Por Altamiro Borges
O Estadão teve acesso com exclusividade a um relatório interno da TV Cultura. O cenário é desolador. A sua audiência despencou nos últimos anos. A média atual é a mais baixa da sua história – corresponde a 0,8 ponto, o equivalente a 47,2 mil domicílios. Essa queda teve reflexos na própria arrecadação da emissora: em maio, a receita obtida foi 58% menor do que a prevista pela atual administração.
O jornal relata o crime, mas suaviza nas críticas aos criminosos – o PSDB, que há quase duas décadas no comando de São Paulo promove o desmonte da outrora respeitável emissora pública. O Estadão também evita condenar as últimas medidas de “ajuste” na TV Cultura, encabeçadas pelo truculento João Sayad, atual presidente da Fundação Padre Anchieta, que aceleraram a sua destruição.
993 trabalhadores demitidos
Nos últimos 12 meses, a direção da emissora demitiu 993 trabalhadores – 46% dos seus funcionários. O desmonte, apresentado como “modernização empresarial”, afundou de vez a TV Cultura. Segundo o repórter Jotabê Medeiros, “historicamente, as audiências eram baixas, mas nunca chegaram a tal patamar... A queda média de audiência é de 26% em um ano, e a Cultura ficou 21 dias no penúltimo lugar e 10 dias no último na Grande São Paulo em maio”.
Ainda segundo o jornalista do Estadão, “todos os indicadores do relatório são negativos. A meta de arrecadação de fontes externas, em maio, era de R$ 4,7 milhões, e a emissora conseguiu levantar R$ 1,99 milhões. O governo investe R$ 84 milhões na Cultura, que tem dividido com a TV Gazeta os últimos lugares de audiência”. Diante do desastre, as bravatas “gerenciais” de João Sayad passaram a incomodar até integrantes do novo governo estadual.
Menosprezo pela emissora pública
A estratégia de “enxugar custos”, demitindo funcionários e reduzindo a programação da emissora, pode resultar na sua total inanição. “Corremos o risco de a TV não agüentar esse processo. É impossível de sustentar”, alerta um conselheiro da emissora, que preferiu não se identificar. Crescem as críticas também ao desvio de funções. O estudo aponta que 22 funcionários recebem pela emissora para, na verdade, atuarem na Secretaria de Estado da Cultura.
O desmonte da TV Cultura confirma o total menosprezo dos tucanos pelo sistema público de comunicação. O PSDB já conta com o apoio da mídia privada, que omite suas maracutaias e ineficiências. Além disso, por sua concepção neoliberal, o partido é contrário a presença do Estado neste setor estratégico. Autoritários, os tucanos têm uma visão instrumental da emissora pública, utilizando-a apenas para os seus projetos eleitoreiros.
Os exterminadores Serra e Alckmin
Nos últimos cinco anos, a TV Cultura teve três presidentes, cada um ligado a um governador. “Marcos Mendonça, no período 2004-2007, começou o mandato no governo Geraldo Alckmin, mas teve de sair por exigência de José Serra. O tucano escolheu como substituto o jornalista Paulo Markun, que o desagradou progressivamente, por não conseguir ‘enxugar’ a televisão no ritmo almejado. Ao deixar o governo para disputar as eleições, em 2010, Serra encaminhou uma nova mudança: instruiu o sucessor, Alberto Goldman, a apoiar a eleição do então secretário de Cultura, João Sayad, para o comando. Mas o custo político que o desmonte da Cultura traz, segundos fontes, tem desagradado ao atual governador”.
O Estadão teve acesso com exclusividade a um relatório interno da TV Cultura. O cenário é desolador. A sua audiência despencou nos últimos anos. A média atual é a mais baixa da sua história – corresponde a 0,8 ponto, o equivalente a 47,2 mil domicílios. Essa queda teve reflexos na própria arrecadação da emissora: em maio, a receita obtida foi 58% menor do que a prevista pela atual administração.
O jornal relata o crime, mas suaviza nas críticas aos criminosos – o PSDB, que há quase duas décadas no comando de São Paulo promove o desmonte da outrora respeitável emissora pública. O Estadão também evita condenar as últimas medidas de “ajuste” na TV Cultura, encabeçadas pelo truculento João Sayad, atual presidente da Fundação Padre Anchieta, que aceleraram a sua destruição.
993 trabalhadores demitidos
Nos últimos 12 meses, a direção da emissora demitiu 993 trabalhadores – 46% dos seus funcionários. O desmonte, apresentado como “modernização empresarial”, afundou de vez a TV Cultura. Segundo o repórter Jotabê Medeiros, “historicamente, as audiências eram baixas, mas nunca chegaram a tal patamar... A queda média de audiência é de 26% em um ano, e a Cultura ficou 21 dias no penúltimo lugar e 10 dias no último na Grande São Paulo em maio”.
Ainda segundo o jornalista do Estadão, “todos os indicadores do relatório são negativos. A meta de arrecadação de fontes externas, em maio, era de R$ 4,7 milhões, e a emissora conseguiu levantar R$ 1,99 milhões. O governo investe R$ 84 milhões na Cultura, que tem dividido com a TV Gazeta os últimos lugares de audiência”. Diante do desastre, as bravatas “gerenciais” de João Sayad passaram a incomodar até integrantes do novo governo estadual.
Menosprezo pela emissora pública
A estratégia de “enxugar custos”, demitindo funcionários e reduzindo a programação da emissora, pode resultar na sua total inanição. “Corremos o risco de a TV não agüentar esse processo. É impossível de sustentar”, alerta um conselheiro da emissora, que preferiu não se identificar. Crescem as críticas também ao desvio de funções. O estudo aponta que 22 funcionários recebem pela emissora para, na verdade, atuarem na Secretaria de Estado da Cultura.
O desmonte da TV Cultura confirma o total menosprezo dos tucanos pelo sistema público de comunicação. O PSDB já conta com o apoio da mídia privada, que omite suas maracutaias e ineficiências. Além disso, por sua concepção neoliberal, o partido é contrário a presença do Estado neste setor estratégico. Autoritários, os tucanos têm uma visão instrumental da emissora pública, utilizando-a apenas para os seus projetos eleitoreiros.
Os exterminadores Serra e Alckmin
Nos últimos cinco anos, a TV Cultura teve três presidentes, cada um ligado a um governador. “Marcos Mendonça, no período 2004-2007, começou o mandato no governo Geraldo Alckmin, mas teve de sair por exigência de José Serra. O tucano escolheu como substituto o jornalista Paulo Markun, que o desagradou progressivamente, por não conseguir ‘enxugar’ a televisão no ritmo almejado. Ao deixar o governo para disputar as eleições, em 2010, Serra encaminhou uma nova mudança: instruiu o sucessor, Alberto Goldman, a apoiar a eleição do então secretário de Cultura, João Sayad, para o comando. Mas o custo político que o desmonte da Cultura traz, segundos fontes, tem desagradado ao atual governador”.
4 comentários:
Discordo Miro, o PSDB pode ser um partido de "neoliberais" que querem a sua manuntenção no poder. Mas o jornalismo da emissora é excelente e independente, e não tem rabo preso com políticos.
A interferência dos governos tucanos também acorre na Rádio USP. O jornalismo dela é ridículo, paupérrimo, mau apresentado e, obviamente, tendencioso como o de todas as outras emissoras. No caso do jornalismo da TV Cultura, o Jornal da Cultura é o melhor de se assistir por causa dos comentários dos convidados, mas sempre opta por uma linha editorial de centro direita.
Á RÁDIO USP TAMBÉM É VÍTIMA DOS TUCANOS NO ASPECTO JORNALÍSTICO.
O JORNAL DE DE MANHÃ CEDO DA REFERIDA EMISSORA É PAUPÉRRIMO DE ASSUNTO E REPORTAGENS, ALÉM DE MAL APRESENTADO. QUANTO AO TELEJORNAL DA CULTURA É MELHOR DE SE VER DO QUE OS DAS DEMAIS DE CANAIS ABERTOS. ISSO, EM GRANDE PARTE, DEVIDO Á PARTICIPAÇÃO DOS COMENTARISTAS,MAS A LINHA EDITORIAL É DE CENTRO DIREITA.
Para se fazer uma análise correta e criteriosa sobre movimentos em uma emissora de televisão, é determinante contemplar um período de pelo menos seis meses, tempo mínimo para que eventuais hábitos de audiência sejam alterados. Além disso, há que se considerar o cenário setorial, pois praticamente todas as emissoras de sinal aberto vêm registrando quedas em seus níveis de audiência em função da presença crescente de outras mídias, principalmente junto ao público infantil.
Postar um comentário