Charge: Nando Motta |
Virou moda entre os bolsonaristas mais hidrófobos usar armas para ameaçar os adversários. Em outubro, o ex-deputado Roberto Jefferson, chefão do PTB, disparou vários tiros e lançou granadas contra os agentes da Polícia Federal que foram cumprir um mandado de prisão em sua casa na cidade de Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro. Dois policiais ficaram feridos e o deputado-miliciano foi preso.
Dias depois, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) sacou sua pistola e perseguiu um jovem negro no bairro dos Jardins, na capital paulista. Temendo punições, ela até fingiu trair o “capetão” e pediu trégua a Alexandre de Moraes, ministro do STF. Agora, é a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) que posa com uma metralhadora e uma camiseta com a estampa de uma mão com quatro dedos perfurada por balas em explícita alusão ao presidente Lula.
Diante do risco de perder o mandato por incitação à violência, a nova deputada-pistoleira também se finge de tola. “Está escrito Lula na camiseta? Não está, né. Eu acho que não é só ele que tem um dedo a menos ou dois, sei lá. Não está escrito Lula e em nenhum momento eu falei no meu texto: 'vamos atacar', 'vamos pegar em armas para fazer a revolução'. A esquerda já falou isso uma vez”, afirmou cinicamente à Folha.
Nazista incita o ódio e a violência
Segundo jornal, “Zanatta disse ter ganhado a camiseta do dono do clube de tiro no qual tirou a foto. ‘Eu ganhei ali na hora, coloquei, e bati uma foto. Mas o meu texto em nada fala em incitação à violência’. Na postagem, a deputada cita Lula, ao escrever: ‘Não podemos baixar a guarda. Infelizmente a situação não é fácil. Com Lula no poder, deixamos um sonho de liberdade para passar para uma defesa única e exclusiva dos empregos, do pessoal que investiu no setor de armas’, escreveu”.
A desculpa da deputada-pistoleira, porém, não convenceu ninguém. Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT, já anunciou que a bancada do partido entrará com pedido de cassação do mandato de Júlia Zanatta. “Comportamento nazista da deputada de SC, de apologia à violência contra @LulaOficial... Quem não pode baixar a guarda é a sociedade brasileira – e nossas instituições – com quem insiste incitar a violência e semear o ódio. Estamos estudando medidas contra esse ato criminoso”, postou nas redes sociais.
O vice-líder do governo na Câmara Federal, deputado Alencar Santana (PT-SP), também reagiu com energia. “É uma ameaça à vida do presidente da República. Então também contraria ali o código penal, especificamente a lei do estado democrático. Ao mesmo tempo, ela terá que se explicar se possui posse e porte de arma daquele calibre. Não dá para a gente compactuar com esse tipo de atitude que fica incitando pessoas a cometerem atentados contra a vida de alguém”.
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