Por Luis Felipe Miguel
Ontem, a justiça do Rio negou pedido do MP e manteve a realização dos cultos do criminoso Silas Malafaia.
Para os empresários da ignorância popular, a pandemia é o que se chama de "uma janela de oportunidade". O pânico pode lotar os templos de fiéis e, portanto, aumentar a arrecadação.
Diante disso, que importa se é colocada em risco a vida dos crentes, dos empregados da igreja e, no fim das contas, de todos nós?
A crise sanitária dá dimensão dramática a um problema que em tempos normais já é grave: o uso da religião como salvo-conduto para todo tipo de picaretagem, com gravíssimas consequências para suas vítimas.
Todo mundo sabe que Malafaia é um espertalhão. Mas como a fé é, por definição, uma questão de foro íntimo, é muito difícil prová-lo. Então o poder público age, por padrão, como se ele fosse sincero e desinteressado.
Além disso, o Estado, embora laico, concede à religião um estatuto superior a outras práticas sociais. Se uma pessoa quer violar o isolamento exigido pela pandemia para participar do culto, isso é um motivo sério, que se pensa em respeitar. Se outra quer violar o isolamento para participar de uma festa, é uma demente que deve ser reprimida sem pestanejar.
O vírus, que é ateu, não discrimina entre as duas situações. E o cidadão tem todo o direito de valorizar a festa mais do que o culto - chama-se "liberdade de consciência". Não cabe ao Estado obrigá-lo a outra ordem de prioridades.
Mas cabe ao Estado, em situação de emergência, impor normas de comportamento que protejam a todos. E, assim como proibiu a festa, proibir o culto.
Quem sabe situações absurdas como a do bandido Malafaia façam cair a ficha sobre a necessidade de estabelecer limites aos abusos das igrejas. Medidas simples já seriam um começo, como aplicar a lei já existente que proíbe proselitismo político nos templos. Ou proibir o recolhimento de dinheiro nos cultos - quem quiser doar, que o faça serenamente, em sua casa.
No link, um texto com intuito provocativo que publiquei anos atrás, propondo o fim da liberdade religiosa - afinal, outras liberdades, como liberdade de consciência, de manifestação e de associação garantem, juntas, o direito das congregações para se organizar, celebrar seus cultos, fazer sua propaganda, sem estabelecer que a religião possui um estatuto superior a outras filosofias e visões de mundo.
Ontem, a justiça do Rio negou pedido do MP e manteve a realização dos cultos do criminoso Silas Malafaia.
Para os empresários da ignorância popular, a pandemia é o que se chama de "uma janela de oportunidade". O pânico pode lotar os templos de fiéis e, portanto, aumentar a arrecadação.
Diante disso, que importa se é colocada em risco a vida dos crentes, dos empregados da igreja e, no fim das contas, de todos nós?
A crise sanitária dá dimensão dramática a um problema que em tempos normais já é grave: o uso da religião como salvo-conduto para todo tipo de picaretagem, com gravíssimas consequências para suas vítimas.
Todo mundo sabe que Malafaia é um espertalhão. Mas como a fé é, por definição, uma questão de foro íntimo, é muito difícil prová-lo. Então o poder público age, por padrão, como se ele fosse sincero e desinteressado.
Além disso, o Estado, embora laico, concede à religião um estatuto superior a outras práticas sociais. Se uma pessoa quer violar o isolamento exigido pela pandemia para participar do culto, isso é um motivo sério, que se pensa em respeitar. Se outra quer violar o isolamento para participar de uma festa, é uma demente que deve ser reprimida sem pestanejar.
O vírus, que é ateu, não discrimina entre as duas situações. E o cidadão tem todo o direito de valorizar a festa mais do que o culto - chama-se "liberdade de consciência". Não cabe ao Estado obrigá-lo a outra ordem de prioridades.
Mas cabe ao Estado, em situação de emergência, impor normas de comportamento que protejam a todos. E, assim como proibiu a festa, proibir o culto.
Quem sabe situações absurdas como a do bandido Malafaia façam cair a ficha sobre a necessidade de estabelecer limites aos abusos das igrejas. Medidas simples já seriam um começo, como aplicar a lei já existente que proíbe proselitismo político nos templos. Ou proibir o recolhimento de dinheiro nos cultos - quem quiser doar, que o faça serenamente, em sua casa.
No link, um texto com intuito provocativo que publiquei anos atrás, propondo o fim da liberdade religiosa - afinal, outras liberdades, como liberdade de consciência, de manifestação e de associação garantem, juntas, o direito das congregações para se organizar, celebrar seus cultos, fazer sua propaganda, sem estabelecer que a religião possui um estatuto superior a outras filosofias e visões de mundo.
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