Por Marcelo Zero
Mais uma vez, o governo Bolsonaro demonstra que está disposto a atirar contra os interesses do Brasil para satisfazer os delírios psicopatas de assessores de Trump e os interesses do governo Netanyahu.
A notícia de que o Brasil e Israel promoveram reunião sigilosa no Itamaraty, para que nosso país se some aos esforços para desestabilizar o Irã, inteiramente crível, face às fantasias ideológicas do presidente e do seu folclórico chanceler, indica que está em andamento outro gigantesco tiro no pé do Brasil. Não bastassem as agressões à China, à Rússia, aos países árabes, a membros do Mercosul, etc., chegou agora a vez do Irã. Essa gente vive, definitivamente, fora da realidade, num mundo irracional e pré-iluminista.
O Irã é o quinto maior mercado para os produtos agrícolas do Brasil, mesmo com o embrago comercial imposto pelos EUA. Nosso país é o principal fornecedor para o Irã de complexo de soja, milho, açúcar, carne bovina, papel e celulose. Merece ainda destaque a exportação de produtos de confeitaria, resíduos das indústrias alimentares, alimentos para animais e, por fim, veículos aéreos, automóveis, tratores e ciclos.
Nos últimos dez anos (2009-2018), o Brasil exportou para o Irã, ainda que com crise e embargo, US$ 19,6 bilhões, com um superávit de incríveis US$ 19,2 bilhões. Para Israel exportamos, no mesmo período, US$ 3,9 bilhões, com um déficit de US$ 5,4 bilhões. Ou seja, exportamos para o Irã cerca de 5 vezes mais que para Israel, com enorme superávit a nosso favor, ao contrário do que acontece com esse último país.
O mais importante, contudo, é que o potencial das relações bilaterais entre Brasil e o Irã é muito maior do que deixam entrever esses números. O Irã tem apenas 11% de seu território de terras agricultáveis. Assim, as nossas exportações para lá poderiam aumentar muito, caso não houvesse o embargo imposto pelos EUA.
Quando o ex-presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad esteve no Brasil, em 2010, foram feitos planos para quintuplicar nossa corrente de comércio em cinco anos. Também foram realizadas parcerias na área de energia, cooperação tecnológica, agricultura, educação, etc. Dada a complementariedade das duas economias, o potencial é, de fato, imenso.
Tal ampliação dependia e depende, contudo, do fim do embargo e do relacionamento político entre as duas nações.
Mas o governo Bolsonaro está jogando tudo isso fora apenas para satisfazer os interesses geopolíticos de Trump e Netanyahu. E o pior é que governo Bolsonaro está comprando uma briga importada que já está perdida.
Quem está impulsionando a nova ofensiva contra o Irã é gente como os norte-americanos Bolton, Pompeo e Abrams, psicopatas com pouco contato com realidade. Os militares do Pentágono sabem que uma guerra “quente” contra o Irã seria um atoleiro trágico. Possivelmente foram eles, aliás, que vazaram para o The New York Times a informação de que os EUA estariam reunindo 120 mil homens para uma possível invasão do Irã.
Trata-se de um cenário de guerra encomendado pelo maluquete Bolton. Um cenário ridículo também. São demasiados homens para uma invasão por ar e mar e pateticamente insuficientes para uma invasão por terra. O Irã reúne, entre forças armadas e a Guarda Revolucionária, 530 mil homens na ativa, fora os reservistas, que somam 350 mil. Ao todo são, portanto, cerca de 880 mil homens fortemente armados que poderiam ser mobilizados no curto prazo, mais de sete vezes as forças do maluquete. Além disso, o Irã dispõe de 40 milhões de homens aptos a combater.
Na realidade, o Irã tem o exército convencional mais poderoso do Oriente Médio. É a quarta força mundial em termos de lançadores móveis de foguetes e a oitava, no que tange à artilharia convencional. Possui também 1.634 tanques de combate e 165 caças.
Mas sua força maior vem de aliados, como China e Rússia. O Irá é um país chave para o domínio da Eurásia, o supercontinente cujo controle, como já previa Zbigniew Brzezinski em o Grande Tabuleiro de Xadrez, propiciará hegemonia na ordem mundial.
China e Rússia sabem disso.
A China depende do petróleo e do gás do Irã e vem fazendo pesados investimentos naquele país. Os chineses, em contratos de centenas de bilhões de dólares, conseguiram acesso exclusivo a partes significativas dos campos de gás e óleo do Irã. Em contrapartida, prometeram investir na infraestrutura energética do país e, mais do que isso, comprometeram-se a defender essas áreas petrolíferas contra agressões estrangeiras, “como se fossem território chinês”. O acesso às jazidas iranianas, complementado por uma rede de gasodutos, permitirá à China amenizar sua dependência energética e é fundamental para a sua estratégia de constituir a Nova Rota da Seda. O Irã, por sua vez, poderá bloquear o estreito de Ormuz, por onde passam os grandes petroleiros que vêm do Golfo Pérsico, sem que isso impacte as suas exportações.
Já a Rússia vê o Irã como um parceiro geopolítico muito importante no Oriente Médio. O Irã é aliado do governo da Síria, apoiada pela Rússia, e adversário da Arábia Saudita e Israel, principais parceiros dos EUA no Oriente Médio. Com a recente e injustificada ofensiva do governo Trump contra o Irã, contrariando abertamente o texto do acordo Joint Comprehensive Plan of Action (JCPOA), que colocou o programa nuclear iraniano sob controle dos EUA e Europa, em troca do levantamento das sanções, a Rússia aproximou-se muito do Irã. Na última reunião entre Putin e o supremo líder do Irã, Ali Khamenei, realizada em novembro do ano passado, o mandatário russo assegurou que a “Rússia não trairá o Irã”.
Assim, China e Rússia estão dispostos a defender o Irã por todos os meios, inclusive os militares. E a Europa, mesmo amedrontada com as pressões de Washington, não quer embarcar nessa nova loucura de Trump.
Resta, portanto, aos EUA buscar apoio em suas colônias.
Quando o Brasil defendia seus interesses próprios no cenário mundial, tínhamos boas relações com o Irã e com todos os países do Grande Oriente Médio, independentemente das orientações políticas de seus governos. Tanto é assim que conseguimos, com Lula, um acordo que solucionava a questão do programa nuclear do Irã, infelizmente bombardeado a posteriori por Obama, que havia dado o sinal verde para as negociações.
Agora, no entanto, nos limitamos a ser massa de manobra de psicopatas que fazem a geopolítica da insanidade.
Coisa de idiotas úteis e de imbecis.
Mais uma vez, o governo Bolsonaro demonstra que está disposto a atirar contra os interesses do Brasil para satisfazer os delírios psicopatas de assessores de Trump e os interesses do governo Netanyahu.
A notícia de que o Brasil e Israel promoveram reunião sigilosa no Itamaraty, para que nosso país se some aos esforços para desestabilizar o Irã, inteiramente crível, face às fantasias ideológicas do presidente e do seu folclórico chanceler, indica que está em andamento outro gigantesco tiro no pé do Brasil. Não bastassem as agressões à China, à Rússia, aos países árabes, a membros do Mercosul, etc., chegou agora a vez do Irã. Essa gente vive, definitivamente, fora da realidade, num mundo irracional e pré-iluminista.
O Irã é o quinto maior mercado para os produtos agrícolas do Brasil, mesmo com o embrago comercial imposto pelos EUA. Nosso país é o principal fornecedor para o Irã de complexo de soja, milho, açúcar, carne bovina, papel e celulose. Merece ainda destaque a exportação de produtos de confeitaria, resíduos das indústrias alimentares, alimentos para animais e, por fim, veículos aéreos, automóveis, tratores e ciclos.
Nos últimos dez anos (2009-2018), o Brasil exportou para o Irã, ainda que com crise e embargo, US$ 19,6 bilhões, com um superávit de incríveis US$ 19,2 bilhões. Para Israel exportamos, no mesmo período, US$ 3,9 bilhões, com um déficit de US$ 5,4 bilhões. Ou seja, exportamos para o Irã cerca de 5 vezes mais que para Israel, com enorme superávit a nosso favor, ao contrário do que acontece com esse último país.
O mais importante, contudo, é que o potencial das relações bilaterais entre Brasil e o Irã é muito maior do que deixam entrever esses números. O Irã tem apenas 11% de seu território de terras agricultáveis. Assim, as nossas exportações para lá poderiam aumentar muito, caso não houvesse o embargo imposto pelos EUA.
Quando o ex-presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad esteve no Brasil, em 2010, foram feitos planos para quintuplicar nossa corrente de comércio em cinco anos. Também foram realizadas parcerias na área de energia, cooperação tecnológica, agricultura, educação, etc. Dada a complementariedade das duas economias, o potencial é, de fato, imenso.
Tal ampliação dependia e depende, contudo, do fim do embargo e do relacionamento político entre as duas nações.
Mas o governo Bolsonaro está jogando tudo isso fora apenas para satisfazer os interesses geopolíticos de Trump e Netanyahu. E o pior é que governo Bolsonaro está comprando uma briga importada que já está perdida.
Quem está impulsionando a nova ofensiva contra o Irã é gente como os norte-americanos Bolton, Pompeo e Abrams, psicopatas com pouco contato com realidade. Os militares do Pentágono sabem que uma guerra “quente” contra o Irã seria um atoleiro trágico. Possivelmente foram eles, aliás, que vazaram para o The New York Times a informação de que os EUA estariam reunindo 120 mil homens para uma possível invasão do Irã.
Trata-se de um cenário de guerra encomendado pelo maluquete Bolton. Um cenário ridículo também. São demasiados homens para uma invasão por ar e mar e pateticamente insuficientes para uma invasão por terra. O Irã reúne, entre forças armadas e a Guarda Revolucionária, 530 mil homens na ativa, fora os reservistas, que somam 350 mil. Ao todo são, portanto, cerca de 880 mil homens fortemente armados que poderiam ser mobilizados no curto prazo, mais de sete vezes as forças do maluquete. Além disso, o Irã dispõe de 40 milhões de homens aptos a combater.
Na realidade, o Irã tem o exército convencional mais poderoso do Oriente Médio. É a quarta força mundial em termos de lançadores móveis de foguetes e a oitava, no que tange à artilharia convencional. Possui também 1.634 tanques de combate e 165 caças.
Mas sua força maior vem de aliados, como China e Rússia. O Irá é um país chave para o domínio da Eurásia, o supercontinente cujo controle, como já previa Zbigniew Brzezinski em o Grande Tabuleiro de Xadrez, propiciará hegemonia na ordem mundial.
China e Rússia sabem disso.
A China depende do petróleo e do gás do Irã e vem fazendo pesados investimentos naquele país. Os chineses, em contratos de centenas de bilhões de dólares, conseguiram acesso exclusivo a partes significativas dos campos de gás e óleo do Irã. Em contrapartida, prometeram investir na infraestrutura energética do país e, mais do que isso, comprometeram-se a defender essas áreas petrolíferas contra agressões estrangeiras, “como se fossem território chinês”. O acesso às jazidas iranianas, complementado por uma rede de gasodutos, permitirá à China amenizar sua dependência energética e é fundamental para a sua estratégia de constituir a Nova Rota da Seda. O Irã, por sua vez, poderá bloquear o estreito de Ormuz, por onde passam os grandes petroleiros que vêm do Golfo Pérsico, sem que isso impacte as suas exportações.
Já a Rússia vê o Irã como um parceiro geopolítico muito importante no Oriente Médio. O Irã é aliado do governo da Síria, apoiada pela Rússia, e adversário da Arábia Saudita e Israel, principais parceiros dos EUA no Oriente Médio. Com a recente e injustificada ofensiva do governo Trump contra o Irã, contrariando abertamente o texto do acordo Joint Comprehensive Plan of Action (JCPOA), que colocou o programa nuclear iraniano sob controle dos EUA e Europa, em troca do levantamento das sanções, a Rússia aproximou-se muito do Irã. Na última reunião entre Putin e o supremo líder do Irã, Ali Khamenei, realizada em novembro do ano passado, o mandatário russo assegurou que a “Rússia não trairá o Irã”.
Assim, China e Rússia estão dispostos a defender o Irã por todos os meios, inclusive os militares. E a Europa, mesmo amedrontada com as pressões de Washington, não quer embarcar nessa nova loucura de Trump.
Resta, portanto, aos EUA buscar apoio em suas colônias.
Quando o Brasil defendia seus interesses próprios no cenário mundial, tínhamos boas relações com o Irã e com todos os países do Grande Oriente Médio, independentemente das orientações políticas de seus governos. Tanto é assim que conseguimos, com Lula, um acordo que solucionava a questão do programa nuclear do Irã, infelizmente bombardeado a posteriori por Obama, que havia dado o sinal verde para as negociações.
Agora, no entanto, nos limitamos a ser massa de manobra de psicopatas que fazem a geopolítica da insanidade.
Coisa de idiotas úteis e de imbecis.
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