Reproduzo artigo do jornalista Rodrigo Vianna, intitulado “Jornal tenta colar em Dilma o rótulo de ‘estatista’” e publicado no excelente blog Escrevinhador:
A "Folha" escalou uma repórter para colar em Dilma o rótulo de estatista. A jornalista encontrou uma entrevista concedida por Dilma para uma publicação a ser lançada durante o Congresso do PT. Na tal publicação, Dilma diz (segundo a "Folha") que o Estado, em determinados setores, terá que "reforçar seu segmento executor".
O jornal dos Frias traduziu da seguinte forma, em sua manchete, a frase da candidata petista: "Para Dilma, Estado deve ser também empresário".
Não li a tal entrevista de Dilma. Mas a manchete é imprecisa, para dizer de forma branda. Dilma não falou em Estado "empresário". Trata-se de uma ginástica verbal da "Folha" - que sabemos bem a serviço de quem está a operar.
Ficamos agora a aguardar o "editorial" da "Folha", clamando contra o "retrocesso" de um Estado "empresário" – num possível governo Dilma.
É tão óbvio. Mas é assim que essa turma opera.
Pior: essa turma ainda se leva a sério. A essa altura do campeonato, quem está ligando para o que a "Folha" diz? Só jornalistas chatos como eu... E olhe lá. Porque já não assino o jornal há quase um ano.
Mas a "Folha" acha que, com manchetes desse tipo, estará ajudando Serra. Talvez ache que estará afastando empresários da candidatura Dilma.
Da minha parte, depois de ler a matéria, passei a respeitar mais a candidata Dilma.
Não se dobrou ao discurso que (ela sabe) a elite brasileira gostaria de ouvir: "na crise, tivemos que intervir, mas agora tudo voltará ao normal, com o mercado comandando tudo". Não. Dilma não vai por aí.
A frase de Dilma reflete o segundo mandato lulista. Livre da herança nefasta de FHC, e da turma de Palocci na Fazenda, Lula avançou alguns graus rumo à esquerda. Fez um governo social-democrata – ainda que extremamente moderado para o gosto de alguns (como este escrevinhador).
Mantega reforçou a atuação dos bancos públicos. O governo assumiu papel ativo na reorganização do capitalismo brasileiro. O Estado voltou a jogar pesado.
Lembremos: ao longo da história, foi só quando o Estado jogou pesado que o Brasil cresceu, e incorporou mais gente à sociedade de consumo.
Foi assim com Getúlio Vargas e a industrialização feita a partir do Estado. Se dependesse dos nossos bravos homens de mercado, o Brasil ainda seria uma grande fazenda.
Dilma indica que, em um possível governo seu, seguirá na trilha do segundo mandato lulista. Ponto para ela. A "Folha" que estrebuche. É até engraçado. Quero ver alguém explicar para o povão no largo Treze em São Paulo, ou na Central do Brasil no Rio, por que um Estado forte é ruim. Ruim pra quem? Eis a questão.
Parte dos tucanos parece que vai seguir nessa trilha: tentará colar em Dilma os rótulos de "guerrilheira", "esquerdista", "estatista".
Quanto ao passado de guerrilheira, Dilma deveria dizer, com todo orgulho: "peguei em armas contra a ditadura, sim, enquanto Serra e outros se escafederam...".
Quanto ao rótulo de estatista, poderia lembrar aos doutores tucanos: "Vargas também era estatista. Vargas, aquele que vocês queriam enterrar, e voltou feito um fantasma, para desespero de FHC e sua turma".
O povo brasileiro gosta do Estado. O povo quer mais Estado, quer Estado funcionando bem. Não quer menos Estado. Quem quer menos Estado é a "Folha", ou a "Veja" – que escreve Estado com minúsculas, mas arranca contratos maiúsculos de bons parceiros tucanos inscrustrados no Estado...
Esse pessoal está perdido. Para ganhar a eleição, a "Folha", a "Veja" e os tucanos terão que ser um pouco mais criativos.
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1 comentários:
Altamiro,
sou sua leitora-fã...rss
já estou enviando para minhas listas seu artigo,excelente.
Sou do PCdoB-MG.
Meu abraço.
Jorn.Neide Pessoa.
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