domingo, 10 de setembro de 2023

Audiências do SBT, Band e RedeTV! afundam

Ilustração: Jess Ebsworth
Por Altamiro Borges


Segundo estudo da Kantar Media, obtido com exclusividade pelo jornalista Ricardo Feltrin, as audiências das emissoras desabaram neste ano. “De janeiro a agosto, o SBT perdeu 11% de share, na comparação com janeiro a agosto do ano passado. Ou seja, 11 em cada 100 espectadores que viam o SBT em 2022 deixaram de ver. Já a Band perdeu 14 em cada 100 consumidores este ano. E a RedeTV! perdeu 19 em cada 100 espectadores”.

No artigo, o especialista em mídia, editor do site de entretenimento Ooops, não apresenta os dados mais recentes da TV Globo, mas sinaliza que também houve queda. Essa “perda recorde de púbico”, segundo o autor, decorre do crescimento da internet e atinge todas as emissoras. “Se a TV aberta vai mal, a TV paga vai pior ainda. Este ano os canais por assinatura perderam 10% dos espectadores, em relação a janeiro/agosto do ano passado. Já o streaming segue sua trajetória ascendente: cresceu mais 12% em público” neste ano.

Como explica em outro texto, “share é a participação no universo de aparelhos ligados (TVs, laptops, tablets e celulares) dentro das residências monitoradas pela Kantar. Embora já não esteja mais crescendo em número de assinantes como nos últimos três anos, o consumo de streaming continua mostrando fôlego. Quase um em cada 5 aparelhos ligados nas 24 horas do dia, no país, não saem de seu conteúdo. Isso, claro, inclui o YouTube”.

Globo fica mais velha e mais pobre

No mesmo rumo e apresentando novos elementos, outro especialista em mídia, Daniel Castro, postou em maio passado que “a audiência da TV Globo está ficando mais velha e mais pobre. De acordo com levantamento obtido com exclusividade pelo Notícias da TV, a participação do público de quatro a 24 anos no total do público da emissora caiu pela metade nos últimos sete anos. Enquanto isso, aumentou a participação dos que têm mais de 60 anos e menos dinheiro no bolso”.

“Os dados são preocupantes porque indicam que, a longo prazo, a TV Globo ficará sem público, já que não está havendo renovação, e as novas gerações não estão crescendo com o hábito de assisti-la. Revelam também o impacto que o streaming tem causado na TV aberta. O consumo de plataformas como Netflix e YouTube nos televisores cresce ano a ano e já é maior do que as audiências somadas de Record e SBT”.

Programação infantil desce a ladeira

O autor aponta algumas das vulnerabilidades do império global. “Sem programação infantil desde 2015, a audiência da Globo entre crianças e adolescentes está descendo a ladeira. Em 2017, ela conquistava 4,2 pontos na média diária (7h/24h) do PNT, o Painel Nacional de Televisão da Kantar Ibope, entre as pessoas de 4 a 11 anos. Esse índice caiu para 2,6 pontos no ano passado e está em 2,2 no acumulado de janeiro a março de 2023. Os números são muito semelhantes nas faixas de 12 a 17 anos e de 18 a 24 anos. Nesses dois públicos, a oscilação foi de 4,8 pontos em 2016 para 2,4 em 2023”.

Na média, a TV Globo vem perdendo um ponto a cada três anos nesse segmento da população. Cada ponto no Ibope nacional equivale a 717 mil pessoas. Nas faixas de 25 a 34 anos e de 35 a 49 anos, a audiência se manteve estável até 2020. Mas, de lá pra cá, ela também vem caindo ano após ano. “Já entre os mais maduros, os números não variam muito. Entre os que têm entre 50 e 59 anos, a Globo registrava 9,7 pontos em 2017. Fechou 2022 com média de 9,1. Entre os que têm mais de 60 anos, a audiência chegou a subir de 10,8 pontos em 2016 para 12,1 em 2020. Atualmente, está em 11,2”.

Queda do poder de consumo dos telespectadores

Outro ponto importante é o poder de consumo dos telespectadores, que mostra que a Globo também perde competitividade. “A participação dos mais ricos (classes A e B), que era de 6,8 pontos no PNT em 2017, caiu para 5,5 em 2022 e está em 4,9 neste ano. Mais da metade da população brasileira, a classe C também está virando a cara para a Globo. A audiência da C1, de 7,2 pontos em 2018, baixou para 6,0 em 2022. Movimento diferente teve o público D e E, o menos favorecido. Essa população representava 8,3 pontos em 2016, chegou a 9,5 em 2020, no auge da pandemia, e caiu para 8,5 no ano passado. Em 2023 (até março), está em 7,9”.

Daniel Castro conclui que a situação da emissora é delicada. “A Globo tem perdido audiência ano a ano. Neste século, ela viu fugir um de cada três telespectadores. Sua audiência média diária (7h/24h) no PNT oscilou de 17 pontos em 2017 para 14,3 no ano passado. O crescimento das plataformas on demand explica boa parte dessa queda. Quando começou a ser medido pela Kantar Ibope, em 2020, o streaming abocanhava 6,0 pontos no PNT. Em 2021, cresceu para 7,6. No ano passado, já registrava 8,4. Até março de 2023, marcava 9,1 pontos”.

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