quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Rotatividade no emprego: "moer gente"

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

"Dá dez mil réis e manda embora".

O ditado aí de cima é uma terrível realidade do mundo do trabalho no Brasil.



O números revelados hoje pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, são um escárnio.

Numa força de trabalho estimada em 45 milhões de trabalhadores celetistas, o número de desligamentos, em quatro anos e meio, chegou a quase 73 milhões, dos quais 42 milhões sem justa causa.

Ou seja, oito milhões por ano, ou uma demissão injustificada por grupo de seis trabalhadores.

Vamos admitir, apenas para não torcer o raciocínio, que 30% delas tenha sido por “acordo” entre patrão e empregado, para sacar FGTS, etc, etc…

Ainda assim são 30 milhões de demissões injustificadas, ou mais de seis milhões por ano.

Aí dá para entender porque algumas entidades patronais são contra o aumento de três dias por ano trabalhado no aviso prévio, sancionado hoje pela Presidente Dilma.

Ou porque o Presidente Fernando Henrique revogou a vigência, aqui, da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho, que exige, no mínimo, a declaração do empregador sobre a razão de uma demissão não resultante de mau comportamento profissional.

Que me perdoe o ministro do Trabalho ao dizer que isso é um problema de falta de qualificação é apenas meia verdade. Claro que os nossos problemas de falta de qualificação são sérios, mas qualquer patrão pode testar as habilidades e a aptidão de um trabalhador antes de contratá-lo. E pode e deve qualificá-lo continuamente dentro do próprio ambiente de trabalho.

O que acontece, em grande parte, é o vício de não ver o trabalhador como parte essencial de qualquer atividade econômica, não oferecer perspectiva de crescimento, não valorizar os profissionais mais antigos como elementos de perpetuação do conhecimento do trabalho.

Empresa é para dar lucro, mas isso só se legitima se tiver um papel social agregado a isso.

Afinal, responsabilidade social não é só patrocinar uma ONG ou ter o nome impresso num folheto de promoção, dizendo “olhem só como nós somos modernos”.

Temos de seguir investindo em escolas técnicas, em cursos técnicos, em profissionalizantes, é verdade.

Mas temos de dizer alguns dos nossos empresários que não são livres para “moer gente” desta maneira.

Rotatividade no trabalho sempre haverá, e não necessariamente ela é má, porque num quadro de baixo nível de desemprego, pode até indicar vigor no mercado de trabalho e salários.

Mas não nas proporções gigantescas que tem no Brasil.

4 comentários:

Unknown disse...

Muito bom! Parabéns, este blog é fantástico. Já estou participando, convido você, seus amigos e seguidores para participarem do nosso também. A todos Paz e Luz.

RASIL disse...

Plenamente de acordo com o artigo do Miro. Outro fator a ser pensado é com relação aquilo que pode se considerado exploração do Trabalho Infantil pela LIA, se um adolescente dentro de uma pequena empresa do pai, amigo ou parente e sobre a supervisão destes é cinsiderado explorado, se aporoveita parte do tempo livre para aprender uma profissão. Fui chamado a atenção a este problema pela minha secretária, cuja irmã esta sendo penalisada duas vezes por ter colocado o filho na marcenaria do cunhado para aprender a profissão. 1°- Por "exploração da mão de obra infantil". 2°- Porque o rapaz que já ganhava uns trocadinhos para bancar parte das suas despesas pessoais e escolares, ao ver-se obrigado a abandonar o aprendizado e sem dinheiro, passou a delinquir com drogas e, hoje, dependente, passou a ser um dos inquilinos de uma fundação de amparo a menores infratores.

Anônimo disse...

Corrigindo Miro:

Demissão só é bom se for a pedido.

Em nenhuma outra situação, nem mesmo mostrando não sei o quê, seria boa.Isso não ficou especificado por você.

Anônimo disse...

Quando surgiu o Hipermercado Center Norte em São Paulo participei por tres dias interminaveis debaixo de muito sol e filas absurdas tudo bem para conseguir trabalho vale o esforço, muitas fichas e testes depois fui enfim contratado e estava todo otimista, quando a chefia nos reuniu e disse como estamos em fase de implantação é necessario que nos proximos tres meses voces trabalhem dez horas dia tudo bem? não estava nada bem eu precisava deixar o colegio para manter o emprego informei o meu encarregado que me perguntou porque não disse que estudava, eu fiz varias fichas la mencionava o fato de estar estudando, então ta vamos ao departamento pessoal e fomos chegando a uma sala no shoping escutei aos berros as palavras que filho da puta manda embora da baixa na carteira e faz ele vir todo dia mas so entrega daqui uma semana pra ele aprender, o encarregado então falou o cara ta na sala ao lado voce trouxe ele aqui nunca mais faça isso da baixa na carteira e entrega.