Por Paulo Moreira Leite, no site Brasil-247:
Uma das mais atentas observadoras de nossa cena política, a colunista Maria Cristina Fernandes publicou um artigo indispensável no debate sobre o impacto da covid-19 sobre a conjuntura do país, "Os sócios do vírus"(Valor Econômico, 02/07/2020).
Como qualquer investigação competente sobre o tempo presente, o texto vai além do aqui e agora e contém informações e observações de grande utilidade para pensar nosso futuro.
A leitura de "Os sócios..." permite reconhecer, no pós-pandemia, um país ainda mais desigual e menos democrático, no qual nenhum problema social importante terá sido resolvido -- apenas agravado.
Longe de qualquer teoria conspiratória ou coisa parecida,
Maria Cristina explica com lucidez: "Ninguém desejava a pandemia, mas há quem mais do que sobreviver, está a tirar vantagem dela. Na política e na economia, as desigualdades pregressas só se acentuam com as medidas governamentais".
A lista de casos é longa e, mais do que isso, envolve pontos decisivos da vida brasileira.
Na economia, por exemplo, os juros baixos permitiram uma capitalização mais barata às empresas, enquanto várias medidas provisórias reduziram custos trabalhistas, elevando a natureza precária da luta pela vida.
No Congresso, as sessões remotas acabaram com as reuniões de comissões e conselhos de ética, primeira caixa de ressonância assuntos que afligem os nervos da nação -- como as denúncias contra os filhos do presidente.
Lembrando que Bolsonaro não se elegeu para melhorar o Estado, mas "para dizimá-lo", Maria Cristina mostra mudanças ocorridas em várias geografias e esferas diferenciadas, seja no desmatamento que cresceu 55% na Amazônia, na violência policial que atingiu brutalidade impensável no Rio e São Paulo.
Numa longa sequência de exemplos, é possível perguntar, agora por minha conta: será que a privatização da água teria sido um passeio de senadores e deputados caso o país estivesse mobilizado, sem receio de ir a rua?
Num momento em que já não se pensa a covid-19 como uma pandemia passageira, mas como uma ameaça de longa duração, que só poderá ser controlada quando a medicina produzir vacinas e medicamentos em fase de laboratório, as mudanças que já produzidas em nossa vida social trazem perguntas e desafios que terão de ser debatidos e enfrentados desde já.
As ameaças ao bem-estar, à qualidade de vida e, em, particular, a criação de empregos e a sobrevivência dos mais pobres e explorados, ameaçam atingir um patamar nunca visto.
A partir dos dados já visíveis no presente, é possível enxergar um retrocesso civilizatório sem igual na história recente da humanidade.
Alguma dúvida?
Uma das mais atentas observadoras de nossa cena política, a colunista Maria Cristina Fernandes publicou um artigo indispensável no debate sobre o impacto da covid-19 sobre a conjuntura do país, "Os sócios do vírus"(Valor Econômico, 02/07/2020).
Como qualquer investigação competente sobre o tempo presente, o texto vai além do aqui e agora e contém informações e observações de grande utilidade para pensar nosso futuro.
A leitura de "Os sócios..." permite reconhecer, no pós-pandemia, um país ainda mais desigual e menos democrático, no qual nenhum problema social importante terá sido resolvido -- apenas agravado.
Longe de qualquer teoria conspiratória ou coisa parecida,
Maria Cristina explica com lucidez: "Ninguém desejava a pandemia, mas há quem mais do que sobreviver, está a tirar vantagem dela. Na política e na economia, as desigualdades pregressas só se acentuam com as medidas governamentais".
A lista de casos é longa e, mais do que isso, envolve pontos decisivos da vida brasileira.
Na economia, por exemplo, os juros baixos permitiram uma capitalização mais barata às empresas, enquanto várias medidas provisórias reduziram custos trabalhistas, elevando a natureza precária da luta pela vida.
No Congresso, as sessões remotas acabaram com as reuniões de comissões e conselhos de ética, primeira caixa de ressonância assuntos que afligem os nervos da nação -- como as denúncias contra os filhos do presidente.
Lembrando que Bolsonaro não se elegeu para melhorar o Estado, mas "para dizimá-lo", Maria Cristina mostra mudanças ocorridas em várias geografias e esferas diferenciadas, seja no desmatamento que cresceu 55% na Amazônia, na violência policial que atingiu brutalidade impensável no Rio e São Paulo.
Numa longa sequência de exemplos, é possível perguntar, agora por minha conta: será que a privatização da água teria sido um passeio de senadores e deputados caso o país estivesse mobilizado, sem receio de ir a rua?
Num momento em que já não se pensa a covid-19 como uma pandemia passageira, mas como uma ameaça de longa duração, que só poderá ser controlada quando a medicina produzir vacinas e medicamentos em fase de laboratório, as mudanças que já produzidas em nossa vida social trazem perguntas e desafios que terão de ser debatidos e enfrentados desde já.
As ameaças ao bem-estar, à qualidade de vida e, em, particular, a criação de empregos e a sobrevivência dos mais pobres e explorados, ameaçam atingir um patamar nunca visto.
A partir dos dados já visíveis no presente, é possível enxergar um retrocesso civilizatório sem igual na história recente da humanidade.
Alguma dúvida?
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