Por Altamiro Borges
Para justificar a sanguinária ocupação do Iraque, iniciada em março de 2003 e que já causou a morte de 700 mil iraquianos e de mais de 3 mil soldados estadunidenses, o presidente-terrorista George W. Bush difundiu pelo mundo três falsidades grosseiras, que passaram a ser amplamente divulgadas pela mídia hegemônica. Contumaz mentiroso, ele garantiu que Saddam Hussein produzia armas biológicas, químicas e nucleares; que ele teve papel destacado no apoio operacional aos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001; e que ele mantinha estreitas ligações com a rede terrorista Al-Qaeda de Osama bin Laden.
Pouco antes do início da agressão, o secretário de Estado dos EUA, o general Colin Powell, apresentou no Conselho de Segurança da ONU, em fevereiro de 2003, as “provas cabais” que evidenciariam a produção das armas de destruição em massa. Elas incluíam algumas fotos aéreas desfocadas; a tradução de diálogos em árabe gravados pela CIA; a relação de tubos de alumínio comprados pelo Iraque que se destinariam à produção de armas nucleares; o testemunho de vários iraquianos sobre a existência de laboratórios móveis de armas químicas; e um “excelente” documento distribuído pelo serviço de inteligência da Grã-Bretanha.
“45 minutos do ataque nuclear”
Powell foi enfático na sua apresentação. “Saddam Hussein está tão determinado a ter a bomba nuclear que fez repetidas tentativas clandestinas para comprar tubos de alumínio, com certas especificações, em onze países diferentes”. “Soldado disciplinado”, como gostava de se gabar, o servil general também apresentou na ocasião um texto de 32 parágrafos “revelando as estreitas relações” entre Saddam e a Al-Qaeda. Hábil, chegou a sugerir que os ataques ao World Trade Center e ao Pentágono teriam sido tramados em Bagdá. Não restavam dúvidas: o Iraque era o centro do terrorismo mundial e devia ser imediatamente atacado!
Seu depoimento na ONU seguiu à risca o script elaborado na Casa Branca. Para gerar o necessário clima de histeria coletiva, o vice-presidente Dick Cheney jurou que “Saddam pode lançar, em 45 minutos, um ataque nuclear ao EUA”. A mídia ianque amplificou esta versão oficial, dando-lhe um tom apocalíptico, gerando pânico em várias cidades, com a compra de máscaras de proteção e a procura por abrigos. Já na Grã-Bretanha, onde era maior a desconfiança diante do servilismo de Tony Blair, o “cachorro sarnento”, o jornal The Sun, do magnata Rudolf Murdoch, estampou na capa: “Ingleses a 45 minutos do apocalipse”.
Falsidades rejeitadas na ONU
As mentiras dos pupilos de Bush, entretanto, não convenceram os membros do Conselho de Segurança da ONU. Algumas das “provas cabais” até causaram mal-estar e ironia. As fotos desfocadas poderiam ser de qualquer parte do deserto da região; já as gravações, todas trucadas, foram forjadas pela CIA; quanto aos tubos de alumínio, inspetores da ONU já tinham provado, em 2001, que eles não poderiam ser usados em centrifugadoras destinadas ao enriquecimento do urânio, já que era “pesados demais, grossos demais e, na certa, vazariam”. Não havia risco de “um ataque nuclear em 45 minutos”, como alardeava Dick Cheney.
Já os tais laboratórios móveis foram denunciados por conhecidos membros do bando do ex-agente da CIA Ahmed Chalabi – milionário iraquiano residente no exterior e processado por vários casos de corrupção. Steve Allinson, ex-inspetor da ONU que esteve nos locais mostrados por Colin Powell, também contestou esta prova cabal. “A informação que nos deram era de que havia sete ou oito caminhões refrigerados, com agentes biológicos. Mas eram caminhões velhos, com teias de aranha. Nada de agentes”. Na prática, após sete anos das brutais sanções da ONU, o Iraque não tinha capacidade militar para ameaçar nenhum país.
Mas o que desmoralizou de vez as mentiras foi a reação pública do governo britânico, que desautorizou o “excelente documento”, após a confirmação de que ele continha informações retiradas da internet por um jovem estudante da Califórnia. Já no que se refere às ligações entre a Al-Qaeda e o governo iraquiano, até o mais novato assessor da ONU sabia que o primeiro grupo é vinculado aos xiitas e que Saddam Hussein liderava os sunitas – e que ambos vivem às turras e não negociam acordos comuns. O próprio governo do Iraque, temendo novas sanções da ONU, alertara o órgão para o risco de atentados da Al-Qaeda nos EUA.
Atentado ao Direito Internacional
Diante destes fatos inquestionáveis, a reunião de fevereiro de 2003 do Conselho de Segurança rejeitou o pedido do presidente George Bush de intervenção militar no Iraque. Mas os EUA já estavam decididos a realizar a sanguinária ocupação – pelo menos desde 1992, no governo de Bush-pai – e tinham proclamado o seu direito à “ação unilateral” e à “guerra preventiva” no documento Estratégia de Segurança Nacional (NSS). Sem o respaldo da ONU e num aberto desrespeito ao Direito Internacional, poucos dias depois o governo Bush ordenou o início da campanha sadicamente batizada de “choque e horror”, com o intenso bombardeio ao povo iraquiano. Já estava tudo montado; o depoimento de Powell era pura encenação.
Se os fatos não bastassem para desmascarar as mentiras de Bush, a ocupação serviria para desmoralizá-lo por completo. As armas de destruição em massa nunca foram encontradas. Uma investigação que durou dez meses após o início da ocupação e que varreu todo o país chegou a esta conclusão irretocável. Ela foi coordenada por David Kay, inspetor nomeado pelo próprio Bush, e contou com a participação de mais de cem especialistas. Seu relatório final foi taxativo: não havia armas químicas, nem bacteriológicas e nem nucleares. As mentiras foram usadas como pretexto para criar o clima de histeria e para justificar a guerra.
A confissão do crime
Menos de um ano depois da criminosa ocupação do Iraque, assessores da Casa Branca confessariam toda a trama. Em janeiro de 2004, o próprio Powell revelaria numa entrevista coletiva que não possuía “provas concretas” sobres as ligações do Iraque com a rede Al-Qaeda. Já o secretário de Defesa Donald Rumsfeld, ao ser interrogado no Congresso dos EUA após a difusão do relatório Kay, afirmou candidamente: “Na verdade, não sabemos se havia de fato qualquer arma de destruição”. Pouco antes do início da agressão, ele havia garantido à imprensa que “nós sabemos onde estão escondidas as armas proibidas de Saddam Hussein”. A desmoralização foi tanta que o falcão Rumsfeld teve que ser defenestrado do governo Bush.
A confissão do crime desgastou ainda mais a imagem da mídia hegemônica dos EUA, que veiculou sem qualquer neutralidade ou espírito crítico as mentiras de Bush. Segundo o comunicólogo Ben Bagdikian, “cinco ou seis corporações controlam atualmente tudo o que os estadunidenses lêem, vêem e ouvem”. Todas elas se somaram à onda conservadora, de cunho patriótico-religioso, para justificar a agressão ao Iraque. Dois destes impérios midiáticos – a News Corp, do australiano naturalizado Rupert Murdoch, e as publicações da seita Moon, do reverendo sul-coreano Sun Myung – têm notórias relações com o Partido Republicano e fizeram campanha descarada pela agressão. Apenas o jornal New York Times, temendo a perda leitores, publicou editorial, em maio de 2004, com a singela autocrítica da abjeta manipulação.
Negócios com a família Laden
Esta mesma mídia venal ajudou a cultivar a imagem pública do presidente-terrorista George Bush após os ataques de 11 de setembro. Ela fez de tudo para esconder a trajetória sinuosa e nada transparente do atual ocupante da Casa Branca. Para manter entorpecido o povo estadunidense, ela não deu destaque às antigas alianças da família Bush com Saddam Hussein e mesmo com Osama bin Laden – o primeiro recebeu milhões de dólares para compra de armas, inclusive bacteriológicas, na sua guerra contra os aiatolás que lideraram a revolução no Irã; já o segundo foi assessorado pela CIA, com dinheiro, treinamento e armas sofisticadas, como o míssil Stinger, na sua rica guerrilha contra o regime pró-soviético do Afeganistão.
George W. Bush, um mentiroso profissional, sempre ocultou as suas obscuras relações com a família Bin Laden. Seu primeiro negócio no ramo do petróleo, como dono da empresa Arbusto Energy, deu-se através de empréstimos do banco BCCI, de James Bath, que também era representante no Texas do xeque Salem bin Laden – proprietário, junto com seu famoso irmão, da maior construtora do Oriente Médio, a Ladem Brothers. Quando a Arbusto entrou em concordata, em 1981, o poderoso grupo saudita ajudou novamente a tirar do sufoco o atual presidente. Isto talvez explique porque Bush fez questão de censurar 28 páginas do relatório sobre os atentados de 11 de setembro que se referiam à Laden Brothers e porque a família Bin Laden foi removida às pressas do país, desrespeitando as rígidas normas de segurança após os ataques.
“Arruaceiro e beberrão”
Na sua trajetória de “filhinho de papai”, Bush cometeu várias irregularidades, que infelizmente são pouco conhecidas devido à blindagem da mídia. Como estudante, foi um aluno “beberrão e arruaceiro”, segundo a corrosiva biografia escrita por James Hatflied. Temendo represálias, a Editora St. Martins’Press mandou recolher 70 mil exemplares do livro. O autor provou que Bush foi preso por dirigir embriagado e também por porte de cocaína – neste caso, sua ficha foi removida dos registros policiais por interferência direta do pai, então na presidência. O estabanado Bush, num discurso para os alunos da Universidade de Yale, em maio de 2001, confirmou esta péssima fama: “Aos que receberem honras, prêmios e distinções, eu digo ‘muito bem’. Aos que não receberem, eu digo: ‘Vocês também podem chegar à presidência dos EUA”.
Já como empresário, bancado pela família, ele foi um desastre, levando à falência três empresas do ramo de petróleo – Arbusto, Spectrum e Harken –, todas elas envolvidas em falcatruas, como remessa ilegal de divisas, sonegação de impostos e irregularidades trabalhistas. Para viabilizar a sua candidatura ao governo do Texas, Bush chegou a ocultar por oito meses da SEC, agência estatal reguladora do mercado de ações, que vendera dois terços de suas ações da Harken Energy – o que caracteriza grave violação da legislação estadunidense. Com a mesma aversão à transparência, Bush nunca explicou seu estranho “alistamento” na Guarda Nacional dos Texas como forma de desertar do serviço militar durante a guerra do Vietnã.
Verdadeiras razões da guerra
A trajetória deste “mentiroso profissional” ganhou contornos mais trágicos com sua chegada à presidência dos EUA. No poder, suas mentiras serviram para justificar ataques criminosos que, no fundo, têm razões econômicas e geopolíticas ambiciosas. Sob as areias do Iraque existem 115 milhões de barris de petróleo, a segunda maior reserva do planeta – a Arábia Saudita possui 262 milhões de barris. Com a derrubada de Saddam Hussein e a imposição de um governo fantoche, os EUA ainda afastaram o risco da substituição do dólar pelo euro nas transações petrolíferas – como era o projeto iraquiano. A invasão também foi uma cartada decisiva na geopolítica mundial, servindo de anteparo aos países rivais, em especial à China.
Já no caso do Afeganistão, bombardeado a partir de outubro de 2001, o que está por detrás do genocídio também é o “ouro negro”. Além de produzir o melhor caviar do mundo, o Mar Cáspio, na Ásia Central, esconde enormes reservas petrolíferas já comprovadas. Em decorrência de sua localização geográfica, porém, os lençóis petrolíferos caucasianos só podem se transformar em dólares após a construção de um oleoduto de US$ 3,2 bilhões ligando o Turkmenistão ao Paquistão, o que obriga a cortar ao meio o oeste afegão. O governo dos talibãs, ex-aliados dos EUA, era contra esta obra. Deposto à força, Afeganistão, Paquistão e Turkmenistão assinam, em dezembro de 2002, o acordo para a construção do oleoduto.
Para justificar a sanguinária ocupação do Iraque, iniciada em março de 2003 e que já causou a morte de 700 mil iraquianos e de mais de 3 mil soldados estadunidenses, o presidente-terrorista George W. Bush difundiu pelo mundo três falsidades grosseiras, que passaram a ser amplamente divulgadas pela mídia hegemônica. Contumaz mentiroso, ele garantiu que Saddam Hussein produzia armas biológicas, químicas e nucleares; que ele teve papel destacado no apoio operacional aos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001; e que ele mantinha estreitas ligações com a rede terrorista Al-Qaeda de Osama bin Laden.
Pouco antes do início da agressão, o secretário de Estado dos EUA, o general Colin Powell, apresentou no Conselho de Segurança da ONU, em fevereiro de 2003, as “provas cabais” que evidenciariam a produção das armas de destruição em massa. Elas incluíam algumas fotos aéreas desfocadas; a tradução de diálogos em árabe gravados pela CIA; a relação de tubos de alumínio comprados pelo Iraque que se destinariam à produção de armas nucleares; o testemunho de vários iraquianos sobre a existência de laboratórios móveis de armas químicas; e um “excelente” documento distribuído pelo serviço de inteligência da Grã-Bretanha.
“45 minutos do ataque nuclear”
Powell foi enfático na sua apresentação. “Saddam Hussein está tão determinado a ter a bomba nuclear que fez repetidas tentativas clandestinas para comprar tubos de alumínio, com certas especificações, em onze países diferentes”. “Soldado disciplinado”, como gostava de se gabar, o servil general também apresentou na ocasião um texto de 32 parágrafos “revelando as estreitas relações” entre Saddam e a Al-Qaeda. Hábil, chegou a sugerir que os ataques ao World Trade Center e ao Pentágono teriam sido tramados em Bagdá. Não restavam dúvidas: o Iraque era o centro do terrorismo mundial e devia ser imediatamente atacado!
Seu depoimento na ONU seguiu à risca o script elaborado na Casa Branca. Para gerar o necessário clima de histeria coletiva, o vice-presidente Dick Cheney jurou que “Saddam pode lançar, em 45 minutos, um ataque nuclear ao EUA”. A mídia ianque amplificou esta versão oficial, dando-lhe um tom apocalíptico, gerando pânico em várias cidades, com a compra de máscaras de proteção e a procura por abrigos. Já na Grã-Bretanha, onde era maior a desconfiança diante do servilismo de Tony Blair, o “cachorro sarnento”, o jornal The Sun, do magnata Rudolf Murdoch, estampou na capa: “Ingleses a 45 minutos do apocalipse”.
Falsidades rejeitadas na ONU
As mentiras dos pupilos de Bush, entretanto, não convenceram os membros do Conselho de Segurança da ONU. Algumas das “provas cabais” até causaram mal-estar e ironia. As fotos desfocadas poderiam ser de qualquer parte do deserto da região; já as gravações, todas trucadas, foram forjadas pela CIA; quanto aos tubos de alumínio, inspetores da ONU já tinham provado, em 2001, que eles não poderiam ser usados em centrifugadoras destinadas ao enriquecimento do urânio, já que era “pesados demais, grossos demais e, na certa, vazariam”. Não havia risco de “um ataque nuclear em 45 minutos”, como alardeava Dick Cheney.
Já os tais laboratórios móveis foram denunciados por conhecidos membros do bando do ex-agente da CIA Ahmed Chalabi – milionário iraquiano residente no exterior e processado por vários casos de corrupção. Steve Allinson, ex-inspetor da ONU que esteve nos locais mostrados por Colin Powell, também contestou esta prova cabal. “A informação que nos deram era de que havia sete ou oito caminhões refrigerados, com agentes biológicos. Mas eram caminhões velhos, com teias de aranha. Nada de agentes”. Na prática, após sete anos das brutais sanções da ONU, o Iraque não tinha capacidade militar para ameaçar nenhum país.
Mas o que desmoralizou de vez as mentiras foi a reação pública do governo britânico, que desautorizou o “excelente documento”, após a confirmação de que ele continha informações retiradas da internet por um jovem estudante da Califórnia. Já no que se refere às ligações entre a Al-Qaeda e o governo iraquiano, até o mais novato assessor da ONU sabia que o primeiro grupo é vinculado aos xiitas e que Saddam Hussein liderava os sunitas – e que ambos vivem às turras e não negociam acordos comuns. O próprio governo do Iraque, temendo novas sanções da ONU, alertara o órgão para o risco de atentados da Al-Qaeda nos EUA.
Atentado ao Direito Internacional
Diante destes fatos inquestionáveis, a reunião de fevereiro de 2003 do Conselho de Segurança rejeitou o pedido do presidente George Bush de intervenção militar no Iraque. Mas os EUA já estavam decididos a realizar a sanguinária ocupação – pelo menos desde 1992, no governo de Bush-pai – e tinham proclamado o seu direito à “ação unilateral” e à “guerra preventiva” no documento Estratégia de Segurança Nacional (NSS). Sem o respaldo da ONU e num aberto desrespeito ao Direito Internacional, poucos dias depois o governo Bush ordenou o início da campanha sadicamente batizada de “choque e horror”, com o intenso bombardeio ao povo iraquiano. Já estava tudo montado; o depoimento de Powell era pura encenação.
Se os fatos não bastassem para desmascarar as mentiras de Bush, a ocupação serviria para desmoralizá-lo por completo. As armas de destruição em massa nunca foram encontradas. Uma investigação que durou dez meses após o início da ocupação e que varreu todo o país chegou a esta conclusão irretocável. Ela foi coordenada por David Kay, inspetor nomeado pelo próprio Bush, e contou com a participação de mais de cem especialistas. Seu relatório final foi taxativo: não havia armas químicas, nem bacteriológicas e nem nucleares. As mentiras foram usadas como pretexto para criar o clima de histeria e para justificar a guerra.
A confissão do crime
Menos de um ano depois da criminosa ocupação do Iraque, assessores da Casa Branca confessariam toda a trama. Em janeiro de 2004, o próprio Powell revelaria numa entrevista coletiva que não possuía “provas concretas” sobres as ligações do Iraque com a rede Al-Qaeda. Já o secretário de Defesa Donald Rumsfeld, ao ser interrogado no Congresso dos EUA após a difusão do relatório Kay, afirmou candidamente: “Na verdade, não sabemos se havia de fato qualquer arma de destruição”. Pouco antes do início da agressão, ele havia garantido à imprensa que “nós sabemos onde estão escondidas as armas proibidas de Saddam Hussein”. A desmoralização foi tanta que o falcão Rumsfeld teve que ser defenestrado do governo Bush.
A confissão do crime desgastou ainda mais a imagem da mídia hegemônica dos EUA, que veiculou sem qualquer neutralidade ou espírito crítico as mentiras de Bush. Segundo o comunicólogo Ben Bagdikian, “cinco ou seis corporações controlam atualmente tudo o que os estadunidenses lêem, vêem e ouvem”. Todas elas se somaram à onda conservadora, de cunho patriótico-religioso, para justificar a agressão ao Iraque. Dois destes impérios midiáticos – a News Corp, do australiano naturalizado Rupert Murdoch, e as publicações da seita Moon, do reverendo sul-coreano Sun Myung – têm notórias relações com o Partido Republicano e fizeram campanha descarada pela agressão. Apenas o jornal New York Times, temendo a perda leitores, publicou editorial, em maio de 2004, com a singela autocrítica da abjeta manipulação.
Negócios com a família Laden
Esta mesma mídia venal ajudou a cultivar a imagem pública do presidente-terrorista George Bush após os ataques de 11 de setembro. Ela fez de tudo para esconder a trajetória sinuosa e nada transparente do atual ocupante da Casa Branca. Para manter entorpecido o povo estadunidense, ela não deu destaque às antigas alianças da família Bush com Saddam Hussein e mesmo com Osama bin Laden – o primeiro recebeu milhões de dólares para compra de armas, inclusive bacteriológicas, na sua guerra contra os aiatolás que lideraram a revolução no Irã; já o segundo foi assessorado pela CIA, com dinheiro, treinamento e armas sofisticadas, como o míssil Stinger, na sua rica guerrilha contra o regime pró-soviético do Afeganistão.
George W. Bush, um mentiroso profissional, sempre ocultou as suas obscuras relações com a família Bin Laden. Seu primeiro negócio no ramo do petróleo, como dono da empresa Arbusto Energy, deu-se através de empréstimos do banco BCCI, de James Bath, que também era representante no Texas do xeque Salem bin Laden – proprietário, junto com seu famoso irmão, da maior construtora do Oriente Médio, a Ladem Brothers. Quando a Arbusto entrou em concordata, em 1981, o poderoso grupo saudita ajudou novamente a tirar do sufoco o atual presidente. Isto talvez explique porque Bush fez questão de censurar 28 páginas do relatório sobre os atentados de 11 de setembro que se referiam à Laden Brothers e porque a família Bin Laden foi removida às pressas do país, desrespeitando as rígidas normas de segurança após os ataques.
“Arruaceiro e beberrão”
Na sua trajetória de “filhinho de papai”, Bush cometeu várias irregularidades, que infelizmente são pouco conhecidas devido à blindagem da mídia. Como estudante, foi um aluno “beberrão e arruaceiro”, segundo a corrosiva biografia escrita por James Hatflied. Temendo represálias, a Editora St. Martins’Press mandou recolher 70 mil exemplares do livro. O autor provou que Bush foi preso por dirigir embriagado e também por porte de cocaína – neste caso, sua ficha foi removida dos registros policiais por interferência direta do pai, então na presidência. O estabanado Bush, num discurso para os alunos da Universidade de Yale, em maio de 2001, confirmou esta péssima fama: “Aos que receberem honras, prêmios e distinções, eu digo ‘muito bem’. Aos que não receberem, eu digo: ‘Vocês também podem chegar à presidência dos EUA”.
Já como empresário, bancado pela família, ele foi um desastre, levando à falência três empresas do ramo de petróleo – Arbusto, Spectrum e Harken –, todas elas envolvidas em falcatruas, como remessa ilegal de divisas, sonegação de impostos e irregularidades trabalhistas. Para viabilizar a sua candidatura ao governo do Texas, Bush chegou a ocultar por oito meses da SEC, agência estatal reguladora do mercado de ações, que vendera dois terços de suas ações da Harken Energy – o que caracteriza grave violação da legislação estadunidense. Com a mesma aversão à transparência, Bush nunca explicou seu estranho “alistamento” na Guarda Nacional dos Texas como forma de desertar do serviço militar durante a guerra do Vietnã.
Verdadeiras razões da guerra
A trajetória deste “mentiroso profissional” ganhou contornos mais trágicos com sua chegada à presidência dos EUA. No poder, suas mentiras serviram para justificar ataques criminosos que, no fundo, têm razões econômicas e geopolíticas ambiciosas. Sob as areias do Iraque existem 115 milhões de barris de petróleo, a segunda maior reserva do planeta – a Arábia Saudita possui 262 milhões de barris. Com a derrubada de Saddam Hussein e a imposição de um governo fantoche, os EUA ainda afastaram o risco da substituição do dólar pelo euro nas transações petrolíferas – como era o projeto iraquiano. A invasão também foi uma cartada decisiva na geopolítica mundial, servindo de anteparo aos países rivais, em especial à China.
Já no caso do Afeganistão, bombardeado a partir de outubro de 2001, o que está por detrás do genocídio também é o “ouro negro”. Além de produzir o melhor caviar do mundo, o Mar Cáspio, na Ásia Central, esconde enormes reservas petrolíferas já comprovadas. Em decorrência de sua localização geográfica, porém, os lençóis petrolíferos caucasianos só podem se transformar em dólares após a construção de um oleoduto de US$ 3,2 bilhões ligando o Turkmenistão ao Paquistão, o que obriga a cortar ao meio o oeste afegão. O governo dos talibãs, ex-aliados dos EUA, era contra esta obra. Deposto à força, Afeganistão, Paquistão e Turkmenistão assinam, em dezembro de 2002, o acordo para a construção do oleoduto.
2 comentários:
Esta farsa é nojenta!
Veja a verdade:
http://youtu.be/vNuKAdGlxFo
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