segunda-feira, 8 de julho de 2024
A encruzilhada do governo Lula
Foto: Ricardo Stuckert/PR |
Na campanha de 2022 Lula prometeu acabar com o teto dos gastos.
Em evento no Rio uma semana antes da votação do primeiro turno [25/9/2022], Lula repetiu a pregação feita durante toda a campanha: “Acabou o teto de gastos quando eu for presidente da República. Não é porque eu quero gastar de forma irresponsável. O Brasil está precisando de um presidente arrojado que tome atitude de voltar a investir em infraestrutura rapidamente”.
Nos discursos no dia da posse no Parlatório do Planalto e no Congresso [1/1/2023], Lula disse que o SUS, a educação, os investimentos em áreas sociais, na infra-estrutura e no crescimento foram prejudicados “por uma estupidez chamada teto de gastos, que haveremos de revogar”.
Em evento no Rio uma semana antes da votação do primeiro turno [25/9/2022], Lula repetiu a pregação feita durante toda a campanha: “Acabou o teto de gastos quando eu for presidente da República. Não é porque eu quero gastar de forma irresponsável. O Brasil está precisando de um presidente arrojado que tome atitude de voltar a investir em infraestrutura rapidamente”.
Nos discursos no dia da posse no Parlatório do Planalto e no Congresso [1/1/2023], Lula disse que o SUS, a educação, os investimentos em áreas sociais, na infra-estrutura e no crescimento foram prejudicados “por uma estupidez chamada teto de gastos, que haveremos de revogar”.
França: esquerdas se uniram e venceram
Paris, 07/7/24. Foto: Julien Mattia/Le Pictorium |
Toda mídia comentava que a França faria um “zig” à direita no segundo turno das eleições legislativas. Eis que no domingo ela fez um “zag” à esquerda, para surpresa geral.
Isto quer dizer que a estratégia do presidente Macron, dissolvendo o parlamento nacional depois da derrota na eleição para o parlamento europeu, deu certo? Sim e não.
Sim: sua coligação saiu de uma derrota humilhante no primeiro turno para um honroso segundo lugar no turno decisivo. Não: se ele não está às voltas com o projetado governo da extrema direita, ele está agora às voltas com um projetado governo da coligação de esquerda.
domingo, 7 de julho de 2024
O militar e a fé religiosa
Tomada de Jerusalém. Reprodução |
Um vídeo circulou essa semana mostrando um auditório repleto de militares numa celebração religiosa falsamente apresentada como neopentecostal. Na verdade, tratava-se de rotineira celebração da Páscoa dos militares que, desde a Segunda Guerra Mundial, ocorre à margem do calendário da Igreja Católica.
A postagem maldosa inquietou brasileiros preocupados com as ameaças à democracia: de instituições militares e policiais contaminadas por fundamentalismos religiosos só cabe esperar aberrações sem limites.
Até a recente invasão da Faixa de Gaza, eu recorria à descrição da tomada de Jerusalém do bispo francês Raymond d’Agile para exemplificar a santificação do derramamento de sangue:
Bolívia e o golpe por tentativa e erro
Foto: Governo da Bolívia |
Antes de entrar diretamente no assunto relativo à Bolívia, queria refrescar a memória de nossos leitores sobre um fato ocorrido há mais de 51 anos, em outro país.
Em 29/06/1973, durante a primeira experiência de construção do socialismo através das vias da democracia liberal que estava sendo levada adiante sob o comando de Salvador Allende, no Chile, houve uma rebelião militar encabeçada pelo Tenente-Coronel Roberto Souper, cujo objetivo declarado era pôr fim ao governo da Unidad Popular. Foi a movimentação que ficou conhecida como o “tanquetazo”.
Em poucas horas, o levantamento foi sufocado pelas forças que se mantiveram alinhadas às diretrizes do governo constitucional. À cabeça das tropas legalistas estava o então comandante geral do exército indicado pelo presidente Salvador Allende, o general Augusto Pinochet.
Os EUA e o mundo sob sua regência
Charge: Peter Kuper |
“Roma desabara, afinal, ao peso de tanta grandeza e de tanto crime” (Afonso Arinos de Melo Franco, Amor a Roma)
No teatro elisabetano, o coro era figura sem presença na trama, inventada para anunciar ou esclarecer passagens futuras na tragédia ou no drama. Com a tosca aparição nas telas da CNN, no último 15 de junho, os atuais postulantes da Casa Branca ilustraram a decadência política da sociedade estadunidense, da qual são fruto legítimo, assim como foi produto inevitável o lento e previsível declínio do império romano, ensandecido pela loucura do poder supremo e universal.
Qualquer que seja o resultado das eleições dos EUA no próximo 5 de novembro, o constrangedor debate (pelo que anunciou) já pode se candidatar como um dos fatos históricos mais relevantes da década. Porque, na sua comédia e na sua tragédia, a cena bufa de atores medíocres mais do que revelar, em imagem de corpo inteiro, o declínio do império, projetou o inevitável fim de sua hegemonia, que não tem data para tomar forma, tanto quanto não se sabe o preço que ainda cobrará à humanidade, em sua marcha presente para um “fascismo de outro tipo”, que a imprensa e a academia batizaram de extrema-direita.
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