Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
Eles não nos dão sossego nem no feriadão.
Com seus dedos nervosos, sem ter o que fazer, os Bolsonaros pai e o filho Carlucho 02 publicaram em suas páginas nas redes sociais um vídeo do guru Olavo de Carvalho em que ele ataca o vice Mourão e os militares do governo com ofensas e palavrões.
Bolsonaro deletou o vídeo às 18h30 do domingo, mas o estrago já estava feito, e o fogo se alastrou pelo cabaré de vaidades, loucuras e incompetências do Palácio do Planalto.
É nesse clima, com o Supremo dividido sobre suas lambanças e o Congresso conflagrado pelo baixo clero, que começamos mais uma semana, depois do feriadão de Páscoa, que estava tranquilo até Carlucho pegar o celular.
Com o aval do presidente da República, o aloprado caçador de ursos na Virgínia, que pensa mandar no governo, acusou os militares de ter feito “cagadas”, antes e depois do golpe de 1964, e de querer desestabilizar o governo.
“Os milicos têm de começar a confessar os seus erros, antes de querer confessar os dos outros”, disparou Olavo de Carvalho.
No filme, o “filósofo” da família Bolsonaro diz que “a última contribuição dos militares foram as obras de Euclides da Cunha”.
“Desde então, foi só cabelo pintado e voz empostada”, arrematou Olavo, antes de concluir com a delirante tese segundo a qual “os milicos entregaram o país aos comunistas”.
Pode-se imaginar o que a cada vez maior corte de generais que cerca o capitão deve ter pensado ao assistir a esse vídeo escatológico.
Durante a semana, com a mão do gato, como revelou o colunista Lauro Jardim, no Globo, Bolsonaro já vinha incentivando aliados a bater duro no vice Mourão, que se manteve em silêncio.
Em países normais, é o vice quem costuma conspirar contra o presidente, como fez Michel Temer com Dilma, mas aqui está acontecendo o contrário.
Neste hospício sem fronteiras, o Supremo Tribunal Federal, que deveria ser o poder moderador para colocar ordem no cabaré, também está tentando apagar seus próprios incêndios, com o plenário dividido e Gilmar Mendes, mais uma vez, em Portugal.
Foi em Lisboa, onde participa do 7º Fórum Jurídico do IDP, instituto de sua propriedade, que ele apoiou a censura de Dias Toffoli e Alexandre de Moraes a dois sites bolsonaristas.
“Ali a decisão de censura se fez da avaliação de que talvez houvesse fake news, porque talvez o documento não existisse. Verificou-se depois que o documento existia e, por isso, cancelou-se a intervenção”.
Que maravilha de raciocínio! Em breve, deve virar jurisprudência no STF sob a rubrica “talvez”.
Na outra ponta da Praça dos Três Poderes, a Câmara prepara-se para votar na CCJ a reforma da Previdência baseada em estudos e pareceres que Paulo Guedes agora colocou sob sigilo.
Os deputados e os contribuintes não podem saber de onde ele pretende tirar o R$ 1 trilhão de economia para “salvar o país do colapso fiscal”.
Das duas uma: ou essa base de dados esconde maldades ainda não reveladas contra os aposentados presentes e futuros ou estes estudos simplesmente não existem.
Se a reforma fosse boa para todos, não precisava ser secreta.
E assim segue o baile, com os vários cabarés federais pegando fogo em Brasília, enquanto o país afunda cada vez mais neste buraco sem fundo do bolsonarismo em marcha para o caos.
Preparem seus corações. A semana promete fortes emoções (até rimou…).
Vida que segue.
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