Por Altamiro Borges
Para todos os que encaram as eleições de 2008 como decisivas no longo processo de acumulação de forças do campo popular e democrático, o texto do jornalista Rodrigo Savazoni, publicado no portal Terra Magazine, serve de alerta e, ao mesmo tempo, dá uma importante dica. Ele revela o papel determinante e até surpreendente que a internet tem jogado na campanha do candidato do Partido Democrata nos EUA. Para ele, já não há dúvida de que a campanha de Barack Obama “é o exemplo mais bem-sucedido do uso da internet para fins político-eleitorais”.
“Há um ano, Obama era apenas um senador em primeiro mandato, negro e jovem, que aspirava concorrer à vaga de candidato a presidente da maior potência do planeta. Seus adversários, muito mais poderosos, não o colocariam como principal adversário. Para compensar essa diferença, ele investiu num discurso enfático de mudança, baseado no bordão ‘Sim! Nós Podemos!’, e na rede mundial de computadores. Por isso, venceu as prévias [do Partido Democrata], e agora enfrenta o republicano John McCain para chegar à Casa Branca”.
94% das doações pelo ciberespaço
Para reforçar sua tese, ele cita o artigo “Conexão Obama”, publicado em maio no The New York Times. “Obama é sedutor, grande orador, um sujeito com uma trajetória irrepreensível. Não fosse a internet, porém, ele nada seria”, garante o autor Roger Cohen. Segundo a pesquisa, o candidato democrata já havia conquistado 1.276.000 doadores, 750 mil voluntários ativos e 8 mil grupos de afinidade. “Em fevereiro, quando sua campanha arrecadou 55 milhões de dólares (45 milhões via internet), 94% das doações apresentaram valores menores que 200 dólares”. São números que impressionam e mostram a força da internet, inclusive na criativa captação de recursos.
Entusiasmado com a internet, Savazoni observa que “o ciberespaço se transformou no ponto de encontro de uma geração inteira, insatisfeita e envergonhada com os descaminhos promovidos por Bush. E essa geração resolveu disputar com seus pais e avós o futuro da nação, usando a seu favor o arsenal democrático de comunicação surgido nos anos 90. O site de Obama é uma grande rede social, onde os eleitores trocam informações entre si. Seu segredo é a interação permanente. Seus apoiadores usam o You Tube (para vídeos), Twitter (para mensagens instantâneas), mantém comunidades em sites de relacionamento, como Orkut, Facebook e MySpace, e conversam diretamente com os eleitores por mensageiros eletrônicos, como o Messenger ou Google Talk”.
Resolução draconiana do TSE
O excelente texto de Rodrigo Savazoni tem enorme utilidade, principalmente para os candidatos do campo popular, que não contam com os fartos recursos dos representantes dos ricaços. É certo que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na resolução de número 22.718, assinada pelo ministro Ari Pargendler, tentou sabotar o uso deste meio mais democrático de comunicação. Entre outros retrocessos, ela fixou as mesmas restrições já existentes à propaganda eleitoral na TV e rádio, que são concessões do Estado. Ela também impôs que os candidatos só poderão ter um único site na rede, não podendo usar várias ferramentas de contato e interação com os eleitores.
A resolução do TSE, altamente antidemocrática, tem gerado confusão sobre o uso da internet nas eleições. Com base nela, por exemplo, a Justiça Eleitoral do Rio Grande do Sul tentou tirar do ar uma comunidade do Orkut e um vídeo do You Tube da candidatura de Manuela D’Ávila à prefeitura de Porto Alegre. A decisão, porém, logo foi revogada devido à total inviabilidade da medida, que afetaria frontalmente a candidata. Savazoni lembra que “a jovem candidata surgiu para a política justamente usando formas não convencionais de comunicação. A sua eleição para vereadora, quatro anos atrás, mobilizando jovens, transformou-a num fenômeno eleitoral”.
Apesar das restrições draconianas, a internet deverá ter papel ainda mais sobressalente na batalha eleitoral deste ano. Na sucessão presidencial de 2006, ela já foi essencial para se contrapor às manipulações da mídia hegemônica. O próprio meio de comunicação no ciberespaço dificulta as medidas restritivas e possibilita que as idéias e propostas circulem mais livremente, interagindo com a sociedade. Atrativos e com qualidade, as mensagens podem atingir um grande universo de pessoas. Um vídeo de Obama, por exemplo, teve mais de 20 milhões de visualizações em poucos dias. Sem dúvida, a internet é um novo e poderoso instrumento de luta de idéias na sociedade.
Para todos os que encaram as eleições de 2008 como decisivas no longo processo de acumulação de forças do campo popular e democrático, o texto do jornalista Rodrigo Savazoni, publicado no portal Terra Magazine, serve de alerta e, ao mesmo tempo, dá uma importante dica. Ele revela o papel determinante e até surpreendente que a internet tem jogado na campanha do candidato do Partido Democrata nos EUA. Para ele, já não há dúvida de que a campanha de Barack Obama “é o exemplo mais bem-sucedido do uso da internet para fins político-eleitorais”.
“Há um ano, Obama era apenas um senador em primeiro mandato, negro e jovem, que aspirava concorrer à vaga de candidato a presidente da maior potência do planeta. Seus adversários, muito mais poderosos, não o colocariam como principal adversário. Para compensar essa diferença, ele investiu num discurso enfático de mudança, baseado no bordão ‘Sim! Nós Podemos!’, e na rede mundial de computadores. Por isso, venceu as prévias [do Partido Democrata], e agora enfrenta o republicano John McCain para chegar à Casa Branca”.
94% das doações pelo ciberespaço
Para reforçar sua tese, ele cita o artigo “Conexão Obama”, publicado em maio no The New York Times. “Obama é sedutor, grande orador, um sujeito com uma trajetória irrepreensível. Não fosse a internet, porém, ele nada seria”, garante o autor Roger Cohen. Segundo a pesquisa, o candidato democrata já havia conquistado 1.276.000 doadores, 750 mil voluntários ativos e 8 mil grupos de afinidade. “Em fevereiro, quando sua campanha arrecadou 55 milhões de dólares (45 milhões via internet), 94% das doações apresentaram valores menores que 200 dólares”. São números que impressionam e mostram a força da internet, inclusive na criativa captação de recursos.
Entusiasmado com a internet, Savazoni observa que “o ciberespaço se transformou no ponto de encontro de uma geração inteira, insatisfeita e envergonhada com os descaminhos promovidos por Bush. E essa geração resolveu disputar com seus pais e avós o futuro da nação, usando a seu favor o arsenal democrático de comunicação surgido nos anos 90. O site de Obama é uma grande rede social, onde os eleitores trocam informações entre si. Seu segredo é a interação permanente. Seus apoiadores usam o You Tube (para vídeos), Twitter (para mensagens instantâneas), mantém comunidades em sites de relacionamento, como Orkut, Facebook e MySpace, e conversam diretamente com os eleitores por mensageiros eletrônicos, como o Messenger ou Google Talk”.
Resolução draconiana do TSE
O excelente texto de Rodrigo Savazoni tem enorme utilidade, principalmente para os candidatos do campo popular, que não contam com os fartos recursos dos representantes dos ricaços. É certo que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na resolução de número 22.718, assinada pelo ministro Ari Pargendler, tentou sabotar o uso deste meio mais democrático de comunicação. Entre outros retrocessos, ela fixou as mesmas restrições já existentes à propaganda eleitoral na TV e rádio, que são concessões do Estado. Ela também impôs que os candidatos só poderão ter um único site na rede, não podendo usar várias ferramentas de contato e interação com os eleitores.
A resolução do TSE, altamente antidemocrática, tem gerado confusão sobre o uso da internet nas eleições. Com base nela, por exemplo, a Justiça Eleitoral do Rio Grande do Sul tentou tirar do ar uma comunidade do Orkut e um vídeo do You Tube da candidatura de Manuela D’Ávila à prefeitura de Porto Alegre. A decisão, porém, logo foi revogada devido à total inviabilidade da medida, que afetaria frontalmente a candidata. Savazoni lembra que “a jovem candidata surgiu para a política justamente usando formas não convencionais de comunicação. A sua eleição para vereadora, quatro anos atrás, mobilizando jovens, transformou-a num fenômeno eleitoral”.
Apesar das restrições draconianas, a internet deverá ter papel ainda mais sobressalente na batalha eleitoral deste ano. Na sucessão presidencial de 2006, ela já foi essencial para se contrapor às manipulações da mídia hegemônica. O próprio meio de comunicação no ciberespaço dificulta as medidas restritivas e possibilita que as idéias e propostas circulem mais livremente, interagindo com a sociedade. Atrativos e com qualidade, as mensagens podem atingir um grande universo de pessoas. Um vídeo de Obama, por exemplo, teve mais de 20 milhões de visualizações em poucos dias. Sem dúvida, a internet é um novo e poderoso instrumento de luta de idéias na sociedade.
1 comentários:
Miro, o artigo de Savazoni, reflete o pensamento daqueles que exergam no debate de idéias, o fracaso de suas organizações, medo de perder o que possuem. Obama utilizou a rede para chegar proxímo daqueles que estavama afastados de todo o sistema formador de opinião, que sempre apresentou modelos como Busch, mais nunca de verdade a solução. Abraços, Anísio.
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