terça-feira, 12 de julho de 2011

A volta dos dinossauros no México

Por Igor Fuser, no jornal Brasil de Fato:

No dia 3 de julho, os mexicanos foram às urnas para eleger três governadores, nos estados de Coahuila, Nayarit e México. O resultado - uma vitória arrasadora do Partido Revolucionário Institucional (PRI) - representou um atestado de falência do governo direitista do presidente Felipe Calderón. Ao mesmo tempo, delineou o cenário para sua sucessão em 2012.



O mandato de Calderón, do Partido de Ação Nacional (PAN), é claramente um desastre. Em contraste com outros países latino-americanos, como o Brasil e a Argentina, que têm apresentado crescimento econômico e indicadores sociais positivos, o México está, desde 2008, atolado na recessão. O desempenho medíocre se explica para dependência em relação aos EUA e pela queda da capacidade de consumo da população, cada vez mais pobre. Nos dez anos de mandatos presidenciais do PAN, o desemprego duplicou e os salários reais despencaram. Dois em cada três mexicanos assalariados ganham menos de 800 reais por mês.

Eleito em condições suspeitas, Calderón deflagrou uma "guerra" ao narcotráfico para compensar sua falta de legitimidade e, de quebra, agradar os EUA. Com isso, o país mergulhou em uma espiral de violência que já causou mais de 40 mil mortos em apenas quatro anos. Uma carnificina inútil, pois a raiz do problema - o apetite voraz do mercado estadunidense de drogas - permanece intocada, e os cartéis desbaratados dão lugar a novas quadrilhas, favorecidas pela corrupção das autoridades e pela falta de perspectivas da juventude.

Não é de estranhar que o PRI, derrotado pelo PAN na virada do século após governar por mais de 80 anos, agora desponte como o favorito para 2012. Uma notícia desalentadora. Convertido ao neoliberalismo, o velho dinossauro só tem a oferecer mais do mesmo. Com o movimento social desmobilizado, a esquerda aposta em Andrés Manuel López Obrador, que milhões de mexicanos encaram como o verdadeiro vencedor das eleições de 2006. Em minoria no Partido da Renovação Democrática (PRD), cuja cúpula tende à conciliação com o PAN, López Obrador pôs em marcha uma campanha popular para viabilizar sua candidatura. Uma parada dura. Nela as forças progressistas depositam suas esperanças.

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