Esta semana, numa das entrevistas que fiz no Café da Manhã do Diário do Centro do Mundo – no lugar de meu colega e amigo Leandro Fortes – falei com o professor Valério Arcary sobre o livro que ele está lançando, e o título “Ninguém disse que seria fácil” vem-me hoje à cabeça com as notícias de que Jair Bolsonaro “recupera” alguns pontos nas pesquisas eleitorais.
Pode até ser – e não seria espantoso na semana em que se começam a pagar o “turbinamento” do auxílio emergencial e os diversos “vales” que implantou e forçou, com a supressão de impostos estaduais, a queda do preço da gasolina – que isso tenha acontecido.
Mas, até agora, é cedo para “cravar” esta informação e aí em cima está o Agregador de Pesquisas do Estadão para mostrar que, se há alguma alteração, é mínima, segundo o melhor critério estatístico, o de agregar dados, se estes são confiáveis, o que, vá lá, presume-se das pesquisas eleitorais.
Adote-se a prudência extra de verificar os resultados de Lula (e, depois, Dilma), nas eleições presidenciais de 2002, 2006, 2010 e 2014. Respectivamente, e em votos válidos (sem brancos e nulos) foram 46%, 48%, 47% e, no pior resultado, 41,6% em 2014.
O conservadorismo sempre teve perto de um terço dos votos, salvo quando fatores externos a sua essência política o inflaram, como ocorreu em 2006 (com o chamado “mensalão”), 2014 (com as tais “jornadas de junho” e o início da Lava Jato) e em 2018, com a prisão do ex-presidente.
A pergunta essencial é se o aumento do “auxílio-emergencial” tem o mesmo significado que teve o Plano Cruzado e seu congelamento de preços na vitória do PMDB, em 1986, ou a do Plano Real em 1994, na eleição de Fernando Henrique Cardoso. E mesmo a mais superficial análise mostra que, ao que se pode ver hoje, a resposta é não.
Nota-se, em algumas pessoas, uma motivação que se verbalizou no famoso twitter de André Janones, criticando o tom (e tem razão nisso) elitista das manifestações de ontem em defesa da democracia. Seria, nesta visão, uma necessidade de que Lula radicalize suas posições, para com isso alcançar o povão.
Francamente, será que uma semana de “bondades” presidenciais e duas pesquisas estaduais devam ser suficientes para reorientar uma estratégia política que, em dois anos, levou o ex-presidente a liderar todas as pesquisas de opinião?
Nem Lula, nem Bolsonaro, a esta altura, são pessoas desconhecidas, sobre quem uma parcela significativa da população – inclusive e sobretudo a de baixa renda – não tenha opiniões formadas, para o bem e para o mal. Não está acontecendo nenhuma campanha de massa, com revelações chocantes que possam abalar simpatias, confianças e desconfianças.
Enquanto Bolsonaro estiver apenas perto do terço que a direita historicamente tem nas eleições, o maior perigo não é o voto, é o golpe.
Não creio que seja preciso advertir Lula para uma pretensa “popularização” de sua campanha. Primeiro, porque sempre foi este o carisma do petista, sua própria trajetória, seu linguajar e sua forma de defender suas ideias. Segundo, porque o pior adversário de Lula não é Jair Bolsonaro, mas o bloqueio que, durante os últimos sete anos se construiu contra ele, com as campanhas que a mídia e de todo o establishment desenvolveram contra ele.
E que é o que ele tem, com paciência e um incrível apetite por alianças políticas, se dedicado pacientemente a quebrar, compreendendo com muita lucidez o cenário de terra arrasada que tornou-se o Brasil. E se tem alguma razão para alterar é para fazer mais do mesmo que tem sido bem-sucedido.
A elite política bem que tentou, mas a pobreza dos quadros que lhe restaram depois da obra de demolição que faz sobre a política acabaram por privá-la de opções, movimento que se deveu, também, ao maniqueísmo destruidor de Bolsonaro, em torno do qual não cresce a grama, porque a ele a devora com o medo-pânico próprio dos medíocres.
Este é, ainda o quadro das eleições, no qual não há – ao menos, ainda – tendências nítidas de mudança.
Ninguém disse que seria fácil, e não será. Mas conservar a mão firme no leme é essencial para as travessias difíceis.
Pode até ser – e não seria espantoso na semana em que se começam a pagar o “turbinamento” do auxílio emergencial e os diversos “vales” que implantou e forçou, com a supressão de impostos estaduais, a queda do preço da gasolina – que isso tenha acontecido.
Mas, até agora, é cedo para “cravar” esta informação e aí em cima está o Agregador de Pesquisas do Estadão para mostrar que, se há alguma alteração, é mínima, segundo o melhor critério estatístico, o de agregar dados, se estes são confiáveis, o que, vá lá, presume-se das pesquisas eleitorais.
Adote-se a prudência extra de verificar os resultados de Lula (e, depois, Dilma), nas eleições presidenciais de 2002, 2006, 2010 e 2014. Respectivamente, e em votos válidos (sem brancos e nulos) foram 46%, 48%, 47% e, no pior resultado, 41,6% em 2014.
O conservadorismo sempre teve perto de um terço dos votos, salvo quando fatores externos a sua essência política o inflaram, como ocorreu em 2006 (com o chamado “mensalão”), 2014 (com as tais “jornadas de junho” e o início da Lava Jato) e em 2018, com a prisão do ex-presidente.
A pergunta essencial é se o aumento do “auxílio-emergencial” tem o mesmo significado que teve o Plano Cruzado e seu congelamento de preços na vitória do PMDB, em 1986, ou a do Plano Real em 1994, na eleição de Fernando Henrique Cardoso. E mesmo a mais superficial análise mostra que, ao que se pode ver hoje, a resposta é não.
Nota-se, em algumas pessoas, uma motivação que se verbalizou no famoso twitter de André Janones, criticando o tom (e tem razão nisso) elitista das manifestações de ontem em defesa da democracia. Seria, nesta visão, uma necessidade de que Lula radicalize suas posições, para com isso alcançar o povão.
Francamente, será que uma semana de “bondades” presidenciais e duas pesquisas estaduais devam ser suficientes para reorientar uma estratégia política que, em dois anos, levou o ex-presidente a liderar todas as pesquisas de opinião?
Nem Lula, nem Bolsonaro, a esta altura, são pessoas desconhecidas, sobre quem uma parcela significativa da população – inclusive e sobretudo a de baixa renda – não tenha opiniões formadas, para o bem e para o mal. Não está acontecendo nenhuma campanha de massa, com revelações chocantes que possam abalar simpatias, confianças e desconfianças.
Enquanto Bolsonaro estiver apenas perto do terço que a direita historicamente tem nas eleições, o maior perigo não é o voto, é o golpe.
Não creio que seja preciso advertir Lula para uma pretensa “popularização” de sua campanha. Primeiro, porque sempre foi este o carisma do petista, sua própria trajetória, seu linguajar e sua forma de defender suas ideias. Segundo, porque o pior adversário de Lula não é Jair Bolsonaro, mas o bloqueio que, durante os últimos sete anos se construiu contra ele, com as campanhas que a mídia e de todo o establishment desenvolveram contra ele.
E que é o que ele tem, com paciência e um incrível apetite por alianças políticas, se dedicado pacientemente a quebrar, compreendendo com muita lucidez o cenário de terra arrasada que tornou-se o Brasil. E se tem alguma razão para alterar é para fazer mais do mesmo que tem sido bem-sucedido.
A elite política bem que tentou, mas a pobreza dos quadros que lhe restaram depois da obra de demolição que faz sobre a política acabaram por privá-la de opções, movimento que se deveu, também, ao maniqueísmo destruidor de Bolsonaro, em torno do qual não cresce a grama, porque a ele a devora com o medo-pânico próprio dos medíocres.
Este é, ainda o quadro das eleições, no qual não há – ao menos, ainda – tendências nítidas de mudança.
Ninguém disse que seria fácil, e não será. Mas conservar a mão firme no leme é essencial para as travessias difíceis.
0 comentários:
Postar um comentário