segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Mídia protege golpistas de Honduras

Por Altamiro Borges

Na semana passada, sem que a mídia mundial e nativa fizesse qualquer alarde, o parlamento de Honduras aprovou mudanças na Constituição que permitem a realização de referendo sobre a reeleição presidencial. A alteração foi exatamente o motivo alegado pelos golpistas deste país para derrubar o presidente Manuel Zelaya, em junho de 2009. Sob o pretexto de que ele pretendia alterar as normas legais para se perpetuar no poder, empresários e generais, com apoio direto dos EUA, patrocinaram o golpe.



Agora, os próprios golpistas promovem a “reforma constitucional”. O projeto recebeu 103 votos favoráveis e 25 contrários, num parlamento totalmente tutelado pelos fascistas que usurparam o poder. “Antes era pecado falar que o povo deveria decidir e hoje chegamos ao entendimento de que o povo é superior a nós, os deputados”, argumentou, na maior caradura, Juan Hernándes, o presidente do mesmo Congresso Nacional que há um ano e meio chancelou a violenta derrubada de Zelaya.

Dez jornalistas assassinados

Na época do golpe, a mídia colonizada do mundo inteiro deu respaldo ao ato arbitrário. “Calunistas” brasileiros, como Alexandre Garcia, da TV Globo, difundiram que não houve um golpe, mas sim a defesa da Constituição contra as iniciativas “autoritárias” de Zelaya. Nem os EUA embarcaram nesta conversa, conforme comprovam memorandos da embaixada vazados recentemente pelo Wikileaks. Agora, a mesma imprensa faz total silêncio sobre o “golpe” dos golpistas. Honduras não é mais manchete na mídia.

Enquanto isso, o presidente Porfírio Lobo, eleito num pleito que não é reconhecido pela maioria das nações, incluindo o Brasil, comete as maiores atrocidades. Em dezembro passado, mais um jornalista foi barbaramente assassinado – o décimo em 2010. Henry Souza trabalhava no canal Cablevisión del Atlantico e levou vários tiros ao sair de sua casa, no município de Masica. Ele dava voz em seus programas de televisão às comunidades camponesas da região e era detestado pelos latifundiários.

Onda de violência não é notícia

Segundo o jornal hondurenho La Tribuna, Souza foi o décimo jornalistas assassinado no ano passado. As outras vítimas foram: Joseph Hernández Ochoa (Canal 51), David Meza (Rádio El Patio), José Bayardo Mairena e Víctor Manuel Juárez (Rádio Súper 10), Nahum Palacios (Televisión del Aguán), Luis Chévez (emissora W105), Georgino Orellana (canal de San Pedro Sula), Nicolás Asfura (radialista) e Luis Arturo Mondragón, diretor de notícias do Canal 19 de El Paraíso.

Além de censurar e perseguir jornalistas, o governo de Porfírio Lobo é cúmplice da ação de vários grupos paramilitares. Segundo a Comissão Nacional de Direitos Humanos, somente nos primeiros seis meses de 2010 houve uma média de 16 mortes violentas por dia. Parte destes casos tem motivações políticas. A ONG Human Rights Watch solicitou a investigação de 47 casos de agressão e outros 18 assassinatos de jornalistas, militantes políticos e defensores dos direitos humanos ocorridos no ano passado.

Na semana retrasada, um grupo paramilitar investiu contra um ônibus e matou oito pessoas em Olancho, uma comunidade rural. Quatro mulheres e quatro crianças, incluindo um bebê de 18 meses, foram assassinadas. Segundo a Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), a chacina “teve semelhança com os diversos atentados contra opositores do regime ditatorial, desde o golpe militar de 28 de junho de 2009”. Para a mídia brasileira, que apoiou o golpe, esta onda de violência não é notícia!

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2 comentários:

wilsonyoshio.blogspot.com disse...

“Calunistas”(!!!!!!!!!!)
Esse elogio vai colar em muito ente...pena que nao os fara calar.boa sacada, parabens!

augusto disse...

Mel zelaya foi destituido por militares bananeiros porque "na constituiçao hondurenha, nao podia haver referendo, nem plebiscito, nem sequer se seria possivel mudar a propria constituiçao ou nao."
E a primeira vez na historia em que um povo NAO É O DONO de sua propria Lei Maxima...
Depois de afastado o homem que PENSOU em mudar isso, mesmo mudando para vigir nos periodos de seus sucessores, e NAO atingindo seu proprio mandato.
Agora os assassinos bananeiros (mais de 20 jornalistas e ativistas mortos depois da posse do sucessor de zelaya) resolverm mudar o que era imutavel!.
QUe nome dar a uma elite centro-americana dessas? E que nome vamos dar aos protetores e impulsionadores americanos desse golpe de estado?