Reproduzo artigo do sociólogo Emir Sader, publicado em seu blog no sítio Carta Maior:
- A decadência irreversível da velha mídia e o surpreendente surgimento
de novas modalidades de formação democrática da opinião pública.
Atribuem à internet – sua velocidade, seu caráter interativo, sua “irresponsabilidade” (“Qualquer um pode escrever...”, tipo Cansei) – a decadência da imprensa escrita. Claro que isso tem parte da verdade. Quem lê no dia seguinte o que já tinha ido na internet no dia anterior – às vezes lê nos jornais 2 dias depois de ter lido na internet -, tem uma sensação de tempo perdido, de notícia requentada, de um mundo superado pela rapidez virtual.
Além de que a internet, nas suas distintas modalidades, supera um dos problemas que permitiu o monopólio privado de algumas famílias, que pretendiam ser donas da formação da opinião pública, porque o investimento necessário para publicar um jornal ou uma revista é muito grande, enquanto que na internet é bastante pequeno ou quase nenhum.
A internet tornou-se assim um forte instrumento de democratização na circulação de informações, rompendo a fonte única e homogeneizadora das agências, assim como na interpretação dos fatos. A agenda nacional passa a ser disputada à velha mídia pelas novas formas, pluralistas, de expressão midiática, na internet.
Mas a razão de fundo da decadência irreversível da velha mídia está na sua falta total de credibilidade. A ponto de que atacaram implacavelmente o governo Lula e chegaram ao final de 8 anos com apenas 4% de rejeição do governo e 87% de apoio, o que vale também para medir a capacidade de influência da velha mídia sobre o povo brasileiro.
O melhor sintoma da decadência irreversível da imprensa escrita está na ausência dos jovens entre seus leitores, projetando a desaparição dessa modalidade de imprensa em um futuro não muito distante – porque se tornará inviável economicamente, depois de se tornar politicamente intranscendente.
Quando o jornal da ditabranda, dos carros emprestados à Oban e do “espectro do comunismo” me propôs escrever o artigo principal da página 3 em um domingo – em um reconhecimento claro que jornalistas seus tinham cometido graves erros que aumentam ainda mais a falta de credibilidade do jornal -, eu respondi que não me interessava. Que um artigo escrito em um blog, multiplicado pelos que os reenviam, mais seus ecos nos twitters e nos facebooks, além do twitcam, consegue muito mais leitores que um artigo em um jornal. Além de chegar aos jovens e aos setores dinâmicos da sociedade.
Pesquisas mais recentes feitas pelo próprio jornal demonstram como seus leitores hoje são, em sua grande maioria, tucanos (os petistas abandonaram a leitura do jornal), dos grupos A e B, que representam a minoria da sociedade, com ausência absoluta de leitores jovens. Para a empresa interessa, porque são setores de maior poder aquisitivo, o que chama publicidade, mas se distanciaram ainda mais do Brasil real.
O jornal é muito chato, desinteressante, requentado, com cronistas que pararam nos ano 90, jurássicos, que se negam a acreditar que o país mudou, parecem todos iguais, repetem velhões chavões. Alguns jovens de idade, envelheceram prematuramente, incorporaram um ceticismo decadente, que chega rapidamente ao cinismo. Ficaram com os velhos tucanos como leitores, gente sem interesse e sem influência. Dai que tenham um caderno que se pretendem cultural que não é lido por ninguém, nem por eles mesmos.
Eu respondi à oferta que prefiro escrever aqui, propondo que a direção do jornal – que me ligou diretamente – mandasse um texto com suas opiniões, com o compromisso que seria publicado integralmente – o que eles não fazem -, mas que teriam que receber as opiniões dos leitores – interatividade a que eles não estão acostumados. Claro que não mandaram, odeiam a internet, estão irremediavelmente auto-excluidos do futuro da formação democrática da opinião pública.
Mas a velha mídia ainda constitui uma espécie de Exército regular - pesados, caros, lentos -, enquanto nós agimos com métodos de guerrilha, de estocadas, valendo-nos da mobilidade, da surpresa, da criatividade, do humor. Essa a grande batalha democrática entre o velho - que tenta sobreviver, com grandes dificuldades - , e o novo – que busca, com enormes esforços – criar os espaços democráticos e pluralistas que o novo Brasil requer.
- A decadência irreversível da velha mídia e o surpreendente surgimento
de novas modalidades de formação democrática da opinião pública.
Atribuem à internet – sua velocidade, seu caráter interativo, sua “irresponsabilidade” (“Qualquer um pode escrever...”, tipo Cansei) – a decadência da imprensa escrita. Claro que isso tem parte da verdade. Quem lê no dia seguinte o que já tinha ido na internet no dia anterior – às vezes lê nos jornais 2 dias depois de ter lido na internet -, tem uma sensação de tempo perdido, de notícia requentada, de um mundo superado pela rapidez virtual.
Além de que a internet, nas suas distintas modalidades, supera um dos problemas que permitiu o monopólio privado de algumas famílias, que pretendiam ser donas da formação da opinião pública, porque o investimento necessário para publicar um jornal ou uma revista é muito grande, enquanto que na internet é bastante pequeno ou quase nenhum.
A internet tornou-se assim um forte instrumento de democratização na circulação de informações, rompendo a fonte única e homogeneizadora das agências, assim como na interpretação dos fatos. A agenda nacional passa a ser disputada à velha mídia pelas novas formas, pluralistas, de expressão midiática, na internet.
Mas a razão de fundo da decadência irreversível da velha mídia está na sua falta total de credibilidade. A ponto de que atacaram implacavelmente o governo Lula e chegaram ao final de 8 anos com apenas 4% de rejeição do governo e 87% de apoio, o que vale também para medir a capacidade de influência da velha mídia sobre o povo brasileiro.
O melhor sintoma da decadência irreversível da imprensa escrita está na ausência dos jovens entre seus leitores, projetando a desaparição dessa modalidade de imprensa em um futuro não muito distante – porque se tornará inviável economicamente, depois de se tornar politicamente intranscendente.
Quando o jornal da ditabranda, dos carros emprestados à Oban e do “espectro do comunismo” me propôs escrever o artigo principal da página 3 em um domingo – em um reconhecimento claro que jornalistas seus tinham cometido graves erros que aumentam ainda mais a falta de credibilidade do jornal -, eu respondi que não me interessava. Que um artigo escrito em um blog, multiplicado pelos que os reenviam, mais seus ecos nos twitters e nos facebooks, além do twitcam, consegue muito mais leitores que um artigo em um jornal. Além de chegar aos jovens e aos setores dinâmicos da sociedade.
Pesquisas mais recentes feitas pelo próprio jornal demonstram como seus leitores hoje são, em sua grande maioria, tucanos (os petistas abandonaram a leitura do jornal), dos grupos A e B, que representam a minoria da sociedade, com ausência absoluta de leitores jovens. Para a empresa interessa, porque são setores de maior poder aquisitivo, o que chama publicidade, mas se distanciaram ainda mais do Brasil real.
O jornal é muito chato, desinteressante, requentado, com cronistas que pararam nos ano 90, jurássicos, que se negam a acreditar que o país mudou, parecem todos iguais, repetem velhões chavões. Alguns jovens de idade, envelheceram prematuramente, incorporaram um ceticismo decadente, que chega rapidamente ao cinismo. Ficaram com os velhos tucanos como leitores, gente sem interesse e sem influência. Dai que tenham um caderno que se pretendem cultural que não é lido por ninguém, nem por eles mesmos.
Eu respondi à oferta que prefiro escrever aqui, propondo que a direção do jornal – que me ligou diretamente – mandasse um texto com suas opiniões, com o compromisso que seria publicado integralmente – o que eles não fazem -, mas que teriam que receber as opiniões dos leitores – interatividade a que eles não estão acostumados. Claro que não mandaram, odeiam a internet, estão irremediavelmente auto-excluidos do futuro da formação democrática da opinião pública.
Mas a velha mídia ainda constitui uma espécie de Exército regular - pesados, caros, lentos -, enquanto nós agimos com métodos de guerrilha, de estocadas, valendo-nos da mobilidade, da surpresa, da criatividade, do humor. Essa a grande batalha democrática entre o velho - que tenta sobreviver, com grandes dificuldades - , e o novo – que busca, com enormes esforços – criar os espaços democráticos e pluralistas que o novo Brasil requer.
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