexo do que a gente pode imaginar, nas idas e vindas da montagem do escalafobético ministério montado pelo capitão reformado, afastado do Exército aos 33 anos, até aqui um obscuro deputado do baixo clero.
Vai levar algum tempo ainda para a gente entender o que aconteceu no Brasil.
Como vivemos num país que transita sem escalas entre a euforia e a depressão, é bom esperar para ver o que irá acontecer após a posse da nova ordem em janeiro.
É bom ir com calma e ficar atento à mudança dos ventos.
Vida que segue.
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