Por Leonardo Wexell Severo
Nesta entrevista, o ex-ministro de Obras Públicas e ex-vice-ministro de Eletricidade da Bolívia, Jerges Mercado, defende o papel do Estado para o desenvolvimento nacional e reitera a importância do processo de estatização implementado pelo governo de Evo Morales (2006-2019) para a “vertebração da economia”.
Candidato a deputado federal pelo Movimento Ao Socialismo (MAS), resgata as conquistas do projeto nacionalista que “investiu fortemente nos setores eletricitário, de hidrocarbonetos, meio ambiente e mineral, geradores de excedente para o conjunto da economia”, e elegeu “setores geradores de emprego, como o industrial e o agropecuário, dentro de uma visão de desenvolvimento integral, endógena, de continuidade”.
Apoiador da candidatura do ex-ministro da Economia Luis Arce Catacora à presidência da Bolívia, denuncia a dificuldade do momento de “dura perseguição, guerra brutal e desprestígio do MAS e de suas lideranças”, e conclama à efetiva “solidariedade internacional” para que “o processo eleitoral de 3 de maio não seja adiado nem fraudado” pelos “que deixaram um país pobre, na mendicância, entregue às transnacionais e cuja soberania estava submetida aos Estados Unidos”.
A presença de fiscais dos mais variados países, assinala, é a única forma de que “os golpistas não consigam materializar seu plano de adiar as eleições”, e consigamos juntos “dar um ponto final nesta política entreguista e retomar uma economia desenvolvimentista, soberana, de fortalecimento de salários e direitos”.
Boa leitura
Sintetize o que na sua opinião diferencia os governos de Evo Morales e da autoproclamada presidenta Jeanine Áñez?
São dois governos extremamente diferentes. O governo de Evo foi de recuperação das nossas empresas estratégicas, estatais que haviam sido entregues ao capital estrangeiro em generosas parcelas. Repassadas em valores baixos, a serem pagos ao longo de sete anos, período em que a empresa se capitalizava e ao mesmo tempo financiava a sua aquisição, em que o monopólio era comprado com o que era aportado pela economia dos próprios bolivianos. Desta forma ficaram com as nossas riquezas, com a nossa água, luz, trens, riquezas minerais e linhas aéreas. Ao chegarmos ao governo iniciamos um processo de estatização, de renacionalização, que demonstrou seu êxito com a vertebração das estruturas básicas da economia.
Com o investimento na estrutura pública e o fortalecimento do papel do estado?
Exatamente. E para isso nós elegemos quatro segmentos: o eletricitário, o de hidrocarbonetos, o meio ambiente e o mineral, geradores de excedente para o conjunto da economia, a fim de garantir os recursos necessários a um desenvolvimento independente, soberano. E também escolhemos setores geradores de emprego, como o industrial e agropecuário, dentro de uma visão de desenvolvimento integral, endógena, de continuidade.
Há por parte do governo Áñez - e de parcela significativa da mídia boliviana - uma campanha desinformativa de negação deste caminho, de desprestígio das empresas estatais. Qual o objetivo disso?
Hoje as direções destas empresas - ali colocadas pelos golpistas - alegam déficits e divulgam supostos problemas com o objetivo de criar as condições para facilitar a entrega deste patrimônio público a seus amigos, compadres ou patrocinadores. Desta maneira, empresas que até o ano passado eram lucrativas e que contribuíam para financiar investimentos sociais viraram empresas “quebradas”. E estamos falando de investimentos como o bônus Juancito Pinto – que é um incentivo à permanência das crianças no sistema educativo -, o Renda Dignidade - que garante melhor qualidade de vida às pessoas da Terceira Idade - e o Juana Azurduy - para mulheres jovens grávidas -, ou do exitoso processo de redistribuição de renda. Como explicar que de uma hora para outra empresas saneadas e lucrativas apresentem déficit? Como justificar que os golpistas, em apenas quatro meses de gestão, tenham colocado duas direções na BOA, na Entel e na Yacimientos Petroliferos Fiscales (YPF), para agir contra o próprio sentido da administração pública?
E a política de redistribuição de renda?
Nos cerca de 14 anos que estivemos à frente do governo aumentamos o salário mínimo vital que era de 55 dólares em 2005 para 307 dólares em 2019, um crescimento exponencial. Graças à política de redistribuição de riqueza, reduzimos a população pobre que era de 60% para 35%, e diminuímos a extrema pobreza de 38,2% para 15,2%. Isso demonstra que ainda existem muitos pobres em nosso país, mas indica também que o seu número está sendo reduzido progressivamente. E que houve um incremento de 3,5 milhões de bolivianos na classe média, o que em um país de 11,5 milhões de habitantes é algo bastante expressivo.
Como ex-vice-ministro da Energia, fale um pouco sobre a relevância da questão energética para o desenvolvimento nacional?
É importante deixar claro que quando o governo de Evo assumiu o país estava à beira do colapso, sem investimento há anos, e que hoje temos mais de 1.700 megawatts (MW) de reserva, com muita geração de energia. Este é um tema central na luta contra a pobreza. Para a implementação do nosso programa “Eletricidade para viver com dignidade” levamos em conta o plano soviético Goelro, de Vladimir Lenin, que eletrificou a Rússia, e o brasileiro Luz para Todos. Assim, nós que tínhamos 67% dos lares com energia e 33% sem energia, hoje contamos com 95% das moradias com energia, faltando apenas 5%. Em cinco anos teremos todo o país coberto, não haverá nenhum só lar boliviano sem luz.
Há um projeto de Estado por detrás disso, por meio da planificação, em contraposição ao neoliberalismo.
Exato, uma proposta do Movimento Ao Socialismo, a Agenda 2025, com pilares de desenvolvimento para o país, de redução substancial da pobreza, de universalização do acesso aos serviços públicos, como o gás. Antes nossos lares não tinham conexão com as linhas de gás, com as famílias tendo que se socorrer com lenha, carvão ou botijões que custavam em média seis vezes o preço atual. Também houve um crescimento da distribuição da água potável e da rede de saneamento, de água básica e esgoto. Isso foi garantido pela política redistributiva. Foi a nacionalização que nos permitiu o avanço: nos apropriarmos dos excedentes da riqueza coletiva que passou a ser investida nas universidades, nos governos, nas municipalidades, nos bônus, nos serviços públicos.
O que querem os golpistas com a privatização/desnacionalização?
Eu diria que essa gente quer uma Pátria mendiga, mergulhada em enormes dificuldades. Estes mesmos que retornaram ao poder, são mais do mesmo, estão apenas se apresentando com a fachada de novo.
Veja os nomes: Carlos Mesa foi vice-presidente de Gonzalo Sánchez de Losada, assim como o atual ministro da Educação, Víctor Hugo Cárdenas. O mais retrógrado, Erick Foronda, assessorou a embaixada dos Estados Unidos na Bolívia por mais de uma década; Samuel Dória Medina, ministro de Planificação de Jaime Paz, homem que deu início à privatização das empresas públicas, que diz não querer saber de empresas públicas e defende fechar todas. Temos Tuto Quiroga, que foi vice-presidente do ex-ditador Hugo Banzer. São velhos lobos de 15 a 20 anos da política, nomes de privatização e perseguição.
Todos os representantes dos três principais partidos ou grupos políticos que competem com o MAS-IPSP são praticamente o mesmo, velhos dinossauros, têm nas suas fileiras nomes que deixaram um país pobre, na mendicância, entregue às transnacionais e cuja soberania estava submetida aos Estados Unidos.
No caso de Fernando Camacho, seus principais assessores são Ronald MacLean, que foi ministro do ex-ditador Hugo Banzer Suárez e prefeito de La Paz pela sigla de seu partido. Também tem entre seus assessores a Freddy Teodovich, que foi ministro de Goni Sánchez de Losada, o privatizador e genocida de El Alto. Também está Eduardo Durán, que foi candidato a presidente pelo partido de Sánchez de Losada. A isso me refiro: são os velhos políticos de antes que agora querem aparecer remoçados, como novos, e que são os autênticos gestores do grupo político de Creemos, de Fernando Camacho.
Também respaldam a Fernando Camacho velhos políticos dos anos 90 e 2000, como Leopoldo Fernandez, que foi ministro do ex-ditador Banzer Suárez, foi presidente da Câmara de Senadores, prefeito de Pando. E Armando Reyes Villa, que foi prefeito e governador de Cochabamba, sócio do ex-ditador Hugo Banzer.
Os representantes dos três principais partidos de oposição ao MAS são velhos dinossauros. Temos Luis Fernando Camacho, grande empresário de Santa Cruz, Leopoldo Fernández, ex-governador de Pando, condenado pelo massacre de indígenas, e Juan Carlos Durán, candidato do MNR. Estes são os articuladores do poder real.
Os que lucram com a crise.
Historicamente os que lucram com a crise são os mesmos. Vale lembrar quem lucrava com os monopólios privados, quem estava por trás do interruptor de luz de La Paz? Os Estados Unidos. Por detrás da água? A França. Dos trens? O Chile. Dos hidrocarbonetos? Shell, Repsol... Da aviação? Os Canhedo, do Brasil.
O retorno do MAS à presidência coloca em xeque essa política de submissão.
Sim. Nosso compromisso é impedir a privatização, barrar a entrega do nosso patrimônio público nacional estratégico ao capital transnacional e colocar os recursos arrecadados para tirar nossa população da pobreza e da extrema pobreza. Vamos recuperar a dignidade e a independência nacional tão rapidamente entregue aos norte-americanos. Vamos retomar a política de industrialização, como a do lítio e dos hidrocarbonetos, avançar.
Mas não será nada fácil em meio a tantas ameaças, perseguições e prisões.
Vivemos um momento muito difícil de dura perseguição, de guerra brutal, de desprestígio do nosso movimento e de suas lideranças. É claro que cometemos erros e é preciso ser autocríticos, o que explica o alto percentual de rejeição ao processo de mudanças liderado pelo MAS. No entanto, o que os golpistas querem é saquear o Estado, é arruinar a economia popular. Por isso as eleições são tremendamente importantes para darmos um ponto final nesta política entreguista e retomar uma economia desenvolvimentista, soberana, de fortalecimento de salários e direitos.
Para manter o país no passado começam a falar em postergar as eleições.
Sim, os mesmos que desrespeitaram o resultado das urnas, que fraudaram o processo eleitoral, agora falam em postergar as eleições marcadas para o próximo dia 3 de maio. Por isso estamos solicitando a presença de missões estrangeiras que acompanhem não apenas durante a semana das eleições, mas desde antes, para checar o sistema computadorizado. Queremos que estas missões estejam atentas, porque querem nos roubar, reeditando um golpe de Estado. Estão buscando postergar e não realizar eleições, prorrogando um governo ilegal e isso é completamente inadmissível.
Nesta entrevista, o ex-ministro de Obras Públicas e ex-vice-ministro de Eletricidade da Bolívia, Jerges Mercado, defende o papel do Estado para o desenvolvimento nacional e reitera a importância do processo de estatização implementado pelo governo de Evo Morales (2006-2019) para a “vertebração da economia”.
Candidato a deputado federal pelo Movimento Ao Socialismo (MAS), resgata as conquistas do projeto nacionalista que “investiu fortemente nos setores eletricitário, de hidrocarbonetos, meio ambiente e mineral, geradores de excedente para o conjunto da economia”, e elegeu “setores geradores de emprego, como o industrial e o agropecuário, dentro de uma visão de desenvolvimento integral, endógena, de continuidade”.
Apoiador da candidatura do ex-ministro da Economia Luis Arce Catacora à presidência da Bolívia, denuncia a dificuldade do momento de “dura perseguição, guerra brutal e desprestígio do MAS e de suas lideranças”, e conclama à efetiva “solidariedade internacional” para que “o processo eleitoral de 3 de maio não seja adiado nem fraudado” pelos “que deixaram um país pobre, na mendicância, entregue às transnacionais e cuja soberania estava submetida aos Estados Unidos”.
A presença de fiscais dos mais variados países, assinala, é a única forma de que “os golpistas não consigam materializar seu plano de adiar as eleições”, e consigamos juntos “dar um ponto final nesta política entreguista e retomar uma economia desenvolvimentista, soberana, de fortalecimento de salários e direitos”.
Boa leitura
Sintetize o que na sua opinião diferencia os governos de Evo Morales e da autoproclamada presidenta Jeanine Áñez?
São dois governos extremamente diferentes. O governo de Evo foi de recuperação das nossas empresas estratégicas, estatais que haviam sido entregues ao capital estrangeiro em generosas parcelas. Repassadas em valores baixos, a serem pagos ao longo de sete anos, período em que a empresa se capitalizava e ao mesmo tempo financiava a sua aquisição, em que o monopólio era comprado com o que era aportado pela economia dos próprios bolivianos. Desta forma ficaram com as nossas riquezas, com a nossa água, luz, trens, riquezas minerais e linhas aéreas. Ao chegarmos ao governo iniciamos um processo de estatização, de renacionalização, que demonstrou seu êxito com a vertebração das estruturas básicas da economia.
Com o investimento na estrutura pública e o fortalecimento do papel do estado?
Exatamente. E para isso nós elegemos quatro segmentos: o eletricitário, o de hidrocarbonetos, o meio ambiente e o mineral, geradores de excedente para o conjunto da economia, a fim de garantir os recursos necessários a um desenvolvimento independente, soberano. E também escolhemos setores geradores de emprego, como o industrial e agropecuário, dentro de uma visão de desenvolvimento integral, endógena, de continuidade.
Há por parte do governo Áñez - e de parcela significativa da mídia boliviana - uma campanha desinformativa de negação deste caminho, de desprestígio das empresas estatais. Qual o objetivo disso?
Hoje as direções destas empresas - ali colocadas pelos golpistas - alegam déficits e divulgam supostos problemas com o objetivo de criar as condições para facilitar a entrega deste patrimônio público a seus amigos, compadres ou patrocinadores. Desta maneira, empresas que até o ano passado eram lucrativas e que contribuíam para financiar investimentos sociais viraram empresas “quebradas”. E estamos falando de investimentos como o bônus Juancito Pinto – que é um incentivo à permanência das crianças no sistema educativo -, o Renda Dignidade - que garante melhor qualidade de vida às pessoas da Terceira Idade - e o Juana Azurduy - para mulheres jovens grávidas -, ou do exitoso processo de redistribuição de renda. Como explicar que de uma hora para outra empresas saneadas e lucrativas apresentem déficit? Como justificar que os golpistas, em apenas quatro meses de gestão, tenham colocado duas direções na BOA, na Entel e na Yacimientos Petroliferos Fiscales (YPF), para agir contra o próprio sentido da administração pública?
E a política de redistribuição de renda?
Nos cerca de 14 anos que estivemos à frente do governo aumentamos o salário mínimo vital que era de 55 dólares em 2005 para 307 dólares em 2019, um crescimento exponencial. Graças à política de redistribuição de riqueza, reduzimos a população pobre que era de 60% para 35%, e diminuímos a extrema pobreza de 38,2% para 15,2%. Isso demonstra que ainda existem muitos pobres em nosso país, mas indica também que o seu número está sendo reduzido progressivamente. E que houve um incremento de 3,5 milhões de bolivianos na classe média, o que em um país de 11,5 milhões de habitantes é algo bastante expressivo.
Como ex-vice-ministro da Energia, fale um pouco sobre a relevância da questão energética para o desenvolvimento nacional?
É importante deixar claro que quando o governo de Evo assumiu o país estava à beira do colapso, sem investimento há anos, e que hoje temos mais de 1.700 megawatts (MW) de reserva, com muita geração de energia. Este é um tema central na luta contra a pobreza. Para a implementação do nosso programa “Eletricidade para viver com dignidade” levamos em conta o plano soviético Goelro, de Vladimir Lenin, que eletrificou a Rússia, e o brasileiro Luz para Todos. Assim, nós que tínhamos 67% dos lares com energia e 33% sem energia, hoje contamos com 95% das moradias com energia, faltando apenas 5%. Em cinco anos teremos todo o país coberto, não haverá nenhum só lar boliviano sem luz.
Há um projeto de Estado por detrás disso, por meio da planificação, em contraposição ao neoliberalismo.
Exato, uma proposta do Movimento Ao Socialismo, a Agenda 2025, com pilares de desenvolvimento para o país, de redução substancial da pobreza, de universalização do acesso aos serviços públicos, como o gás. Antes nossos lares não tinham conexão com as linhas de gás, com as famílias tendo que se socorrer com lenha, carvão ou botijões que custavam em média seis vezes o preço atual. Também houve um crescimento da distribuição da água potável e da rede de saneamento, de água básica e esgoto. Isso foi garantido pela política redistributiva. Foi a nacionalização que nos permitiu o avanço: nos apropriarmos dos excedentes da riqueza coletiva que passou a ser investida nas universidades, nos governos, nas municipalidades, nos bônus, nos serviços públicos.
O que querem os golpistas com a privatização/desnacionalização?
Eu diria que essa gente quer uma Pátria mendiga, mergulhada em enormes dificuldades. Estes mesmos que retornaram ao poder, são mais do mesmo, estão apenas se apresentando com a fachada de novo.
Veja os nomes: Carlos Mesa foi vice-presidente de Gonzalo Sánchez de Losada, assim como o atual ministro da Educação, Víctor Hugo Cárdenas. O mais retrógrado, Erick Foronda, assessorou a embaixada dos Estados Unidos na Bolívia por mais de uma década; Samuel Dória Medina, ministro de Planificação de Jaime Paz, homem que deu início à privatização das empresas públicas, que diz não querer saber de empresas públicas e defende fechar todas. Temos Tuto Quiroga, que foi vice-presidente do ex-ditador Hugo Banzer. São velhos lobos de 15 a 20 anos da política, nomes de privatização e perseguição.
Todos os representantes dos três principais partidos ou grupos políticos que competem com o MAS-IPSP são praticamente o mesmo, velhos dinossauros, têm nas suas fileiras nomes que deixaram um país pobre, na mendicância, entregue às transnacionais e cuja soberania estava submetida aos Estados Unidos.
No caso de Fernando Camacho, seus principais assessores são Ronald MacLean, que foi ministro do ex-ditador Hugo Banzer Suárez e prefeito de La Paz pela sigla de seu partido. Também tem entre seus assessores a Freddy Teodovich, que foi ministro de Goni Sánchez de Losada, o privatizador e genocida de El Alto. Também está Eduardo Durán, que foi candidato a presidente pelo partido de Sánchez de Losada. A isso me refiro: são os velhos políticos de antes que agora querem aparecer remoçados, como novos, e que são os autênticos gestores do grupo político de Creemos, de Fernando Camacho.
Também respaldam a Fernando Camacho velhos políticos dos anos 90 e 2000, como Leopoldo Fernandez, que foi ministro do ex-ditador Banzer Suárez, foi presidente da Câmara de Senadores, prefeito de Pando. E Armando Reyes Villa, que foi prefeito e governador de Cochabamba, sócio do ex-ditador Hugo Banzer.
Os representantes dos três principais partidos de oposição ao MAS são velhos dinossauros. Temos Luis Fernando Camacho, grande empresário de Santa Cruz, Leopoldo Fernández, ex-governador de Pando, condenado pelo massacre de indígenas, e Juan Carlos Durán, candidato do MNR. Estes são os articuladores do poder real.
Os que lucram com a crise.
Historicamente os que lucram com a crise são os mesmos. Vale lembrar quem lucrava com os monopólios privados, quem estava por trás do interruptor de luz de La Paz? Os Estados Unidos. Por detrás da água? A França. Dos trens? O Chile. Dos hidrocarbonetos? Shell, Repsol... Da aviação? Os Canhedo, do Brasil.
O retorno do MAS à presidência coloca em xeque essa política de submissão.
Sim. Nosso compromisso é impedir a privatização, barrar a entrega do nosso patrimônio público nacional estratégico ao capital transnacional e colocar os recursos arrecadados para tirar nossa população da pobreza e da extrema pobreza. Vamos recuperar a dignidade e a independência nacional tão rapidamente entregue aos norte-americanos. Vamos retomar a política de industrialização, como a do lítio e dos hidrocarbonetos, avançar.
Mas não será nada fácil em meio a tantas ameaças, perseguições e prisões.
Vivemos um momento muito difícil de dura perseguição, de guerra brutal, de desprestígio do nosso movimento e de suas lideranças. É claro que cometemos erros e é preciso ser autocríticos, o que explica o alto percentual de rejeição ao processo de mudanças liderado pelo MAS. No entanto, o que os golpistas querem é saquear o Estado, é arruinar a economia popular. Por isso as eleições são tremendamente importantes para darmos um ponto final nesta política entreguista e retomar uma economia desenvolvimentista, soberana, de fortalecimento de salários e direitos.
Para manter o país no passado começam a falar em postergar as eleições.
Sim, os mesmos que desrespeitaram o resultado das urnas, que fraudaram o processo eleitoral, agora falam em postergar as eleições marcadas para o próximo dia 3 de maio. Por isso estamos solicitando a presença de missões estrangeiras que acompanhem não apenas durante a semana das eleições, mas desde antes, para checar o sistema computadorizado. Queremos que estas missões estejam atentas, porque querem nos roubar, reeditando um golpe de Estado. Estão buscando postergar e não realizar eleições, prorrogando um governo ilegal e isso é completamente inadmissível.
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