segunda-feira, 6 de julho de 2009

Mídia oculta os desastres do Plano Real

Na semana passada, os jornalões decadentes e as emissoras privadas de televisão fizeram grande alarde para “comemorar” o aniversário do Plano Real. O desgastado FHC foi bajulado por vários articulistas e âncoras de TV, sendo apresentado como o “salvador da pátria”, que “estabilizou a economia e derrotou a inflação”. O ex-presidente Itamar Franco até saiu do limbo para criticar a excessiva exposição do seu ministro da Fazenda e para se assumir como o autêntico “pai do Real”. O tucano José Serra também ganhou os holofotes da mídia, numa nítida campanha pré-eleitoral.

No livro “Era FHC: a regressão do trabalho”, escrito em conjunto com Marcio Pochmann, atual presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), argumentamos que o Plano Real não foi toda essa maravilha pintada pela mídia. A estabilização conservadora da economia causou recorde de desemprego, brutal arrocho de salários, precarização do trabalho e o desmonte das leis trabalhistas. Ela foi imposta com base na privatização criminosa das empresas estatais, na abertura indiscriminada da economia, na desnacionalização das empresas e na mais descarada orgia financeira. O Brasil se transformou no paraíso dos rentistas, dos especuladores.

“Afora os marqueteiros oficiais, todos concordam que o resultado final desta política de FHC foi um grande desastre. Nestes oito anos, o Brasil regrediu brutalmente nas relações de trabalho. Os milhões de desempregados, de brasileiros que subsistem no mercado informal, de precarizados e dos que perderam seus parcos direitos sentiram na carne os efeitos desta política”, afirmava-se na apresentação do livro, publicado em agosto de 2002. Dois meses depois, o presidente FHC seria rechaçado pelas urnas, o que evidencia que o povo brasileiro, diferentemente na mídia venal, não esqueceu os efeitos destrutivos e regressivos do Real. A mídia omite, mas o povo não é bobo!

4 comentários:

Humberto Carvalho Jr. disse...

Perfeito, Miro!

A imprensa gorda há muito tempo segue seu plano de desinformar a população. Os donos e dirigentes da grandes empresas de comunicação precisam entender, sobretudo agora com o fortalecimento da blogosfera, que as pessoas não são quadros brancos.

Só há um problema nessa historia. Não vejo razões, nenhuma sequer, para defender o FHC. Mas, o Lula sofre muitas críticas exatamente por ter seguido a cartilha econômica de seu antecessor.

Não engrosso o coro da oposição ou burguesia burra. Tenho defendido muito o Lula. Porém, quanto à política econômica, pouco mudou. E é isso que torna árdua a tarefa de defender o presidente.

Abraço.

Anônimo disse...

A nossa mídia é assim, mesmo, caro Altamiro Borges...O que eles dizem hoje, você não pode confiar, pois no futuro eles podem pregar algo totalmente diferente...
Em 2001, a revista Veja publicou os números do BNDES sobre o desmonte da indústria nacional, segundo os quais, o Brasil levaria uns dez para retornar a produzir aos níveis de 1985

http://veja.abril.com.br/280301/p_142.html

Hoje, a mesma "Veja" fica propagando as maravilhas do tal Plano Real.

Mas as contradições não páram por aí.

Em 1998, a "Veja" publicou uma matéria sobre a questão do dsemprego no Brasil. Em um Parágrafo a matéria dizia: "O país entrou em regime de privatização em 1991, com a venda da Usiminas. [...] Cerca de 50.000 pessoas perderam o emprego no processo de privatização das sete maiores estatais."

http://veja.abril.com.br/110298/p_068.html

Hoje, a Veja nega descaradamente que as privatizações geraram desemprego. Em 2008, em uma matéria discriminando a suposta doutrinação "comunista" nas escolas, tem uma passagem que a Veja diz, no quadrinho "EXEMPLOS DE FALHAS NA CARTILHA" que dizia: "As estatais privatizadas contrataram mais pessoas, aumentaram a qualificação e os salários dos empregados".

http://veja.abril.com.br/200808/p_076.shtml

Eu sei que a "Veja" doutrinaria os alunos a ser neoliberais, mas já ví que também os doutrinaria a ser contraditórios. rsrs

Julio Falcão disse...

Parabéns, mais claro impossível.
Abraço

Ricardo disse...

Caro Altamiro

Leio seu Blog pela primeira vez. Não concordo com algumas de suas idéias, mas as respeito, porque acredito no debate, e que todos tenham liberdade de expressão. Gostaria de deixar algumas opiniões: Apesar de todos os defeitos do governo Itamar e FHC, não há como negar os benefícios da estabilização da economia e acho que deveríamos comparar quantos empregos foram criados com os perdidos. Se houve demissões no processo de privatização, também houve criação de novas oportunidades e a busca pelo aperfeiçoamento e escolarização também aumentaram. Quanto ao Brasil se transformar num paraíso de rentistas, concordo em parte, pois os juros reais mais altos do mundo propiciaram ganhos seguros, mas o mercado financeiro brasileiro não é esse paraíso de especuladores, pois é mais regulamentado que em vários outros países, e isto foi o que permitiu passar ao largo da crise. Um abraço.