Por Esther Solano, na revista CartaCapital:
Nada mais perigoso do que um homem medíocre e triste que odeia a inteligência e a felicidade alheias. Esta é a cara do governo Bolsonaro. Personagens de uma mediocridade tão ostensiva que disfarçá-la é tarefa impossível. Como me disse um dia um aluno, é a burrice ostentação. Juntam-se a essa mediocridade as paixões tristes que o movem.
Há dois tipos de medíocre: o que é consciente de sua limitação e fica recolhido nela humildemente ou se esforça para crescer e o que, incapaz dessa humildade ou desse crescimento, tenta destruir, exterminar tudo aquilo ou todos aqueles que brilham mais que ele. Não é preciso dizer a qual dos dois tipos pertencem os patéticos personagens bolsonaristas.
Também há dois tipos de infelizes: os que lutam em construir a própria felicidade e os que detestam a felicidade alheia e se empenham em arruiná-la. Os que lutam por viver seus desejos livremente e os que odeiam quem os vive. Os que amam em toda a plenitude do amor e os que odeiam quem ama. Tampouco desta vez é preciso dizer a qual dos dois tipos pertencem os patéticos personagens bolsonaristas.
Acrescente-se uma masculinidade complexada, frágil, mas tão autocentrada que não consegue enxergar para além dela mesma. Homens que odeiam outros homens, que odeiam mulheres, talvez porque, no fundo, esses homens odeiem a si mesmos. Durante minhas entrevistas com eleitores de Bolsonaro, várias mulheres me confessaram que tinham medo de seus maridos, porque a agressividade deles tinha aumentado muito depois de começarem a seguir o “mito”. São os cidadãos de bem. Eu, quando vejo um cidadão de bem na rua, mudo de lado ou saio correndo.
Nada mais perigoso do que um homem medíocre e triste que odeia a inteligência e a felicidade alheias. Esta é a cara do governo Bolsonaro. Personagens de uma mediocridade tão ostensiva que disfarçá-la é tarefa impossível. Como me disse um dia um aluno, é a burrice ostentação. Juntam-se a essa mediocridade as paixões tristes que o movem.
Há dois tipos de medíocre: o que é consciente de sua limitação e fica recolhido nela humildemente ou se esforça para crescer e o que, incapaz dessa humildade ou desse crescimento, tenta destruir, exterminar tudo aquilo ou todos aqueles que brilham mais que ele. Não é preciso dizer a qual dos dois tipos pertencem os patéticos personagens bolsonaristas.
Também há dois tipos de infelizes: os que lutam em construir a própria felicidade e os que detestam a felicidade alheia e se empenham em arruiná-la. Os que lutam por viver seus desejos livremente e os que odeiam quem os vive. Os que amam em toda a plenitude do amor e os que odeiam quem ama. Tampouco desta vez é preciso dizer a qual dos dois tipos pertencem os patéticos personagens bolsonaristas.
Acrescente-se uma masculinidade complexada, frágil, mas tão autocentrada que não consegue enxergar para além dela mesma. Homens que odeiam outros homens, que odeiam mulheres, talvez porque, no fundo, esses homens odeiem a si mesmos. Durante minhas entrevistas com eleitores de Bolsonaro, várias mulheres me confessaram que tinham medo de seus maridos, porque a agressividade deles tinha aumentado muito depois de começarem a seguir o “mito”. São os cidadãos de bem. Eu, quando vejo um cidadão de bem na rua, mudo de lado ou saio correndo.
São aqueles que não enxergam contradição em ir à igreja aos domingos e apedrejar um homossexual ou agredir a própria companheira em casa. Não veem incoerência em citar a Bíblia e aplaudir Bolsonaro, quando ele faz o gesto de arma na Marcha para Jesus. Suspeito que os homens que sentem tanto tesão por armas não são capazes de sentir tesão por mais nada. De qualquer forma, Jesus não estava nessa marcha, estava na Parada LGBT+.
O curioso nesses cidadãos de bem é que eles pensam ter um canal direto com Deus, como num grupo de WhatsApp ou Telegram, que agora está na moda. Queridos, se Deus existe, deve estar desesperado, se perguntando onde errou para que de um barro supostamente inócuo surgissem seres como vocês. “Deu merda”, Ele deve pensar. São sujeitos feridos, mas na alma, que é muito pior do que estar ferido no corpo. São uma fraquejada.
Não por acaso, querem acabar com as universidades públicas. Para quem é tão medíocre, a inteligência alheia deve ser estarrecedora. Não por acaso, quiseram acabar com Lula em um processo arbitrário. Não por acaso, Bolsonaro recusou-se a ir aos debates eleitorais e a enfrentar um professor. Não por acaso, queiram dominar os corpos das mulheres, pois mulheres livres e fortes devem ser assustadoras para eles. Não por acaso, querem proibir as diversas formas de amor e de família. A vida que eles representam é tão cinza que as cores da bandeira LGBT+ devem ser insuportáveis.
Sujeitos pequenos, tacanhos, intelectualmente ínfimos, figuras que em tempos de normalidade democrática e institucional seriam irrisórias e desapareceriam, engolidas na própria irrelevância. Mas em tempos “desdemocráticos”, em tempos obscuros e autoritários, esses anões se fizeram gigantes e vomitaram sobre todos nós sua capacidade de destruição. Esses mesquinhos estão no poder. Encarnam o mito do homem medíocre. O medíocre que se apresenta como herói. Vejam que drama. Esses heróis iriam salvar o Brasil. Bolsonaro é o “mito”. Moro é o “herói”.
Na manifestação verde-amarela da Avenida Paulista, em 16 de agosto de 2015, perguntei a vários manifestantes sobre o então juiz Sérgio Moro. A retórica heroica-salvacionista-messiânica era impressionante. Emergia a figura do juiz-Deus, o juiz-Messias, que tinha a tarefa de limpar o Brasil da corrupção, exterminar o câncer. “Moro é o nosso salvador. Moro tem uma missão, limpar o Brasil porque o câncer do Brasil são os políticos corruptos. É dever de todos os brasileiros apoiar a Lava Jato. Ele vai passar o Brasil a limpo. Ele é o homem que estávamos aguardando” (palavras de uma mulher branca de 45 anos). Para essa senhora, sentado à direita de Deus não está Jesus, mas o “conje”.
Estamos nas mãos de homens medíocres que nos odeiam e que se acham heróis. Homens que não têm nenhum problema em destruir as instituições e muito menos a democracia, pois a democracia não os representa. Eles despertaram os monstros e a escuridão. É nosso papel trazer a luz de volta.
O curioso nesses cidadãos de bem é que eles pensam ter um canal direto com Deus, como num grupo de WhatsApp ou Telegram, que agora está na moda. Queridos, se Deus existe, deve estar desesperado, se perguntando onde errou para que de um barro supostamente inócuo surgissem seres como vocês. “Deu merda”, Ele deve pensar. São sujeitos feridos, mas na alma, que é muito pior do que estar ferido no corpo. São uma fraquejada.
Não por acaso, querem acabar com as universidades públicas. Para quem é tão medíocre, a inteligência alheia deve ser estarrecedora. Não por acaso, quiseram acabar com Lula em um processo arbitrário. Não por acaso, Bolsonaro recusou-se a ir aos debates eleitorais e a enfrentar um professor. Não por acaso, queiram dominar os corpos das mulheres, pois mulheres livres e fortes devem ser assustadoras para eles. Não por acaso, querem proibir as diversas formas de amor e de família. A vida que eles representam é tão cinza que as cores da bandeira LGBT+ devem ser insuportáveis.
Sujeitos pequenos, tacanhos, intelectualmente ínfimos, figuras que em tempos de normalidade democrática e institucional seriam irrisórias e desapareceriam, engolidas na própria irrelevância. Mas em tempos “desdemocráticos”, em tempos obscuros e autoritários, esses anões se fizeram gigantes e vomitaram sobre todos nós sua capacidade de destruição. Esses mesquinhos estão no poder. Encarnam o mito do homem medíocre. O medíocre que se apresenta como herói. Vejam que drama. Esses heróis iriam salvar o Brasil. Bolsonaro é o “mito”. Moro é o “herói”.
Na manifestação verde-amarela da Avenida Paulista, em 16 de agosto de 2015, perguntei a vários manifestantes sobre o então juiz Sérgio Moro. A retórica heroica-salvacionista-messiânica era impressionante. Emergia a figura do juiz-Deus, o juiz-Messias, que tinha a tarefa de limpar o Brasil da corrupção, exterminar o câncer. “Moro é o nosso salvador. Moro tem uma missão, limpar o Brasil porque o câncer do Brasil são os políticos corruptos. É dever de todos os brasileiros apoiar a Lava Jato. Ele vai passar o Brasil a limpo. Ele é o homem que estávamos aguardando” (palavras de uma mulher branca de 45 anos). Para essa senhora, sentado à direita de Deus não está Jesus, mas o “conje”.
Estamos nas mãos de homens medíocres que nos odeiam e que se acham heróis. Homens que não têm nenhum problema em destruir as instituições e muito menos a democracia, pois a democracia não os representa. Eles despertaram os monstros e a escuridão. É nosso papel trazer a luz de volta.
1 comentários:
P E R F E I T O! 👏👏👏👏👏👏👏👏👏
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