Reproduzo artigo de Izabela Vasconcelos, publicado no sítio Comunique-se:
O jornalista Dalwton Moura, editor do jornal cearense Diário do Nordeste, foi demitido na última semana, após publicar um caderno especial sobre as revoluções marxistas. O caderno, publicado no dia 17/10, trazia seis páginas com uma entrevista do sociólogo e filósofo Michael Löwi e artigos de Adelaide Gonçalves e José Arbex Jr. O jornalista foi pautado pela direção do veículo, mas após a publicação, o jornal considerou o caderno "panfletário" e "subversivo", além de "inoportuno ao momento atual".
O caderno foi encomendado porque Michael Löwi estaria em Fortaleza para lançar o livro Revoluções. A reportagem foi pautada pelo editor-chefe do jornal, Ildefonso Rodrigues, e sugerida pela historiadora e professora Adelaide Gonçalves, da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Ao comunicar a demissão de Moura, o editor-chefe afirmou que "não sabia o conteúdo da reportagem até vê-la publicada". Segundo o jornalista, que trabalhava há quase nove anos no veículo, o editor informou que o caderno gerou problemas para a direção do jornal. "Disseram que gerou problemas, que não teria sido bem recebido pela direção da empresa", contou Moura.
O editor disse que "jamais imaginou" que poderia ser demitido dessa forma, e que a demissão abre espaço para várias interpretações. "Jamais imaginei que poderia gerar isso. O caso é complexo e dá margem para várias leituras". De acordo com Moura, nem ele, nem a repórter Síria Mapurunga, que fizeram a entrevista com o filósofo, emitiram opinião. A entrevista destacava no título a declaração de Löwi: "O marxismo tem de evoluir para uma maior radicalização".
O Sindicato dos Jornalistas do Ceará questionou a demissão e criticou o fato de a grande imprensa contestar a criação do Conselho de Comunicação no Estado, mas permitir que demissões como a de Moura aconteçam.
"A demissão do então editor do 'Caderno 3' expõe o abismo entre o discurso da grande mídia conservadora, que se diz ameaçada em sua liberdade de expressão - inclusive atacando com este falso argumento o projeto do Conselho de Comunicação do Estado -, e suas práticas cotidianas, restritivas ao exercício profissional dos jornalistas, bem como à livre opinião de colaboradores e leitores", diz a nota divulgada pelo sindicato.
Procurado pela reportagem, o editor-chefe do Diário do Nordeste informou que todos os esclarecimentos do caso já foram prestados a Moura.
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sexta-feira, 29 de outubro de 2010
A herança de FHC no setor de petróleo
Reproduzo artigo de Emanuel Cancella, diretor do Sindipetro-RJ, publicado na Agência Petroleira de Notícias:
Se dependesse dos tucanos, festa do pré-sal seria no Texas. A tentativa de mudança do nome para Petrobrax para facilitar a privatização da empresa. A pulverização das ações da companhia negociando 40% delas na bolsa de Nova York. A destruição da indústria naval, transferindo a construção de navios, plataformas, sondas para fora do país, exportando emprego e investimento. O Brasil chegou a ser o maior construtor naval do continente na década de 80. O sucateamento da Petrobrás com esvaziamento dos quadros técnicos e corte de investimentos. Destruição da indústria petroquímica, a mais lucrativa na indústria do petróleo.
FHC quebrou o monopólio estatal do petróleo. Introduziu a lei 9748/97, criando a Agencia Nacional do Petróleo (ANP) e os leilões de petróleo. A categoria não se calou. Em 1994 e 1995 realizou uma greve nacional de 32 dias, a maior da história, para impedir a privatização da Petrobrás. Mais de cem sindicalistas foram demitidos. Em 1996, junto com o MST, os petroleiros ocuparam o salão verde do Congresso Nacional para tentar barrar a votação da lei que extinguiu o monopólio estatal do petróleo.
Essa é a herança de FHC na Petrobrás. Para não deixar dúvidas da ação predatória dos tucanos e democratas no setor, o primeiro diretor geral da ANP, David Zilberstain, ex-genro de FHC, anunciou à imprensa e aos representantes das multinacionais na primeira entrevista coletiva: "O petróleo é vosso", ironizando o maior movimento cívico do país "O petróleo é nosso".
O governo de Luís Inácio sepultou a proposta de privatização da Petrobrás, retomando os concursos públicos, investindo maciçamente na companhia que hoje é a quarta empresa de energia do planeta e financia 40% do PAC. Retoma o braço petroquímico, criando o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - o COMPERJ.
Lula readmitiu milhares de trabalhadores do Sistema Petrobrás demitidos por governos anteriores. Nacionalizou a indústria naval, gerando emprego e investimentos no país. Aumentou a participação acionária da União na companhia no maior processo de capitalização da história. A oposição e a mídia chegaram a ironizar a operação e apostar em seu fracasso. Lula mudou o marco regulatório do petróleo para o pré-sal contrariando tucanos e democratas que votaram contra a lei, insistindo na manutenção dos leilões de FHC.
O petista não resolveu todos os problemas do setor petróleo, mas avançou muito. Os movimentos sociais e os sindicatos, entre eles o Sindipetro-RJ, vão insistir, por exemplo, na luta pela Petrobrás 100% estatal e na volta do monopólio prevista no projeto de lei dos movimentos sociais em tramitação no Senado Federal. Vários parlamentares se elegeram comprometidos com o nosso projeto. FHC, que chamou os aposentados de vagabundos, rasgou o contrato com os aposentados da Petrobrás. Lula, para nossa decepção, não mudou esse quadro de desrespeito com aqueles que fizeram da Petrobrás o que ela é hoje.
O Sindipetro-RJ não se calou e não vai se calar enquanto aqueles que construíram a maior parte dessa história de vitórias e conquistas não tiverem seus direitos garantidos.
Porém, no momento do debate eleitoral, o Sindipetro-RJ não pode se omitir diante da ameaça da volta do projeto que tentou privatizar a Petrobrás e entregar nosso petróleo às multinacionais. Os petroleiros não aceitam o retrocesso e a entrega das riquezas do povo brasileiro!
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Se dependesse dos tucanos, festa do pré-sal seria no Texas. A tentativa de mudança do nome para Petrobrax para facilitar a privatização da empresa. A pulverização das ações da companhia negociando 40% delas na bolsa de Nova York. A destruição da indústria naval, transferindo a construção de navios, plataformas, sondas para fora do país, exportando emprego e investimento. O Brasil chegou a ser o maior construtor naval do continente na década de 80. O sucateamento da Petrobrás com esvaziamento dos quadros técnicos e corte de investimentos. Destruição da indústria petroquímica, a mais lucrativa na indústria do petróleo.
FHC quebrou o monopólio estatal do petróleo. Introduziu a lei 9748/97, criando a Agencia Nacional do Petróleo (ANP) e os leilões de petróleo. A categoria não se calou. Em 1994 e 1995 realizou uma greve nacional de 32 dias, a maior da história, para impedir a privatização da Petrobrás. Mais de cem sindicalistas foram demitidos. Em 1996, junto com o MST, os petroleiros ocuparam o salão verde do Congresso Nacional para tentar barrar a votação da lei que extinguiu o monopólio estatal do petróleo.
Essa é a herança de FHC na Petrobrás. Para não deixar dúvidas da ação predatória dos tucanos e democratas no setor, o primeiro diretor geral da ANP, David Zilberstain, ex-genro de FHC, anunciou à imprensa e aos representantes das multinacionais na primeira entrevista coletiva: "O petróleo é vosso", ironizando o maior movimento cívico do país "O petróleo é nosso".
O governo de Luís Inácio sepultou a proposta de privatização da Petrobrás, retomando os concursos públicos, investindo maciçamente na companhia que hoje é a quarta empresa de energia do planeta e financia 40% do PAC. Retoma o braço petroquímico, criando o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - o COMPERJ.
Lula readmitiu milhares de trabalhadores do Sistema Petrobrás demitidos por governos anteriores. Nacionalizou a indústria naval, gerando emprego e investimentos no país. Aumentou a participação acionária da União na companhia no maior processo de capitalização da história. A oposição e a mídia chegaram a ironizar a operação e apostar em seu fracasso. Lula mudou o marco regulatório do petróleo para o pré-sal contrariando tucanos e democratas que votaram contra a lei, insistindo na manutenção dos leilões de FHC.
O petista não resolveu todos os problemas do setor petróleo, mas avançou muito. Os movimentos sociais e os sindicatos, entre eles o Sindipetro-RJ, vão insistir, por exemplo, na luta pela Petrobrás 100% estatal e na volta do monopólio prevista no projeto de lei dos movimentos sociais em tramitação no Senado Federal. Vários parlamentares se elegeram comprometidos com o nosso projeto. FHC, que chamou os aposentados de vagabundos, rasgou o contrato com os aposentados da Petrobrás. Lula, para nossa decepção, não mudou esse quadro de desrespeito com aqueles que fizeram da Petrobrás o que ela é hoje.
O Sindipetro-RJ não se calou e não vai se calar enquanto aqueles que construíram a maior parte dessa história de vitórias e conquistas não tiverem seus direitos garantidos.
Porém, no momento do debate eleitoral, o Sindipetro-RJ não pode se omitir diante da ameaça da volta do projeto que tentou privatizar a Petrobrás e entregar nosso petróleo às multinacionais. Os petroleiros não aceitam o retrocesso e a entrega das riquezas do povo brasileiro!
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Serra, Paulo Preto e negócios em família
Reproduzo reportagem de Alan Rodrigues, Claudio Dantas Sequeira e Sérgio Pardellas, publicada pela revista IstoÉ:
À medida que são esmiuçados os passos de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, nos subterrâneos do governo tucano, vão ficando cada vez mais claras as relações comprometedoras do ex-diretor do Dersa com as empreiteiras responsáveis pelas principais obras de São Paulo. Em agosto, quando trouxe a denúncia formulada por dirigentes do PSDB do sumiço de pelo menos R$ 4 milhões dos cofres da campanha de José Serra à Presidência, ISTOÉ revelou que a maior parte da dinheirama fora arrecadada junto a grandes empreiteiras responsáveis pela construção do rodoanel.
Agora é descoberto um elo ainda mais forte entre o engenheiro e as construtoras da obra, considerada uma das vitrines do governo tucano em São Paulo. A empresa Peso Positivo Transportes Comércio e Locações Ltda., de propriedade da mãe e do genro do ex-diretor do Dersa, prestou serviços para as obras do lote 1 do trecho sul do rodoanel por um período de, pelo menos, três meses no ano de 2009. A informação foi confirmada à ISTOÉ pela Andrade Gutierrez/Galvão, do consórcio de empreiteiras contratado pela obra. Os serviços consistiram no fornecimento de guindastes para o transporte e a elevação de cargas. “A empresa Peso Positivo, assim como outros fornecedores prestadores de serviços do consórcio, é contratada sempre de acordo com a legislação em vigor. A decisão de contratar prestadores de serviços é exclusivamente técnica”, alega a Andrade Gutierrez.
Arquivos da Junta Comercial de São Paulo mostram que a Peso Positivo foi criada em 30 de julho de 2003, com capital social de R$ 100 mil. Os sócios são Maria Orminda Vieira de Souza, mãe de Paulo Preto, 85 anos, e o empresário Fernando Cremonini, casado com Tatiana Arana Souza, filha do ex-diretor do Dersa, que trabalha no cerimonial do Palácio dos Bandeirantes, a sede do governo de São Paulo, e que já prestara serviços para a administração de José Serra à frente da Prefeitura de São Paulo.
Tantas coincidências fizeram o PT pedir à Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo que investigasse as relações da Peso Positivo com o rodoanel. “É uma relação incestuosa que existe entre Paulo Preto, sua filha e José Serra”, afirmou o líder do PT na Assembleia, Antônio Mentor.
A confirmação da ligação entre as empreiteiras do rodoanel e a Peso Positivo, obtida por ISTOÉ, mostra que as suspeitas tinham fundamento. E também derruba de maneira cabal a versão de Cremonini, apresentada na última semana em entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo”. Segundo ele, a empresa “nunca teve clientes” na construção civil. “Meus maiores clientes são a Petrobras e a Votorantim Metais”, afirmou o empresário. “A única coisa que o Paulo me deu nestes anos todos foi a mão da filha e uma bicicleta.”
O íntimo relacionamento de Paulo Preto com as empreiteiras do rodoanel não se restringe ao negócio envolvendo uma empresa de familiares. Na última semana, denúncia da “Folha de S.Paulo” revelou que Paulo Preto, um dia após assumir a diretoria do Dersa, assinou uma alteração contratual na obra. Essa mudança permitiu às empreiteiras fazer alterações no projeto do rodoanel e até utilizar materiais mais baratos. No acordo assinado por Paulo Preto em maio de 2007 ficou definido que, em vez de ganharem de acordo com a quantidade, tipo de serviço ou material usado na obra, as empreiteiras receberiam um “preço fechado” no valor de R$ 2,5 bilhões.
Para quem conhece os meandros do mundo da construção civil, a impressão que fica ao analisar as mudanças é de que o diretor do Dersa preferiu privilegiar as empreiteiras, em detrimento da qualidade do empreendimento e da boa gestão do dinheiro do contribuinte. A iniciativa de Paulo Preto também tinha outro propósito: o de adequar o andamento da obra ao timing eleitoral. É que o acordo teve como contrapartida das empreiteiras a garantia de acelerar a construção do trecho sul para entregá-lo até abril deste ano, quando José Serra (PSDB) saiu do governo para se candidatar.
O cronograma foi cumprido a contento. Agora, as empreiteiras apresentam um fatura extra de R$ 180 milhões. Essa espécie de taxa de urgência soma-se, portanto, aos adicionais de R$ 300 milhões já pagos em 2009.
As suspeitas sobre a maneira como Paulo Vieira de Souza atuava no Dersa extrapolam os limites geográficos da cidade de São Paulo. Recaem também sobre a fase III das obras de ligação das rodovias Carvalho Pinto e Presidente Dutra, no município de São José dos Campos. Desde que assumiu a diretoria de engenharia do Dersa, ele assinou dois aditivos sobre o convênio de R$ 84 milhões.
Um desses aditivos previu a “implantação da marginal Capuava”, que nunca foi entregue. Onde foi parar o R$ 1,1 milhão, relativo à execução desse trecho, ninguém sabe dizer. “O dinheiro simplesmente desapareceu”, acusa o vereador de São José dos Campos Wagner Balieiro (PT). “Tive uma reunião com os diretores do Dersa e ninguém conseguiu me explicar por que a marginal não foi executada, embora o dinheiro tenha sido pago”, afirma Balieiro.
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À medida que são esmiuçados os passos de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, nos subterrâneos do governo tucano, vão ficando cada vez mais claras as relações comprometedoras do ex-diretor do Dersa com as empreiteiras responsáveis pelas principais obras de São Paulo. Em agosto, quando trouxe a denúncia formulada por dirigentes do PSDB do sumiço de pelo menos R$ 4 milhões dos cofres da campanha de José Serra à Presidência, ISTOÉ revelou que a maior parte da dinheirama fora arrecadada junto a grandes empreiteiras responsáveis pela construção do rodoanel.
Agora é descoberto um elo ainda mais forte entre o engenheiro e as construtoras da obra, considerada uma das vitrines do governo tucano em São Paulo. A empresa Peso Positivo Transportes Comércio e Locações Ltda., de propriedade da mãe e do genro do ex-diretor do Dersa, prestou serviços para as obras do lote 1 do trecho sul do rodoanel por um período de, pelo menos, três meses no ano de 2009. A informação foi confirmada à ISTOÉ pela Andrade Gutierrez/Galvão, do consórcio de empreiteiras contratado pela obra. Os serviços consistiram no fornecimento de guindastes para o transporte e a elevação de cargas. “A empresa Peso Positivo, assim como outros fornecedores prestadores de serviços do consórcio, é contratada sempre de acordo com a legislação em vigor. A decisão de contratar prestadores de serviços é exclusivamente técnica”, alega a Andrade Gutierrez.
Arquivos da Junta Comercial de São Paulo mostram que a Peso Positivo foi criada em 30 de julho de 2003, com capital social de R$ 100 mil. Os sócios são Maria Orminda Vieira de Souza, mãe de Paulo Preto, 85 anos, e o empresário Fernando Cremonini, casado com Tatiana Arana Souza, filha do ex-diretor do Dersa, que trabalha no cerimonial do Palácio dos Bandeirantes, a sede do governo de São Paulo, e que já prestara serviços para a administração de José Serra à frente da Prefeitura de São Paulo.
Tantas coincidências fizeram o PT pedir à Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo que investigasse as relações da Peso Positivo com o rodoanel. “É uma relação incestuosa que existe entre Paulo Preto, sua filha e José Serra”, afirmou o líder do PT na Assembleia, Antônio Mentor.
A confirmação da ligação entre as empreiteiras do rodoanel e a Peso Positivo, obtida por ISTOÉ, mostra que as suspeitas tinham fundamento. E também derruba de maneira cabal a versão de Cremonini, apresentada na última semana em entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo”. Segundo ele, a empresa “nunca teve clientes” na construção civil. “Meus maiores clientes são a Petrobras e a Votorantim Metais”, afirmou o empresário. “A única coisa que o Paulo me deu nestes anos todos foi a mão da filha e uma bicicleta.”
O íntimo relacionamento de Paulo Preto com as empreiteiras do rodoanel não se restringe ao negócio envolvendo uma empresa de familiares. Na última semana, denúncia da “Folha de S.Paulo” revelou que Paulo Preto, um dia após assumir a diretoria do Dersa, assinou uma alteração contratual na obra. Essa mudança permitiu às empreiteiras fazer alterações no projeto do rodoanel e até utilizar materiais mais baratos. No acordo assinado por Paulo Preto em maio de 2007 ficou definido que, em vez de ganharem de acordo com a quantidade, tipo de serviço ou material usado na obra, as empreiteiras receberiam um “preço fechado” no valor de R$ 2,5 bilhões.
Para quem conhece os meandros do mundo da construção civil, a impressão que fica ao analisar as mudanças é de que o diretor do Dersa preferiu privilegiar as empreiteiras, em detrimento da qualidade do empreendimento e da boa gestão do dinheiro do contribuinte. A iniciativa de Paulo Preto também tinha outro propósito: o de adequar o andamento da obra ao timing eleitoral. É que o acordo teve como contrapartida das empreiteiras a garantia de acelerar a construção do trecho sul para entregá-lo até abril deste ano, quando José Serra (PSDB) saiu do governo para se candidatar.
O cronograma foi cumprido a contento. Agora, as empreiteiras apresentam um fatura extra de R$ 180 milhões. Essa espécie de taxa de urgência soma-se, portanto, aos adicionais de R$ 300 milhões já pagos em 2009.
As suspeitas sobre a maneira como Paulo Vieira de Souza atuava no Dersa extrapolam os limites geográficos da cidade de São Paulo. Recaem também sobre a fase III das obras de ligação das rodovias Carvalho Pinto e Presidente Dutra, no município de São José dos Campos. Desde que assumiu a diretoria de engenharia do Dersa, ele assinou dois aditivos sobre o convênio de R$ 84 milhões.
Um desses aditivos previu a “implantação da marginal Capuava”, que nunca foi entregue. Onde foi parar o R$ 1,1 milhão, relativo à execução desse trecho, ninguém sabe dizer. “O dinheiro simplesmente desapareceu”, acusa o vereador de São José dos Campos Wagner Balieiro (PT). “Tive uma reunião com os diretores do Dersa e ninguém conseguiu me explicar por que a marginal não foi executada, embora o dinheiro tenha sido pago”, afirma Balieiro.
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WikiLeaks desmascara o imperialismo
Reproduzo editorial publicado no sítio Vermelho:
Uma das lendas mais notórias das guerras contemporâneas do imperialismo é a alegação de que as ações bélicas são “cirúrgicas”, “pontuais”, e evitam ataques e sofrimentos para a população civil.
Só os iludidos acreditam nisso. A mídia partidária do imperialismo não consegue esconder em seus noticiários as graves violações cometidas contra os povos; mesmo quando não são ditas palavras, as imagens publicadas sugerem a barbárie que o imperialismo faz questão esconder.
Desde julho, quando a página eletrônica WikiLeaks começou a divulgar documentos secretos, elaborados pelos soldados da tropa de ocupação do Iraque e do Afeganistão, pode-se ver com mais precisão a extensão do “moinho satânico” que o imperialismo impõe aos povos. Naquela ocasião, os documentos divulgados relatavam agressões contra a população civil e ações militares à margem da legislação internacional (que configuram, portanto, crimes de guerra) cometidos pelas tropas de ocupação comandadas pelos EUA principalmente no Afeganistão.
Desta vez, o enorme volume de documentos secretos do Pentágono (92 mil páginas) divulgados na semana passada pela WikiLeaks relata atrocidades cometidas durante a ocupação do Iraque, desde 2004 a 31 de dezembro de 2009.
São relatos escritos por militares das tropas de ocupação que descrevem um roteiro selvagem e desumano, que inclui o assassinato de civis numa escala muito superior à admitida oficialmente pelo governo de Washington e torturas generalizadas contra prisioneiros, praticadas por todos os agressores: soldados do Exército dos EUA, mercenários contratados para “segurança” dos comandantes da guerra e também pelo exército iraquiano formado e treinado pelos ocupantes de seu país.
Um exemplo da barbárie dos invasores foi o massacre, cometido em 16 de agosto de 2007 contra um povoado; um grupo de soldados das tropas de ocupação resolveu vingar-se de um ataque e bombardeou a população indiscriminadamente. Explodindo uma casa onde ocorria uma festa de casamento; seis pessoas morreram (entre elas quatro mulheres e um bebê) e três ficaram feridas (todas mulheres, uma grávida de nove meses).
Os documentos revelam a pratica sistemática de torturas (surras, choques elétricos, metais incandescentes, afogamentos) contra os prisioneiros, inclusive mulheres, cometidas também pelos três pilares da ocupação – as tropas invasoras, os matadores profissionais contratados por empresas de segurança como a Blackwater, e o exército pró-EUA do governo do Iraque.
Ações desse tipo, segundo o editor Julian Assange, do WikiLeaks, recheiam os relatórios secretos do Pentágono, e há descrição detalhada do assassinato de 2.000 iraquianos.
O lote de documentos agora publicados revela também que os militares dos EUA tentaram esconder a morte de 15 mil civis iraquianos. Ele revela um número total de 109 mil mortes, entre as quais 15 mil que nunca haviam sido reveladas!
A condenação das guerras constitui um clamor civilizatório antigo. A repulsa a agressões imperialistas cresceu, ao longo do século 20, depois das barbáries que a máquina de guerra nazista cometeu contra os povos. No início do século 21, é inaceitável que ações agressivas dessa natureza continuem sendo impostas aos povos que não aceitam submeter-se aos desígnios do imperialismo. Hoje, as atrocidades são cometidas sob a bandeira listrada dos EUA, com os mesmos objetivos predatórios de sempre: a submissão dos povos, a pilhagem de suas riquezas e o alcance de um arranho geopolítico mundial favorável à manutenção do mando imperial.
E impõe, como lembra o responsável pela revelação da brutalidade imperialista no Oriente Médio, Julian Assange, a única saída para o início da reconstrução da vida naquelas nações: a retirada das tropas de ocupação, que foram enviadas para lá com base em argumentos mentirosos e continuam lá à base de alegações falsas. Depois das revelações dos documentos secretos da barbárie, não há mais nenhuma justificação aceitável para que aquelas tropas continuem lá.
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Uma das lendas mais notórias das guerras contemporâneas do imperialismo é a alegação de que as ações bélicas são “cirúrgicas”, “pontuais”, e evitam ataques e sofrimentos para a população civil.
Só os iludidos acreditam nisso. A mídia partidária do imperialismo não consegue esconder em seus noticiários as graves violações cometidas contra os povos; mesmo quando não são ditas palavras, as imagens publicadas sugerem a barbárie que o imperialismo faz questão esconder.
Desde julho, quando a página eletrônica WikiLeaks começou a divulgar documentos secretos, elaborados pelos soldados da tropa de ocupação do Iraque e do Afeganistão, pode-se ver com mais precisão a extensão do “moinho satânico” que o imperialismo impõe aos povos. Naquela ocasião, os documentos divulgados relatavam agressões contra a população civil e ações militares à margem da legislação internacional (que configuram, portanto, crimes de guerra) cometidos pelas tropas de ocupação comandadas pelos EUA principalmente no Afeganistão.
Desta vez, o enorme volume de documentos secretos do Pentágono (92 mil páginas) divulgados na semana passada pela WikiLeaks relata atrocidades cometidas durante a ocupação do Iraque, desde 2004 a 31 de dezembro de 2009.
São relatos escritos por militares das tropas de ocupação que descrevem um roteiro selvagem e desumano, que inclui o assassinato de civis numa escala muito superior à admitida oficialmente pelo governo de Washington e torturas generalizadas contra prisioneiros, praticadas por todos os agressores: soldados do Exército dos EUA, mercenários contratados para “segurança” dos comandantes da guerra e também pelo exército iraquiano formado e treinado pelos ocupantes de seu país.
Um exemplo da barbárie dos invasores foi o massacre, cometido em 16 de agosto de 2007 contra um povoado; um grupo de soldados das tropas de ocupação resolveu vingar-se de um ataque e bombardeou a população indiscriminadamente. Explodindo uma casa onde ocorria uma festa de casamento; seis pessoas morreram (entre elas quatro mulheres e um bebê) e três ficaram feridas (todas mulheres, uma grávida de nove meses).
Os documentos revelam a pratica sistemática de torturas (surras, choques elétricos, metais incandescentes, afogamentos) contra os prisioneiros, inclusive mulheres, cometidas também pelos três pilares da ocupação – as tropas invasoras, os matadores profissionais contratados por empresas de segurança como a Blackwater, e o exército pró-EUA do governo do Iraque.
Ações desse tipo, segundo o editor Julian Assange, do WikiLeaks, recheiam os relatórios secretos do Pentágono, e há descrição detalhada do assassinato de 2.000 iraquianos.
O lote de documentos agora publicados revela também que os militares dos EUA tentaram esconder a morte de 15 mil civis iraquianos. Ele revela um número total de 109 mil mortes, entre as quais 15 mil que nunca haviam sido reveladas!
A condenação das guerras constitui um clamor civilizatório antigo. A repulsa a agressões imperialistas cresceu, ao longo do século 20, depois das barbáries que a máquina de guerra nazista cometeu contra os povos. No início do século 21, é inaceitável que ações agressivas dessa natureza continuem sendo impostas aos povos que não aceitam submeter-se aos desígnios do imperialismo. Hoje, as atrocidades são cometidas sob a bandeira listrada dos EUA, com os mesmos objetivos predatórios de sempre: a submissão dos povos, a pilhagem de suas riquezas e o alcance de um arranho geopolítico mundial favorável à manutenção do mando imperial.
E impõe, como lembra o responsável pela revelação da brutalidade imperialista no Oriente Médio, Julian Assange, a única saída para o início da reconstrução da vida naquelas nações: a retirada das tropas de ocupação, que foram enviadas para lá com base em argumentos mentirosos e continuam lá à base de alegações falsas. Depois das revelações dos documentos secretos da barbárie, não há mais nenhuma justificação aceitável para que aquelas tropas continuem lá.
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De céticos e cínicos
Reproduzo artigo do sociólogo Emir Sader, publicado no sítio Carta Maior:
Algumas vozes espalham o ceticismo na imprensa, nas universidades, de repente passam do ceticismo ao cinismo, já não importa nada, tudo é ruim, cambalache, tudo é igual, o mundo vai para o pior dos mundos possíveis.
Foi uma atitude que foi amadurecendo ao longo das ultimas décadas, passou-se a achar que o século XX foi um século muito ruim para a humanidade, o pior dos séculos, etc. Uma atitude de melancolia, de desencanto, de desânimo, de abandono da luta, traduzida no ceticismo, na crítica, que se alastra para jovens gerações, precocemente envelhecidas.
Todos os governos, todos os partidos, todos os processos traem, decepcionam, se corrompem. O socialismo teria dado em totalitarismo – e se soma nisso à direita. Os sindicalistas só querem defender seus interesses. A esquerda e a direita são iguais, etc., etc.
Como as teorias parecem ser maravilhosas e as práticas concretas, não, preferem ficar com as teorias – se possível, misturando um pouco de Nietzsche, de Foucault, de Tocqueville. Pronto, o pessimismo está constituído como visão trágica do mundo.
Encontra-se lugar na velha imprensa para escrever, contanto que não se critique a própria velha imprensa, e se concentre em criticar a esquerda – a URSS, Cuba, a Venezuela, Lula, o PT. Terminam fortalecendo o desinteresse pela política, fortalecendo a direita e desalentando os jovens, enquanto ainda mantêm seu prestígio com eles. Depois de um certo momento já se confundem diretamente com a direita.
O ceticismo pode ser liberal, certamente não é marxista. O marxismo parte da realidade concreta, mas sempre na perspectiva da sua transformação. Esse pessimismo, somado ao catastrofismo, fortalece o mundo tal qual ele é, promove a impotência diante da realidade.
Uma análise dialética da realidade supõe a apreensão das contradições que articulam o concreto, desembocando em linhas de ações e não na perplexidade, na impotência, na passividade, na melancolia e no ceticismo.
No momento em que o povo brasileiro, no seu conjunto, pela primeira vez, começa a melhorar substancialmente suas condições de vida e o expressa em um apoio como nenhum governo teve, é triste ver uma parte da intelectualidade de costas para o povo, melancolicamente continuando a pregar que tudo está muito ruim, pior do que antes, brigando com a realidade, em um isolamento total em relação ao povo e ao pais realmente existente.
O otimismo, por si só, não é revolucionário, mas todos os grandes líderes revolucionários foram e são otimistas, porque acreditam sempre nas possibilidades de transformação revolucionária da realidade. Enquanto o ceticismo leva à inação e, muitas vezes, até mesmo ao cinismo.
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Algumas vozes espalham o ceticismo na imprensa, nas universidades, de repente passam do ceticismo ao cinismo, já não importa nada, tudo é ruim, cambalache, tudo é igual, o mundo vai para o pior dos mundos possíveis.
Foi uma atitude que foi amadurecendo ao longo das ultimas décadas, passou-se a achar que o século XX foi um século muito ruim para a humanidade, o pior dos séculos, etc. Uma atitude de melancolia, de desencanto, de desânimo, de abandono da luta, traduzida no ceticismo, na crítica, que se alastra para jovens gerações, precocemente envelhecidas.
Todos os governos, todos os partidos, todos os processos traem, decepcionam, se corrompem. O socialismo teria dado em totalitarismo – e se soma nisso à direita. Os sindicalistas só querem defender seus interesses. A esquerda e a direita são iguais, etc., etc.
Como as teorias parecem ser maravilhosas e as práticas concretas, não, preferem ficar com as teorias – se possível, misturando um pouco de Nietzsche, de Foucault, de Tocqueville. Pronto, o pessimismo está constituído como visão trágica do mundo.
Encontra-se lugar na velha imprensa para escrever, contanto que não se critique a própria velha imprensa, e se concentre em criticar a esquerda – a URSS, Cuba, a Venezuela, Lula, o PT. Terminam fortalecendo o desinteresse pela política, fortalecendo a direita e desalentando os jovens, enquanto ainda mantêm seu prestígio com eles. Depois de um certo momento já se confundem diretamente com a direita.
O ceticismo pode ser liberal, certamente não é marxista. O marxismo parte da realidade concreta, mas sempre na perspectiva da sua transformação. Esse pessimismo, somado ao catastrofismo, fortalece o mundo tal qual ele é, promove a impotência diante da realidade.
Uma análise dialética da realidade supõe a apreensão das contradições que articulam o concreto, desembocando em linhas de ações e não na perplexidade, na impotência, na passividade, na melancolia e no ceticismo.
No momento em que o povo brasileiro, no seu conjunto, pela primeira vez, começa a melhorar substancialmente suas condições de vida e o expressa em um apoio como nenhum governo teve, é triste ver uma parte da intelectualidade de costas para o povo, melancolicamente continuando a pregar que tudo está muito ruim, pior do que antes, brigando com a realidade, em um isolamento total em relação ao povo e ao pais realmente existente.
O otimismo, por si só, não é revolucionário, mas todos os grandes líderes revolucionários foram e são otimistas, porque acreditam sempre nas possibilidades de transformação revolucionária da realidade. Enquanto o ceticismo leva à inação e, muitas vezes, até mesmo ao cinismo.
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Nuvens preocupantes na América Latina
Reproduzo entrevista concedida a Sergio Ferrari, publicada no sítio da Adital:
Apesar de uma situação globalmente favorável dada a existência de alguns governos progressistas e dinâmicos movimentos sociais, percebe-se sinais que preocupam na atual conjuntura latinoamericana. Entrevista com o analista belga Eric Toussaint.
A tentativa golpista no Equador, no passado 30 de setembro, e os resultados eleitorais na Venezuela, quatro dias antes, constituem signos que devem ser corretamente interpretados, enfatiza Eric Toussaint, coordenador do Comitê para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo (CADTM).
"A leitura a fundo da etapa vivida pela América Latina me causa uma grande inquietação, já que percebo que a situação está se degradando", afirma o politólogo belga em entrevista durante uma recente visita a Suíça. O especialista analisa os fatos que fundamentam sua argumentação.
Equador e Venezuela
O mais recente, a rebelião policial contra o presidente Rafael Correa, no Equador, no último dia de setembro passado. "Foi uma real tentativa de golpe de Estado promovida pela polícia, por um setor do Exército e com o apoio da primeira força de oposição aglutinada em torno ao ex-presidente Lucio Gutiérrez".
Apesar do fracasso, devido especialmente a baixíssimos níveis de planejamento e organização, a tentativa deixou a descoberto debilidades políticas significativas do governo.
A principal, segundo Toussaint, que foi assessor do Presidente Correa em temas referentes á dívida externa, "foi a escassa mobilização popular para opor-se ao golpe".
Houve uma mobilização durante as horas em que Correa esteve ‘sequestrado' pelos golpistas no hospital onde era atendido, porém, "a magnitude da mesma na capital, Quito, na qual participaram entre 5 e 10 mil pessoas foi muito menor que a resposta popular, por exemplo, quando aconteceu a tentativa de golpe contra Hugo Chávez, na Venezuela, em 2002, que reuniu a milhares de pessoas".
"Já havíamos avisado a Correa, não somente eu, mas também alguns de seus assessores e gente de esquerda que o apoia criticamente. Está cometendo um erro gravíssimo ao marginalizar movimentos populares importantes -incluindo fortes organizações indígenas- por considerá-los ‘corporativistas' e carentes de uma visão global de sociedade".
Essa distância entre o governo e os atores sociais tem sido também a consequência de mobilizações indígenas, de grêmio magisterial e da comunidade universitária -que defende o princípio da autonomia-, que aconteceram nos últimos três anos.
É verdade que logo após a tentativa do 30 de setembro, os índices de popularidade de Correa aumentaram, situando-se atualmente em mais de 70%; porém, essas pesquisas não medem necessariamente "a capacidade de mobilização ativa e popular para defender o processo em marcha".
O segundo sinal preocupante, segundo o analista belga, são as passadas eleições na Venezuela, que significam a segunda "derrota" (e "insisto em colocar isso entre aspas", enfatiza Toussaint) do ‘chavismo' nos dez enfrentamentos em que já participou.
Apesar de que a coalizão do presidente Hugo Chávez obteve 98 dos 165 deputados, "seu apoio real representa concretamente 49% dos votos, cifra muito inferior aos 60% que o presidente obteve em 2006" [1]. Os resultados da votação popular dão o que constitui praticamente um empate entre os votos obtidos pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e seu aliado, o Partido Comunista da Venezuela (PCV), por um lado, e os votos obtidos pela aliança da oposição, a Mesa de Unidade Democrática (MUD), pelo outro.
Na somatória global dos votos para a Assembleia Nacional, a aliança governamental ganhou 5.423.324 votos (48,87%) e a aliança opositora, 5.320.364 votos (47,94%), com o qual há uma diferença a favor do governo de somente 102.960 votos, menos de 1% do total dos votos válidos. O Partido Pátria para Todos, que é de esquerda e não fazia parte da aliança governamental obteve 353.709 votos (3,19%) e elegeu 2 deputados.
A partir da consulta eleitoral de setembro passado, a coalizão governante assegura a maioria simples apesar de que perde a maioria qualificada que mantinha desde 2005.
"A base mais firme e popular está entrando em uma fase de decepção. E acontece tanto um deslocamento de votos quanto um aumento do abstencionismo nesse país sulamericano", sentencia.
"Tempo precioso perdido"
Do fático às conclusões mais gerais, para o diretor do CADTM, existe um simples passo conceitual a percorrer. "Vimos avisando há dois anos. Na América Latina os governos progressistas da região estão perdendo um tempo precioso".
A Alba (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América), que é uma proposta de integração dos povos, não avançou e, no momento, se restringe a fazer declarações e papeis. Não existe o Banco da Alba. Não há um programa concreto de integração das economias dos países que aderem a Alba, sublinha.
O que existe, explica, são acordos bilaterais importantes, como o de Cuba com a Venezuela para intercâmbio de petróleo, serviços de saúde e médicos. Ou o tratado da Venezuela com a Bolívia. Ou a política venezuelana de vender, por solidariedade, petróleo aos países que interam Petrocaribe a um preço menor que o do mercado internacional.
O Banco do Sul - que poderia ser um instrumento financeiro de grande transcendência para a região - "ficou só no papel desde 2007 e à espera da ratificação de pelo menos quatro parlamentos dos sete países participantes. Porém, não conseguem avançar.
As causas são várias. Fundamentalmente, a falta de interesse. "Como é o caso do Brasil, que conta com seu próprio Banco de Desenvolvimento (BNDES), com uma carteira de empréstimos muito forte, que serve para apoiar os investimentos e os contratos das grandes transnacionais brasileiras... O Brasil vê a proposta do Banco do Sul quase como uma competição à sua própria instituição e, por isso, não estimula seu avanço", avalia Toussaint.
A América Latina, uma primavera democrática opacada por crescentes nuvens. Mais precisamente, no dizer de Eric Toussaint, o risco de viver fracassos. "E que esses processos, experiências em marcha, programas estratégicos e alternativos não concretizados -como o Alba ou o Banco do Sul- possam levar a uma nova frustração".
"O caso do Equador e o das últimas eleições na Venezuela, enormes expectativas populares prorrogadas no Brasil dos últimos oito anos, o golpe de Estado em Honduras, em junho de 2009... são signos que não podem deixar de preocupar-nos", conclui.
Nota:
1- 7.300.000 pessoas haviam votado em dezembro de 2006, o que significava uma vantagem de 3 milhões de votos sobre seu principal adversário, Manuel Rosales. Ver Eric Toussaint: "Transformar el fracaso del 2 de diciembre de 2007 en una potente palanca para impulsar el proceso en curso en la Venezuela de Hugo Chávez".
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Apesar de uma situação globalmente favorável dada a existência de alguns governos progressistas e dinâmicos movimentos sociais, percebe-se sinais que preocupam na atual conjuntura latinoamericana. Entrevista com o analista belga Eric Toussaint.
A tentativa golpista no Equador, no passado 30 de setembro, e os resultados eleitorais na Venezuela, quatro dias antes, constituem signos que devem ser corretamente interpretados, enfatiza Eric Toussaint, coordenador do Comitê para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo (CADTM).
"A leitura a fundo da etapa vivida pela América Latina me causa uma grande inquietação, já que percebo que a situação está se degradando", afirma o politólogo belga em entrevista durante uma recente visita a Suíça. O especialista analisa os fatos que fundamentam sua argumentação.
Equador e Venezuela
O mais recente, a rebelião policial contra o presidente Rafael Correa, no Equador, no último dia de setembro passado. "Foi uma real tentativa de golpe de Estado promovida pela polícia, por um setor do Exército e com o apoio da primeira força de oposição aglutinada em torno ao ex-presidente Lucio Gutiérrez".
Apesar do fracasso, devido especialmente a baixíssimos níveis de planejamento e organização, a tentativa deixou a descoberto debilidades políticas significativas do governo.
A principal, segundo Toussaint, que foi assessor do Presidente Correa em temas referentes á dívida externa, "foi a escassa mobilização popular para opor-se ao golpe".
Houve uma mobilização durante as horas em que Correa esteve ‘sequestrado' pelos golpistas no hospital onde era atendido, porém, "a magnitude da mesma na capital, Quito, na qual participaram entre 5 e 10 mil pessoas foi muito menor que a resposta popular, por exemplo, quando aconteceu a tentativa de golpe contra Hugo Chávez, na Venezuela, em 2002, que reuniu a milhares de pessoas".
"Já havíamos avisado a Correa, não somente eu, mas também alguns de seus assessores e gente de esquerda que o apoia criticamente. Está cometendo um erro gravíssimo ao marginalizar movimentos populares importantes -incluindo fortes organizações indígenas- por considerá-los ‘corporativistas' e carentes de uma visão global de sociedade".
Essa distância entre o governo e os atores sociais tem sido também a consequência de mobilizações indígenas, de grêmio magisterial e da comunidade universitária -que defende o princípio da autonomia-, que aconteceram nos últimos três anos.
É verdade que logo após a tentativa do 30 de setembro, os índices de popularidade de Correa aumentaram, situando-se atualmente em mais de 70%; porém, essas pesquisas não medem necessariamente "a capacidade de mobilização ativa e popular para defender o processo em marcha".
O segundo sinal preocupante, segundo o analista belga, são as passadas eleições na Venezuela, que significam a segunda "derrota" (e "insisto em colocar isso entre aspas", enfatiza Toussaint) do ‘chavismo' nos dez enfrentamentos em que já participou.
Apesar de que a coalizão do presidente Hugo Chávez obteve 98 dos 165 deputados, "seu apoio real representa concretamente 49% dos votos, cifra muito inferior aos 60% que o presidente obteve em 2006" [1]. Os resultados da votação popular dão o que constitui praticamente um empate entre os votos obtidos pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e seu aliado, o Partido Comunista da Venezuela (PCV), por um lado, e os votos obtidos pela aliança da oposição, a Mesa de Unidade Democrática (MUD), pelo outro.
Na somatória global dos votos para a Assembleia Nacional, a aliança governamental ganhou 5.423.324 votos (48,87%) e a aliança opositora, 5.320.364 votos (47,94%), com o qual há uma diferença a favor do governo de somente 102.960 votos, menos de 1% do total dos votos válidos. O Partido Pátria para Todos, que é de esquerda e não fazia parte da aliança governamental obteve 353.709 votos (3,19%) e elegeu 2 deputados.
A partir da consulta eleitoral de setembro passado, a coalizão governante assegura a maioria simples apesar de que perde a maioria qualificada que mantinha desde 2005.
"A base mais firme e popular está entrando em uma fase de decepção. E acontece tanto um deslocamento de votos quanto um aumento do abstencionismo nesse país sulamericano", sentencia.
"Tempo precioso perdido"
Do fático às conclusões mais gerais, para o diretor do CADTM, existe um simples passo conceitual a percorrer. "Vimos avisando há dois anos. Na América Latina os governos progressistas da região estão perdendo um tempo precioso".
A Alba (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América), que é uma proposta de integração dos povos, não avançou e, no momento, se restringe a fazer declarações e papeis. Não existe o Banco da Alba. Não há um programa concreto de integração das economias dos países que aderem a Alba, sublinha.
O que existe, explica, são acordos bilaterais importantes, como o de Cuba com a Venezuela para intercâmbio de petróleo, serviços de saúde e médicos. Ou o tratado da Venezuela com a Bolívia. Ou a política venezuelana de vender, por solidariedade, petróleo aos países que interam Petrocaribe a um preço menor que o do mercado internacional.
O Banco do Sul - que poderia ser um instrumento financeiro de grande transcendência para a região - "ficou só no papel desde 2007 e à espera da ratificação de pelo menos quatro parlamentos dos sete países participantes. Porém, não conseguem avançar.
As causas são várias. Fundamentalmente, a falta de interesse. "Como é o caso do Brasil, que conta com seu próprio Banco de Desenvolvimento (BNDES), com uma carteira de empréstimos muito forte, que serve para apoiar os investimentos e os contratos das grandes transnacionais brasileiras... O Brasil vê a proposta do Banco do Sul quase como uma competição à sua própria instituição e, por isso, não estimula seu avanço", avalia Toussaint.
A América Latina, uma primavera democrática opacada por crescentes nuvens. Mais precisamente, no dizer de Eric Toussaint, o risco de viver fracassos. "E que esses processos, experiências em marcha, programas estratégicos e alternativos não concretizados -como o Alba ou o Banco do Sul- possam levar a uma nova frustração".
"O caso do Equador e o das últimas eleições na Venezuela, enormes expectativas populares prorrogadas no Brasil dos últimos oito anos, o golpe de Estado em Honduras, em junho de 2009... são signos que não podem deixar de preocupar-nos", conclui.
Nota:
1- 7.300.000 pessoas haviam votado em dezembro de 2006, o que significava uma vantagem de 3 milhões de votos sobre seu principal adversário, Manuel Rosales. Ver Eric Toussaint: "Transformar el fracaso del 2 de diciembre de 2007 en una potente palanca para impulsar el proceso en curso en la Venezuela de Hugo Chávez".
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quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Um tratado de demência dos tucanos
Reproduzo artigo de Leandro Fortes, intitulado "A última cruzada tucana", publicado no blog “Brasília, eu vi”:
O conteúdo abaixo caiu na minha caixa de spam, hoje de manhã, enviado por um certo Rodrigo Roni, certamente um dos muitos brucutus de internet a serviço da campanha de José Serra. Normalmente, apago da minha caixa de mensagem de e-mails correntes de quaisquer naturezas, pela óbvia razão de serem escritas e disseminadas por fanáticos religiosos, militantes políticos extremistas e idiotas em geral.
Esta, contudo, embora não fuja à regra, é bastante emblemática sobre o desespero de certa porção da classe média em relação à perspectiva da vitória de Dilma Rousseff e da continuidade dos programas sociais do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Trata-se de um panfleto anti-petista por excelência, recheado de preconceitos e ofensas amarguradas, um último apelo à insensatez em nome da preservação dos piores e mais mesquinhos valores dessa parcela da sociedade brasileira que caminha, felizmente, para a extinção.
Para garantir votos ao tucano José Serra, a corrente estabelece uma fórmula baseada, explicitamente, nas relações da Casa Grande com a Senzala. Ensina ao patrão e à dona-de-casa de classe média como convencer empregadas domésticas, porteiros, motoristas, ascensoristas e empregados em geral do perigo que representará a eleição de Dilma.
Reparem que as recomendações são para os empregados de dentistas, advogados, clientes, nunca para os dentistas, advogados e clientes, desde já colocados como pessoas de primeira categoria, portanto, imunes ao discurso patético de persuasão apregoado pelo panfleto. Há, ainda, o risível apelo a ser feito “ao atendente da sauna, da academia, da escola de natação, da escola de inglês das crianças”.
Enfim, um texto altamente representativo do tipo de elite que temos no País, suas razões, seus preconceitos, seus medos e seu instinto de preservação baseado em conceitos primários. Uma elite que acha que pode convencer seus serviçais, a quem trata como escravos, a não votar na continuidade de um projeto político que lhes garantiu, pela primeira vez na vida, emprego formal, crédito, qualidade de vida, auto-estima e representação política real.
No auge do desespero, o autor do texto deixa transparecer seu caráter doentio ao se referir a Dilma como “perereca assassina e terrorista”. É essa gente que se coloca como alternativa a um governo popular que tirou o Brasil do buraco.
Vale a pena ler, portanto, esse tratado da demência de auto denominados “formadores de opinião”:
*****
Como ganhar votos para o Serra
Meus amigos,
Tenho recebido da maioria de vocês, quase que diariamente, emails de indignação contra PT e Dilma.Ficar falando entre nós não leva a nada. E o que a gente precisa fazer é ir atrás dos indecisos, dos que possam até gostar do Lula mas não necessariamente da Dilma, quem sabe ainda dá pra virar essa eleição. Mas eu pergunto – o que realmente estamos fazendo para que o José Serra ganhe esta eleição??? Por que não adianta nós, os denominados “formadores de opinião” ficarmos trocando emails de coisas que já sabemos. Assim, convoco a todos para um pacto que é: convensar com, no mínimo, duas pessoas por dia sobre a eleição presidencial e convencer esta pessoa a votar no Serra. Quem são as pessoas que temos que conversar e convencer:
· a sua assistente doméstica/sua diarista
· seus funcionários
· o guarda da escola das crianças, a tia da escola, a tia da cantina
· o porteiro da sua casa e do seu trabalho
· o manobrista do seu carro, para quem usa estacionamento
· o ascensorista do prédio do seu dentista, do seu advogado, do seu cliente
· o frentista do posto de gasolina
· a caixa do supermercado, da farmácia, do sacolão, …..
· a recepcionista da empresa do seu cliente
· a vendedora da loja de sapato, de roupa, ….
· o garçon do restaurante e do boteco
· o cabeleireiro, a manicure, a fisioterapeuta, a massagista,
· o atendente da sauna, da academia, da escola de natação, da escola de inglês das crianças, etc
Vejam que todos os dias, encontramos no mínimo 10 pessoas diferentes na nossa vida. Daqui até o dia 31 de outubro são somente 12 dias de trabalho, em prol da mudança de grupo político para governar nosso país.
Não queremos ver o PT mais 8 anos no governo se locupletando e explorando a boa fé dos incautos e/ou ignorantes.
Em vez de falar do tempo, vamos falar da eleição. Quando encontrar alguém no elevador, pergunte em quem ele vai votar. E se essa pessoa disser que vai votar no Serra, instigue ele a entrar nessa campanha.
Não envie apenas emails falando do passado da Dilma, que o Lula não estudou, que o governo do PT sabia do mensalão (isso nós já sabemos).
Vamos à luta!!!
Esse é o momento. Faça a sua parte!!! Ninguém vai saber se você fez a sua parte, somente você e Deus.
A hora de trabalhar é agora!!
Esta é uma corrente… do bem.
Funciona assim:
Se você passar este e-mail para pelo menos 10 outras pessoas e estas passarem para outras 10, e assim por diante, ao final de outubro um milagre irá acontecer e beneficiará você e sua família e a todas as famílias que repassaram esta corrente. Já, se você simplesmente ignorar esta corrente, não a repassando, ao final de outubro você será amaldiçoado com o pior de todos os pesadelos: aturar a perereca assassina e terrorista por quatro longos anos de sua vida!!!! Pense bem!!!
Não se esqueça!
Foi a Internet que ganhou o plebiscito do desarmamento.
Portanto, podemos vencer essa eleição também, se nos concentrarmos em um candidato melhor que o Lula. Com ela: pode ficar muito pior.
.
O conteúdo abaixo caiu na minha caixa de spam, hoje de manhã, enviado por um certo Rodrigo Roni, certamente um dos muitos brucutus de internet a serviço da campanha de José Serra. Normalmente, apago da minha caixa de mensagem de e-mails correntes de quaisquer naturezas, pela óbvia razão de serem escritas e disseminadas por fanáticos religiosos, militantes políticos extremistas e idiotas em geral.
Esta, contudo, embora não fuja à regra, é bastante emblemática sobre o desespero de certa porção da classe média em relação à perspectiva da vitória de Dilma Rousseff e da continuidade dos programas sociais do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Trata-se de um panfleto anti-petista por excelência, recheado de preconceitos e ofensas amarguradas, um último apelo à insensatez em nome da preservação dos piores e mais mesquinhos valores dessa parcela da sociedade brasileira que caminha, felizmente, para a extinção.
Para garantir votos ao tucano José Serra, a corrente estabelece uma fórmula baseada, explicitamente, nas relações da Casa Grande com a Senzala. Ensina ao patrão e à dona-de-casa de classe média como convencer empregadas domésticas, porteiros, motoristas, ascensoristas e empregados em geral do perigo que representará a eleição de Dilma.
Reparem que as recomendações são para os empregados de dentistas, advogados, clientes, nunca para os dentistas, advogados e clientes, desde já colocados como pessoas de primeira categoria, portanto, imunes ao discurso patético de persuasão apregoado pelo panfleto. Há, ainda, o risível apelo a ser feito “ao atendente da sauna, da academia, da escola de natação, da escola de inglês das crianças”.
Enfim, um texto altamente representativo do tipo de elite que temos no País, suas razões, seus preconceitos, seus medos e seu instinto de preservação baseado em conceitos primários. Uma elite que acha que pode convencer seus serviçais, a quem trata como escravos, a não votar na continuidade de um projeto político que lhes garantiu, pela primeira vez na vida, emprego formal, crédito, qualidade de vida, auto-estima e representação política real.
No auge do desespero, o autor do texto deixa transparecer seu caráter doentio ao se referir a Dilma como “perereca assassina e terrorista”. É essa gente que se coloca como alternativa a um governo popular que tirou o Brasil do buraco.
Vale a pena ler, portanto, esse tratado da demência de auto denominados “formadores de opinião”:
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Como ganhar votos para o Serra
Meus amigos,
Tenho recebido da maioria de vocês, quase que diariamente, emails de indignação contra PT e Dilma.Ficar falando entre nós não leva a nada. E o que a gente precisa fazer é ir atrás dos indecisos, dos que possam até gostar do Lula mas não necessariamente da Dilma, quem sabe ainda dá pra virar essa eleição. Mas eu pergunto – o que realmente estamos fazendo para que o José Serra ganhe esta eleição??? Por que não adianta nós, os denominados “formadores de opinião” ficarmos trocando emails de coisas que já sabemos. Assim, convoco a todos para um pacto que é: convensar com, no mínimo, duas pessoas por dia sobre a eleição presidencial e convencer esta pessoa a votar no Serra. Quem são as pessoas que temos que conversar e convencer:
· a sua assistente doméstica/sua diarista
· seus funcionários
· o guarda da escola das crianças, a tia da escola, a tia da cantina
· o porteiro da sua casa e do seu trabalho
· o manobrista do seu carro, para quem usa estacionamento
· o ascensorista do prédio do seu dentista, do seu advogado, do seu cliente
· o frentista do posto de gasolina
· a caixa do supermercado, da farmácia, do sacolão, …..
· a recepcionista da empresa do seu cliente
· a vendedora da loja de sapato, de roupa, ….
· o garçon do restaurante e do boteco
· o cabeleireiro, a manicure, a fisioterapeuta, a massagista,
· o atendente da sauna, da academia, da escola de natação, da escola de inglês das crianças, etc
Vejam que todos os dias, encontramos no mínimo 10 pessoas diferentes na nossa vida. Daqui até o dia 31 de outubro são somente 12 dias de trabalho, em prol da mudança de grupo político para governar nosso país.
Não queremos ver o PT mais 8 anos no governo se locupletando e explorando a boa fé dos incautos e/ou ignorantes.
Em vez de falar do tempo, vamos falar da eleição. Quando encontrar alguém no elevador, pergunte em quem ele vai votar. E se essa pessoa disser que vai votar no Serra, instigue ele a entrar nessa campanha.
Não envie apenas emails falando do passado da Dilma, que o Lula não estudou, que o governo do PT sabia do mensalão (isso nós já sabemos).
Vamos à luta!!!
Esse é o momento. Faça a sua parte!!! Ninguém vai saber se você fez a sua parte, somente você e Deus.
A hora de trabalhar é agora!!
Esta é uma corrente… do bem.
Funciona assim:
Se você passar este e-mail para pelo menos 10 outras pessoas e estas passarem para outras 10, e assim por diante, ao final de outubro um milagre irá acontecer e beneficiará você e sua família e a todas as famílias que repassaram esta corrente. Já, se você simplesmente ignorar esta corrente, não a repassando, ao final de outubro você será amaldiçoado com o pior de todos os pesadelos: aturar a perereca assassina e terrorista por quatro longos anos de sua vida!!!! Pense bem!!!
Não se esqueça!
Foi a Internet que ganhou o plebiscito do desarmamento.
Portanto, podemos vencer essa eleição também, se nos concentrarmos em um candidato melhor que o Lula. Com ela: pode ficar muito pior.
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Ato em defesa da liberdade de expressão
Reproduzo reportagem de Suzana Vier, publicada na Rede Brasil Atual:
Em ato de solidariedade à Revista do Brasil, blogues, jornais e revistas independentes que têm sido vítimas de censura sobraram críticas à mídia e à falta de liberdade de expressão, na noite desta quarta-feira (27), na sede do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região.
Para o presidente da CUT, Artur Henrique, o pedido de suspensão da Revista do Brasil e do Jornal da CUT, pela coligação que reúne PSDB e DEM, encarna a tentativa de calar os movimentos sociais. Artur relembrou que o pedido de tucanos e democratas tinha mais ações que não foram atendidas, como o pedido de segredo de Justiça e a suspensão do blogue do Artur.
O dirigente sindical criticou a censura aos meios de comunicação que expressam a opinião dos trabalhadores, ao mesmo tempo em que publicações como Veja têm liberdade para estampar em sua capa e no conteúdo Aécio Neves. Artur fez referência à edição nº 2187, de 20 de outubro, da publicação, em que se aposta no poder do político mineiro. "Eles também tentaram a suspensão da edição número 1 da revista do Brasil, mas a Veja com Aécio pode, mostrar Dilma Rousseff com duas caras também pode", dispara.
Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, destacou a seriedade e os motivos que levaram ao lançamento da Revista do Brasil. "Quando criamos a revista não foi para contrapor a grande mídia. Foi para dar informação de qualidade para os trabalhadores", afirma. "Quando li a revista que depois foi suspensa, com um conteúdo que nenhuma outra revista tem, como a matéria sobre suicídio e assédio moral, eu tive certeza da decisão acertada de criar a Revista do Brasil para informar de verdade", afirmou Nobre. Para ele, a grande imprensa já caiu em descrédito.
No mesmo sentido, Juvandia Leite, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, avalia que há interesse de "calar o projeto" da revista, que chega a 360 mil pessoas, e que partidos e grandes empresas de comunicação "não podem controlar". "Os meios de comunicação têm dono. O problema não é o fato de terem interesses. O problema é que não dizem isso", criticou Juvandia.
O diretor da Gráfica e Editora Atitude, empresa responsável pela Revista do Brasil e pelo site Rede Brasil Atual, Paulo Salvador, elencou os veículos de comunicação e profissionais que nos últimos dez dias "sofreram atentados à liberdade de expressão".
Na lista estão, além da Revista do Brasi, do repórter João Peres da Rede Brasil Atual, que sofreu xingamentos por parte do senador eleito pelo PSDB-SP Aloysio Nunes, a TV Record, os blogues dos jornalistas Paulo Henrique Amorim, de Luiz Carlos Azenha e de Renato Rovai. Também lembrou da tentativa de suspensão do blogue do Artur e do processo contra os profissionais do blogue "Falha de S. Paulo". O diretor citou ainda as demissões arbitrárias de jornalistas e articulistas pelo grupo Abril, por O Estado de São Paulo, pelo Diário do Nordeste e o caso do apresentador de TV de Goiás que se demitiu ao vivo em consequência de censura.
"É um absurdo a censura que os veículos alternativos vêm sofrendo. Por que nós, do mundo do trabalho, não podemos apresentar nossa opinião?", indagou Paulo Salvador.
Processo
O jornalista Lino Bocchini e o designer Mario Bocchini, do blogue Falha de S. Paulo, suspenso por liminar obtida pela Folha de S.Paulo, contaram ao público sobre o processo que estão sofrendo pelo jornal que não compreendeu a crítica bem-humorada dos profissionais. "O processo da Folha contra nosso trabalho é uma loucura completa. Seria como cassar a Globo porque o Casseta & Planeta faz paródia do Lula", relaciona Lino. Além de suspender a veiculação do blogue, o jornal conseguiu liminar para cassar o endereço na internet e impedir a utilização de qualquer endereço parecido.
O processo de 88 páginas que o jornal move contra Lino e Mário alega uso indevido da marca e pede indenização por danos morais. "Não somos ligados a nenhum partido ou entidade. Só achamos a Folha um jornal ruim", explicaram às centenas de pessoas presentes ao ato por liberdade de expressão.
Com a suspensão do bloque, os profissionais criaram novo site para se defenderem das alegações da Folha. "Abrimos o desculpeanossafalha.com.br para mostrar tudo para as pessoas analisarem por si mesmas", indicam.
Descontrolados
Para a jornalista Renata Mielli, do Centro de Mídia Barão de Itararé, é preciso amplificar a rede de solidariedade e luta porque os veículos de comunicação da grande imprensa, aliados a grupos de poder da direita, estão descontrolados. "Esta semana, diversas matérias demonizaram a criação de Conselhos de Comunicação", lembra. "Eles estão descontrolados. Jogaram todas as cartas para ganhar as eleições", aponta a jornalista.
A deputada federal reeleita Luiz Erundina (PSB-SP) ressaltou seu sentimento de revolta pelos diversos casos de censura, mas também se disse satisfeita, porque "não se chuta cachorro morto". "Eles ficam enciumados da criatividade, do trabalho que vocês fazem", declarou. "Não conseguem sair da mediocridade", analisou a ex-prefeita de São Paulo.
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Em ato de solidariedade à Revista do Brasil, blogues, jornais e revistas independentes que têm sido vítimas de censura sobraram críticas à mídia e à falta de liberdade de expressão, na noite desta quarta-feira (27), na sede do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região.
Para o presidente da CUT, Artur Henrique, o pedido de suspensão da Revista do Brasil e do Jornal da CUT, pela coligação que reúne PSDB e DEM, encarna a tentativa de calar os movimentos sociais. Artur relembrou que o pedido de tucanos e democratas tinha mais ações que não foram atendidas, como o pedido de segredo de Justiça e a suspensão do blogue do Artur.
O dirigente sindical criticou a censura aos meios de comunicação que expressam a opinião dos trabalhadores, ao mesmo tempo em que publicações como Veja têm liberdade para estampar em sua capa e no conteúdo Aécio Neves. Artur fez referência à edição nº 2187, de 20 de outubro, da publicação, em que se aposta no poder do político mineiro. "Eles também tentaram a suspensão da edição número 1 da revista do Brasil, mas a Veja com Aécio pode, mostrar Dilma Rousseff com duas caras também pode", dispara.
Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, destacou a seriedade e os motivos que levaram ao lançamento da Revista do Brasil. "Quando criamos a revista não foi para contrapor a grande mídia. Foi para dar informação de qualidade para os trabalhadores", afirma. "Quando li a revista que depois foi suspensa, com um conteúdo que nenhuma outra revista tem, como a matéria sobre suicídio e assédio moral, eu tive certeza da decisão acertada de criar a Revista do Brasil para informar de verdade", afirmou Nobre. Para ele, a grande imprensa já caiu em descrédito.
No mesmo sentido, Juvandia Leite, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, avalia que há interesse de "calar o projeto" da revista, que chega a 360 mil pessoas, e que partidos e grandes empresas de comunicação "não podem controlar". "Os meios de comunicação têm dono. O problema não é o fato de terem interesses. O problema é que não dizem isso", criticou Juvandia.
O diretor da Gráfica e Editora Atitude, empresa responsável pela Revista do Brasil e pelo site Rede Brasil Atual, Paulo Salvador, elencou os veículos de comunicação e profissionais que nos últimos dez dias "sofreram atentados à liberdade de expressão".
Na lista estão, além da Revista do Brasi, do repórter João Peres da Rede Brasil Atual, que sofreu xingamentos por parte do senador eleito pelo PSDB-SP Aloysio Nunes, a TV Record, os blogues dos jornalistas Paulo Henrique Amorim, de Luiz Carlos Azenha e de Renato Rovai. Também lembrou da tentativa de suspensão do blogue do Artur e do processo contra os profissionais do blogue "Falha de S. Paulo". O diretor citou ainda as demissões arbitrárias de jornalistas e articulistas pelo grupo Abril, por O Estado de São Paulo, pelo Diário do Nordeste e o caso do apresentador de TV de Goiás que se demitiu ao vivo em consequência de censura.
"É um absurdo a censura que os veículos alternativos vêm sofrendo. Por que nós, do mundo do trabalho, não podemos apresentar nossa opinião?", indagou Paulo Salvador.
Processo
O jornalista Lino Bocchini e o designer Mario Bocchini, do blogue Falha de S. Paulo, suspenso por liminar obtida pela Folha de S.Paulo, contaram ao público sobre o processo que estão sofrendo pelo jornal que não compreendeu a crítica bem-humorada dos profissionais. "O processo da Folha contra nosso trabalho é uma loucura completa. Seria como cassar a Globo porque o Casseta & Planeta faz paródia do Lula", relaciona Lino. Além de suspender a veiculação do blogue, o jornal conseguiu liminar para cassar o endereço na internet e impedir a utilização de qualquer endereço parecido.
O processo de 88 páginas que o jornal move contra Lino e Mário alega uso indevido da marca e pede indenização por danos morais. "Não somos ligados a nenhum partido ou entidade. Só achamos a Folha um jornal ruim", explicaram às centenas de pessoas presentes ao ato por liberdade de expressão.
Com a suspensão do bloque, os profissionais criaram novo site para se defenderem das alegações da Folha. "Abrimos o desculpeanossafalha.com.br para mostrar tudo para as pessoas analisarem por si mesmas", indicam.
Descontrolados
Para a jornalista Renata Mielli, do Centro de Mídia Barão de Itararé, é preciso amplificar a rede de solidariedade e luta porque os veículos de comunicação da grande imprensa, aliados a grupos de poder da direita, estão descontrolados. "Esta semana, diversas matérias demonizaram a criação de Conselhos de Comunicação", lembra. "Eles estão descontrolados. Jogaram todas as cartas para ganhar as eleições", aponta a jornalista.
A deputada federal reeleita Luiz Erundina (PSB-SP) ressaltou seu sentimento de revolta pelos diversos casos de censura, mas também se disse satisfeita, porque "não se chuta cachorro morto". "Eles ficam enciumados da criatividade, do trabalho que vocês fazem", declarou. "Não conseguem sair da mediocridade", analisou a ex-prefeita de São Paulo.
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Com Dilma para democratizar a comunicação
Reproduzo manifesto pela democratização das comunicações:
Com disposição para a luta pela continuidade aperfeiçoamento das mudanças iniciadas pelo governo Lula, nós, jornalistas, radialistas, comunidades rurais e urbanas, movimentos sociais, sindicais e acadêmicos de luta pela democratização das comunicações no Brasil estamos com Dilma no segundo turno. Oriundos e atuantes na grande mídia ou não, em Blogs, nos veículos societários e estatais, redes sociais e em diversos meios, todos estamos comprometidos com a consolidação da democracia no Brasil, em suas várias dimensões.
Consideramos que Dilma representa no momento a única opção para avançarmos na construção de políticas públicas democráticas, normativas, inclusivas e participativas, nesta frente de luta, garantindo aplicação das resoluções consensuadas na primeira Conferência Nacional de Comunicação e possibilitando uma Segunda Conferência Nacional, heterogênea, aberta, mais ampla, inclusive com os setores que se recusaram a participar da primeira.
Diferentemente de outros campos da luta social - como saúde e educação -, onde é possível quantificar metas e indicadores sensíveis como mortalidade e analfabetismo, a luta da comunicação vai muito além de sua dimensão instrumental, articulando-se intimamente aos processos emancipatórios, libertários – ontem, hoje e sempre. Esta luta se insere na luta política dos povos deste continente pelo direito coletivo e difuso à comunicação na perspectiva da autodeterminação dos povos, de uma sociedade igualitária, possível e necessária e de novas práticas de democracia, onde os governos e as representações da sociedade, sobretudo as populares, pautam questões, discutem livremente e partilham de dissensos e consensos acerca das decisões locais, regionais e nacionais. Essas espelham novas experiências para novos rumos do desenvolvimento da sociedade, em lugares diversos do território brasileiro, na perspectiva de avançar à democratização do espectro radioelétrico e fortalecer a comunicação popular.
As práticas dos meios de comunicação de massa hegemônicos são demonstrações de que esses veículos do sistema privado, a exemplo da Veja, Folha, Estadão, Rede Globo e de outras redes espalhadas no Brasil e no continente, não respeitam a natureza pública da comunicação, os valores culturais e direitos sociais das classes subalternizadas. E, na esteira dos programas de entretenimento e nos espaços noticiosos fraudados, produzem e reproduzem a mídia do capital e a materialização do discurso das práticas de governos que sustentam a dominação do capital, o ideário neoliberal, o fundamentalismo religioso, as formas diversas de homofobia, a concentração da propriedade privada nos meios de produção, inclusive no campo da informação e comunicação.
O sistema privado de comunicação no país, com jornais, rádio, TVs e, hoje, a Internet, amparado constitucionalmente para exercer a liberdade de expressão, extrapola, em suas funções de modo irresponsável, certos de que podem mentir, distorcer, manipular, difundir preconceitos, partidarizar as informações, omitir fatos relevantes, porém, se suas vítimas reagem, são acusadas de querer controlar a imprensa. Em nome da liberdade de imprensa, as empresas querem suprimir a liberdade de expressão. A imprensa pode criticar, mas não aceita ser criticada. Entretanto, quem demite, persegue e censura jornalistas e radialistas são os mesmos que agora se dizem defensores da "liberdade de imprensa".
Os sistemas estatal e público comunitário, com características e funções sociais distintas, se desenvolveram nos últimos anos no país. Mas, tudo é novo e instável para as emissoras destes dois sistemas. As estatais, raras por longos anos desde Getúlio Vargas, absorvem as educativas em desvio de função e novas são criadas, entre os três poderes, durante o governo de Luis Inácio Lula da Silva. As públicas comunitárias, antes raras livres dos anos 80, regulamentadas por uma legislação frágil, confusa, reprimidas antes e mesmo depois de outorgadas para as comunidades, são, em grande número, ofertadas como moeda de troca para políticos e grupos religiosos. A ética na política de outorga e o marco regulatório, sobretudo nestes dois sistemas, inseridos numa Lei Geral das Comunicações – ou Estatuto da Comunicação Social – é o desafio para um Presidente de República que tenha compromisso com a sociedade brasileira
A internet de banda larga deste novo século, cada vez mais veloz, espaço das convergências de novos formatos de conteúdos e de recepção simultânea dos tradicionais veículos de difusão de mensagens massivas: rádio, jornal, cinema, televisão, revista, além do telefone, do livro, museu, biblioteca, correio, música, escola, entre outros, se configura neste momento como lugar privilegiado da mídia alternativa, representada por influentes blogs e uma rede de web rádios, apesar dos inúmeros sites e portais institucionais, de diferentes ideologias, e da tentativa de controle do acesso à informação a partir dos provedores, sob legislações a exemplo do AI-5 Digital.
É fundamental a garantia da liberdade de expressão, do direito à informação e à comunicação no ciberespaço, contudo, se materializa no acesso barato ou gratuito, não - privado, á rede de computadores nas comunidades, com provedores e espaços públicos. A internet já está emparelhada com a tv aberta em matéria de entretenimento. Isto resulta na transferência de publicidade da tv para a internet, que amplia a cada ano. Dilma representará: internet gratuita ou mais barata, mais veloz, com a democratização do acesso.
A comunicação constitui um desafio gigantesco, abrindo sempre novos horizontes na luta democrática pela construção permanente de uma outra sociabilidade e convivência humana, sem guerras, com justiça social, igualdade e solidariedade, para além do Capital alienante.
Esta eleição define o futuro do país e deveria ser pautada pelo debate dos grandes temas nacionais, pela busca de soluções para os graves problemas sociais. Os grupos que detém a concessão dos meios midiáticos pautam a mentira e o jogo sujo da política oligárquica de outrora na tentativa de confundir as mentes dos eleitores. Mas, estamos plenos de consciência e cheios de esperança que não haverá retrocesso, que Dilma vai ganhar no segundo turno para avançar na democratização da sociedade, do Estado e da comunicação nas esferas do Estado, do mercado e da sociedade, sem a adoção do AI-5 Digital e a criminalização das comunidades e dos movimentos sociais ao criarem seus próprios meios de difusão.
As Comunidades e os movimentos sociais têm sido reprimidos toda vez que tomam a iniciativa do uso livre e comunitário das ondas de rádio, de sons e imagens, ou de recursos digitais para TV, telefonia e internet banda larga na perspectiva da universalização do acesso às novas tecnologias da informação e comunicação. Com Dilma, abrem-se as possibilidades para avançar na definição de um novo marco das comunicações no Brasil, a partir das características, função social e complementaridade dos três sistemas (estatal, público e privado) de comunicação, previstos na Constituição brasileira de 1988.
AJOSP – Associação dos Jornalistas do Serviço Público
FNDC-BA – Comitê da Bahia do Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação
ABRAÇO-BA – ASSOCIAÇÃO BAIANA DE RADIODIFUSÃO COMUNITÁRIA
SOCIEDADE CIVIL ACAUÃ
JONICAEL CEDRAZ DE OLIVEIRA - UFBA
FÓRUM SINDICAL E SOCIAL/MG
JERRY DE OLIVEIRA-COORDENADOR ABRAÇO/SUDESTE
CLEMENTINO DOS SANTOS LOPES-COORDENADOR ABRAÇO/SUL
JOSUÉ FRANCO LOPES-COORD. COMUNICAÇÃO E CULTURA DA ABRAÇO
MARCELO FIORIU-TV CIDADE LIVRE/RIO CLARO
ALAN VINICIUS-RBC/MG
DIRCE KUCHLER/MG
JOSÉ ANTÔNIO VIEIRA/MG
FRANCISCO FRANÇA ANDRADE- FAMEMG
RONALDO RODRIGUES BATATINHA- PT/Congonhas
BERENICE DE FREITAS DINIZ-COMUNICAÇÃO E SAÚDE/FIOCRUZ
ROGÉRIO AUGUSTO BARACHO-MILITANTE ABRAÇO/MG
JOSÉ GUILHERME CASTRO-MILITANTE ABRAÇO/MG
GERALDO VITOR ABREU-AMBIENTALISTA-BRASÍLIA
RILKE NOVATO PÚBLIO-FENAFAR
JACKSON DAVID DE OLIVEIRA SOUSA-MILITANTE PSOL/MG
VITO GINNOTTI-ESCRITOR E COMUNICADOR/RJ
ROGÉRIO HILÁRIO-JORNALISTA CUT/MG
MARCO AURÉLIO MOREIRA ROCHA-PT/BH
MARCOS VALÉRIO MENEZES MAIA-PT/BH
BRÁULIO QUIRINO SIFFERT-JORNALISTA SIND-SAÚDE/MG
VALDISNEI HONÓRIO ALVES DA SILVA-MILITANTE ABRAÇO/MG
EDMAR MIRANDA RODRIGUES(CAZUZA)-CUT/MG
TOMAZ DE JESUS SILVA-CUT/MG
LOURDES APARECIDA DE JESUS VASCONCELOS-SIND-UTE/MG
JUNINHO MENDES-MILITANTE ABRAÇO/MG
EDELVAIS QUEIRÓS GONÇALVES FERNANDES-FUND. ABRAÇO METRO/BH
IVAN LÚCIO DOS SANTOS-CUT/MG
MILTON PEREIRA LIMA-CC PRIMEIRO DE MAIO/BH
SINDGUARDA/BETIM
LUCIANA SILAMI CARVALHO-FARMACÊUTICA/MG
WILLIAM DE SOUZA LOPES-HISTORIADOR
SILVIA ANGÉLICA AMÂNCIO VASCONCELOS-JORNALISTA
SEBASTIÃO FORTUNATO-FARMACÊUTICO/MG
JORNAL A VERDADE
SIND-SAÚDE/MG
KELY SIDNEI DE ALMEIDA-CEBS/MONTES CLAROS
ÉLCIO PACHECO-ADVOGADO/RENAP
JOVINA GOMES PEREIRA-SIND-DAÚDE/MG
SIND.FARMACÊUTICOS/MG
MIC-MOVIMENTO INTER-REGIONAL DE CULTURA
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Com disposição para a luta pela continuidade aperfeiçoamento das mudanças iniciadas pelo governo Lula, nós, jornalistas, radialistas, comunidades rurais e urbanas, movimentos sociais, sindicais e acadêmicos de luta pela democratização das comunicações no Brasil estamos com Dilma no segundo turno. Oriundos e atuantes na grande mídia ou não, em Blogs, nos veículos societários e estatais, redes sociais e em diversos meios, todos estamos comprometidos com a consolidação da democracia no Brasil, em suas várias dimensões.
Consideramos que Dilma representa no momento a única opção para avançarmos na construção de políticas públicas democráticas, normativas, inclusivas e participativas, nesta frente de luta, garantindo aplicação das resoluções consensuadas na primeira Conferência Nacional de Comunicação e possibilitando uma Segunda Conferência Nacional, heterogênea, aberta, mais ampla, inclusive com os setores que se recusaram a participar da primeira.
Diferentemente de outros campos da luta social - como saúde e educação -, onde é possível quantificar metas e indicadores sensíveis como mortalidade e analfabetismo, a luta da comunicação vai muito além de sua dimensão instrumental, articulando-se intimamente aos processos emancipatórios, libertários – ontem, hoje e sempre. Esta luta se insere na luta política dos povos deste continente pelo direito coletivo e difuso à comunicação na perspectiva da autodeterminação dos povos, de uma sociedade igualitária, possível e necessária e de novas práticas de democracia, onde os governos e as representações da sociedade, sobretudo as populares, pautam questões, discutem livremente e partilham de dissensos e consensos acerca das decisões locais, regionais e nacionais. Essas espelham novas experiências para novos rumos do desenvolvimento da sociedade, em lugares diversos do território brasileiro, na perspectiva de avançar à democratização do espectro radioelétrico e fortalecer a comunicação popular.
As práticas dos meios de comunicação de massa hegemônicos são demonstrações de que esses veículos do sistema privado, a exemplo da Veja, Folha, Estadão, Rede Globo e de outras redes espalhadas no Brasil e no continente, não respeitam a natureza pública da comunicação, os valores culturais e direitos sociais das classes subalternizadas. E, na esteira dos programas de entretenimento e nos espaços noticiosos fraudados, produzem e reproduzem a mídia do capital e a materialização do discurso das práticas de governos que sustentam a dominação do capital, o ideário neoliberal, o fundamentalismo religioso, as formas diversas de homofobia, a concentração da propriedade privada nos meios de produção, inclusive no campo da informação e comunicação.
O sistema privado de comunicação no país, com jornais, rádio, TVs e, hoje, a Internet, amparado constitucionalmente para exercer a liberdade de expressão, extrapola, em suas funções de modo irresponsável, certos de que podem mentir, distorcer, manipular, difundir preconceitos, partidarizar as informações, omitir fatos relevantes, porém, se suas vítimas reagem, são acusadas de querer controlar a imprensa. Em nome da liberdade de imprensa, as empresas querem suprimir a liberdade de expressão. A imprensa pode criticar, mas não aceita ser criticada. Entretanto, quem demite, persegue e censura jornalistas e radialistas são os mesmos que agora se dizem defensores da "liberdade de imprensa".
Os sistemas estatal e público comunitário, com características e funções sociais distintas, se desenvolveram nos últimos anos no país. Mas, tudo é novo e instável para as emissoras destes dois sistemas. As estatais, raras por longos anos desde Getúlio Vargas, absorvem as educativas em desvio de função e novas são criadas, entre os três poderes, durante o governo de Luis Inácio Lula da Silva. As públicas comunitárias, antes raras livres dos anos 80, regulamentadas por uma legislação frágil, confusa, reprimidas antes e mesmo depois de outorgadas para as comunidades, são, em grande número, ofertadas como moeda de troca para políticos e grupos religiosos. A ética na política de outorga e o marco regulatório, sobretudo nestes dois sistemas, inseridos numa Lei Geral das Comunicações – ou Estatuto da Comunicação Social – é o desafio para um Presidente de República que tenha compromisso com a sociedade brasileira
A internet de banda larga deste novo século, cada vez mais veloz, espaço das convergências de novos formatos de conteúdos e de recepção simultânea dos tradicionais veículos de difusão de mensagens massivas: rádio, jornal, cinema, televisão, revista, além do telefone, do livro, museu, biblioteca, correio, música, escola, entre outros, se configura neste momento como lugar privilegiado da mídia alternativa, representada por influentes blogs e uma rede de web rádios, apesar dos inúmeros sites e portais institucionais, de diferentes ideologias, e da tentativa de controle do acesso à informação a partir dos provedores, sob legislações a exemplo do AI-5 Digital.
É fundamental a garantia da liberdade de expressão, do direito à informação e à comunicação no ciberespaço, contudo, se materializa no acesso barato ou gratuito, não - privado, á rede de computadores nas comunidades, com provedores e espaços públicos. A internet já está emparelhada com a tv aberta em matéria de entretenimento. Isto resulta na transferência de publicidade da tv para a internet, que amplia a cada ano. Dilma representará: internet gratuita ou mais barata, mais veloz, com a democratização do acesso.
A comunicação constitui um desafio gigantesco, abrindo sempre novos horizontes na luta democrática pela construção permanente de uma outra sociabilidade e convivência humana, sem guerras, com justiça social, igualdade e solidariedade, para além do Capital alienante.
Esta eleição define o futuro do país e deveria ser pautada pelo debate dos grandes temas nacionais, pela busca de soluções para os graves problemas sociais. Os grupos que detém a concessão dos meios midiáticos pautam a mentira e o jogo sujo da política oligárquica de outrora na tentativa de confundir as mentes dos eleitores. Mas, estamos plenos de consciência e cheios de esperança que não haverá retrocesso, que Dilma vai ganhar no segundo turno para avançar na democratização da sociedade, do Estado e da comunicação nas esferas do Estado, do mercado e da sociedade, sem a adoção do AI-5 Digital e a criminalização das comunidades e dos movimentos sociais ao criarem seus próprios meios de difusão.
As Comunidades e os movimentos sociais têm sido reprimidos toda vez que tomam a iniciativa do uso livre e comunitário das ondas de rádio, de sons e imagens, ou de recursos digitais para TV, telefonia e internet banda larga na perspectiva da universalização do acesso às novas tecnologias da informação e comunicação. Com Dilma, abrem-se as possibilidades para avançar na definição de um novo marco das comunicações no Brasil, a partir das características, função social e complementaridade dos três sistemas (estatal, público e privado) de comunicação, previstos na Constituição brasileira de 1988.
AJOSP – Associação dos Jornalistas do Serviço Público
FNDC-BA – Comitê da Bahia do Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação
ABRAÇO-BA – ASSOCIAÇÃO BAIANA DE RADIODIFUSÃO COMUNITÁRIA
SOCIEDADE CIVIL ACAUÃ
JONICAEL CEDRAZ DE OLIVEIRA - UFBA
FÓRUM SINDICAL E SOCIAL/MG
JERRY DE OLIVEIRA-COORDENADOR ABRAÇO/SUDESTE
CLEMENTINO DOS SANTOS LOPES-COORDENADOR ABRAÇO/SUL
JOSUÉ FRANCO LOPES-COORD. COMUNICAÇÃO E CULTURA DA ABRAÇO
MARCELO FIORIU-TV CIDADE LIVRE/RIO CLARO
ALAN VINICIUS-RBC/MG
DIRCE KUCHLER/MG
JOSÉ ANTÔNIO VIEIRA/MG
FRANCISCO FRANÇA ANDRADE- FAMEMG
RONALDO RODRIGUES BATATINHA- PT/Congonhas
BERENICE DE FREITAS DINIZ-COMUNICAÇÃO E SAÚDE/FIOCRUZ
ROGÉRIO AUGUSTO BARACHO-MILITANTE ABRAÇO/MG
JOSÉ GUILHERME CASTRO-MILITANTE ABRAÇO/MG
GERALDO VITOR ABREU-AMBIENTALISTA-BRASÍLIA
RILKE NOVATO PÚBLIO-FENAFAR
JACKSON DAVID DE OLIVEIRA SOUSA-MILITANTE PSOL/MG
VITO GINNOTTI-ESCRITOR E COMUNICADOR/RJ
ROGÉRIO HILÁRIO-JORNALISTA CUT/MG
MARCO AURÉLIO MOREIRA ROCHA-PT/BH
MARCOS VALÉRIO MENEZES MAIA-PT/BH
BRÁULIO QUIRINO SIFFERT-JORNALISTA SIND-SAÚDE/MG
VALDISNEI HONÓRIO ALVES DA SILVA-MILITANTE ABRAÇO/MG
EDMAR MIRANDA RODRIGUES(CAZUZA)-CUT/MG
TOMAZ DE JESUS SILVA-CUT/MG
LOURDES APARECIDA DE JESUS VASCONCELOS-SIND-UTE/MG
JUNINHO MENDES-MILITANTE ABRAÇO/MG
EDELVAIS QUEIRÓS GONÇALVES FERNANDES-FUND. ABRAÇO METRO/BH
IVAN LÚCIO DOS SANTOS-CUT/MG
MILTON PEREIRA LIMA-CC PRIMEIRO DE MAIO/BH
SINDGUARDA/BETIM
LUCIANA SILAMI CARVALHO-FARMACÊUTICA/MG
WILLIAM DE SOUZA LOPES-HISTORIADOR
SILVIA ANGÉLICA AMÂNCIO VASCONCELOS-JORNALISTA
SEBASTIÃO FORTUNATO-FARMACÊUTICO/MG
JORNAL A VERDADE
SIND-SAÚDE/MG
KELY SIDNEI DE ALMEIDA-CEBS/MONTES CLAROS
ÉLCIO PACHECO-ADVOGADO/RENAP
JOVINA GOMES PEREIRA-SIND-DAÚDE/MG
SIND.FARMACÊUTICOS/MG
MIC-MOVIMENTO INTER-REGIONAL DE CULTURA
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Uma eleição para não ser esquecida
Reproduzo artigo de Maria Inês Nassif, publicado no jornal Valor:
O novo presidente será conhecido já no domingo, tão logo contabilizados os votos das urnas eletrônicas. O novo Brasil político, no entanto, descortinou-se durante a campanha, é velho e conservador e merecerá certamente a atenção de especialistas depois do pleito. Os partidos, em especial os de oposição, conseguiram extrair da sociedade os seus mais primitivos preconceitos, por meio de uma agenda conservadora e religiosa. Qualquer que seja o resultado da eleição - e até esse momento não existem divergências entre as pesquisas dos institutos sobre o favoritismo da candidata Dilma Rousseff (PT) - o eleito terá de lidar com uma agenda de políticas públicas da qual foram eliminadas importantes conquistas para a sociedade como um todo, e na qual o elemento religioso passou a ser um limitador da ação do Estado.
A ação da igreja conservadora e de setores do pentecostalismo contra Dilma, por conta de sua posição sobre o aborto, é o exemplo mais gritante. No Brasil, a cada dois dias morre uma mulher em conseqüência de um aborto clandestino. A legislação brasileira ao menos conseguiu trazer mulheres que correm risco de vida em decorrência de um aborto que já foi malfeito para dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) e garante que a rede pública faça com segurança os abortos aceitos legalmente - os de vítimas de estupro ou quando a gravidez coloca em risco a vida da mulher. Como assunto de saúde pública, o aborto não poderia ter ocupado o centro dos debates. Isso é uma questão de Estado. Como convicção moral, a mudança na legislação está na órbita do Congresso - e esses setores elegeram seus representantes. O debate eleitoral sobre o aborto, numa eleição para a Presidência, foi a instrumentalização política de um dogma - pelo menos dos setores religiosos conservadores - e excluiu do debate a maior interessada, a mulher. A eleição conseguiu retroceder décadas esse debate. O movimento feminista não agradece.
O país que se redemocratizou há um quarto de século e há 22 anos conseguiu entender-se em torno de uma Constituinte cujo produto final foi avançado politicamente, manteve uma reverência envergonhada aos atores políticos mais importantes do regime anterior - dos militares à Igreja conservadora - e um medo subjetivo de se contrapor de fato ao passado. Sem lidar com os seus fantasmas, tem reincorporado vários deles à vida política. É inadmissível que num país que viveu 21 anos sob o tacão militar, por exemplo, setores da sociedade (e os próprios militares) tenham reagido de forma tão desproporcional ao III Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), ou rejeitem de forma tão violenta o acerto com esse passado. Ao longo dos anos de democracia, determinados setores sociais passaram a reincorporar valores que pareciam ter sido abolidos do manual de como fazer política. Ao longo desses 25 anos que nos separam do último ditador militar, a direita, que se envergonhara no final da ditadura, lentamente desenterrou os velhos fantasmas e refez os preconceitos. Aliás, não apenas a velha direita. Uma nova direita, que se formou com atores que vinham também da resistência democrática, aceitou o caminho do conservadorismo ideológico para reaglutinar uma elite que ficou sem norte, e para a qual a emergência de grandes parcelas da população que estavam na base da estrutura social à classe média assusta - até porque a elite brasileira não tem historicamente experiência com realidades onde a disparidade de renda é menor e onde o aumento da escolaridade transforma pobres em cidadãos, e não em votos a serem manipulados.
Dentre todos os setores que atravessaram da esquerda para a direita nessas últimas duas décadas, o PSDB foi o que perdeu mais. Formado com um ideário social-democrático, mas sem experiência de articulação de política partidária e sem vocação para liderança de massas, chegou ao poder junto com o neoliberalismo tardio brasileiro, assimilou valores conservadores, incorporou-os ao seu tecido orgânico e sobreviveu, enquanto mantinha o governo federal, com a ajuda da política tradicional (e conservadora). Na oposição, não conseguiu voltar ao leito social-democrata. Deixou-se empurrar para a direita pelo PT, quando o presidente Luis Inácio Lula da Silva assumiu o seu primeiro mandato, e se aproximou tanto do PFL que as divergências entre ambos se diluíram ao longo do tempo, ao ponto de canibalizarem votos uns dos outros. Incorporou o discurso neoudenista, transformou-se num partido de vida meramente parlamentar, não reorganizou o partido para formar militância. O PSDB, hoje, é um partido que aparece como tal para apenas disputar eleições.
Isso é péssimo. O primeiro turno já compôs o Legislativo federal. O PT saiu das eleições mais forte. O PMDB, que é o partido que todos falam mal, mas do qual nenhum governo consegue se livrar, continua forte com a sua fórmula de funcionar como uma federação de partidos regionais e tende a incorporar o DEM, ex-PFL, e ficará mais forte ainda. Os demais, inclusive o PSDB, serão partidos médios - com a diferença que o PSB, por exemplo, é um partido médio em crescimento, e o PSDB terá que se reinventar para voltar a crescer, se não voltar a ser governo. O PT se acomodou no espaço da social democracia e o PMDB permanece no centro, se é possível atribuir a esse partido uma posição ideológica que não seja a da fisiologia. O espaço que o PSDB tem para se reinventar fora da direita é mínimo. O DEM e o PSDB deram muito trabalho ao presidente Lula, em oito anos de governo, mas carregaram no jogo neoudenista e se desgastaram demais. Além disso, a hegemonia paulista no PSDB permanece, o que obstrui caminhos de líderes não paulistas que poderiam reduzir o desgaste neste momento, como Aécio Neves (MG).
Não é arriscado apostar na emergência de um novo partido de oposição. O PSDB precisaria de lideranças muito hábeis para se reinventar, e de uma solidariedade e organicidade que nunca cultivou. E precisaria enterrar de vez os preconceitos e preceitos conservadores que têm desenterrado a cada nova eleição. Enfim, empurrar-se de novo para uma posição de centro. O passado do partido, todavia, não recomenda que se trabalhe com essa hipótese.
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O novo presidente será conhecido já no domingo, tão logo contabilizados os votos das urnas eletrônicas. O novo Brasil político, no entanto, descortinou-se durante a campanha, é velho e conservador e merecerá certamente a atenção de especialistas depois do pleito. Os partidos, em especial os de oposição, conseguiram extrair da sociedade os seus mais primitivos preconceitos, por meio de uma agenda conservadora e religiosa. Qualquer que seja o resultado da eleição - e até esse momento não existem divergências entre as pesquisas dos institutos sobre o favoritismo da candidata Dilma Rousseff (PT) - o eleito terá de lidar com uma agenda de políticas públicas da qual foram eliminadas importantes conquistas para a sociedade como um todo, e na qual o elemento religioso passou a ser um limitador da ação do Estado.
A ação da igreja conservadora e de setores do pentecostalismo contra Dilma, por conta de sua posição sobre o aborto, é o exemplo mais gritante. No Brasil, a cada dois dias morre uma mulher em conseqüência de um aborto clandestino. A legislação brasileira ao menos conseguiu trazer mulheres que correm risco de vida em decorrência de um aborto que já foi malfeito para dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) e garante que a rede pública faça com segurança os abortos aceitos legalmente - os de vítimas de estupro ou quando a gravidez coloca em risco a vida da mulher. Como assunto de saúde pública, o aborto não poderia ter ocupado o centro dos debates. Isso é uma questão de Estado. Como convicção moral, a mudança na legislação está na órbita do Congresso - e esses setores elegeram seus representantes. O debate eleitoral sobre o aborto, numa eleição para a Presidência, foi a instrumentalização política de um dogma - pelo menos dos setores religiosos conservadores - e excluiu do debate a maior interessada, a mulher. A eleição conseguiu retroceder décadas esse debate. O movimento feminista não agradece.
O país que se redemocratizou há um quarto de século e há 22 anos conseguiu entender-se em torno de uma Constituinte cujo produto final foi avançado politicamente, manteve uma reverência envergonhada aos atores políticos mais importantes do regime anterior - dos militares à Igreja conservadora - e um medo subjetivo de se contrapor de fato ao passado. Sem lidar com os seus fantasmas, tem reincorporado vários deles à vida política. É inadmissível que num país que viveu 21 anos sob o tacão militar, por exemplo, setores da sociedade (e os próprios militares) tenham reagido de forma tão desproporcional ao III Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), ou rejeitem de forma tão violenta o acerto com esse passado. Ao longo dos anos de democracia, determinados setores sociais passaram a reincorporar valores que pareciam ter sido abolidos do manual de como fazer política. Ao longo desses 25 anos que nos separam do último ditador militar, a direita, que se envergonhara no final da ditadura, lentamente desenterrou os velhos fantasmas e refez os preconceitos. Aliás, não apenas a velha direita. Uma nova direita, que se formou com atores que vinham também da resistência democrática, aceitou o caminho do conservadorismo ideológico para reaglutinar uma elite que ficou sem norte, e para a qual a emergência de grandes parcelas da população que estavam na base da estrutura social à classe média assusta - até porque a elite brasileira não tem historicamente experiência com realidades onde a disparidade de renda é menor e onde o aumento da escolaridade transforma pobres em cidadãos, e não em votos a serem manipulados.
Dentre todos os setores que atravessaram da esquerda para a direita nessas últimas duas décadas, o PSDB foi o que perdeu mais. Formado com um ideário social-democrático, mas sem experiência de articulação de política partidária e sem vocação para liderança de massas, chegou ao poder junto com o neoliberalismo tardio brasileiro, assimilou valores conservadores, incorporou-os ao seu tecido orgânico e sobreviveu, enquanto mantinha o governo federal, com a ajuda da política tradicional (e conservadora). Na oposição, não conseguiu voltar ao leito social-democrata. Deixou-se empurrar para a direita pelo PT, quando o presidente Luis Inácio Lula da Silva assumiu o seu primeiro mandato, e se aproximou tanto do PFL que as divergências entre ambos se diluíram ao longo do tempo, ao ponto de canibalizarem votos uns dos outros. Incorporou o discurso neoudenista, transformou-se num partido de vida meramente parlamentar, não reorganizou o partido para formar militância. O PSDB, hoje, é um partido que aparece como tal para apenas disputar eleições.
Isso é péssimo. O primeiro turno já compôs o Legislativo federal. O PT saiu das eleições mais forte. O PMDB, que é o partido que todos falam mal, mas do qual nenhum governo consegue se livrar, continua forte com a sua fórmula de funcionar como uma federação de partidos regionais e tende a incorporar o DEM, ex-PFL, e ficará mais forte ainda. Os demais, inclusive o PSDB, serão partidos médios - com a diferença que o PSB, por exemplo, é um partido médio em crescimento, e o PSDB terá que se reinventar para voltar a crescer, se não voltar a ser governo. O PT se acomodou no espaço da social democracia e o PMDB permanece no centro, se é possível atribuir a esse partido uma posição ideológica que não seja a da fisiologia. O espaço que o PSDB tem para se reinventar fora da direita é mínimo. O DEM e o PSDB deram muito trabalho ao presidente Lula, em oito anos de governo, mas carregaram no jogo neoudenista e se desgastaram demais. Além disso, a hegemonia paulista no PSDB permanece, o que obstrui caminhos de líderes não paulistas que poderiam reduzir o desgaste neste momento, como Aécio Neves (MG).
Não é arriscado apostar na emergência de um novo partido de oposição. O PSDB precisaria de lideranças muito hábeis para se reinventar, e de uma solidariedade e organicidade que nunca cultivou. E precisaria enterrar de vez os preconceitos e preceitos conservadores que têm desenterrado a cada nova eleição. Enfim, empurrar-se de novo para uma posição de centro. O passado do partido, todavia, não recomenda que se trabalhe com essa hipótese.
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A história não tem rascunhos
Reproduzo editoral do jornal Brasil de Fato:
Estamos diante da maior eleição de nossa história. A quinta eleição presidencial consecutiva, 21 anos depois do inesquecível embate de 1989. Esse período é o maior da história política brasileira, com liberdades democráticas e votação direta para o executivo e legislativo; comparável apenas com o brevíssimo período entre as duas ditaduras do Estado Novo e da resultante do golpe militar entre 1964 e 1985.
Golpe militar e período ditatorial seguem sendo o grande trauma não superado em nossa história. Os embates, polêmicas, acusações e personagens, que reaparecem neste segundo turno, seguem nos lembrando que os fantasmas do passado continuam ativos e dispostos a impedir qualquer mudança, por menor que seja, e que afete seus interesses.
Assim como em 1989, na campanha de Collor contra Lula, retomam o tema do aborto e todo um arsenal de calúnias para semear o ódio e o medo. Neste momento, são chamados os velhos atores sinistros que cumprem o papel de apavorar. Ressurgem antigos personagens, como a turma da Tradição Família e Propriedade (TFP), Opus Dei e toda a gama de fundamentalistas, acompanhados de generais de pijama, ruralistas e analistas de plantão.
Novamente, a grande mídia atua como o verdadeiro partido político da direita e usa toda a sua força para propagar o medo. Nada mais simbólico do que a capa da revista Veja com o monstruoso polvo vermelho que vai nos engolir. Com isto, se esvai a pouca credibilidade desses veículos de comunicação.
A batalha ideológica faz parte da luta política. Embora numa correlação de forças distinta daquela histórica campanha de 1989, e empunhando um programa muito mais rebaixado, a candidatura Dilma enfrenta todas as baterias da grande mídia, especialmente das quatro grandes famílias que controlam os principais veículos de comunicação do país. Novamente, a polarização divide a sociedade. Lideranças religiosas se posicionam no campo conservador ou progressista; artistas, dirigentes populares, não escapam da polarização.
Novamente, constatamos que enquanto os primeiros turnos das eleições são frios, distantes dos grandes debates e resumidos a shows e disputa de espaço na grande mídia, os segundos turnos forçam o confronto de ideias, propostas, visões do Brasil e do mundo, e de projetos políticos. Assim como nas eleições presidenciais passadas, o tema das privatizações é retomado, obrigando a candidatura da direita a fazer todos os malabarismos para contorná-lo.
Vacilar neste momento é um grave equívoco. Abster-se ou esconder-se no voto nulo, para depois invocar a falta de responsabilidade quando os previsíveis limites de um governo Dilma surgirem, é um senso de oportunidade que não condiz com um lutador do povo. As forças políticas que sustentam a candidatura Serra - desde a bancada ruralista até os ávidos negociantes das privatizações - são as mesmas que protagonizaram o desmonte do Estado brasileiro e toda a ofensiva neoliberal durante o período Fernando Henrique Cardoso.
Recordemos que FHC saudou a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) como "bem-vinda" em seu discurso na II Cúpula das Américas em Quebec. E seu ministro Celso Lafer, notabilizado por tirar os sapatos quando visitava os EUA, demitiu o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães da diretoria do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri) por criticar a Alca. Além disso, aceitou passivamente a destituição do embaixador José Mauricio Bustani da direção da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) para preparar os pretextos da invasão ao Iraque.
Logo após o atentado de 11 de setembro, Lafer convocou uma reunião do órgão de consulta da OEA, invocando o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar), manifestando que o Brasil poderia participar de ações militares contra o terrorismo. Também firmaram acordo para ceder a Base de Alcântara aos EUA, que fortaleceram os ataques e o boicote a Cuba. Tudo isso apenas para refletirmos sobre os impactos internacionais.
Não se trata de alimentar ilusões sobre as possibilidades de um governo Dilma. A provável conjuntura nacional e internacional dos próximos anos será muito mais complexa e exigirá muito mais, tanto do governo Dilma, quanto das forças populares. E a proposta política do PT já não é mais o seu histórico Programa Democrático Popular que empolgou a campanha de 1989. Sabemos que a construção de um projeto popular exige um programa de mudanças estruturais e que isso depende da organização de nosso povo e sua capacidade de construir a força social.
A questão colocada pela história é outra. Derrotar o inimigo é sempre uma tarefa central na luta popular. A luta de classes é um fator objetivo do processo. Do inimigo podemos esperar tudo, menos complacência. Basta ver a capacidade das forças reacionárias em aglutinar-se em torno da candidatura Serra para compreender porque a maioria da classe trabalhadora não vacila em posicionar-se.
Equivocar-se na identificação do inimigo é um erro que costuma custar muito caro, pois determina a capacidade de construir alianças e onde concentrar forças. Como ensina a velha sabedoria chinesa,quem não sabe contra quem luta, jamais poderá vencer. Alguns poderão esconder-se no voto nulo, esperando ansiosos que os anunciados limites de um governo Dilma lhes massageie a consciência impoluta. Pouco importa o movimento dos representantes do latifúndio, grandes meios de comunicação, igrejas conservadoras e aparatos de inteligência estrangeiros. Pouco lhes importam a defesa dos países que constroem a Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba) e, principalmente, ignoram a consciência da classe trabalhadora que se posiciona de forma clara. Somente a história poderá nominar esta postura. E a história não admite rascunhos.
Nossa luta é pela construção de um projeto popular para o Brasil. Estamos apenas diante de mais um desafio. Sabemos que as eleições não são a batalha final. Por isso, seguiremos numa luta prolongada, apostando na unidade de todas as forças populares em torno de um programa que altere a estrutura de poder em nosso país. Viveremos junto com o povo esse processo e não tememos a cooptação. Acreditamos no povo brasileiro e enfrentaremos mais essa batalha, confiantes em derrotar nossos inimigos.
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Estamos diante da maior eleição de nossa história. A quinta eleição presidencial consecutiva, 21 anos depois do inesquecível embate de 1989. Esse período é o maior da história política brasileira, com liberdades democráticas e votação direta para o executivo e legislativo; comparável apenas com o brevíssimo período entre as duas ditaduras do Estado Novo e da resultante do golpe militar entre 1964 e 1985.
Golpe militar e período ditatorial seguem sendo o grande trauma não superado em nossa história. Os embates, polêmicas, acusações e personagens, que reaparecem neste segundo turno, seguem nos lembrando que os fantasmas do passado continuam ativos e dispostos a impedir qualquer mudança, por menor que seja, e que afete seus interesses.
Assim como em 1989, na campanha de Collor contra Lula, retomam o tema do aborto e todo um arsenal de calúnias para semear o ódio e o medo. Neste momento, são chamados os velhos atores sinistros que cumprem o papel de apavorar. Ressurgem antigos personagens, como a turma da Tradição Família e Propriedade (TFP), Opus Dei e toda a gama de fundamentalistas, acompanhados de generais de pijama, ruralistas e analistas de plantão.
Novamente, a grande mídia atua como o verdadeiro partido político da direita e usa toda a sua força para propagar o medo. Nada mais simbólico do que a capa da revista Veja com o monstruoso polvo vermelho que vai nos engolir. Com isto, se esvai a pouca credibilidade desses veículos de comunicação.
A batalha ideológica faz parte da luta política. Embora numa correlação de forças distinta daquela histórica campanha de 1989, e empunhando um programa muito mais rebaixado, a candidatura Dilma enfrenta todas as baterias da grande mídia, especialmente das quatro grandes famílias que controlam os principais veículos de comunicação do país. Novamente, a polarização divide a sociedade. Lideranças religiosas se posicionam no campo conservador ou progressista; artistas, dirigentes populares, não escapam da polarização.
Novamente, constatamos que enquanto os primeiros turnos das eleições são frios, distantes dos grandes debates e resumidos a shows e disputa de espaço na grande mídia, os segundos turnos forçam o confronto de ideias, propostas, visões do Brasil e do mundo, e de projetos políticos. Assim como nas eleições presidenciais passadas, o tema das privatizações é retomado, obrigando a candidatura da direita a fazer todos os malabarismos para contorná-lo.
Vacilar neste momento é um grave equívoco. Abster-se ou esconder-se no voto nulo, para depois invocar a falta de responsabilidade quando os previsíveis limites de um governo Dilma surgirem, é um senso de oportunidade que não condiz com um lutador do povo. As forças políticas que sustentam a candidatura Serra - desde a bancada ruralista até os ávidos negociantes das privatizações - são as mesmas que protagonizaram o desmonte do Estado brasileiro e toda a ofensiva neoliberal durante o período Fernando Henrique Cardoso.
Recordemos que FHC saudou a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) como "bem-vinda" em seu discurso na II Cúpula das Américas em Quebec. E seu ministro Celso Lafer, notabilizado por tirar os sapatos quando visitava os EUA, demitiu o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães da diretoria do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri) por criticar a Alca. Além disso, aceitou passivamente a destituição do embaixador José Mauricio Bustani da direção da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) para preparar os pretextos da invasão ao Iraque.
Logo após o atentado de 11 de setembro, Lafer convocou uma reunião do órgão de consulta da OEA, invocando o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar), manifestando que o Brasil poderia participar de ações militares contra o terrorismo. Também firmaram acordo para ceder a Base de Alcântara aos EUA, que fortaleceram os ataques e o boicote a Cuba. Tudo isso apenas para refletirmos sobre os impactos internacionais.
Não se trata de alimentar ilusões sobre as possibilidades de um governo Dilma. A provável conjuntura nacional e internacional dos próximos anos será muito mais complexa e exigirá muito mais, tanto do governo Dilma, quanto das forças populares. E a proposta política do PT já não é mais o seu histórico Programa Democrático Popular que empolgou a campanha de 1989. Sabemos que a construção de um projeto popular exige um programa de mudanças estruturais e que isso depende da organização de nosso povo e sua capacidade de construir a força social.
A questão colocada pela história é outra. Derrotar o inimigo é sempre uma tarefa central na luta popular. A luta de classes é um fator objetivo do processo. Do inimigo podemos esperar tudo, menos complacência. Basta ver a capacidade das forças reacionárias em aglutinar-se em torno da candidatura Serra para compreender porque a maioria da classe trabalhadora não vacila em posicionar-se.
Equivocar-se na identificação do inimigo é um erro que costuma custar muito caro, pois determina a capacidade de construir alianças e onde concentrar forças. Como ensina a velha sabedoria chinesa,quem não sabe contra quem luta, jamais poderá vencer. Alguns poderão esconder-se no voto nulo, esperando ansiosos que os anunciados limites de um governo Dilma lhes massageie a consciência impoluta. Pouco importa o movimento dos representantes do latifúndio, grandes meios de comunicação, igrejas conservadoras e aparatos de inteligência estrangeiros. Pouco lhes importam a defesa dos países que constroem a Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba) e, principalmente, ignoram a consciência da classe trabalhadora que se posiciona de forma clara. Somente a história poderá nominar esta postura. E a história não admite rascunhos.
Nossa luta é pela construção de um projeto popular para o Brasil. Estamos apenas diante de mais um desafio. Sabemos que as eleições não são a batalha final. Por isso, seguiremos numa luta prolongada, apostando na unidade de todas as forças populares em torno de um programa que altere a estrutura de poder em nosso país. Viveremos junto com o povo esse processo e não tememos a cooptação. Acreditamos no povo brasileiro e enfrentaremos mais essa batalha, confiantes em derrotar nossos inimigos.
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Dilma, Cristina e a “falta de um homem”
Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:
A morte de Néstor Kirchner levanta uma série de questões relevantes para a política da Argentina e do nosso continente. O ex-presidente, responsável pela impressionante recuperação argentina depois do fundo do poço do “corralito”, era cotado para ser o candidato a presidente do peronismo na sucessão de Cristina. Mesmo fora da Casa Rosada, Néstor era o articulador desse bloco de centro-esquerda que, nas últimas eleições congressuais, obteve resultados abaixo do esperado. A oposição de direita, capitaneada por Macri (empresário e ex-presidente do Boca), tem o apoio da velha mídia e dos setores agrários conservadores descontentes com Cristina. Certamente, essa oposição terá muita força na sucessão em 2011.
Todas essas são questões importantes. Ok. Mas o que não dá pra aceitar é a pauta apresentada – por exemplo – pelo “Jornal da Globo”: será que Cristina dá conta de governar, sem o marido?
É de um machismo tão fora de época que a gente fica até com preguiça de discutir. Cristina não é “apenas” a “esposa” de Kirchner. Isabelita era “apenas” esposa de Peron nos anos 70. Os tempos eram outros. E deu no que deu – Isabelita (era a vice do marido e, com a morte de Perón, assumiu o poder) foi uma presidenta fraca, que abriu caminho pra ditadura.
Cristina, não! Ela militou ao lado de Nestor, contra a ditadura. Tem vida própria, luz própria. O marido tinha liderança e isso ninguém contesta, mas querer reduzir Cristina ao papel de “esposa”, ou agora “viúva”, é quase inacreditável.
Por que falo disso agora? Porque vários leitores relatam que, no telemarketing do mal aqui no Brasil, há um novo telefonema na praça. Uma voz – feminina - pergunta ao cidadão incauto: ”será que a Dilma dá conta, sem o Lula?”
O machismo é o mesmo – contra Dilma e Cristina. E eu me pergunto: em que século vivem os marqueteiros do mal e os editores do “Jornal da Globo”?
Dilma não precisou segurar na mão do Lula quando – aos 17 ou 18 anos – foi pra clandestinidade lutar contra a ditadura. Dilma não precisou do apoio de Lula quando esteve presa, nem quando resistiu aos toturadores.
Dilma tem trajetória própria. Os tucanos, por menosprezar essa verdade, acreditaram na balela vendida por mervais e jabores: “ela não resiste à campanha sem o Lula”. He, he. Machista, normalmente, leva um susto quando vê que a mulher não “precisa” de homem.
Uma coisa é reconhecer: Lula é um líder popular imensamente mais carismático que Dilma. Isso é fato. Ponto. Outra coisa é querer reduzir Dilma ao papel de “a mulher que Lula indicou”. Dilma foi secretária de Energia pelo PDT gaúcho. Lá, não havia Lula. Foi escolhida ministra por méritos próprios.
O machismo e a arrogância de Serra nos debates - ”a candidata não entende minha pergunta”, “acho que você não compreende bem” – lembram-me Maluf chamando Marta de “dona Marta”. É um machismo tosco, que se revela agora no telemarketing desesperado da reta final.
Eu – que como todo homem brasileiro – já fiz piadinha machista e já disse frases que certamente irritariam qualquer feminista, posso dizer com sinceridade: as mulheres lidam muito melhor com a ausência de um companheiro do que nós homens. É fato. Claro que há exceções. Claro que os homens estão aprendendo a - eventualmente – lidar com a solidão e com a necessidade de caminhar sozinhos.
Mas, sejamos honestos: há velhinhos que – ao perder a mulher - não resistem mais do que 1 ano. Preferem morrer. Não dão conta sozinhos. As mulheres, não. Víúvas ou divorciadas, seguem em frente. Podem até casar de novo. Mas não “precisam” de um homem na mesma medida em que o homem parece “precisar” de uma mulher.
Marqueteiros e jornalistas (homens) talvez projetem para mulheres poderosas (como Cristina e Dilma) a fragilidade e o medo que eles mesmos sentem diante da possibilidade de ficarem “sozinhos”. São marqueteiros e jornalistas que talvez tenham vontade de segurar na não da “mamãe-esposa” quando ficarem velhinhos. Nada de errado nisso. Todos nós temos nossas fragilidades – homens ou mulheres.
Cristina vai sofrer, vai sentir a falta de Néstor – como qualquer um que perde o companheiro da vida toda. Pode ganhar ou perder a sucessão. Mas isso não terá nada a ver com a ausência do “marido”.
Dilma - também – não é mulher que precise viver à sombra de homem nenhum. Não é à toa que teve como companheiro, durante tantos anos, alguém que é capaz de dar uma entrevista tão corajosa, firme – e ao mesmo tempo carinhosa – como a que podemos ler aqui.
Só um aperitivo do que disse Carlos Araújo a “O Globo”, sobre Dilma:
Quem mandava na casa?
Carlos: Nossos parâmetros não eram esses, de quem manda, não manda. Éramos companheiros.
Não era nosso estilo um mandar no outro. Foi uma bela convivência. Tivemos uma vida boa juntos, tenho recordação boa, não é saudade.
O resto – digo eu – é machismo jornalístico. E babaquice marqueteira.
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A morte de Néstor Kirchner levanta uma série de questões relevantes para a política da Argentina e do nosso continente. O ex-presidente, responsável pela impressionante recuperação argentina depois do fundo do poço do “corralito”, era cotado para ser o candidato a presidente do peronismo na sucessão de Cristina. Mesmo fora da Casa Rosada, Néstor era o articulador desse bloco de centro-esquerda que, nas últimas eleições congressuais, obteve resultados abaixo do esperado. A oposição de direita, capitaneada por Macri (empresário e ex-presidente do Boca), tem o apoio da velha mídia e dos setores agrários conservadores descontentes com Cristina. Certamente, essa oposição terá muita força na sucessão em 2011.
Todas essas são questões importantes. Ok. Mas o que não dá pra aceitar é a pauta apresentada – por exemplo – pelo “Jornal da Globo”: será que Cristina dá conta de governar, sem o marido?
É de um machismo tão fora de época que a gente fica até com preguiça de discutir. Cristina não é “apenas” a “esposa” de Kirchner. Isabelita era “apenas” esposa de Peron nos anos 70. Os tempos eram outros. E deu no que deu – Isabelita (era a vice do marido e, com a morte de Perón, assumiu o poder) foi uma presidenta fraca, que abriu caminho pra ditadura.
Cristina, não! Ela militou ao lado de Nestor, contra a ditadura. Tem vida própria, luz própria. O marido tinha liderança e isso ninguém contesta, mas querer reduzir Cristina ao papel de “esposa”, ou agora “viúva”, é quase inacreditável.
Por que falo disso agora? Porque vários leitores relatam que, no telemarketing do mal aqui no Brasil, há um novo telefonema na praça. Uma voz – feminina - pergunta ao cidadão incauto: ”será que a Dilma dá conta, sem o Lula?”
O machismo é o mesmo – contra Dilma e Cristina. E eu me pergunto: em que século vivem os marqueteiros do mal e os editores do “Jornal da Globo”?
Dilma não precisou segurar na mão do Lula quando – aos 17 ou 18 anos – foi pra clandestinidade lutar contra a ditadura. Dilma não precisou do apoio de Lula quando esteve presa, nem quando resistiu aos toturadores.
Dilma tem trajetória própria. Os tucanos, por menosprezar essa verdade, acreditaram na balela vendida por mervais e jabores: “ela não resiste à campanha sem o Lula”. He, he. Machista, normalmente, leva um susto quando vê que a mulher não “precisa” de homem.
Uma coisa é reconhecer: Lula é um líder popular imensamente mais carismático que Dilma. Isso é fato. Ponto. Outra coisa é querer reduzir Dilma ao papel de “a mulher que Lula indicou”. Dilma foi secretária de Energia pelo PDT gaúcho. Lá, não havia Lula. Foi escolhida ministra por méritos próprios.
O machismo e a arrogância de Serra nos debates - ”a candidata não entende minha pergunta”, “acho que você não compreende bem” – lembram-me Maluf chamando Marta de “dona Marta”. É um machismo tosco, que se revela agora no telemarketing desesperado da reta final.
Eu – que como todo homem brasileiro – já fiz piadinha machista e já disse frases que certamente irritariam qualquer feminista, posso dizer com sinceridade: as mulheres lidam muito melhor com a ausência de um companheiro do que nós homens. É fato. Claro que há exceções. Claro que os homens estão aprendendo a - eventualmente – lidar com a solidão e com a necessidade de caminhar sozinhos.
Mas, sejamos honestos: há velhinhos que – ao perder a mulher - não resistem mais do que 1 ano. Preferem morrer. Não dão conta sozinhos. As mulheres, não. Víúvas ou divorciadas, seguem em frente. Podem até casar de novo. Mas não “precisam” de um homem na mesma medida em que o homem parece “precisar” de uma mulher.
Marqueteiros e jornalistas (homens) talvez projetem para mulheres poderosas (como Cristina e Dilma) a fragilidade e o medo que eles mesmos sentem diante da possibilidade de ficarem “sozinhos”. São marqueteiros e jornalistas que talvez tenham vontade de segurar na não da “mamãe-esposa” quando ficarem velhinhos. Nada de errado nisso. Todos nós temos nossas fragilidades – homens ou mulheres.
Cristina vai sofrer, vai sentir a falta de Néstor – como qualquer um que perde o companheiro da vida toda. Pode ganhar ou perder a sucessão. Mas isso não terá nada a ver com a ausência do “marido”.
Dilma - também – não é mulher que precise viver à sombra de homem nenhum. Não é à toa que teve como companheiro, durante tantos anos, alguém que é capaz de dar uma entrevista tão corajosa, firme – e ao mesmo tempo carinhosa – como a que podemos ler aqui.
Só um aperitivo do que disse Carlos Araújo a “O Globo”, sobre Dilma:
Quem mandava na casa?
Carlos: Nossos parâmetros não eram esses, de quem manda, não manda. Éramos companheiros.
Não era nosso estilo um mandar no outro. Foi uma bela convivência. Tivemos uma vida boa juntos, tenho recordação boa, não é saudade.
O resto – digo eu – é machismo jornalístico. E babaquice marqueteira.
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A hipocrisia da mídia grassa solta
Reproduzo artigo do jornalista Marcos Verlaine, assessor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), publicado no sítio Vermelho:
As campanhas eleitorais são importantes para um país como o Brasil, cujo povo, de modo geral dá de ombros para a política. Assim, as eleições têm o condão de incorporar milhões ao processo do debate político, que em períodos normais estão pouco se lixando para a política, os partidos e os políticos. Isto é ruim, mas o povo tem lá suas razões.
Num país como o Brasil, cujo presidencialismo de coalizão demanda forte intervenção política dos atores sociais, menosprezar a política, seu processo e, sobretudo, as eleições é um erro gravíssimo. Daí, em grande medida, decorrem as graves distorções do nosso sistema político-eleitoral.
Mas isto é um problema que pode ser tratado noutro momento, pois o que motivou-me a escrever este artigo foi uma densa e curta “Carta ao Noblat” enviada ao blog do Noblat por um aposentado de Além Paraíba (MG), que claro, o jornalista não publicou, nem vai publicar.
A referida foi publicada em vários blogs. Eu li nos blogs Escrivinhador, do Rodrigo Vianna, e do deputado Brizola Nelo (PDT-RJ), Tijolaço.
Visitei o blog do Noblat para ver se a carta havia sido publicada e nada encontrei.
Mas encontrei uma matéria do Fernando de Barros e Silva – Dilma no limite – que foi publicada na Folha de S.Paulo. O texto critica a Dilma, diz que ela “passa a impressão de estar no limite das suas capacidades, a um triz de um curto-circuito. Isso apesar da vantagem relativamente folgada que abriu sobre José Serra – 56% a 44%, segundo o Datafolha.”
E elogia o Lula e FHC. “Nem de longe reúne os recursos pessoais para o exercício da função de seus antecessores”, fuzila e decreta Barros e Silva.
Aí pensei, quem é esse cara pra dizer isto? Ele certamente encheu páginas e páginas de jornais para criticar o Lula, dizer que era analfabeto, despreparado para o cargo, que não freqüentou algum curso superior, que falava errado e coisas do gênero. Agora elogia. É muita hipocrisia.
Se prevalecesse o Brasil da Folha, d’O Globo, do Estadão, do Merval Pereira, da Miriam Leitão, da Lúcia Hipólito e tantos outros que pareciam torcer e escrevem como quem parece torcer contra o Brasil, para que se esfarele, com inflação, desemprego e salários rebaixados estaríamos hoje em outro ritmo e espírito.
Certamente se esse Brasil prevalecesse, o Serra estaria vencendo a disputa presidencial e não a “neófita” Dilma, como a chama o jornalista da Folha.
Os jornais estampam que os debates têm se expressado pelo baixo nível, mas o que vários veículos de imprensa fizeram e fazem para melhorar o nível desses debates? Nada, pelo contrário, até estimularam e estimulam o baixo nível, com temas laterais e enviesados, com o claro objetivo de prejudicar a Dilma.
Mas o povo não é bobo. Vive concretamente os resultados do atual governo no campo do emprego, do aumento da renda e do consumo, melhoria de vida, mais acesso aos meios culturais e educacionais e tem perspectivas alvissareiras quanto ao futuro.
Assim, a desconstrução da candidata do PT e o “elogio” ao Lula têm o mesmo objetivo – enganar para derrotar o projeto em curso, que ganha ares de concretude a cada pesquisa de intenção de voto que é divulgada nesta reta final de campanha.
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As campanhas eleitorais são importantes para um país como o Brasil, cujo povo, de modo geral dá de ombros para a política. Assim, as eleições têm o condão de incorporar milhões ao processo do debate político, que em períodos normais estão pouco se lixando para a política, os partidos e os políticos. Isto é ruim, mas o povo tem lá suas razões.
Num país como o Brasil, cujo presidencialismo de coalizão demanda forte intervenção política dos atores sociais, menosprezar a política, seu processo e, sobretudo, as eleições é um erro gravíssimo. Daí, em grande medida, decorrem as graves distorções do nosso sistema político-eleitoral.
Mas isto é um problema que pode ser tratado noutro momento, pois o que motivou-me a escrever este artigo foi uma densa e curta “Carta ao Noblat” enviada ao blog do Noblat por um aposentado de Além Paraíba (MG), que claro, o jornalista não publicou, nem vai publicar.
A referida foi publicada em vários blogs. Eu li nos blogs Escrivinhador, do Rodrigo Vianna, e do deputado Brizola Nelo (PDT-RJ), Tijolaço.
Visitei o blog do Noblat para ver se a carta havia sido publicada e nada encontrei.
Mas encontrei uma matéria do Fernando de Barros e Silva – Dilma no limite – que foi publicada na Folha de S.Paulo. O texto critica a Dilma, diz que ela “passa a impressão de estar no limite das suas capacidades, a um triz de um curto-circuito. Isso apesar da vantagem relativamente folgada que abriu sobre José Serra – 56% a 44%, segundo o Datafolha.”
E elogia o Lula e FHC. “Nem de longe reúne os recursos pessoais para o exercício da função de seus antecessores”, fuzila e decreta Barros e Silva.
Aí pensei, quem é esse cara pra dizer isto? Ele certamente encheu páginas e páginas de jornais para criticar o Lula, dizer que era analfabeto, despreparado para o cargo, que não freqüentou algum curso superior, que falava errado e coisas do gênero. Agora elogia. É muita hipocrisia.
Se prevalecesse o Brasil da Folha, d’O Globo, do Estadão, do Merval Pereira, da Miriam Leitão, da Lúcia Hipólito e tantos outros que pareciam torcer e escrevem como quem parece torcer contra o Brasil, para que se esfarele, com inflação, desemprego e salários rebaixados estaríamos hoje em outro ritmo e espírito.
Certamente se esse Brasil prevalecesse, o Serra estaria vencendo a disputa presidencial e não a “neófita” Dilma, como a chama o jornalista da Folha.
Os jornais estampam que os debates têm se expressado pelo baixo nível, mas o que vários veículos de imprensa fizeram e fazem para melhorar o nível desses debates? Nada, pelo contrário, até estimularam e estimulam o baixo nível, com temas laterais e enviesados, com o claro objetivo de prejudicar a Dilma.
Mas o povo não é bobo. Vive concretamente os resultados do atual governo no campo do emprego, do aumento da renda e do consumo, melhoria de vida, mais acesso aos meios culturais e educacionais e tem perspectivas alvissareiras quanto ao futuro.
Assim, a desconstrução da candidata do PT e o “elogio” ao Lula têm o mesmo objetivo – enganar para derrotar o projeto em curso, que ganha ares de concretude a cada pesquisa de intenção de voto que é divulgada nesta reta final de campanha.
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José Serra e a liberdade de expressão
Reproduzo levantamento feito pelo jornalista Antônio Biondi:
José Serra não lida bem com perguntas que questionem seus pontos de vista. Coloca-se como um defensor da liberdade de imprensa, mas desrespeita jornalistas que publiquem matérias desfavoráveis a seus interesses.
Em 27 de setembro de 2010, Marina Silva deu declarações que ajudam a entender o padrão de comportamento do presidenciável com a imprensa: “Tenho ouvido reclamações nos últimos dias que o ex-governador José Serra tem ficado nervoso quando fazem perguntas que ele não gosta. Ouço também relatos de que há uma tentativa de intimidação dele aos jornalistas. Existem duas formas de tentar intimidar a imprensa. Uma é aquela que vem a público e coloca de forma infeliz uma série de críticas. Outra é aquela que, de forma velada, tenta agredir jornalistas, pedir cabeça de jornalista, o que dá na mesma coisa, porque o respeito pela democracia e pela liberdade de imprensa é permitir que a informação circule. Serra constrange e tenta intimidar jornalistas” (Fonte: IG).
Se você é jornalista e trabalha em uma redação, já deve ter ouvido alguma história sobre telefonemas que ele teria dado a donos e diretores pedindo a demissão de repórteres “irresponsáveis”. Decidimos reunir apenas episódios concretos, públicos e comprováveis, para que o eleitor tenha ferramentas para ajustar sua percepção à realidade.
13 de outubro de 2010
Vítima: Valor Econômico (repórter Sérgio Bueno)
O repórter Sérgio Bueno fez pergunta sobre Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto. E ouviu do candidato: “Seu jornal faz manchete para o PT colocar no horário eleitoral. Eu sei que, no caso, vocês não têm interesse na Casa Civil, naquilo que foi desviado. Seu jornal, pelo menos, não tem. Agora, no nosso caso, nós temos.” Horas depois, a diretora de redação do Valor, Vera Brandimarte, ensinou: “O jornalista [Sérgio Bueno] só estava fazendo o trabalho dele, que é perguntar. Todos os candidatos devem estar dispostos a responder questões, mesmo sobre temas que não lhes agradem”.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1410201008.htm
28 de setembro de 2010
Vítima: Folha de S.Paulo (repórter Breno Costa)
Em Salvador, diálogo entre o repórter Breno Costa, da Folha, e o candidato do PSDB. “Candidato, nesses últimos dias de campanha, qual deve ser a [sua] estratégia?”. Resposta de Serra: “Certamente não é perder tempo com matéria mentirosa como a que você fez”. Sobre a matéria, explicação da Folha: “Serra referia-se à reportagem que mostrou ressalvas feitas por técnicos do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo no ano de 2009, quando ele era governador. As objeções técnicas do TCE-SP, que aprovou suas contas, referiam-se a ações que, hoje, fazem parte da lista de promessas do tucano”.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po2909201010.htm
15 de setembro de 2010
Vítima: CNT/Gazeta (entrevistadores Márcia Peltier e Alon Feurwerker)
Serra irritou-se durante gravação e ameaçou deixar o programa “Jogo do Poder”, da CNT, comandado por Márcia Peltier e Alon Feurwerker. Ele não gostou de perguntas feitas e depois de dizer que estavam “perdendo tempo” com aqueles assuntos, passou a discutir com Márcia. Disse que, em vez de tratarem do programa de governo, estavam repetindo “os argumentos do PT”. Em seguida, levantou-se para deixar o estúdio. “Não vou dar essa entrevista, você me desculpa. Faz de conta que não vim”, disse Serra, reclamando que a entrevista não era um “troço sério”. Logo depois, pediu que os equipamentos fossem desligados e disparou: “Isso aqui está um programa montado.” A apresentadora negou com firmeza a acusação e teve uma conversa reservada com Serra. Só então o candidato aceitou voltar ao estúdio.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1609201022.htm
7 de agosto de 2010
Vítima: TV Cultura – Gabriel Priolli
No final da tarde, Fernando Vieira de Mello, vice-presidente de conteúdo, chamou Priolli à sua sala para comunicá-lo de seu afastamento da direção de jornalismo da emissora. O episódio aconteceu apenas 5 dias depois de Priolli assumir o cargo. Ele havia encomendado uma reportagem sobre pedágios. A Folha escreveu sobre o episódio: “Nos corredores da emissora e na blogosfera, circula a informação de que, por trás da saída de Priolli, está uma reportagem sobre problemas e aumento nos pedágios. A reportagem teria sido “derrubada” – jargão para o que não é veiculado – por Mello. “A reportagem não foi ao ar na quarta-feira por uma razão simples: não estava pronta”, diz Mello. “Eram ouvidos só [Geraldo] Alckmin e [Aloísio] Mercadante. Em período eleitoral, somos obrigados a ouvir todos os candidatos. Foi isso que fizemos”, acrescenta. Dias antes, outra dança de cadeiras originou rumores sobre a influência do governo estadual sobre a TV. Segundo estes, Heródoto Barbeiro teria sido substituído por Marília Gabriela no Roda Viva por ter feito uma pergunta incômoda a Serra.
Escreveu o Observatório da Imprensa: “Explicações complicadas terão que ser dadas pelo candidato à presidência José Serra – acusado de ter pedido a cabeça dos jornalistas”
Fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=597IPB010
23 de agosto de 2010
Vítima: TV Brasil
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, se irritou com uma pergunta de uma jornalista da TV Brasil, emissora estatal, sobre o fato de a propaganda na TV completar uma semana hoje e a expectativa
do tucano de conseguir reagir nas pesquisas. “Pergunta lá pro seu pessoal na TV Brasil. Eles têm uma opinião”, disse Serra.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/787723-serra-se-irrita-com-pergunta-de-jornalista-da-tv-brasil.shtml
Julho de 2010
Vítima: Rádio Mirante AM, do Maranhão – repórter Mário Carvalho
Serra irritou-se quando foi perguntado sobre o que faria para diminuir sua rejeição no Nordeste. Respondeu: “Onde você viu essa informação? Você está fazendo campanha para Dilma”. “No Ibope e no Datafolha”, disse Carvalho. “De qual emissora você é?” “Da Mirante AM”. “Não é rádio do Sarney? Eu não sei aonde você viu isso. Vamos fazer uma coisa, você quer fazer propaganda pra Dilma? Eu acho legítimo que sua rádio e você faça campanha para Dilma. Não tenho nada a me opor. Agora não venha falar mentira. Tudo bem, faz a campanha direto”, disse, gritando, Serra.
16 de julho
Vítima: TV Globo – Fábio Turci
O repórter Fábio Turci dirige a Serra uma pergunta sobre juros. O perguntado não esconde sua irritação, e indaga com a devida veemência: “De onde você é?” Turci esclarece ser da Globo. E Serra, de pronto: “Ah, então desculpe”.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/politica/pesos-e-medidas
22 de junho de 2010
Vítima: TV Cultura – Mediador Heródoto Barbeiro
“Como o estado poderia prestar serviço não cobrando pedágios tão caros como são cobrados no estado de São Paulo? A gente viaja por aí e as pessoas reclamam que para ir de uma localidade à outra custa R$ 8,80″, questionou o jornalista. “Você tá transmitindo o que o PT vive dizendo”, acusou. O candidato explicou que o modelo de privatização de rodovias de São Paulo passou por mudanças em seu governo. “Nós mudamos o modelo de concessões e os pedágios baixaram em relação aos elementos anteriores”. Ao final da discussão, Serra classificou as indagações do jornalista de “trololó petista” e condenou Barbeiro por não apresentar resultados do governo tucano em São Paulo. “Essas perguntas têm sempre de vir acompanhadas de resultados”, exigiu o tucano. Logo depois, Barbero deixou a bancada do programa, dando lugar a Marília Gabriela.
Assista ao bate-boca: http://www.cafenapolitica.com/wordpress/?p=1751
29 de maio de 2009
Vítima: Estadão – repórter Sandro Villar
Escreveu o Estadão: “A entrevista coletiva foi tumultuada. A segurança reprimiu os jornalistas com certa dose de truculência. O governador fugiu das perguntas políticas. Ao ser perguntado pelo repórter do Estado se faria dobradinha com Aécio Neves na eleição para a presidência, Serra se irritou. “Pensei que você veio para perguntar sobre o hospital”, respondeu (em referência a uma pauta publicada). Um segurança agarrou o repórter na frente do governador, que condenou a atitude do rapaz (do repórter!) e soltou um sonoro palavrão impublicável.Villar declarou, em correspondência a Luis Carlos Azenha: “Não faz muito tempo surgiram informações de que o Serra foi submetido a um cateterismo realizado secretamente na calada da noite. Eu queria perguntar isso ao governador para ele desmentir ou não. Mas, pela segunda vez, fui agredido pela segurança de Sua Excelência. Protestei e disse que nem na época da ditadura militar fui tratado com tanta truculência”
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,professores-chamam-serra-de-ditador-em-presidente-prudente,379226,0.htm
10 de maio de 2010
Vítima: Rádio CBN (Comentarista Miriam Leitão)
Em entrevista pela manhã, Miriam perguntou se o presidenciável respeitaria a autonomia do Banco Central ou se presidiria também a instituição, caso vencesse a eleição. Serra primeiro respondeu que a suposição da jornalista era “brincadeira”. Em seguida, disse, ríspido: “Você acha isso, sinceramente, que o Banco Central nunca erra? Tenha paciência!” Questionado se interviria na instituição ao se deparar com um erro, Serra interrompeu Miriam: “O que você está dizendo, vai me perdoar, é uma grande bobagem.”
10 de maio de 2010
Vítima: Rádio Nacional
Relato da Folha de S. Paulo: Um repórter da Rádio Nacional, emissora estatal, perguntou se o tucano acabaria com o Bolsa Família. Serra reagiu de forma ríspida. “Por que a pergunta? Porque disseram para você que eu vou acabar? Então eu gostaria de saber a fonte. Isso é uma mentira total”, afirmou. Em outro momento de irritação, Serra não quis detalhar sua posição referente à divisão dos royalties do pré-sal. “Não vou ficar repetindo.” Assessores de Serra procuraram repórteres para pedir desculpas pelo tom do tucano, que chegou ao evento com 40 minutos de atraso.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2005201009.htm
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José Serra não lida bem com perguntas que questionem seus pontos de vista. Coloca-se como um defensor da liberdade de imprensa, mas desrespeita jornalistas que publiquem matérias desfavoráveis a seus interesses.
Em 27 de setembro de 2010, Marina Silva deu declarações que ajudam a entender o padrão de comportamento do presidenciável com a imprensa: “Tenho ouvido reclamações nos últimos dias que o ex-governador José Serra tem ficado nervoso quando fazem perguntas que ele não gosta. Ouço também relatos de que há uma tentativa de intimidação dele aos jornalistas. Existem duas formas de tentar intimidar a imprensa. Uma é aquela que vem a público e coloca de forma infeliz uma série de críticas. Outra é aquela que, de forma velada, tenta agredir jornalistas, pedir cabeça de jornalista, o que dá na mesma coisa, porque o respeito pela democracia e pela liberdade de imprensa é permitir que a informação circule. Serra constrange e tenta intimidar jornalistas” (Fonte: IG).
Se você é jornalista e trabalha em uma redação, já deve ter ouvido alguma história sobre telefonemas que ele teria dado a donos e diretores pedindo a demissão de repórteres “irresponsáveis”. Decidimos reunir apenas episódios concretos, públicos e comprováveis, para que o eleitor tenha ferramentas para ajustar sua percepção à realidade.
13 de outubro de 2010
Vítima: Valor Econômico (repórter Sérgio Bueno)
O repórter Sérgio Bueno fez pergunta sobre Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto. E ouviu do candidato: “Seu jornal faz manchete para o PT colocar no horário eleitoral. Eu sei que, no caso, vocês não têm interesse na Casa Civil, naquilo que foi desviado. Seu jornal, pelo menos, não tem. Agora, no nosso caso, nós temos.” Horas depois, a diretora de redação do Valor, Vera Brandimarte, ensinou: “O jornalista [Sérgio Bueno] só estava fazendo o trabalho dele, que é perguntar. Todos os candidatos devem estar dispostos a responder questões, mesmo sobre temas que não lhes agradem”.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1410201008.htm
28 de setembro de 2010
Vítima: Folha de S.Paulo (repórter Breno Costa)
Em Salvador, diálogo entre o repórter Breno Costa, da Folha, e o candidato do PSDB. “Candidato, nesses últimos dias de campanha, qual deve ser a [sua] estratégia?”. Resposta de Serra: “Certamente não é perder tempo com matéria mentirosa como a que você fez”. Sobre a matéria, explicação da Folha: “Serra referia-se à reportagem que mostrou ressalvas feitas por técnicos do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo no ano de 2009, quando ele era governador. As objeções técnicas do TCE-SP, que aprovou suas contas, referiam-se a ações que, hoje, fazem parte da lista de promessas do tucano”.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po2909201010.htm
15 de setembro de 2010
Vítima: CNT/Gazeta (entrevistadores Márcia Peltier e Alon Feurwerker)
Serra irritou-se durante gravação e ameaçou deixar o programa “Jogo do Poder”, da CNT, comandado por Márcia Peltier e Alon Feurwerker. Ele não gostou de perguntas feitas e depois de dizer que estavam “perdendo tempo” com aqueles assuntos, passou a discutir com Márcia. Disse que, em vez de tratarem do programa de governo, estavam repetindo “os argumentos do PT”. Em seguida, levantou-se para deixar o estúdio. “Não vou dar essa entrevista, você me desculpa. Faz de conta que não vim”, disse Serra, reclamando que a entrevista não era um “troço sério”. Logo depois, pediu que os equipamentos fossem desligados e disparou: “Isso aqui está um programa montado.” A apresentadora negou com firmeza a acusação e teve uma conversa reservada com Serra. Só então o candidato aceitou voltar ao estúdio.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1609201022.htm
7 de agosto de 2010
Vítima: TV Cultura – Gabriel Priolli
No final da tarde, Fernando Vieira de Mello, vice-presidente de conteúdo, chamou Priolli à sua sala para comunicá-lo de seu afastamento da direção de jornalismo da emissora. O episódio aconteceu apenas 5 dias depois de Priolli assumir o cargo. Ele havia encomendado uma reportagem sobre pedágios. A Folha escreveu sobre o episódio: “Nos corredores da emissora e na blogosfera, circula a informação de que, por trás da saída de Priolli, está uma reportagem sobre problemas e aumento nos pedágios. A reportagem teria sido “derrubada” – jargão para o que não é veiculado – por Mello. “A reportagem não foi ao ar na quarta-feira por uma razão simples: não estava pronta”, diz Mello. “Eram ouvidos só [Geraldo] Alckmin e [Aloísio] Mercadante. Em período eleitoral, somos obrigados a ouvir todos os candidatos. Foi isso que fizemos”, acrescenta. Dias antes, outra dança de cadeiras originou rumores sobre a influência do governo estadual sobre a TV. Segundo estes, Heródoto Barbeiro teria sido substituído por Marília Gabriela no Roda Viva por ter feito uma pergunta incômoda a Serra.
Escreveu o Observatório da Imprensa: “Explicações complicadas terão que ser dadas pelo candidato à presidência José Serra – acusado de ter pedido a cabeça dos jornalistas”
Fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=597IPB010
23 de agosto de 2010
Vítima: TV Brasil
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, se irritou com uma pergunta de uma jornalista da TV Brasil, emissora estatal, sobre o fato de a propaganda na TV completar uma semana hoje e a expectativa
do tucano de conseguir reagir nas pesquisas. “Pergunta lá pro seu pessoal na TV Brasil. Eles têm uma opinião”, disse Serra.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/787723-serra-se-irrita-com-pergunta-de-jornalista-da-tv-brasil.shtml
Julho de 2010
Vítima: Rádio Mirante AM, do Maranhão – repórter Mário Carvalho
Serra irritou-se quando foi perguntado sobre o que faria para diminuir sua rejeição no Nordeste. Respondeu: “Onde você viu essa informação? Você está fazendo campanha para Dilma”. “No Ibope e no Datafolha”, disse Carvalho. “De qual emissora você é?” “Da Mirante AM”. “Não é rádio do Sarney? Eu não sei aonde você viu isso. Vamos fazer uma coisa, você quer fazer propaganda pra Dilma? Eu acho legítimo que sua rádio e você faça campanha para Dilma. Não tenho nada a me opor. Agora não venha falar mentira. Tudo bem, faz a campanha direto”, disse, gritando, Serra.
16 de julho
Vítima: TV Globo – Fábio Turci
O repórter Fábio Turci dirige a Serra uma pergunta sobre juros. O perguntado não esconde sua irritação, e indaga com a devida veemência: “De onde você é?” Turci esclarece ser da Globo. E Serra, de pronto: “Ah, então desculpe”.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/politica/pesos-e-medidas
22 de junho de 2010
Vítima: TV Cultura – Mediador Heródoto Barbeiro
“Como o estado poderia prestar serviço não cobrando pedágios tão caros como são cobrados no estado de São Paulo? A gente viaja por aí e as pessoas reclamam que para ir de uma localidade à outra custa R$ 8,80″, questionou o jornalista. “Você tá transmitindo o que o PT vive dizendo”, acusou. O candidato explicou que o modelo de privatização de rodovias de São Paulo passou por mudanças em seu governo. “Nós mudamos o modelo de concessões e os pedágios baixaram em relação aos elementos anteriores”. Ao final da discussão, Serra classificou as indagações do jornalista de “trololó petista” e condenou Barbeiro por não apresentar resultados do governo tucano em São Paulo. “Essas perguntas têm sempre de vir acompanhadas de resultados”, exigiu o tucano. Logo depois, Barbero deixou a bancada do programa, dando lugar a Marília Gabriela.
Assista ao bate-boca: http://www.cafenapolitica.com/wordpress/?p=1751
29 de maio de 2009
Vítima: Estadão – repórter Sandro Villar
Escreveu o Estadão: “A entrevista coletiva foi tumultuada. A segurança reprimiu os jornalistas com certa dose de truculência. O governador fugiu das perguntas políticas. Ao ser perguntado pelo repórter do Estado se faria dobradinha com Aécio Neves na eleição para a presidência, Serra se irritou. “Pensei que você veio para perguntar sobre o hospital”, respondeu (em referência a uma pauta publicada). Um segurança agarrou o repórter na frente do governador, que condenou a atitude do rapaz (do repórter!) e soltou um sonoro palavrão impublicável.Villar declarou, em correspondência a Luis Carlos Azenha: “Não faz muito tempo surgiram informações de que o Serra foi submetido a um cateterismo realizado secretamente na calada da noite. Eu queria perguntar isso ao governador para ele desmentir ou não. Mas, pela segunda vez, fui agredido pela segurança de Sua Excelência. Protestei e disse que nem na época da ditadura militar fui tratado com tanta truculência”
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,professores-chamam-serra-de-ditador-em-presidente-prudente,379226,0.htm
10 de maio de 2010
Vítima: Rádio CBN (Comentarista Miriam Leitão)
Em entrevista pela manhã, Miriam perguntou se o presidenciável respeitaria a autonomia do Banco Central ou se presidiria também a instituição, caso vencesse a eleição. Serra primeiro respondeu que a suposição da jornalista era “brincadeira”. Em seguida, disse, ríspido: “Você acha isso, sinceramente, que o Banco Central nunca erra? Tenha paciência!” Questionado se interviria na instituição ao se deparar com um erro, Serra interrompeu Miriam: “O que você está dizendo, vai me perdoar, é uma grande bobagem.”
10 de maio de 2010
Vítima: Rádio Nacional
Relato da Folha de S. Paulo: Um repórter da Rádio Nacional, emissora estatal, perguntou se o tucano acabaria com o Bolsa Família. Serra reagiu de forma ríspida. “Por que a pergunta? Porque disseram para você que eu vou acabar? Então eu gostaria de saber a fonte. Isso é uma mentira total”, afirmou. Em outro momento de irritação, Serra não quis detalhar sua posição referente à divisão dos royalties do pré-sal. “Não vou ficar repetindo.” Assessores de Serra procuraram repórteres para pedir desculpas pelo tom do tucano, que chegou ao evento com 40 minutos de atraso.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2005201009.htm
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A importância de uma mulher na presidência
Reproduzo artigo do teólogo Leonardo Boff, publicado no sítio da Adital:
Há duas formas principais de estarmos presentes no mundo: pelo trabalho e pelo cuidado. Como somos seres sem nenhum órgão especializado, à diferença dos animais, temos que trabalhar para sobreviver. Vale dizer, precisamos tirar da natureza tudo o que precisamos. Nessa diligência usamos a razão prática, a criatividade e a tecnologia. Aqui, precisamos ser objetivos e efetivos; caso contrário, sucumbimos às necessidades. Na história humana, pelo menos no Ocidente, instaurou-se a ditadura do trabalho. Este, mais do que obra, foi transformado num meio de produção, vendido na forma de salário, implicando concorrência e devastação atroz da natureza e perversa injustiça social. Representantes principais, mas não exclusivos, do modo de ser do trabalho são os homens.
A segunda forma é o cuidado. Ele tem como centralidade a vida e as relações interpessoais e sociais. Todos somos filhos e filhas do cuidado, porque se nossas mães não tivessem tido infinito cuidado quando nascemos, algumas horas depois teríamos morrido e não estaríamos aqui para escrever sobre estas coisas. O cuidado tem a ver mais com sujeitos que interagem entre si do que com objetos a serem gestionados. O cuidado é um gesto amoroso para com a realidade.
O cuidado não se opõe ao trabalho. Dá-lhe uma característica própria que é ser feito de tal forma que respeita as coisas e permite que se refaçam. Cuidar significa estar junto das coisas protegendo-as e não sobre elas, dominando-as. Elas nunca são meros meios. Representam valores e símbolos que nos evocam sentimentos de beleza, complexidade e força. Obviamente, ocorrem resistências e perplexidades. Mas elas são superadas pela paciência perseverante. A mulher, no lugar da agressividade, tende a colocar a convivência amorosa. Em vez da dominação, a companhia afetuosa. A cooperação substitui a concorrência. Portadoras privilegiadas, mas não exclusivas, do cuidado são as mulheres.
Desde a mais remota antiguidade, assistimos a um drama de consequências funestas: a ruptura entre o trabalho e o cuidado. Desde o neolítico se impôs o trabalho como busca frenética de eficácia e de riqueza. Esse modo de ser submete a mulher, mata o cuidado, liquida a ternura e tensiona as relações humanas. É o império do androcentrismo, do predomínio do homem sobre a natureza e a mulher. Chegamos, agora, a um impasse fundamental: ou impomos limites à voracidade produtivista e resgatamos o cuidado ou a Terra não aguentará mais.
Sentimos a urgência de feminilizar as relações; quer dizer, reintroduzir em todos os âmbitos o cuidado especialmente com referência às pessoas mais massacradas (dois terços da humanidade), à natureza devastada e ao mundo da política. A porta de entrada ao universo do cuidado é a razão cordial e sensível que nos permite sentir as feridas da natureza e das pessoas, deixar-se envolver e se mobilizar para a humanização das relações entre todos, sem descurar da colaboração fundamental da razão intrumental-analítica que nos permite sermos eficazes.
É aqui que vejo a importância de podermos ter providencialmente à frente do governo do Brasil uma mulher como Dilma Rousseff. Ela poderá unir as duas dimensões do trabalho que busca racionalidade e eficácia (a dimensão masculina) e do cuidado que acolhe o mais pobre e sofrido e projeta políticas de inclusão e de recuperação da dignidade (dimensão feminina). Ela possui o caráter de uma grande e eficiente gestora (seu lado de trabalho/masculino) e ao mesmo tempo a capacidade de levar avante com enternecimento e compaixão o projeto de Lula de cuidar dos pobres e dos oprimidos (seu lado de cuidado/feminino). Ela pode realizar o ideal de Gandhi: "política é um gesto amoroso para com o povo".
Neste momento dramático da história do Brasil e do mundo é importante que uma mulher exerça o poder como cuidado e serviço. Ela, Dilma, imbuída desta consciência, poderá impor limites ao trabalho devastador e poderá fazer com que o desenvolvimento ansiado se faça com a natureza e não contra ela, com sentido de justiça social, de solidariedade a partir de baixo e de uma fraternidade aberta que inclui todos os povos e a inteira a comunidade de vida.
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Há duas formas principais de estarmos presentes no mundo: pelo trabalho e pelo cuidado. Como somos seres sem nenhum órgão especializado, à diferença dos animais, temos que trabalhar para sobreviver. Vale dizer, precisamos tirar da natureza tudo o que precisamos. Nessa diligência usamos a razão prática, a criatividade e a tecnologia. Aqui, precisamos ser objetivos e efetivos; caso contrário, sucumbimos às necessidades. Na história humana, pelo menos no Ocidente, instaurou-se a ditadura do trabalho. Este, mais do que obra, foi transformado num meio de produção, vendido na forma de salário, implicando concorrência e devastação atroz da natureza e perversa injustiça social. Representantes principais, mas não exclusivos, do modo de ser do trabalho são os homens.
A segunda forma é o cuidado. Ele tem como centralidade a vida e as relações interpessoais e sociais. Todos somos filhos e filhas do cuidado, porque se nossas mães não tivessem tido infinito cuidado quando nascemos, algumas horas depois teríamos morrido e não estaríamos aqui para escrever sobre estas coisas. O cuidado tem a ver mais com sujeitos que interagem entre si do que com objetos a serem gestionados. O cuidado é um gesto amoroso para com a realidade.
O cuidado não se opõe ao trabalho. Dá-lhe uma característica própria que é ser feito de tal forma que respeita as coisas e permite que se refaçam. Cuidar significa estar junto das coisas protegendo-as e não sobre elas, dominando-as. Elas nunca são meros meios. Representam valores e símbolos que nos evocam sentimentos de beleza, complexidade e força. Obviamente, ocorrem resistências e perplexidades. Mas elas são superadas pela paciência perseverante. A mulher, no lugar da agressividade, tende a colocar a convivência amorosa. Em vez da dominação, a companhia afetuosa. A cooperação substitui a concorrência. Portadoras privilegiadas, mas não exclusivas, do cuidado são as mulheres.
Desde a mais remota antiguidade, assistimos a um drama de consequências funestas: a ruptura entre o trabalho e o cuidado. Desde o neolítico se impôs o trabalho como busca frenética de eficácia e de riqueza. Esse modo de ser submete a mulher, mata o cuidado, liquida a ternura e tensiona as relações humanas. É o império do androcentrismo, do predomínio do homem sobre a natureza e a mulher. Chegamos, agora, a um impasse fundamental: ou impomos limites à voracidade produtivista e resgatamos o cuidado ou a Terra não aguentará mais.
Sentimos a urgência de feminilizar as relações; quer dizer, reintroduzir em todos os âmbitos o cuidado especialmente com referência às pessoas mais massacradas (dois terços da humanidade), à natureza devastada e ao mundo da política. A porta de entrada ao universo do cuidado é a razão cordial e sensível que nos permite sentir as feridas da natureza e das pessoas, deixar-se envolver e se mobilizar para a humanização das relações entre todos, sem descurar da colaboração fundamental da razão intrumental-analítica que nos permite sermos eficazes.
É aqui que vejo a importância de podermos ter providencialmente à frente do governo do Brasil uma mulher como Dilma Rousseff. Ela poderá unir as duas dimensões do trabalho que busca racionalidade e eficácia (a dimensão masculina) e do cuidado que acolhe o mais pobre e sofrido e projeta políticas de inclusão e de recuperação da dignidade (dimensão feminina). Ela possui o caráter de uma grande e eficiente gestora (seu lado de trabalho/masculino) e ao mesmo tempo a capacidade de levar avante com enternecimento e compaixão o projeto de Lula de cuidar dos pobres e dos oprimidos (seu lado de cuidado/feminino). Ela pode realizar o ideal de Gandhi: "política é um gesto amoroso para com o povo".
Neste momento dramático da história do Brasil e do mundo é importante que uma mulher exerça o poder como cuidado e serviço. Ela, Dilma, imbuída desta consciência, poderá impor limites ao trabalho devastador e poderá fazer com que o desenvolvimento ansiado se faça com a natureza e não contra ela, com sentido de justiça social, de solidariedade a partir de baixo e de uma fraternidade aberta que inclui todos os povos e a inteira a comunidade de vida.
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Os mecanismos subterrâneos da campanha
Reproduzo entrevista com Marcelo Zelic publicada no sítio do Instituto Humanitas Unisinos (IHU):
Depois da descoberta de 2 milhões de panfletos assinados, sem autorização, pela CNBB difamando a candidata Dilma Rousseff distribuídos em missas, o advogado Marcelo Zelic escreveu uma carta aberta à instituição católica configurando o ato como crime eleitoral. Em entrevista à IHU On-Line, concedida por telefone, Zelic diz que, durante o período eleitoral, as igrejas podem orientar a população quanto ao voto no sentido do "votar bem", mas não podem indicar um candidato. "O panfleto está baseado na campanha antiaborto e joga toda uma discussão com relação a quem tem que governar o país e prega anti-PT. Isso é um absurdo", alerta o advogado.
Na entrevista, Marcelo explica o que pode acontecer com os verdadeiros responsáveis pela produção e pagamento do material e explica outras estratégias utilizadas pelos coordenadores da campanha de Serra a fim de trabalhar o voto daqueles que poderiam vir a votar em Dilma. "Uma coisa é dizer 'preferimos esse candidato por isso, isso e isso', outra coisa é dizer 'meu voto é anti-Dilma' e, com isso, publicar mentiras sobre a candidata", explicou.
Marcelo Zelic é vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais-SP e membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo. É também coordenador do Projeto Armazém Memória. Confira a entrevista:
O senhor pode nos explicar como a panfletagem encomendada pelo bispo diocesano de Guarulhos se configura como crime eleitoral?
É considerado crime eleitoral primeiro porque é um documento que a igreja, em época de campanha, não pode publicar. Tanto que a CNBB orienta apenas, nesse período, que é preciso votar bem, mas sem indicar candidato. Quando o bispo parte para fazer as agressões que fez contra o PT, dizendo mentiras e coisas que não estão de acordo com a realidade da campanha, isso é crime. Mesmo assim, insistem em dizer que Dilma vai fazer coisas que já prometeu não fazer, dizem que ela é ou fez coisas que não são verdades. Essas calúnias se configuram em crime eleitoral.
Além disso, documentos eleitorais precisam de uma identificação diferente, como o CNPJ, o que esses panfletos não têm. Eles só divulgam o nome dos três bispos da região e, mesmo assim, existem controvérsias sobre a veracidade das assinaturas. Há quem diga que os bispos assinaram antes e isso atropelou as notas públicas que a CNBB publicou. No entanto, o panfleto é assumido como se fosse um documento da CNBB, e não é. Trata-se de um documento da Comissão de Defesa da Vida.
O que diziam os panfletos?
O panfleto está baseado na campanha antiaborto e joga toda uma discussão com relação a quem tem que governar o país e prega o anti-PT. Isso é um absurdo.
O que pode acontecer com as pessoas envolvidas?
O TSE mandou apreender e os responsáveis pela produção do documento podem ser processados. Mas eu acho que não temos que ir atrás de quem está no ponto para distribuir. Nós temos que ir atrás de quem organizou isso. Veja bem: a gráfica é de propriedade da irmã de um assessor do Serra. Ela é membro do PSDB há muitos anos. Além disso, Kelmon Luís de Souza [1] foi quem fez o pedido dos panfletos à gráfica, ele está ligado a uma associação chamada Theotokos. Essa associação está ligada à Frente Integralista Brasileira, um grupo religioso de extrema direita.
Com a apreensão dos panfletos, agora está correndo um processo que busca saber quem pagou esse material. É a diocese de Guarulhos que está pagando isso? Quem desembolsou o dinheiro para fazer isso? É o dinheiro do Paulo Preto [2]? É o bispo de Guarulhos? Essa quantidade de folhetos impressos dava 600 mil reais. O bispo agora assumiu pagar e recorreu no TSE, não sei o que vai acontecer lá, mas ele corre o risco de ser processado. Aliás, os panfletos usam um logotipo da CNBB que já declarou não ter responsabilidade sobre eles. Alguém falsificou isso, então! E quem assumiu a impressão dos dois milhões de documentos está assumindo todas as implicações de um crime eleitoral.
Por que está se usando tanto a Igreja contra a candidata Dilma?
Porque o Serra está desesperado. Ele não tem argumento sobre a questão social e econômica no país. Então, ele vai partir para o terrorismo. Inclusive isso é um trabalho de difamação. Qual é a base da campanha do Serra? Boato, calúnia, ou seja, artifícios difíceis de rastrear. Ele tem usado a internet e feito até telefonemas para algumas pessoas falando mal da Dilma. Isso está acontecendo no Brasil inteiro.
Esse panfleto da igreja é apenas um dos artifícios. Há casos no RS em que ativistas ligados ao período da ditadura que pregaram nos postes cartazes com uma ficha falsa da Dilma. Há uma ação orquestrada até pela mídia. A Folha de S.Paulo, por exemplo, noticiou assim: "Polícia Federal apura o caso da quebra de sigilo". Aí o jornal mostra que quem fez isso é o jornalista Amaury Ribeiro Junior [3]. Mas ele fez isso há um ano para defender o governador de Minas Gerais, Aécio Neves. Então, o que a Folha faz dessa vez? Publica que Amauri fez isso e o Rui Falcão [4] roubou dele. Este diz que não fez nada disso. A imprensa está atuando como um fator que alimenta esses mecanismos subterrâneos que estão atuando.
A Globo dando espaço para esse caso da bolinha de papel (que virou chacota no Brasil todo). Ela, inclusive, levou um perito ao Jornal Nacional que deu uma avaliação falsa. Não existe uma fita de bobina de fita crepe que atingiu Serra. Eles tentam atingir a campanha da Dilma de todo jeito porque, no primeiro turno, a coligação da Dilma obteve maioria na Câmara e no Senado.
A forma como a mídia está tratando a campanha é uma coisa que precisa ser discutida no país. A imprensa pode fazer o que quer? A imprensa pode publicar matéria falsa? Outro dia a Globo publicou uma matéria sobre aborto que o assessor especial de Lula teve que divulgar uma nota repudiando as mentiras contadas. Temos que continuar a dar nome aos bois e entrar na Justiça contra isso. É preciso atentar que liberdade de imprensa não é escrever o que se bem entende. E não há punição para esse tipo de coisa porque não há regulamentação do setor.
Sendo o Brasil um país laico, as igrejas têm o direito de manifestar sua opinião durante a campanha eleitoral por um ou outro candidato?
Os organismos religiosos, creio, não. Cada indivíduo pode externar a sua opção para os outros e, chegando a um consenso, o grupo, seja ele católico, evangélico ou de qualquer outra religião, pode, então, decidir se vai dizer ou não em quem vão votar. Uma coisa é dizer "preferimos esse candidato por isso, isso e isso", outra coisa é dizer "meu voto é anti-Dilma" e, com isso, publicar mentiras sobre a candidata. É diferente o procedimento e foi isso que escrevi na carta aberta à CNBB.
E como a CNBB deveria agir, em sua opinião?
O panfleto não politiza no sentido saudável e, assim, a CNBB não deveria se manifestar apenas através de uma nota. Ela deveria colocar essa nota em todos os veículos de comunicação para que haja a contrapostura. Se ela defende o "voto bom", é preciso pregar o voto bom nos meios de comunicação da Igreja. Isso é ser coerente. Aliás, é necessário mais do que coerente quando se tem uma campanha política baseada na mentira, na calúnia, no boato, no medo que isso provoca.
A mudança dos votos no fim da campanha pode ser explicada pela orquestração feita quando aquele guru indiano Ravi Singh [5] assumiu o sítio oficial da campanha de Serra. Esse homem já trabalhou na campanha da Bolívia, Colômbia, Chile e contra o Obama com os mesmos métodos. E depois que ele foi embora do Brasil, estouraram essas boatarias e ações de fustigação. Um exemplo disso foi a afirmação da Mônica Serra dizendo que Dilma matava criancinhas. Mônica, então, foi desmascarada por uma aluna que, contando sobre um aborto feito pela esposa do candidato e, desde então, Serra foge dessa discussão.
As pessoas só deram crédito ao tema quando a Mônica Bergamo publicou isso na Folha. Os jornalistas, inclusive, também não concordam com essa linha por onde estão indo os jornais. Mas o que a imprensa tem feito a mando do Serra? Afastado os profissionais. Esse é o caso do Heródoto Barbeiro [6], da TV Cultura. Inclusive, jornalistas-chave foram enviado para o Chile para cobrir o caso dos mineiros a fim de serem afastados durante a campanha eleitoral. Há todo um movimento no sentido de cercear a liberdade e a sociedade tem fechado os olhos.
Espero que até o fim da campanha a CNBB tenha uma posição mais firme com relação aos bispos que estão envolvidos com os panfletos anti-Dilma, porque, dos 2 milhões de folhetos encomendados, somente um milhão e cem foram apreendidos. Além disso, um dos bispos que assumiu o documento disse que ainda assim vai distribuí-los e pronto. Como fica o esclarecimento da população atingida por um panfleto falso?
Notas:
1- Kelmon Luís de Souza é integrante do Partido Monarquista Parlamentarista Brasileiro. Segundo o representante da gráfica utilizada para imprimir os panfletos anti-Dilma, Kelmon seria assessor de dom Luiz Bergonzini, que é bispo de Guarulhos. É também presidente da Associação Theotokos e definido como um católico ortodoxo.
2- Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, é assessor de José Serra. É ex-diretor da Dersa - Desenvolvimento Rodoviário S.A, sociedade de economia mista brasileira, controlada pelo Governo do Estado de São Paulo. Articulador das obras do Rodoanel e da expansão da Marginal do Rio Tietê, Paulo teria levantado, de maneira ilegal, quatro milhões de reais para a campanha de Serra à Presidência.
3- O jornalista Amaury Ribeiro Junior é investigado por ter encomendado a quebra dos sigilos fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, da filha de José Serra, Verônica, do genro dele, Alexandre Bourgeois, e de outros tucanos entre setembro e outubro de 2009
4- Rui Falcão foi reeleito deputado estadual em São Paulo, pelo PT. É acusado pela suposta cópia de dados fiscais sigilosos de membros do PSDB. É um dos coordenadores de comunicação da campanha da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff.
5- O americano de origem indiana Ravi Singh é conhecido por como um "marqueteiro-guru". Teve uma passagem relâmpago pela campanha de José Serra, sendo o resposnável pela campanha do candidato do PSDB na internet.
6- O jornalista Heródoto Barbeiro trabalhou na TV Cultura, onde foi apresentador do Roda Viva em duas ocasiões, entre 1994 e 1995 e entre 2009 e 2010. Em junho de 2010, segundo denúncia do jornalista Luis Nassif, Heródoto teria sido demitido da TV Cultura por ordens do ex-governador de São Paulo e candidato a Presidente José Serra. O motivo seria uma áspera discussão entre o político do PSDB e o jornalista acerca dos pedágios cobrados em São Paulo, ocorrida durante gravação do programa de entrevistas Roda Viva, apresentado por Heródoto.
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Depois da descoberta de 2 milhões de panfletos assinados, sem autorização, pela CNBB difamando a candidata Dilma Rousseff distribuídos em missas, o advogado Marcelo Zelic escreveu uma carta aberta à instituição católica configurando o ato como crime eleitoral. Em entrevista à IHU On-Line, concedida por telefone, Zelic diz que, durante o período eleitoral, as igrejas podem orientar a população quanto ao voto no sentido do "votar bem", mas não podem indicar um candidato. "O panfleto está baseado na campanha antiaborto e joga toda uma discussão com relação a quem tem que governar o país e prega anti-PT. Isso é um absurdo", alerta o advogado.
Na entrevista, Marcelo explica o que pode acontecer com os verdadeiros responsáveis pela produção e pagamento do material e explica outras estratégias utilizadas pelos coordenadores da campanha de Serra a fim de trabalhar o voto daqueles que poderiam vir a votar em Dilma. "Uma coisa é dizer 'preferimos esse candidato por isso, isso e isso', outra coisa é dizer 'meu voto é anti-Dilma' e, com isso, publicar mentiras sobre a candidata", explicou.
Marcelo Zelic é vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais-SP e membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo. É também coordenador do Projeto Armazém Memória. Confira a entrevista:
O senhor pode nos explicar como a panfletagem encomendada pelo bispo diocesano de Guarulhos se configura como crime eleitoral?
É considerado crime eleitoral primeiro porque é um documento que a igreja, em época de campanha, não pode publicar. Tanto que a CNBB orienta apenas, nesse período, que é preciso votar bem, mas sem indicar candidato. Quando o bispo parte para fazer as agressões que fez contra o PT, dizendo mentiras e coisas que não estão de acordo com a realidade da campanha, isso é crime. Mesmo assim, insistem em dizer que Dilma vai fazer coisas que já prometeu não fazer, dizem que ela é ou fez coisas que não são verdades. Essas calúnias se configuram em crime eleitoral.
Além disso, documentos eleitorais precisam de uma identificação diferente, como o CNPJ, o que esses panfletos não têm. Eles só divulgam o nome dos três bispos da região e, mesmo assim, existem controvérsias sobre a veracidade das assinaturas. Há quem diga que os bispos assinaram antes e isso atropelou as notas públicas que a CNBB publicou. No entanto, o panfleto é assumido como se fosse um documento da CNBB, e não é. Trata-se de um documento da Comissão de Defesa da Vida.
O que diziam os panfletos?
O panfleto está baseado na campanha antiaborto e joga toda uma discussão com relação a quem tem que governar o país e prega o anti-PT. Isso é um absurdo.
O que pode acontecer com as pessoas envolvidas?
O TSE mandou apreender e os responsáveis pela produção do documento podem ser processados. Mas eu acho que não temos que ir atrás de quem está no ponto para distribuir. Nós temos que ir atrás de quem organizou isso. Veja bem: a gráfica é de propriedade da irmã de um assessor do Serra. Ela é membro do PSDB há muitos anos. Além disso, Kelmon Luís de Souza [1] foi quem fez o pedido dos panfletos à gráfica, ele está ligado a uma associação chamada Theotokos. Essa associação está ligada à Frente Integralista Brasileira, um grupo religioso de extrema direita.
Com a apreensão dos panfletos, agora está correndo um processo que busca saber quem pagou esse material. É a diocese de Guarulhos que está pagando isso? Quem desembolsou o dinheiro para fazer isso? É o dinheiro do Paulo Preto [2]? É o bispo de Guarulhos? Essa quantidade de folhetos impressos dava 600 mil reais. O bispo agora assumiu pagar e recorreu no TSE, não sei o que vai acontecer lá, mas ele corre o risco de ser processado. Aliás, os panfletos usam um logotipo da CNBB que já declarou não ter responsabilidade sobre eles. Alguém falsificou isso, então! E quem assumiu a impressão dos dois milhões de documentos está assumindo todas as implicações de um crime eleitoral.
Por que está se usando tanto a Igreja contra a candidata Dilma?
Porque o Serra está desesperado. Ele não tem argumento sobre a questão social e econômica no país. Então, ele vai partir para o terrorismo. Inclusive isso é um trabalho de difamação. Qual é a base da campanha do Serra? Boato, calúnia, ou seja, artifícios difíceis de rastrear. Ele tem usado a internet e feito até telefonemas para algumas pessoas falando mal da Dilma. Isso está acontecendo no Brasil inteiro.
Esse panfleto da igreja é apenas um dos artifícios. Há casos no RS em que ativistas ligados ao período da ditadura que pregaram nos postes cartazes com uma ficha falsa da Dilma. Há uma ação orquestrada até pela mídia. A Folha de S.Paulo, por exemplo, noticiou assim: "Polícia Federal apura o caso da quebra de sigilo". Aí o jornal mostra que quem fez isso é o jornalista Amaury Ribeiro Junior [3]. Mas ele fez isso há um ano para defender o governador de Minas Gerais, Aécio Neves. Então, o que a Folha faz dessa vez? Publica que Amauri fez isso e o Rui Falcão [4] roubou dele. Este diz que não fez nada disso. A imprensa está atuando como um fator que alimenta esses mecanismos subterrâneos que estão atuando.
A Globo dando espaço para esse caso da bolinha de papel (que virou chacota no Brasil todo). Ela, inclusive, levou um perito ao Jornal Nacional que deu uma avaliação falsa. Não existe uma fita de bobina de fita crepe que atingiu Serra. Eles tentam atingir a campanha da Dilma de todo jeito porque, no primeiro turno, a coligação da Dilma obteve maioria na Câmara e no Senado.
A forma como a mídia está tratando a campanha é uma coisa que precisa ser discutida no país. A imprensa pode fazer o que quer? A imprensa pode publicar matéria falsa? Outro dia a Globo publicou uma matéria sobre aborto que o assessor especial de Lula teve que divulgar uma nota repudiando as mentiras contadas. Temos que continuar a dar nome aos bois e entrar na Justiça contra isso. É preciso atentar que liberdade de imprensa não é escrever o que se bem entende. E não há punição para esse tipo de coisa porque não há regulamentação do setor.
Sendo o Brasil um país laico, as igrejas têm o direito de manifestar sua opinião durante a campanha eleitoral por um ou outro candidato?
Os organismos religiosos, creio, não. Cada indivíduo pode externar a sua opção para os outros e, chegando a um consenso, o grupo, seja ele católico, evangélico ou de qualquer outra religião, pode, então, decidir se vai dizer ou não em quem vão votar. Uma coisa é dizer "preferimos esse candidato por isso, isso e isso", outra coisa é dizer "meu voto é anti-Dilma" e, com isso, publicar mentiras sobre a candidata. É diferente o procedimento e foi isso que escrevi na carta aberta à CNBB.
E como a CNBB deveria agir, em sua opinião?
O panfleto não politiza no sentido saudável e, assim, a CNBB não deveria se manifestar apenas através de uma nota. Ela deveria colocar essa nota em todos os veículos de comunicação para que haja a contrapostura. Se ela defende o "voto bom", é preciso pregar o voto bom nos meios de comunicação da Igreja. Isso é ser coerente. Aliás, é necessário mais do que coerente quando se tem uma campanha política baseada na mentira, na calúnia, no boato, no medo que isso provoca.
A mudança dos votos no fim da campanha pode ser explicada pela orquestração feita quando aquele guru indiano Ravi Singh [5] assumiu o sítio oficial da campanha de Serra. Esse homem já trabalhou na campanha da Bolívia, Colômbia, Chile e contra o Obama com os mesmos métodos. E depois que ele foi embora do Brasil, estouraram essas boatarias e ações de fustigação. Um exemplo disso foi a afirmação da Mônica Serra dizendo que Dilma matava criancinhas. Mônica, então, foi desmascarada por uma aluna que, contando sobre um aborto feito pela esposa do candidato e, desde então, Serra foge dessa discussão.
As pessoas só deram crédito ao tema quando a Mônica Bergamo publicou isso na Folha. Os jornalistas, inclusive, também não concordam com essa linha por onde estão indo os jornais. Mas o que a imprensa tem feito a mando do Serra? Afastado os profissionais. Esse é o caso do Heródoto Barbeiro [6], da TV Cultura. Inclusive, jornalistas-chave foram enviado para o Chile para cobrir o caso dos mineiros a fim de serem afastados durante a campanha eleitoral. Há todo um movimento no sentido de cercear a liberdade e a sociedade tem fechado os olhos.
Espero que até o fim da campanha a CNBB tenha uma posição mais firme com relação aos bispos que estão envolvidos com os panfletos anti-Dilma, porque, dos 2 milhões de folhetos encomendados, somente um milhão e cem foram apreendidos. Além disso, um dos bispos que assumiu o documento disse que ainda assim vai distribuí-los e pronto. Como fica o esclarecimento da população atingida por um panfleto falso?
Notas:
1- Kelmon Luís de Souza é integrante do Partido Monarquista Parlamentarista Brasileiro. Segundo o representante da gráfica utilizada para imprimir os panfletos anti-Dilma, Kelmon seria assessor de dom Luiz Bergonzini, que é bispo de Guarulhos. É também presidente da Associação Theotokos e definido como um católico ortodoxo.
2- Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, é assessor de José Serra. É ex-diretor da Dersa - Desenvolvimento Rodoviário S.A, sociedade de economia mista brasileira, controlada pelo Governo do Estado de São Paulo. Articulador das obras do Rodoanel e da expansão da Marginal do Rio Tietê, Paulo teria levantado, de maneira ilegal, quatro milhões de reais para a campanha de Serra à Presidência.
3- O jornalista Amaury Ribeiro Junior é investigado por ter encomendado a quebra dos sigilos fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, da filha de José Serra, Verônica, do genro dele, Alexandre Bourgeois, e de outros tucanos entre setembro e outubro de 2009
4- Rui Falcão foi reeleito deputado estadual em São Paulo, pelo PT. É acusado pela suposta cópia de dados fiscais sigilosos de membros do PSDB. É um dos coordenadores de comunicação da campanha da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff.
5- O americano de origem indiana Ravi Singh é conhecido por como um "marqueteiro-guru". Teve uma passagem relâmpago pela campanha de José Serra, sendo o resposnável pela campanha do candidato do PSDB na internet.
6- O jornalista Heródoto Barbeiro trabalhou na TV Cultura, onde foi apresentador do Roda Viva em duas ocasiões, entre 1994 e 1995 e entre 2009 e 2010. Em junho de 2010, segundo denúncia do jornalista Luis Nassif, Heródoto teria sido demitido da TV Cultura por ordens do ex-governador de São Paulo e candidato a Presidente José Serra. O motivo seria uma áspera discussão entre o político do PSDB e o jornalista acerca dos pedágios cobrados em São Paulo, ocorrida durante gravação do programa de entrevistas Roda Viva, apresentado por Heródoto.
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quarta-feira, 27 de outubro de 2010
A falsa democracia de Aloysio Nunes
Reproduzo artigo de João Peres, publicado na Rede Brasil Atual:
Foi com espanto e tristeza que ouvi os xingamentos a mim dirigidos pelo senador eleito Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). Na noite de segunda-feira (25), o ex-chefe da Casa Civil do governo paulista classificou-me como “pelego e filho da puta.” A agressão verbal ocorreu antes do debate realizado pela Rede Record entre os candidatos à Presidência da República.
Ao senador, não havia, até aquele momento, dirigido nenhuma palavra. Tudo o que ele sabe de mim, naquele instante e agora, é que trabalho para a Rede Brasil Atual e para a Revista do Brasil. Parece ser suficiente para que se sinta no direito de proferir insultos: são veículos produzidos por uma empresa privada cuja receita vem da prestação de serviço (venda de anúncios e assinaturas) a pessoas físicas e jurídicas – incluindo sindicatos de trabalhadores.
Foi por conta desse aspecto que o PSDB obteve liminar, via Tribunal Superior Eleitoral (TSE), vetando a continuidade da distribuição e a divulgação da edição 52 da revista na internet sob a argumentação de que dinheiro do trabalhador não pode financiar material eleitoral - este assunto já foi discutido aqui e a editora apresentou recurso ao TSE, não cabendo de minha parte qualquer argumentação.
O que a mim, como jornalista, é importante debater é a maneira como o senador se sente no direito de tratar a imprensa. É deplorável que, como repórter, tenha de me posicionar contra a agressão que sofri, deixando de exercer o fundamento básico da minha profissão, que é escrever sobre os outros, e não sobre minha vida. O único bem de um jornalista, ao menos daquele que não se presta a coleguismos com o poder, é a palavra: é ela que ouço, é com ela que conto histórias.
Quando o senador classifica a mim como “pelego filho da puta” porque trabalho em um veículo que jamais escondeu sua posição favorável à continuidade do atual projeto de governo, recorre a uma simplificação lamentável. Seguida a linha de pensamento do futuro parlamentar, todos os que trabalham em Veja, Folha, Estado e O Globo são, necessariamente, tucanos – e aí o leitor escolha o adjetivo que deve acompanhar a classificação.
A fala do senador é reveladora da propensão a não lidar com o contraditório. Talvez por maus costumes: quem circula pelos eventos políticos brasileiros sabe a cordialidade com que são tratados alguns líderes políticos, plenamente oposta à ferocidade dispensada a outros. Ao recorrer a esta simplificação, realiza-se um desmerecimento prévio de meu trabalho, numa triste tentativa de intimidação de minha atuação. Simplificação que teve continuidade no Twitter, em que o senador utilizou aspas para dizer que sou jornalista: "O 'jornalista' faz o que eu esperava dele: mente quando afirma que o xinguei de fdp. Chamei de pelego, o que é verdade e, a mim, muito pior."
O senador sabe as palavras que proferiu. Se quer admitir em público ou não, para mim é indiferente. O que não se pode colocar em dúvida é minha formação e minha integridade profissional. Sou jornalista – sem aspas – formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Minha passagem pelo Departamento de Jornalismo e Editoração, portanto, está lá registrada, caso alguém se interesse em averiguar.
Daqui por diante, como o senador espera que se proceda para entrevistar algum integrante do PSDB? Será que a democracia ideal contempla apenas a manifestação das vozes amigas (e queridas), sem espaço ao debate necessário para o amadurecimento da sociedade e, por consequência, da realização do bom jornalismo? O PSDB, que tem recorrido a simplificações para acusar adversários de quererem cercear a liberdade de pensamento, é quem mais nos fornece exemplos deste suposto cerceamento. Já não cabem nos dedos de uma mão: a restrição da circulação da Revista do Brasil, a censura ao jornal ABCD Maior, a tentativa de agressão do padre que se manifestou contra boatos, a ação no Paraná para impedir a publicação de pesquisas eleitorais, a "criminalização" de jornalistas que fazem perguntas efetivas a Serra e, agora, este xingamento.
Uma coisa é a opinião de um veículo. Outra, que não se confunde, é a opinião do jornalista. Esta, manifesto em blogues e nas redes sociais da internet, bem como outras centenas de profissionais da área, e deixo para trás quando estou na condição de repórter. Nas redações nas quais trabalhei, e há nesta lista algumas que o senador seguramente vê com bons olhos, sempre mantive minha posição de não deixar que interesses se misturem. Cumpro o compromisso de ouvir todos os lados. Como teria feito na última segunda-feira, se me tivesse sido conferida, pelo senador, tal oportunidade. Espero que, na próxima ocasião, Aloysio Nunes se mostre aberto ao diálogo. Sem ofensas, sem simplificações.
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Foi com espanto e tristeza que ouvi os xingamentos a mim dirigidos pelo senador eleito Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). Na noite de segunda-feira (25), o ex-chefe da Casa Civil do governo paulista classificou-me como “pelego e filho da puta.” A agressão verbal ocorreu antes do debate realizado pela Rede Record entre os candidatos à Presidência da República.
Ao senador, não havia, até aquele momento, dirigido nenhuma palavra. Tudo o que ele sabe de mim, naquele instante e agora, é que trabalho para a Rede Brasil Atual e para a Revista do Brasil. Parece ser suficiente para que se sinta no direito de proferir insultos: são veículos produzidos por uma empresa privada cuja receita vem da prestação de serviço (venda de anúncios e assinaturas) a pessoas físicas e jurídicas – incluindo sindicatos de trabalhadores.
Foi por conta desse aspecto que o PSDB obteve liminar, via Tribunal Superior Eleitoral (TSE), vetando a continuidade da distribuição e a divulgação da edição 52 da revista na internet sob a argumentação de que dinheiro do trabalhador não pode financiar material eleitoral - este assunto já foi discutido aqui e a editora apresentou recurso ao TSE, não cabendo de minha parte qualquer argumentação.
O que a mim, como jornalista, é importante debater é a maneira como o senador se sente no direito de tratar a imprensa. É deplorável que, como repórter, tenha de me posicionar contra a agressão que sofri, deixando de exercer o fundamento básico da minha profissão, que é escrever sobre os outros, e não sobre minha vida. O único bem de um jornalista, ao menos daquele que não se presta a coleguismos com o poder, é a palavra: é ela que ouço, é com ela que conto histórias.
Quando o senador classifica a mim como “pelego filho da puta” porque trabalho em um veículo que jamais escondeu sua posição favorável à continuidade do atual projeto de governo, recorre a uma simplificação lamentável. Seguida a linha de pensamento do futuro parlamentar, todos os que trabalham em Veja, Folha, Estado e O Globo são, necessariamente, tucanos – e aí o leitor escolha o adjetivo que deve acompanhar a classificação.
A fala do senador é reveladora da propensão a não lidar com o contraditório. Talvez por maus costumes: quem circula pelos eventos políticos brasileiros sabe a cordialidade com que são tratados alguns líderes políticos, plenamente oposta à ferocidade dispensada a outros. Ao recorrer a esta simplificação, realiza-se um desmerecimento prévio de meu trabalho, numa triste tentativa de intimidação de minha atuação. Simplificação que teve continuidade no Twitter, em que o senador utilizou aspas para dizer que sou jornalista: "O 'jornalista' faz o que eu esperava dele: mente quando afirma que o xinguei de fdp. Chamei de pelego, o que é verdade e, a mim, muito pior."
O senador sabe as palavras que proferiu. Se quer admitir em público ou não, para mim é indiferente. O que não se pode colocar em dúvida é minha formação e minha integridade profissional. Sou jornalista – sem aspas – formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Minha passagem pelo Departamento de Jornalismo e Editoração, portanto, está lá registrada, caso alguém se interesse em averiguar.
Daqui por diante, como o senador espera que se proceda para entrevistar algum integrante do PSDB? Será que a democracia ideal contempla apenas a manifestação das vozes amigas (e queridas), sem espaço ao debate necessário para o amadurecimento da sociedade e, por consequência, da realização do bom jornalismo? O PSDB, que tem recorrido a simplificações para acusar adversários de quererem cercear a liberdade de pensamento, é quem mais nos fornece exemplos deste suposto cerceamento. Já não cabem nos dedos de uma mão: a restrição da circulação da Revista do Brasil, a censura ao jornal ABCD Maior, a tentativa de agressão do padre que se manifestou contra boatos, a ação no Paraná para impedir a publicação de pesquisas eleitorais, a "criminalização" de jornalistas que fazem perguntas efetivas a Serra e, agora, este xingamento.
Uma coisa é a opinião de um veículo. Outra, que não se confunde, é a opinião do jornalista. Esta, manifesto em blogues e nas redes sociais da internet, bem como outras centenas de profissionais da área, e deixo para trás quando estou na condição de repórter. Nas redações nas quais trabalhei, e há nesta lista algumas que o senador seguramente vê com bons olhos, sempre mantive minha posição de não deixar que interesses se misturem. Cumpro o compromisso de ouvir todos os lados. Como teria feito na última segunda-feira, se me tivesse sido conferida, pelo senador, tal oportunidade. Espero que, na próxima ocasião, Aloysio Nunes se mostre aberto ao diálogo. Sem ofensas, sem simplificações.
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