Em períodos de crise econômica surge uma disputa por uma categoria própria de letras do alfabeto.
Paulo Guedes tem sido o principal expoente da ideia de que a economia brasileira apresentará um comportamento em “V” que significa – grosso modo – que após a grave crise que teve seu ponto mais crucial no mês de abril, a economia apresentaria uma trajetória célere de crescimento, retomando o padrão pré-crise.
Outros avaliam a possibilidade de um crescimento em “W”, representando por um circuito de quedas seguidas de crescimento que são sequenciadas por novas quedas.
Há ainda os que advogam um crescimento em “raiz quadrada”, marcado por uma queda acentuada que segue-se de uma recuperação curta e logo estaciona em um platô de estabilidade, com padrão de “nova normalidade” em níveis abaixo do verificado no ponto inicial.
Há, também, a previsão de um crescimento em “K”, que significa que a trajetória de crescimento é deveras desuniforme, com os mais ricos – o topo da pirâmide – protagonizando uma trajetória de rápida ascensão, enquanto “a perna de baixo da letra”, os mais pobres, apresentam perdas sistemáticas.
O que podemos observar empiricamente, até agora, é que o apregoado crescimento em “V” é uma miragem.
Ainda que alguns setores tenham apresentado essa trajetória – em especial a bolsa de valores, o comércio e a indústria – o agregado da economia ainda não atingiu os padrões de geração de riqueza medidos antes da crise, expressos nos indicadores de fevereiro.
Ainda estamos com uma estimativa de queda de 5% do PIB, em relação ao ano de 2019. Se formos estender a análise, o quadro se torna mais dramático.
Em 2019, a economia brasileira ainda não tinha recuperado o padrão de geração de riqueza medido pelo PIB anterior à grande crise de 2015/2016. Ou seja, estamos ainda mais longe da posição que ocupávamos em 2014!
Se crescimento econômico não significa, necessariamente, a sua distribuição e a consequente redução das desigualdades sociais – o que fica claro quando analisamos o período da ditadura militar, por exemplo – por outro lado, crises e semi-estagnações são, por excelência, concentradoras de renda, uma vez que as crises elevam a incerteza, a preferência pela liquidez e inibem o investimento, com efeitos deletérios no nível de emprego e renda.
O que nos salvou de mergulhar em águas ainda mais turvas foi o auxílio emergencial. Os efeitos multiplicadores desse estímulo fiscal foram responsáveis por conter uma queda entre 8,4% e 14,8% do PIB em 2020.
A existência de renda nas mãos dos mais pobres contribuiu diretamente para a manutenção dos níveis de demanda agregada, expresso na elevação do consumo, que gerou impacto positivo sobre o comércio, a indústria e os serviços.
Já se projeta retração da atividade econômica no primeiro trimestre de 2021 e uma possível recessão no primeiro semestre do ano
Além disso, o auxílio emergencial foi um importante sustentáculo do emprego. As cidades que mais tiveram beneficiários do auxílio emergencial foram as que apresentaram melhor performance na geração de emprego, especialmente no setor formal, demonstrando a importância do consumo que é função direta da disponibilidade de renda.
Mas o sonho acabou. O fim do auxílio emergencial, a pressão inflacionária nos bens – especialmente nos alimentos – e a deterioração do mercado já tem demonstrado efeito sobre os níveis de crescimento econômico.
Desde janeiro de 2021, as estimativas do PIB têm sido constantemente revisadas para baixo pelas principais instituições de pesquisa, incluso os departamentos de pesquisa dos grandes bancos comerciais. Já se projeta retração da atividade econômica no primeiro trimestre de 2021 e uma possível recessão no primeiro semestre do ano.
Os dados que saíram essa semana da Pesquisa Mensal dos Serviços e da Pesquisa Mensal do Comércio, elaboradas pelo IBGE para o mês de dezembro de 2020 – ou seja, quando ainda existia auxílio emergencial residual – já apontam queda acentuada. O comércio varejista recuou mais de 6% em dezembro em relação a novembro a 2020.
Paulo Guedes tem sido o principal expoente da ideia de que a economia brasileira apresentará um comportamento em “V” que significa – grosso modo – que após a grave crise que teve seu ponto mais crucial no mês de abril, a economia apresentaria uma trajetória célere de crescimento, retomando o padrão pré-crise.
Outros avaliam a possibilidade de um crescimento em “W”, representando por um circuito de quedas seguidas de crescimento que são sequenciadas por novas quedas.
Há ainda os que advogam um crescimento em “raiz quadrada”, marcado por uma queda acentuada que segue-se de uma recuperação curta e logo estaciona em um platô de estabilidade, com padrão de “nova normalidade” em níveis abaixo do verificado no ponto inicial.
Há, também, a previsão de um crescimento em “K”, que significa que a trajetória de crescimento é deveras desuniforme, com os mais ricos – o topo da pirâmide – protagonizando uma trajetória de rápida ascensão, enquanto “a perna de baixo da letra”, os mais pobres, apresentam perdas sistemáticas.
O que podemos observar empiricamente, até agora, é que o apregoado crescimento em “V” é uma miragem.
Ainda que alguns setores tenham apresentado essa trajetória – em especial a bolsa de valores, o comércio e a indústria – o agregado da economia ainda não atingiu os padrões de geração de riqueza medidos antes da crise, expressos nos indicadores de fevereiro.
Ainda estamos com uma estimativa de queda de 5% do PIB, em relação ao ano de 2019. Se formos estender a análise, o quadro se torna mais dramático.
Em 2019, a economia brasileira ainda não tinha recuperado o padrão de geração de riqueza medido pelo PIB anterior à grande crise de 2015/2016. Ou seja, estamos ainda mais longe da posição que ocupávamos em 2014!
Se crescimento econômico não significa, necessariamente, a sua distribuição e a consequente redução das desigualdades sociais – o que fica claro quando analisamos o período da ditadura militar, por exemplo – por outro lado, crises e semi-estagnações são, por excelência, concentradoras de renda, uma vez que as crises elevam a incerteza, a preferência pela liquidez e inibem o investimento, com efeitos deletérios no nível de emprego e renda.
O que nos salvou de mergulhar em águas ainda mais turvas foi o auxílio emergencial. Os efeitos multiplicadores desse estímulo fiscal foram responsáveis por conter uma queda entre 8,4% e 14,8% do PIB em 2020.
A existência de renda nas mãos dos mais pobres contribuiu diretamente para a manutenção dos níveis de demanda agregada, expresso na elevação do consumo, que gerou impacto positivo sobre o comércio, a indústria e os serviços.
Já se projeta retração da atividade econômica no primeiro trimestre de 2021 e uma possível recessão no primeiro semestre do ano
Além disso, o auxílio emergencial foi um importante sustentáculo do emprego. As cidades que mais tiveram beneficiários do auxílio emergencial foram as que apresentaram melhor performance na geração de emprego, especialmente no setor formal, demonstrando a importância do consumo que é função direta da disponibilidade de renda.
Mas o sonho acabou. O fim do auxílio emergencial, a pressão inflacionária nos bens – especialmente nos alimentos – e a deterioração do mercado já tem demonstrado efeito sobre os níveis de crescimento econômico.
Desde janeiro de 2021, as estimativas do PIB têm sido constantemente revisadas para baixo pelas principais instituições de pesquisa, incluso os departamentos de pesquisa dos grandes bancos comerciais. Já se projeta retração da atividade econômica no primeiro trimestre de 2021 e uma possível recessão no primeiro semestre do ano.
Os dados que saíram essa semana da Pesquisa Mensal dos Serviços e da Pesquisa Mensal do Comércio, elaboradas pelo IBGE para o mês de dezembro de 2020 – ou seja, quando ainda existia auxílio emergencial residual – já apontam queda acentuada. O comércio varejista recuou mais de 6% em dezembro em relação a novembro a 2020.
Fonte: IBGE / Elaboração: Paulo Gala |
Fonte: IBGE. Elaboração: Paulo Gala |
Dessa forma fica visível que a saída para a crise brasileira passa por um programa emergencial e estrutural de transformações profundas da economia brasileira.
A saída da crise deve envolver – em primeiro lugar – a manutenção do auxílio emergencial, e um conjunto de ações enérgicas do Estado, único agente econômico capaz de empreender medidas anticíclicas que não apenas recuperem a capacidade de crescimento e geração de emprego, senão que atuem sofrem as feridas da desigualdade social, fortemente abertas nessa pandemia.
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