Reproduzo artigo de Paulo Vinícius, secretário da Juventude Trabalhadora da CTB, publicado no blog Coletivizando:
A capacidade de ter a ofensiva na construção da agenda política é fundamental para o êxito ou o fracasso de qualquer disputa, e mesmo de uma discussão qualquer. Os acontecimentos da última quinzena do segundo turno da eleição de 2010 deixam clara a capacidade e os objetivos da direita em manipular a agenda política. Eleitoras e eleitores de Dilma precisam entender o que está em jogo para assumirem seu papel de liderança nessa vitória do povo.
A elevação do tom da campanha no sentido da agressividade artificial é um factóide do PIG - Partido da Imprensa Golpista, em estreita colaboração com a campanha tucana. É assustadora a sua inconformidade com a maioria da opinião dos brasileiros e sua determinação em contrariar a vontade do povo.
Seus objetivos são:
- Ocultar o debate programático e de projeto: A filósofa Marilena Chaui , em brilhante análise, desmascara Serra, que recusa debater o seu projeto neoliberal para o país. É disso, e não das bolinhas de papel, que Serra foge como da cruz. Por que? Porque os tucanos e os demos representam o interesse antinacional, ora!
Por isso a baixaria a eles interessa, tanto quanto nos interessa a mobilização. Como corretamente pontuou o presidente do PCdoB, Renato Rabelo: "A luta deve ser decidida no terreno político, com explicação nítida e comparativa de projetos e denúncias perante o povo do jogo sujo perpetrado pela oposição e a elite conservadora desesperada. Portanto, é na luta política";
- Criminalizar a ida às ruas da militância no momento decisivo da eleição. Eles sabem que se o povo vai às ruas, o jogo muda de qualidade. Percebam como a mídia pró-Serra teme e vocifera contra a mobilização popular. Exatamente quando o povo vai à defesa de Dilma, essa farsa surge para tentar iludir e constranger a legítima mobilização democrática e cidadã. Assim, um dado claro e normal da democracia, a povo na rua, para as elites é a mais grave ameaça à democracia deles.
- Amedrontar Dilma, inclusive fisicamente, manobra claramente machista. A encenação montada e a atitude temerária e ingênua dos que aceitaram as provocações tucanas, tudo visou a criar um clima que justifique atitudes hostis a Dilma. Observem claramente as sucessivas provocações e os factóides plantados no caminho de Dilma nas atividades públicas. Assim, criam-se preventivamente justificativas para quaisquer provocações e intimidações a Dilma, talvez ainda com ilusões quanto a uma suposta fragilidade. Não sabem quem é a destemida Dilma.
E, de sobra, tentam criar ambiente negativo às verdadeiras celebrações que tem mostrado um reencontro da esquerda brasileira com setores chave da opinião pública e da classe média. É preciso entender isso: vivemos um momento de reunificação de amplos setores de esquerda e progressistas que estavam dispersos mas que se reencontram embandeirados do que significa a candidatura de Dilma Roussef e a frente que a apoia. Vivemos esse reencontro importante, de unir a esquerda, os verdadeiros(as) democratas e patriotas para sepultar o neoliberalismo e fazer dar certo o Brasil!
Uma saída para a desmoralização do PIG, de Serra e da Globo: A bolinha de papel abateu o tucano em pleno vôo de galinha, mas não apenas a ele. Quando ocorre a queda constante da audiência da Globo e da venda de grandes e tradicionais jornais; nessa hora em que o PIG se desmoraliza por sua parcialidade e falta de qualidade jornalística; no alvissareiro momento em que imprensa alternativa se une e avança; é nesses dias em que a Globo pisou na jaca mole - e abriu os dedos, diga-se de passagem.
Ridicularizada pelo SBT, deseperada, a vênus platinada tira o controverso Molina da cartola para validar a tese da bolinha de papel de meio quilo, mas não convence... Pior, perde a condição de atuar na reta finalíssima da campanha. Desmoralizando-se tão cedo, como poderá criar mais factóides que interfiram na cena eleitoral?
Não foram gratuitos os elogios do Jornal da Globo de 22/10/2010 ao presidente do PT, José Eduardo Dutra, que corretamente afirmou orientação à militância do PT para não cair em provocações. Querem uma saída honrosa dessa bola dividida que lhes permita seguir conspirando com poder de fogo.
- Em última instância, melar o processo eleitoral. Sentindo a possibilidade de derrota, não nos iludamos, as forças de direita no Brasil apelarão para melar o processo eleitoral a qualquer preço. Daí a sua ênfase e a do PIG no tema democracia, única e desmoralizada justificativa que ensaiam há tempos. Querem a qualquer custo criar um ambiente de medo e vender a tese em que estaria ameaçada a democracia brasileira. Não é à toa que FHC, que há muito ultrapassou o rubicão de qualquer prurido ético, tem a pachorra de protagonizar, 42 anos depois, uma pálida imitação da miasmática "Marcha de Deus com a Família e pela Liberdade".
Para quem já esqueceu, os tucanos tem tanto apreço pela vontade popular que em setembro já apresentaram pedido de cassação do registro da candidatura de Dilma Rousseff e Michel Temer, alegando como motivo a quebra do sigilo fiscal da filha do candidato do PSDB, José Serra, que agora sabemos ter sido urdida no interior do próprio PSDB!
Por outro lado, os grandes veículos a que nos referimos com especial carinho (Folha, Estadão, O Globo, a Globo, entre outros), assim como algumas de suas figuras célebres (Alexandre Gracinha, porta-voz do general Figueiredo) têm uma bela folha corrida no que se refere aos valores democráticos. Isso não deixa dúvidas sobre quem verdadeiramente ameaça a democracia. É impressionante a coerência do seu discurso em 1964 e em 2010, vejam.
Isso não é um fato extemporâneo da cena política latinoamericana. É o trajeto natural das oligarquias quando se veem perdendo os seus espaços tradicionais de poder, é sua principal reação à emergências de novos atores sociais e políticos a definir uma cena que era exclusiva sua. Daí o seu crescente desconforto com a amplitude do voto popular no Brasil, a demagógica campanha pelo voto facultativo, a repetição à exaustão de análises que abordam o ideológico conceito de "populismo", tudo para legitimar a tese de que a democracia deve se restringir às amarras clássicas do poder econômico, dos monopólios da mídia, do acordo das elites de sempre. Como lhes dói que suas empregadas domésticas tenham, votando, o mesmo poder deles...
Digo mais: os tucanos e os demos, a direita, não podem perder essa eleição estratégica sem esgrimir para seus apoiadores forâneos que no Brasil haveria riscos à democracia. Na verdade, há a ampliação da democracia, um problema de tal gravidade para os condôminos dos golpes e das ditaduras, caixeiros viajantes das riquezas do Brasil, que eles tem de fazer algo agora, urgente! Não nos iludamos com as manipulações dos imperialistas nessa hora em que está em jogo o futuro do Brasil. Estão em jogo interesses gigantescos que afetam todo o mundo: está em jogo o Pré-Sal, a Amazônia, o novo mapa geopolítico. Eles não podem perder, e a chance é essa.
Por isso, ao tempo em que avancemos como uma onda que a todos abrace, com a militância livre e voluntária, que assume para si a tarefa central de mudar o Brasil elegendo Dilma; na medida em que as iniciativas espontâneas se multiplicam para ganhar a maioria do povo para Dilma; nessa hora em que os projetos se delineiam, precisamos de cabeça fria e coração quente, foco no objetivo.
E isso exige demarcar os projetos para que o povo reconheça sob as mil máscaras de Serra o odor inescapável da decomposição do neoliberalismo, cuja putrefação só poderia ocorrer em abjeta promiscuidade com as forças fascistas.
Como remédio, só mais povo na rua, mais alegria, sem perder o foco, sem aceitar as provocações. Não podemos aceitar as armadilhas da direita que quer melar o jogo democrático. E para o avanço da democracia, como é importante para o Brasil e a América Latina a eleição de Dilma!
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